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Este documento aborda a importância da coerência e da coesão textual na construção de textos eficazes, especialmente no contexto da comunicação digital. Ele explora como o advento e a evolução das tecnologias digitais têm propiciado o surgimento de novas formas de construir os textos, utilizando elementos visuais e sonoros além da escrita. O documento também discute os conceitos de coerência e coesão, seus fatores envolvidos e a relação entre eles, com exemplos práticos. Além disso, são apresentados os princípios da coerência textual, como continuidade, progressão, não contradição e articulação, que são fundamentais para a análise e correção de textos. Essa compreensão é essencial para a produção de textos claros, coerentes e coesos, independentemente do suporte ou gênero textual utilizado, seja em contextos acadêmicos, profissionais ou pessoais.
Tipologia: Slides
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Autoria: Ma. Adriana Paula da Silva Amorim Revisão técnica: Dra. Sandra Trabucco Valenzuela
Com o advento das tecnologias digitais, a sociedade passou por substanciais transformações. A comunicação se tornou consideravelmente mais ágil e as distâncias foram encurtadas com o uso da internet como meio de transmissão de mensagens. Isso acarretou no surgimento do hipertexto, “[...] forma híbrida, dinâmica e exível de linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas, adiciona e acondiciona à sua superfície formas outras de textualidade” (XAVIER, 2000, p. 171).
Figura 1 - A comunicação pela internet é ágil e prática Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer Na figura, temos uma ilustração com diversas pessoas na parte inferior, mostrando apenas suas silhuetas. Elas estão de pé, algumas reunidas em grupos, outras conversando com alguém ou mostrando algo em documentos. Na parte superior da figura, encontramos ilustrações retratando a comunicação, incluindo aspectos como web, compartilhamentos, downloads, Wi-Fi, conexão, globalização e redes sociais.
Como efeito, podemos exempli car o hipertexto pelas mensagens instantâneas enviadas e recebidas através de sites de relacionamentos, como o Facebook e o Twitter; ou de softwares e aplicativos de comunicação, como o WhatsApp e o Telegram. Dessa forma, surgem novos gêneros textuais, propiciados pela emergência das tecnologias digitais, caracterizados por duas características: a hipertextualidade e a multimodalidade.
O advento e a evolução das tecnologias digitais propiciaram o surgimento de novas formas de construir os textos, a partir da utilização de elementos visuais e sonoros além da escrita, o que não é possível no texto impresso. São exemplos de gêneros textuais digitais o e-mail, o blog, as mensagens instantâneas, o fórum, a homepage e tantos outros que permitem, com a tecnologia de que dispõem, agilidade e e ciência na comunicação. Há alguns anos, era comum que as empresas utilizassem a carta como forma de comunicação interinstitucional. No entanto, esse cenário começou a mudar. Atualmente, utiliza-se muito mais o e-mail com essa nalidade. Por outro lado, a comunicação interna das empresas passou a ocorrer também por meio de aplicativos de mensagens instantâneas. Esse tipo de comunicação, além de ser ágil, permite o compartilhamento de imagens, vídeos, documentos, links e ícones que complementam a linguagem verbal.
o e-mail, as mensagens instantâneas, o bate-papo, a vídeo chamada, o vídeo tutorial, entre tantos outros exemplos de textos produzidos e veiculados digitalmente. Essa gama de possibilidades da virtualidade é conhecida como hipertextualidade, da qual trataremos na sequência.
A virtualidade propicia a produção de uma linguagem mista e híbrida que une a linguagem verbal escrita a outros recursos, como sons, imagens estáticas e com movimento e links. As páginas de internet que costumamos acessar possuem propriedades especí cas e mesclam gêneros textuais diversos em um mesmo ambiente. Em um site cujo assunto principal é o mundo automobilístico, por exemplo, encontramos notícias, reportagens, anúncios, infográ cos, vídeos, tutoriais, resenhas e muitos outros textos referentes ao tema central. Com efeito, a tela do computador, do tablet e do smartphone possibilitam essa heterogeneidade de informações ao alcance do usuário. Assim, “A hipertextualidade seria, então, um conjunto multienunciativo de hipertextos, em razão de sua heterogeneidade” (CAVALCANTE, 2012, p. 56). Ao abrirmos uma homepage no navegador de internet, são apresentados múltiplos caminhos que podemos acessar com a ajuda dos links. Da mesma forma, quando utilizamos os meios tecnológicos para estudar, outras possibilidades estão ao nosso dispor, a m de que possamos explorar, navegar e adquirir conhecimento.
Figura 3 - Homepages reúnem vários elementos visuais além do texto escrito, como imagens, cores e sinais Fonte: Haywiremedia, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer Na figura, temos uma fotografia editada digitalmente de um homem selecionando "notícias" que aparecem à sua frente, em formado de carrossel.
