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O coaching cognitivo-comportamental (CCC), objeto do presente estudo, possui forte relação com a Psicologia Positiva, ao objetivar ajudar o sujeito a ...
Tipologia: Notas de estudo
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Sabrina Bastos de Freitas
Dissertação de mestrado submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em Psiquiatria e Saúde Mental – PROPSAM – do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para obtenção do Grau de Mestre em Saúde Mental.
Orientadora: Gisele Pereira Dias
Aos meus pais, Vera e Francisco, e ao meu irmão, Raphael, por todo o apoio, incentivo e amor. Por tudo.
Ao Jeppe que, independente da distância, esteve sempre ao meu lado.
Aos amigos, pelo incentivo, carinho e paciência.
Ao professor Egidio Nardi e à professora Marcele Carvalho, pela colaboração durante todo o curso deste projeto.
Ao professor Pedro Ribeiro e equipe: Olga Santos, Mariana Gongora, Thiago Moreira e Jessé Di Giacomo, pelo suporte e conhecimentos compartilhados durante essa trajetória.
Ao Pedro Pereira Jr. pela disponibilidade em ajudar em um dos momentos mais desafiadores desse trabalho.
E à minha orientadora, Gisele Dias, por toda a dedicação, carinho e competência que fizeram esse trabalho tornar-se realidade.
FREITAS, S.B. Coaching Cognitivo-Comportamental como ferramenta para promoção de qualidade de vida e saúde mental. Rio de Janeiro, 2018. Dissertação (Mestrado em Saúde Mental) – Instituto de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
O termo coaching cognitivo-comportamental (CCC) refere-se a um modelo de coaching embasado na abordagem cognitivo-comportamental, recentemente originado a partir do surgimento da Psicologia do Coaching. É um processo de identificação e desbloqueio de padrões cognitivos com o objetivo de auxiliar o indivíduo a modificar padrões específicos de pensamento e comportamentos insatisfatórios que dificultam a realização e o alcance de resultados na vida profissional e pessoal. O CCC apresenta-se como um processo de desenvolvimento humano realizado por intermédio de sessões estruturadas. No Brasil, a Psicologia do Coaching ainda não é uma disciplina reconhecida e, nesse sentido, o presente trabalho pretende originar estudos que colaborem para o estabelecimento desta área como prática baseada em evidências no país, expandindo as possibilidades de atuação do psicólogo brasileiro, e contribuindo para a promoção de qualidade de vida pessoal e no trabalho. Além disso, objetiva-se compilar dados que possam, futuramente, fundamentar o CCC como intervenção potencialmente eficaz para a prevenção de recaídas em pacientes que sofrem com o Transtorno Depressivo. Como desenvolvimento da presente dissertação, são apresentados quatro artigos e um manuscrito. O primeiro, Terapia Cognitivo-Comportamental e Coaching Cognitivo-Comportamental: como as duas práticas se integram e se diferenciam, explora detalhadamente as semelhanças e as diferenças entre a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e o CCC. O segundo, Perspectives and challenges for the study of brain responses to coaching: enhancing the dialogue between the fields of neuroscience and coaching psychology, ressalta a importância do diálogo entre o CCC e as neurociências. O terceiro, Electroencephalographic findings in patients with major depressive disorder during cognitive or emotional tasks: a systematic review, apresenta uma revisão sistemática acerca dos achados eletroencefalográficos em pacientes com depressão. O quarto artigo, Cooperating is the solution: adaptation of the SOLUTION model of solution-focused coaching to the Portuguese language, refere-se à adaptação, para a língua portuguesa, de modelos de coaching psicológico estabelecidos internacionalmente. E finalmente, o manuscrito original Coaching Cognitivo-Comportamental como ferramenta para promoção de qualidade de vida e saúde
FREITAS, S.B. Cognitive behavioural coaching as a tool to improve quality of life and mental health. Rio de Janeiro, 2018. Dissertação (Mestrado em Saúde Mental) – Instituto de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
