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Diagnóstico Ambiental de Resíduos Galvânicos em Caxias do Sul: Geração e Disposição, Notas de estudo de Química

O resultado de um estudo sobre a geração, minimização e disposição de resíduos galvânicos em empresas metal-mecânicas localizadas em caxias do sul, no estado do rio grande do sul. O trabalho identifica as empresas visitadas, os processos produtivos empregados, as tecnologias utilizadas na minimização de efluentes e resíduos, as condições de armazenamento e a geração de resíduos, além do passivo ambiental estocado por essas empresas. O objetivo é fornecer informações para a implementação de sistemas alternativos de tratamento, recuperação e valoração desses resíduos, assim como subsidiar a formulação de políticas públicas e a caracterização de fontes poluidoras no município.

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 07/10/2011

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VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
III-008 – LODO GALVÂNICO: DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA GERAÇÃO NO
MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL / RS
Fernanda Bettin(1)
Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS / RS).
Vania Elisabete Schneider
Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS / RS). Mestre em Gerenciamento de Recursos Hídricos e
Saneamento (UNICAMP / SP). Doutoranda em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental (IPH / UFRGS / RS). Professora e Pesquisadora do Departamento de Ciências Exatas e da
Natureza / Campus Universitário da Região dos Vinhedos (DCEN / CARVI / UCS)
Endereço(1): Rua Flores da Cunha, 207 – Bairro: Centro – Nova Prata - RS - CEP: 95320-000 - Brasil - Tel: (54)
242-1443 ou (54) 222-2777 - E-mail: fbettin@ucs.br
RESUMO
O presente trabalho objetivou a realização do diagnóstico da geração de lodos galvânicos no Município de
Caxias do Sul / RS, com o intuito de subsidiar aos órgãos públicos e/ou instituições privadas, informações
para a implementação de sistemas alternativos de tratamento, recuperação e/ou valoração desse tipo de
resíduo, assim como dar-lhes uma destinação final adequada, que não a simples armazenagem nas próprias
empresas ou em centrais de resíduos, como vem ocorrendo. O trabalho apresenta resultados relativos a
identificação e histórico das empresas visitadas, processos produtivos empregados, tecnologias empregadas na
minimização de efluentes e resíduos, condições de armazenamento, assim como a geração de resíduos e o
passivo ambiental estocado por essas empresas.
PALAVRAS-CHAVE: Lodo galvânico, resíduos industriais, diagnóstico ambiental, resíduos perigosos.
INTRODUÇÃO
O acelerado processo de industrialização observado em algumas regiões do país, aliado à expansão
demográfica, tem acarretado um aumento considerável na produção de resíduos sólidos, particularmente no
que se refere aos de origem industrial. De acordo com LIMA (1995), o trato inadequado destes resíduos
contribui de forma marcante para o agravamento dos problemas ambientais, notadamente nos grandes centros
urbanos.
O ramo da indústria metal-mecânica constitui-se, de acordo com a FEPAM (1997), no segundo maior gerador
de resíduos industriais no Estado do Rio Grande do Sul, perdendo apenas para o setor coureiro-calçadista. A
indústria galvânica está inserida no contexto do ramo industrial metal-mecânico, sendo que este tipo de
empresa, principalmente na Região Nordeste do Estado e, mais especificamente, no Município de Caxias do
Sul, ocorre muito freqüentemente, o que se constitui num fator preocupante, devido aos perigos potenciais que
os resíduos gerados por essas empresas representam.
Dentre os resíduos oriundos de atividades galvânicas gerados na Região Nordeste do Estado do Rio Grande
do Sul, um dos mais problemáticos é o lodo proveniente das estações de tratamento de efluentes, por
apresentar, em sua composição, quantidades significativas de metais pesados, de compostos orgânicos voláteis
e tóxicos e de cianetos (BERNARDES et. al., 2000). De acordo com SCHNEIDER et. al. (2000), os lodos
galvânicos, no contexto da região, representam um dos principais resíduos potencialmente impactantes ao
ambiente, devido a sua composição e ao grande número de empresas que utilizam este processo industrial.
Para uma ação mitigadora destes impactos, na forma de recuperação, tratamento e / ou destino final dos lodos
galvânicos, visando a valorização dos mesmos, torna-se necessária uma avaliação quali-quantitativa da sua
geração. Atualmente, no entanto, os estudos referentes a esta problemática, segundo levantamentos realizados,
mostraram-se escassos, o que evidencia a importância de se diagnosticar a geração destes resíduos,
particularmente no pólo metal-mecânico de Caxias do Sul, maior gerador destes resíduos no Estado
(BERNARDES et. al., 2000; FEPAM, 1991 e 1997 e SCHNEIDER et. al. 2000).
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III-008 – LODO GALVÂNICO: DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA GERAÇÃO NO

MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL / RS

Fernanda Bettin(1) Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS / RS). Vania Elisabete Schneider Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS / RS). Mestre em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Saneamento (UNICAMP / SP). Doutoranda em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (IPH / UFRGS / RS). Professora e Pesquisadora do Departamento de Ciências Exatas e da Natureza / Campus Universitário da Região dos Vinhedos (DCEN / CARVI / UCS)

Endereço(1): Rua Flores da Cunha, 207 – Bairro: Centro – Nova Prata - RS - CEP: 95320-000 - Brasil - Tel: (54) 242-1443 ou (54) 222-2777 - E-mail: fbettin@ucs.br

RESUMO

O presente trabalho objetivou a realização do diagnóstico da geração de lodos galvânicos no Município de Caxias do Sul / RS, com o intuito de subsidiar aos órgãos públicos e/ou instituições privadas, informações para a implementação de sistemas alternativos de tratamento, recuperação e/ou valoração desse tipo de resíduo, assim como dar-lhes uma destinação final adequada, que não a simples armazenagem nas próprias empresas ou em centrais de resíduos, como vem ocorrendo. O trabalho apresenta resultados relativos a identificação e histórico das empresas visitadas, processos produtivos empregados, tecnologias empregadas na minimização de efluentes e resíduos, condições de armazenamento, assim como a geração de resíduos e o passivo ambiental estocado por essas empresas.

PALAVRAS-CHAVE: Lodo galvânico, resíduos industriais, diagnóstico ambiental, resíduos perigosos.

INTRODUÇÃO

O acelerado processo de industrialização observado em algumas regiões do país, aliado à expansão demográfica, tem acarretado um aumento considerável na produção de resíduos sólidos, particularmente no que se refere aos de origem industrial. De acordo com LIMA (1995), o trato inadequado destes resíduos contribui de forma marcante para o agravamento dos problemas ambientais, notadamente nos grandes centros urbanos.

O ramo da indústria metal-mecânica constitui-se, de acordo com a FEPAM (1997), no segundo maior gerador de resíduos industriais no Estado do Rio Grande do Sul, perdendo apenas para o setor coureiro-calçadista. A indústria galvânica está inserida no contexto do ramo industrial metal-mecânico, sendo que este tipo de empresa, principalmente na Região Nordeste do Estado e, mais especificamente, no Município de Caxias do Sul, ocorre muito freqüentemente, o que se constitui num fator preocupante, devido aos perigos potenciais que os resíduos gerados por essas empresas representam.

Dentre os resíduos oriundos de atividades galvânicas gerados na Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, um dos mais problemáticos é o lodo proveniente das estações de tratamento de efluentes, por apresentar, em sua composição, quantidades significativas de metais pesados, de compostos orgânicos voláteis e tóxicos e de cianetos (BERNARDES et. al. , 2000). De acordo com SCHNEIDER et. al. (2000), os lodos galvânicos, no contexto da região, representam um dos principais resíduos potencialmente impactantes ao ambiente, devido a sua composição e ao grande número de empresas que utilizam este processo industrial. Para uma ação mitigadora destes impactos, na forma de recuperação, tratamento e / ou destino final dos lodos galvânicos, visando a valorização dos mesmos, torna-se necessária uma avaliação quali-quantitativa da sua geração. Atualmente, no entanto, os estudos referentes a esta problemática, segundo levantamentos realizados, mostraram-se escassos, o que evidencia a importância de se diagnosticar a geração destes resíduos, particularmente no pólo metal-mecânico de Caxias do Sul, maior gerador destes resíduos no Estado (BERNARDES et. al ., 2000; FEPAM, 1991 e 1997 e SCHNEIDER et. al. 2000).