Sobre a de nição de hipertexto, Koch (2007, p. 25) a rma que se trata de uma escrita “[...] não-sequencial e não-linear, que se rami ca de modo a permitir ao leitor virtual o acesso praticamente ilimitado a outros textos, na medida em que procede a escolhas locais e sucessivas em tempo real”. Em linha com a autora, o leitor, conhecido como navegador, torna-se coautor do texto, visto que, diante das inúmeras possibilidades de acesso e de leituras que a internet lhe proporciona, segue os links de seu interesse e se aprofunda nos temas que atraírem a sua atenção. Você mesmo, enquanto estudante de uma disciplina cursada a distância, tem nas mãos o poder de, autonomamente, construir o conhecimento a partir da busca por informações em diversas fontes disponíveis na rede. Sabemos, no entanto, que se faz necessário ltrar essas fontes para que as informações obtidas sejam con áveis e úteis aos seus objetivos de estudo.
uso de outros recursos multimodais. Em síntese, esses ícones possuem valor complementar à escrita, já que, nos dias atuais, os recursos visuais têm ganhado relevância na comunicação. Aliás, você deve ter notado que muitas informações no suporte digital, isto é, a tela, são representadas por ícones, não é mesmo?
Figura 4 - O texto digital é composto pela mistura de diferentes modos enunciativos Fonte: Elaborado pela autora, baseado em XAVIER, 2002.
#PraCegoVer Na figura, temos um esquema indicando a composição de um texto digital, em que temos elementos verbais, elementos visuais, links e elementos sonoros.
Assim, a hipertextualidade permite a exploração de recursos multimodais em textos conhecidos antes mesmo da internet, como notícias, anúncios e tutoriais. Xavier (2002) chama a atenção para o fato de que, no texto digital, os recursos multimodais coexistem — ou seja, som, imagem, texto escrito e outros recursos
disponíveis se sobrepõem e podem ser acessados de qualquer lugar a qualquer momento —, desde que haja as condições técnicas necessárias, como a conexão com a internet. Note que os anúncios digitais, por exemplo, são compostos por uma gama de cores, sons e imagens em movimento, mas organizados em um determinado layout (design, esquema e arranjo), contribuem para a produção de signi cados.
Figura 5 - O suporte digital permite o uso de recursos multimodais em anúncios Fonte: Lissandra Melo, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de um local aberto, em que há uma construção com diversos tipos de anúncios. Também é possível observar pessoas caminhando nos arredores e barracas brancas.
A escolha e a organização desses recursos na composição do texto não ocorrem por acaso. O produtor do texto seleciona os recursos para atender seus objetivos comunicativos e os organiza em um layout que atraia a atenção do público-alvo. Nos anúncios da gura acima, o produto anunciado (ou algo que o represente) aparece no centro, em posição de ênfase, enquanto que as informações verbais geralmente aparecem nas bordas. Além disso, informações importantes — como os nomes das marcas — aparecem em destaque, com fontes em tamanho e cores de evidência.
Eu ia para Pium em um jipe sem
capota, aqueles de praia, com o
meu irmão, meu pai, a
empregada, que ia grávida, e o
motorista. Fui pela manhã e
quando cheguei lá o pessoal
tomou umas cervejas o dia
todo, quando foi à tarde, quase
à noite nós saímos de Pium e
quando vínhamos na BR 101
próximo à fábrica Soriedem
aconteceu o acidente. Nós
vínhamos à esquerda da BR e
um ônibus da empresa
Nordeste pediu para
ultrapassar, porque as
ultrapassagens são feitas pela
esquerda, mas o motorista não,
passou pela direita, então o
ônibus passou pela direita e
trancou a gente e jogou todo
mundo na estrada. Ficou todo
mundo espalhado pela BR 101, a
sorte da gente foi que não
passou nenhum carro na hora,
apesar de ser um horário de
muito trânsito. Passaram alguns
carros e nos socorreram na
hora. Meu pai teve escoriações
leves pelo corpo, meu irmão, a
empregada e o motorista
também, apesar do motorista
ter sofrido um corte na testa de
leve. A empregada que estava
grávida mais tarde teve o
menino lá em casa, nasceu vivo
e depois morreu no hospital,
devido o susto que tomou. Eu fui
o único que ficou internado no
hospital Valfredo Gurgel com
escoriações e pancadas na
cabeça, tive que fazer uma
cirurgia plástica no rosto que
ficou aparecendo os ossos e as
raízes dos dentes, no braço
esquerdo também fiz uma
plástica porque arrastou no
chão e comeu a carne. Passei
mais ou menos um mês
internado, só recebia visitas
uma vez por semana, eu ficava
de um lado do prédio e os meus
pais do outro sem poder se
tocar. Fiquei em cadeiras de
No domínio linguístico, é possível perceber no texto do informante Carlos o uso coerente de recursos gramaticais e a seleção adequada de palavras e expressões, a m de esclarecer sobre o ocorrido, não havendo contradição em nenhum momento. Além disso, o texto progride com novas informações sendo acrescentadas, o que contribuiu para a progressão textual e, consequentemente, para a coerência textual.