The term cognitive-behavioural coaching (CBC) refers to a coaching model based on the cognitive-behavioural approach, recently originated from the emergence of Coaching Psychology. It is a process of identifying and unblocking cognitive patterns with the main goal of helping the individual to modify specific unhelpful views and dysfunctional behaviours that block the achievement of results in professional and personal life. CBC is a process of human development carried out through structured sessions. In Brazil, Coaching Psychology is not yet recognized as a subject. In this sense, the present work intends to originate studies that collaborate to establish this area as an evidence-based practice in the country, expanding the possibilities of the Brazilian psychologists, and contributing for the promotion of personal and work quality of life. In addition, we aim to compile data that may eventually support CBC as a potentially effective intervention for the prevention of relapse in patients with depressive disorder. As a development of the present dissertation, four papers and one manuscript are presented. The first, Cognitive-Behavioural Therapy and Cognitive- Behavioral Coaching: differences and similarities between the two approaches , discusses the similarities and differences between cognitive-behavioural therapy (CBT) and CBC. The second, Perspectives and challenges for the study of brain responses to coaching: enhancing the dialogue between the fields of neuroscience and coaching psychology , emphasizes the importance of the dialogue between the CCC and the neurosciences. The third, Electroencephalographic findings in patients with major depressive disorder during cognitive or emotional tasks: a systematic review , presents a systematic review about the electroencephalographic findings in patients with depression. The fourth article, Cooperating is the solution: adaptation of the SOLUTION model of solution-focused coaching to the Portuguese language , refers to the adaptation, in the Portuguese language, of internationally established psychological coaching models. Finally, the original manuscript Cognitive behavioural coaching as a tool to improve quality of life and mental health is the result of the experimental study which aimed to evaluate if CBC can be effective to promote well-being, quality of life and improvement in creative capacity. The study suggest that cognitive-
behavioural coaching can be effective for improvement in important aspects of quality of life, well-being and mental health, such as the reduction of depressive (F(1, 22) = 8.51, p = .008), anxiety (F(1, 22) = 7.53, p = .012) and stress symptoms (F(1, 22) = 4.68, p = .042), and increase in energy (F(1, 22) = 4.53, p = .045), according to the results from the two-way ANOVA analysis. Regarding creativity, no significant differences were found in the performance of the proposed creative ideation task, but the higher alpha power observed in the experimental group after the intervention suggest that coaching may be able to positively change important patterns of brain activity for certain cognitive abilities, such as creativity.
Keywords: coaching psychology; cognitive-behavioural coaching; human development; quality of life; creativity.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2001), saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não mais apenas como a ausência de afecções e enfermidades. No que se refere à saúde mental, a Psicologia por muito tempo também deteve sua atenção estritamente a sintomas, transtornos e às fraquezas do ser humano. No entanto, um novo foco em estudos sobre as forças e as potencialidades humanas, movimento denominado Psicologia Positiva, apontou para uma mudança de interesses antes concentrados apenas em emoções negativas, para o surgimento de pesquisas interessadas em emoções positivas e no potencial humano, ou seja, nos aspectos saudáveis do indivíduo (PASSARELI; SILVA, 2007). Nesse sentido, é possível afirmar que a Psicologia Positiva ampliou o estudo da psicologia tradicional, surgindo como uma área do saber psicológico focada em entender, por meio do método científico, o que caracteriza o bem-estar humano, ressaltando suas emoções positivas e potencialidades (DIAS; FORTES, 2015). O coaching cognitivo-comportamental (CCC), objeto do presente estudo, possui forte relação com a Psicologia Positiva, ao objetivar ajudar o sujeito a identificar e cultivar suas forças mais