Por outro lado, a definição de políticas públicas carece, fundamentalmente, de informações técnicas que subsidiem a elaboração de planos de gestão, de legislação específica e de tomada de decisões quanto às tecnologias a serem empregadas no manejo, tratamento e disposição final dos resíduos. A elaboração de diagnósticos que sustentem estas ações é escassa e, muitas vezes, conduzida sem critérios técnicos. A elaboração de formas alternativas de gestão pública, particularmente relacionada à problemática destes resíduos, torna-se necessária para a melhoria da qualidade ambiental e das condições de vida e saúde da população.

Na região, até o momento, o destino final da maior parte dos lodos galvânicos gerados em processos industriais é sua simples estocagem em tambores ou sacos. O crescimento acelerado das áreas para a estocagem destes dispositivos torna-se um grave problema sócio-ambiental, devido a sua aproximação cada vez maior com áreas habitadas, podendo causar riscos à saúde ambiental e da população, caso estes resíduos sejam liberados para o ambiente. Além disso, a disposição destes resíduos, em áreas particulares ou em centrais de armazenamento, é onerosa para as empresas, devido à grande quantidade gerada em seus processos (BERNARDES, 2000).

O presente trabalho visou realizar o diagnóstico da geração de resíduos galvânicos no pólo metal-mecânico de Caxias do Sul, com o objetivo de oferecer informações e dados que poderão auxiliar na implementação de programas de valorização e recuperação destes resíduos, bem como subsidiar a formulação de políticas públicas e a caracterização de fontes poluidoras no Município de Caxias do Sul.

MATERIAIS E MÉTODOS

Na primeira etapa do projeto, foi elaborado o instrumento de coleta de dados (roteiro de entrevistas) a ser utilizado na investigação direta. Esse instrumento buscou contemplar, além dos dados gerais sobre as indústrias, a geração de resíduos e o passivo ambiental, os aspectos pertinentes aos processos e produtos, utilização de matérias-primas, consumo de água e de energia, bem como as medidas de minimização, tratamento e recuperação de efluentes e resíduos.

O levantamento preliminar das indústrias potencialmente geradoras de resíduos galvânicos foi realizado junto ao SIMECS (Sindicato das Indústrias Metal-Mecânicas e Elétricas de Caxias do Sul). O cadastro das empresas junto ao Sindicato é dividido em famílias, de acordo com o tipo de produto ou de processo realizado pela empresa. Escolheu-se, por eliminação, as famílias que poderiam realizar, em suas atividades, processos galvânicos, obtendo-se, o número de 55, as quais apresentam uma distribuição que totaliza 1.484 empresas.

Algumas empresas, pertencentes a outros municípios da região, foram eliminadas do cadastramento de empresas do banco de dados do projeto, que foi desenvolvido com esta finalidade. Muitas, ainda, apresentam- se cadastradas em mais de uma família junto ao SIMECS. Assim, para que fosse realizado o cadastro das empresas de interesse no banco de dados, as repetidas foram eliminadas, chegando-se ao número de 880, consideradas por suas atividades, potencialmente geradoras de resíduos galvânicos no Município.

Devido à necessidade de se agrupar e analisar as informações de maneira segura e íntegra, assim como de se comparar e compartilhar estes dados com os de outros bancos já existentes, foi criado, utilizando-se o Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados Microsoft Access^  , um banco de dados para exercer tais funções. A utilização deste software na implantação de um banco de dados para Resíduos Industriais, propicia a geração de consultas e relatórios com base em critérios previamente definidos, gerando as informações necessárias para a organização, análise e discussão dos resultados. Esse sistema permite a expansão e a atualização dos dados, possibilitando assim, manter uma base de informações que auxiliem em diagnósticos ambientais e permitindo o cruzamento de informações com outros bancos.

Os contatos com as empresas foram efetuados, no sentido de agendar visitas àquelas que possuíssem processos galvânicos em suas atividades. O trabalho buscou abranger todas as empresas dentre as cadastradas junto ao SIMECS que, após um contato telefônico prévio, confirmaram ser geradoras de resíduos galvânicos. Além disso, as informações foram cruzadas com as da Secretaria do Meio Ambiente Municipal (SMAM) de Caxias do Sul, no sentido de ampliar o universo de empresas, uma vez que algumas destas não constavam do cadastro junto ao Sindicato. É importante ressaltar que, possivelmente, algumas pequenas empresas não tenham sido atingidas na realização desse diagnóstico, por não estarem cadastradas nem no SIMECS e nem na

Quanto ao uso de técnicas que venham a contribuir com a minimização de efluentes e resíduos gerados, tanto no processo produtivo quanto no tratamento de efluentes, e tecnologias de produção mais limpa, o uso destas pelas empresas é apresentado na figura 2. Estas técnicas representam uma tendência a ser seguida pelas indústrias que pretendem buscar a certificação ambiental, como uma futura exigência mercadológica.