Já o domínio pragmático diz respeito à interação: o contexto, o tipo de ato de fala, os valores e as crenças dos interlocutores. Assim, o texto de Carlos é coerente, visto que atende ao que é solicitado (uma narrativa de experiência pessoal), e é adequado à situação comunicativa em questão.
Por conseguinte, o domínio extralinguístico se relaciona ao conhecimento de mundo dos interlocutores e ao conhecimento partilhado entre eles, o que confere sentido completo ao texto. Esse domínio também é chamado de coerência externa, pois diz respeito à veracidade das informações, se elas condizem com o mundo exterior ao qual pertence.
Desse ponto de vista, o texto produzido pelo informante é coerente, pois não contradiz o mundo real.
A construção da coerência ocorre pela consonância de fatores linguísticos e extralinguísticos. Os principais desses fatores são os elementos linguísticos, o conhecimento de mundo, o conhecimento compartilhado e a inferência.
Sem dúvida, os elementos linguísticos são importantes para o desenvolvimento da coerência em um texto. A seleção das palavras, sua organização sintática (em frases) e sua relação com outras palavras são pistas que conduzem o leitor à plena interpretação dos sentidos do texto. Assim, para que possamos interpretar a escrita com qualidade, o primeiro passo é conhecer o signi cado das palavras utilizadas e compreender a organização das informações na superfície textual. No entanto, é preciso reconhecer que o componente linguístico está apenas na super cialidade do texto, e que a construção dos sentidos é um processo bem mais profundo, que ocorre na ativação do nosso conhecimento de mundo. É quase impossível construir o sentido de um texto que trate de um assunto o qual desconheçamos completamente. Para a maioria de nós, compreender um relatório técnico de viagem espacial, por exemplo, constitui-se em uma tarefa muito complexa, pois esse tipo de experiência não faz parte de nosso conhecimento de mundo.
Ingedore Villaça Koch, autora alemã naturalizada brasileira, é professora do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade de Campinas. É um dos principais expoentes da Linguística Textual no Brasil, com estudos sobre texto e interação por meio da linguagem. Vale a pena melhor conhecer tal personalidade para nos aprofundarmos em nossos estudos!
VOCÊ O CONHECE?
considerarmos que o interlocutor será capaz de realizar as inferências. No depoimento de Carlos, após narrar o acontecimento do acidente, ele a rma que os feridos foram socorridos e faz uma espécie de salto para explicar o estado hospitalar de cada um. Ele não explicita, por exemplo, como ocorreu o resgate: será que uma ambulância foi acionada ou as próprias pessoas que passavam pelo local colocaram os feridos nos seus carros e os levaram para suas respectivas casas? Essa informação não está explícita, mas é possível inferir, com base nas pistas que o texto nos dá, que os feridos foram encaminhados ao hospital, menos a empregada, que deu à luz em casa. Segundo Koch e Travaglia (2009, p. 79), “[...] todo texto assemelha-se a um iceberg – o que ca à tona, isto é, o que é explicitado no texto, é apenas uma pequena parte daquilo que ca submerso, ou seja, implicitado”, por isso, a coerência é considerada bem mais como um processo cognitivo do que linguístico. A seguir, discutiremos outra competência importante para a e ciência da comunicação: a coesão textual.
A coesão é a propriedade de articulação das ideias no texto. É “[...] o conjunto de estratégias de sequencialização responsável pelas ligações linguísticas relevantes entre os constituintes articulados no texto” (OLIVEIRA, 2017, p. 195). Em outras palavras, é o que faz do texto uma unidade, a m de que não seja apenas um grande emaranhado de informações desconexas.
Figura 6 - A coesão é a ligação das ideias na tessitura textual Fonte: maradon 333, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de uma mesa de madeira com quatro peças de quebra-cabeça, também em madeira, se encaixando à direita.
A partir de agora, estudaremos o conceito de coesão, as estratégias utilizadas para que um texto seja considerado coeso e falaremos da importante relação entre a coesão e a coerência textual.
Como dito anteriormente, a coesão é a conexão existente entre as ideias. Ela se manifesta por meio de elementos linguísticos utilizados para relacionar as ideias, de forma a contribuir para a coerência textual. É o caso do uso de conectivos, como preposições e conjunções, para articular as partes de um texto.