fundamentais, colocando-as em ação no dia-a-dia (DIAS; FORTES, 2015). Este estudo teve o objetivo de avaliar como o CCC pode funcionar como ferramenta para promoção de bem-estar, qualidade de vida e melhora na capacidade criativa, aspectos estudados pela Psicologia Positiva. O coaching, de forma geral, caracteriza-se como uma prática individual que visa estabelecer um processo de aprendizagem e desenvolvimento de potenciais e competências técnicas, comportamentais, cognitivas e emocionais, direcionando o indivíduo a alcançar metas, solucionar problemas, superar barreiras e limitações (PALMER; SZYMANSKA, 2007). O coach é um facilitador que fornece suporte contínuo ao coachee (cliente) no estabelecimento de planos de ação eficazes para o alcance das metas específicas estabelecidas por ele próprio, com apoio do coach (WHITMORE, 2009). Dessa forma, o processo de coaching se dá de forma colaborativa e sistemática, na medida em que o coach não prescreve, mas facilita o aprendizado do coachee por meio do apoio ao estabelecimento de um plano focado em soluções e resultados, com o objetivo final de melhorar seu desempenho profissional, seu crescimento e sua experiência de viver (GRANT, 2003). O CCC é um dos modelos de coaching embasados em abordagens psicológicas, recentemente originados a partir do surgimento da Psicologia do Coaching , subdisciplina acadêmica que elevou o conhecimento acerca do coaching ao patamar científico (DIAS;
FORTES, 2015). A Psicologia do Coaching , reconhecida como parte da psicologia em países como o Reino Unido, os Estados Unidos, a Austrália e inúmeros países europeus, trata-se, portanto, da aplicação sistemática da ciência do comportamento com o objetivo de aprimorar a experiência de vida, o bem-estar, e o desempenho profissional e pessoal, de indivíduos, grupos ou organizações (GREEN; OADES; GRANT, 2006). Nesse sentido, encontram-se diferentes modelos de coaching fundamentados no estudo e na aplicação de técnicas oriundas de abordagens psicológicas estabelecidas, como o coaching psicodinâmico, o coaching centrado na pessoa, o CCC, entre outros (PALMER; SZYMANSKA, 2007). O CCC é uma abordagem de coaching baseada nos fundamentos teóricos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). A noção básica da TCC é a de que a percepção de um determinado acontecimento ou experiência afeta fortemente nossas respostas emocionais, comportamentais e fisiológicas. Nesse sentido, o modo como interpretamos as situações do meio em que vivemos (pensamentos) irá influenciar o modo como nos sentimos (sentimentos/ emoções) e o modo como agimos no mundo (comportamento/ação) (BECK, 1997). Nessa direção, o CCC, por sua vez, utiliza-se de técnicas cognitivas, comportamentais e de imagem para promover e facilitar processos de mudança e alcance de metas (GRANT, 2003; PALMER; SZYMANSKA, 2007). Segundo Palmer e Cavanagh (2006), o CCC é caracterizado como um processo de identificação e desbloqueio de padrões cognitivos, vinculado a planos de ação para a mudança comportamental, com o objetivo de auxiliar o indivíduo a modificar tais padrões específicos de pensamento e comportamentos insatisfatórios que dificultam a realização e o alcance de resultados na vida profissional e pessoal. Além disso, o CCC apresenta-se como um processo de autoconhecimento e desenvolvimento de recursos próprios do indivíduo por intermédio de sessões estruturadas (PALMER; SZYMANSKA, 2007). De acordo com Dias e Fortes (2015), o objetivo final do CCC é facilitar o coachee a tornar automáticas formas mais adaptativas e funcionais de interpretar a si, seu desempenho e os demais acontecimentos de suas vidas. Por partilharem do mesmo referencial teórico, inúmeras semelhanças podem ser encontradas entre a TCC e o CCC. Dessa forma, torna-se ainda mais importante atentar também às diferenças entre elas para que os profissionais da psicologia e da saúde mental que se utilizam da abordagem cognitivo-comportamental estejam capacitados a definir a intervenção e as técnicas mais adequadas para cada contexto (FREITAS et al, 2014). O CCC revela-se potencialmente eficaz para indivíduos que buscam intervenções focadas em solução de problemas e planos de ação, sendo indicado assim para a população não-clínica, ou seja, para aqueles que não apresentam diagnóstico de transtorno psiquiátrico.