Figura 2: Utilização de técnicas de minimização no processo e/ou no tratamento de efluentes.

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O emprego destas técnicas de minimização, de acordo com os dados obtidos, distribui-se da seguinte forma:

  • 31 empresas utilizam técnicas de minimização no processo produtivo;
  • 14 empresas utilizam técnicas de minimização no tratamento de seus efluentes;
  • 12 empresas utilizam técnicas de minimização tanto no processo produtivo quanto no tratamento de efluentes; e,
  • 9 empresas não utilizam qualquer tipo de técnicas de minimização em suas atividades.

As técnicas mais comumente utilizadas pelas empresas investigadas, nos processos produtivos das mesmas, são listadas na tabela 1.

Tabela 1: Técnicas de minimização utilizadas no processo produtivo das empresas consultadas. TÉCNICAS DE MINIMIZAÇÃO NÚMERO DE EMPRESAS Enxágüe em cascata 13 Filtração de banhos 26 Precipitação de contaminantes dos banhos 2

A grande diversidade de técnicas de minimização existentes, de acordo com os dados obtidos, são utilizadas pelas empresas no tratamento de seus efluentes. A tabela 2 apresenta as técnicas utilizadas neste processo.

Tabela 2: Técnicas de minimização empregadas no tratamento de efluentes. TÉCNICAS DE MINIMIZAÇÃO NÚMERO DE EMPRESAS Carvão ativado 3 Eletrólise 3 Evaporação 3 Micro-filtração 1 Separadores de óleo 2 Troca iônica 4 Ultra-filtração 3

Com a questão ambiental sendo discutida em todos os setores da sociedade, as indústrias, em especial, manifestam sua preocupação com o meio ambiente, principalmente, no que diz respeito às instalações de

estações de tratamento de efluentes (ETEs). Estas, em grande parte dos casos, são construídas por exigência do órgão ambiental responsável, e representam um indicativo da geração de resíduos da empresa.

As empresas que não possuem instalações de estações de tratamento de efluentes em suas dependências, lançam seus resíduos diretamente no ambiente, o que, no caso das indústrias galvânicas, pode representar uma contaminação bastante significativa por metais pesados, cianetos, compostos tóxicos e outros complexantes. A figura 3 apresenta a distribuição das empresas quanto às instalações de estações de tratamento de efluentes em suas dependências.

Figura 3: Distribuição das empresas quanto à instalação de estações de tratamento de efluentes.

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possuem não possuem

Os dados evidenciam uma grave situação no ponto de vista ambiental, uma vez que aproximadamente 40% das empresas estão lançando seus efluentes sem qualquer tipo de tratamento nos corpos hídricos, representando riscos potenciais à saúde do ambiente, de foram geral.

Um percentual de 21,4% das empresas consultadas informou não gerar resíduos, por não possuírem instalações de estações de tratamento de efluentes. A prática efetuada nestas empresas é a simples retirada de substâncias que sedimentam nos tanques onde os banhos são realizados, sendo efetuada em intervalos irregulares de tempo, que podem ser até maiores que um ano. Este material sedimentado não constitui o lodo galvânico proveniente de estações de tratamento de efluentes, sendo apenas um material decantado que é retirado dos tanques de banhos eletrolíticos, sem nenhum tipo de tratamento físico-químico e acondicionado.

A geração mensal de resíduos, obtida pela soma das 32 empresas consultadas, excluindo-se as 10 empresas que não geram lodo por não possuírem estação de tratamento, representa um contingente bastante significativo, o qual chega a aproximadamente 68,761 toneladas/mês de lodo galvânico.

A umidade dos resíduos representa uma questão muito importante no que diz respeito ao armazenamento dos mesmos, uma vez que um alto percentual de umidade implica em uma maior quantidade a ser estocada ou tratada, assim como maiores gastos com transporte, quando os resíduos são armazenados fora das empresas. Os diferentes sistemas de redução de umidade dos resíduos gerados utilizados pelas empresas consultadas são apresentados na figura 4.