ajudá-lo a atentar para os momentos em que o problema não está acontecendo, ou seja, quando ele se encontra em seu melhor. Pressupõe-se, dessa forma, que o cliente já dispõe de habilidades, forças, conhecimento e experiência essenciais para o processo de mudança e para o alcance do futuro almejado (DIAS; FORTES, 2015). Em resumo, o CCC-FS dá origem então a um modelo de coaching que utiliza estratégias cognitivo-comportamentais para maximizar as forças e habilidades do cliente, tornando-o consciente de seus recursos e competências ao colocar o foco nas situações em que o problema não está presente e na busca de soluções que o levará a atingir as metas determinadas por ele. O protocolo estudado e administrado durante o presente projeto foi elaborado a partir dos fundamentos do CCC-FS. Intitulado de Coach Yourself , foi retirado do livro It's Your Life, What are You Going to Do with It?: Make Real Changes in Your Life, de Grant e Greene (2004). Sua versão original foi traduzida e adaptada pela equipe da Unidade de Psicologia do Coaching da UFRJ para aplicação no grupo experimental da aqui referida pesquisa (Anexo 2). As 6 sessões adaptadas buscam capacitar o coachee a criar novas soluções, eficazes e criativas, para alcançar seus objetivos e uma experiência de viver mais plena e dotada de significado. Como já supracitado, um dos aspectos positivos do ser humano estudados na Psicologia Positiva é a criatividade (PALUDO; KOLLER, 2007). A criatividade tem sido essencial para o desenvolvimento da civilização humana, sendo seu estudo um dos focos atuais da neurociência cognitiva. Segundo Csikszentmihalyi (1999), uma ideia criativa é definida simplesmente como algo que é ao mesmo tempo novo e útil em um ambiente social particular. A busca por intervenções que facilitem este processo de reinterpretação e insight pode ser particularmente útil para aqueles que estão em busca de um melhor desempenho pessoal ou profissional, e que não apresentam sofrimento psicológico significativo que os motive a buscar o processo terapêutico. Neste contexto, emerge o CCC, intervenção que tem como parte de seus objetivos aprimorar as habilidades do coachee em buscar formas alternativas de pensar, de encontrar soluções e trabalhar a elaboração e execução de planos de ação para a mudança comportamental, o que, por sua vez, facilita o processamento de novas maneiras de interpretar estímulos (FREITAS et al, 2014). Além disso, como já esclarecido com relação às diferenças para com a TCC, a abordagem cognitivo-comportamental do coaching focado em solução prevê a mudança de foco no problema para o foco em outros aspectos da vida, como a elaboração de metas e geração de alternativas para desbloquear o potencial de realização do
indivíduo. Nesse sentido, hipotetiza-se aqui que o CCC seja eficaz para a construção de padrões flexíveis de pensamento, focados na solução, facilitando assim o aumento da capacidade criativa dos sujeitos. Embora a pesquisa no campo da criatividade esteja crescendo rapidamente, é importante ressaltar que, em comparação com outros constructos relacionados a habilidades mentais, como a inteligência, por exemplo, tal investigação encontra-se apenas no início de uma longa busca de possíveis mecanismos cognitivos e neurais subjacentes a este multifacetado domínio (FINK; BENEDEK, 2014). Estudos neurocientíficos revelam as primeiras descobertas sobre os mecanismos neurais relacionados à criatividade, ou seja, sobre como o pensamento criativo pode ser manifestado no cérebro, mas os achados ainda são muito variados e inconsistentes. Um grande número de tarefas de ideação criativa (conhecida como pensamento divergente) tem sido considerado como favorável para capturar os processos cognitivos relevantes relacionados com a criatividade. Alguns exemplos são: Alternative Uses Task (GUILFORD, 1967), escrita de história criativa (MARTINDALE; HASENFUS (1978), criar histórias de fantasia a partir de figuras (MARTINDALE et al, 1984), criar consequências para uma situação hipotética, pensar em divertidas similaridades entre duas figuras, pensar no que figuras incompletas podem representar (MOLLE et al, 1999), desenho livre (JUNG et al, 2009), bem como criar soluções criativas paras problemas incomuns (FINK et al, 2006). Dietrich e Kanso (2010), em revisão sobre eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem acerca da criatividade e insight , trazem dados que apontam para a ativação apenas do córtex pré-frontal (classicamente conhecido como implicado em processos de planejamento, atenção e flexibilidade de pensamento) durante experimentos envolvendo o pensamento divergente como sendo consistente nos diferentes estudos. Há considerável variabilidade em termos de ativação de outras estruturas cerebrais, não havendo assim concordância sobre a relação da criatividade com qualquer área específica do cérebro exclusivamente, ou ainda, sobre a efetividade da utilização das tarefas que envolvem o pensamento divergente como atalho para a busca da base neuroanatômica da criatividade. Em outra direção, dados potencialmente confiáveis de estudos experimentais e revisões bibliográficas realizadas até o presente momento apontam para evidências de que a potência de alfa medida pelo EEG possa ser particularmente sensível às demandas relacionadas à criatividade. O ritmo alfa ocorre na frequência entre 8 e 13 Hz, principalmente em torno de 10 Hz (SCHOMER; SILVA, 2011). Podem-se distinguir ao menos três tipos de ondas alfa. Primeiro,
tarefa Alternative Uses Task foi utilizada. Em resumo, a aplicação da tarefa AUT seguiu o seguinte procedimento: Posicionado frente ao monitor do computador e já com os eletrodos devidamente posicionados, o participante via um objeto aparecer na tela/monitor. A cada vez que o participante tinha uma ideia sobre uma possível utilidade alternativa do objeto (para que esse objeto poderia servir que não fosse seu uso comum), ele apertava o botão Enter do teclado do computador. Ao apertar o botão, uma mensagem aparecia na tela, pedindo ao participante que verbalizasse a ideia. Após verbalizar a ideia, o participante apertava novamente o botão Enter. Após apertar o botão, o objeto aparecia novamente na tela. Cada objeto era exposto por 3 minutos, e o participante podia falar quantas ideias quisesse, dentro desse limite de tempo. A cada ideia, a sequência (botão/verbalizar/botão) se repetia e, ao fim dos 3 minutos, outro objeto aparecia na tela. O tempo total de duração do procedimento EEG + AUT para cada sujeito foi de aproximadamente 50 minutos, divididos em: 10 minutos para colocação dos eletrodos, 10 minutos de treinamento na tarefa, 3 minutos de repouso, 24 minutos de apresentação dos objetos, 3 minutos de repouso pós-exame. Ao ser aplicada ao presente estudo, é esperado que a tarefa AUT seja um eficaz instrumento para medir a capacidade criativa dos participantes a partir de sua fluência ideativa (ou seja, número de ideias), originalidade de ideias, bem como medidas para a flexibilidade do pensamento (ou seja, a capacidade de produzir diferentes tipos de ideias ou ideias de diferentes categorias, respectivamente) (GUILFORD, 1950). É válido ressaltar que, no presente estudo, apenas a fluência ideativa foi tomada como parâmetro de medida do desempenho criativo dos participantes. Com relação à medida neurofisiológica realizada pelo EEG, hipotetiza-se aqui que quanto maior a capacidade criativa registrada durante a tarefa AUT, maior será a potência de alfa, principalmente nas regiões cerebrais do córtex frontal e parietal-posterior. Além da criatividade, outros constructos positivos tais como qualidade de vida, bem- estar, positividade, esperança, e insight foram avaliados durante a referida pesquisa, por meio de escalas de avaliação psicológicas, incluindo: Inventário de Depressão de Beck (BECK; STEER; CARBIN, 1988), Inventário de Ansiedade de Beck (BECK et al, 1988), Escala de Esperança de Herth (HERTH, 1991), Escala de Autorreflexão e Insight (GRANT; FRANKLIN; LANGFORD, 2002), Escala de Positividade (BORSA et al, 2012) e Escala de Satisfação com a Vida (DIENER et al, 1985). Em síntese, o presente estudo teve o objetivo de avaliar o CCC como ferramenta de promoção de qualidade de vida, esperança, capacidade de insight e capacidade criativa, a
partir de instrumentos de avaliação psicológica e aquisição de dados encefalográficos.
indivíduos saudáveis foi realizado, justificado pela necessidade de avaliar se os constructos escolhidos como parâmetros de qualidade de vida, bem-estar e criatividade indicariam melhora após a intervenção com o coaching. Estabeleceu-se também um diálogo com o campo das neurociências, a partir da investigação dos correlatos cerebrais da criatividade, e a possível relação com a eficácia do coaching. A ideia de dar enfoque a um estudo inicial apenas com participantes sem diagnóstico clínico foi a de estabelecer os protocolos de CCC e de AUT/EEG para a condução do estudo original em momento futuro. Assim, a partir dos resultados obtidos no estudo inicial descrito nesta dissertação, espera-se poder contribuir para o estabelecimento, futuramente, de protocolos de psicologia do coaching que possam colaborar para melhores índices de prevenção de recaída em pacientes com histórico de depressão. Tendo em vista que a psicologia do coaching ainda não é reconhecida no Brasil, esse trabalho pretendeu gerar resultados que colaborem para o estabelecimento desta área como prática baseada em evidências no país, expandindo as possibilidades de atuação do psicólogo brasileiro, e contribuindo para a promoção de qualidade de vida pessoal e no trabalho em diversos contextos do nosso país.
3.1 Primeiro artigo: Terapia Cognitivo-Comportamental e Coaching Cognitivo- Comportamental: como as duas práticas se integram e se diferenciam
FREITAS, S. B. et al. Terapia cognitivo-comportamental e coaching cognitivo- Comportamental: como as duas práticas se integram e se diferenciam. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas , v. 10, n. 1, p. 54-63, 2014.