Diagnosticou-se que o passivo ambiental, ou seja, a quantidade de resíduos estocados pelas empresas, durante todo o seu histórico de funcionamento, é bastante significativo, principalmente pelo fato de o Município de Caxias do Sul representar um importante pólo metal-mecânico, não só no Estado do Rio Grande do Sul, como no país. Aproximadamente 19% das empresas entrevistadas não possuem resíduos estocados, pelo fato de possuírem um processo produtivo onde não há geração de resíduos ou, como já foi citado, por não possuírem estações de tratamento de efluentes em suas dependências.

A quantidade de resíduos estocados pelas empresas consultadas é de aproximadamente 3.014,875 toneladas, o que representa um passivo ambiental bastante significativo, uma vez que o número de empresas analisado é relativamente pequeno quando relacionado aos resíduos estocados, os quais não receberam um tratamento adequado e, provavelmente, agregam uma grande quantidade de matéria-prima que poderia ser reaproveitada.

A realização de análises físico-químicas dos resíduos é muito importante para obter informações precisas com relação à composição dos mesmos. O lodo proveniente de atividades de galvanoplastia apresenta uma grande quantidade de metais, como por exemplo o cobre, o níquel, o cromo, o ouro e a prata, de acordo com os processos utilizados. Com uma tecnologia apropriada, esses metais nobres poderiam ser recuperados e reintroduzidos no processo produtivo das indústrias, representando um menor consumo de matérias-primas e consequentemente, um menor custo.

A figura 7 apresenta a situação das empresas quanto à realização de análises físico-químicas dos resíduos gerados em seus processos industriais.

Figura 7: Realização de análises físico-químicas dos resíduos pelas empresas consultadas.

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realizam não realizam não geram lodo

Pela figura acima, evidencia-se o fato de que quase 60% das empresas consultadas não realizam análises físico-químicas de seus resíduos, desconhecendo, portanto, sua composição. A caracterização físico-química do lodo gerado representa o ponto de partida para a recuperação dos componentes agregados ao mesmo. De certa forma, as empresas analisadas não demonstram qualquer interesse neste tipo de reutilização, o que talvez se deva ao fato de que a implementação, a instalação ou a importação de tecnologias para esse tipo de atividade seja bastante onerosa para as mesmas e que requer investimentos de terceiros e uma ação centralizada que venha a atender a uma demanda regional.

Uma aprofundada análise de custo-benefício, relacionada aos custos para armazenamento dos resíduos gerados, à utilização de matérias-primas e à aquisição de tecnologias para a recuperação dos metais, poderia desencadear uma busca por processos industriais com produção mais limpa, menos onerosos para as empresas e, principalmente, com maior qualidade ambiental.

CONCLUSÕES

Muitas foram as dificuldades encontradas no contato com as empresas, uma vez que as visitas foram realizadas em função da disponibilidade das mesmas. Por outro lado, é importante ressaltar que a identificação e a localização destas empresas poderá trazer informações complementares às existentes junto

ao SIMECS à SMAM, particularmente com relação à emissão de efluentes, gerados nas pequenas indústrias com atividades galvânicas, particularizando o impacto ambiental causado por estas.

A investigação direta oferece a possibilidade de verificação de muitas informações, que de outra forma não poderiam ser levantadas. A possibilidade de associar as informações declaradas em entrevista com observações diretas junto ao setor de tratamento de superfície, traz à tona informações mais precisas e que poderão apontar, ainda, o estado tecnológico em que se encontram estas empresas.

As informações trazidas por estes levantamentos, além de apresentar um panorama geral da situação das empresas em relação aos resíduos e efluentes, poderá servir de base para avaliações do órgão ambiental, em termos gerais, e subsidiar o poder público para o cadastramento das atividades poluidoras do Município.

As empresas identificadas vieram a incrementar o banco de dados inicialmente implantado para os resíduos galvânicos da região, e permitem, a partir das informações armazenadas, dar um panorama do universo das indústrias metal-mecânicas com atividades de tratamento de superfície da região, potencialmente geradoras de resíduos galvânicos.

Os resultados obtidos na realização deste trabalho de diagnóstico da geração de resíduos galvânicos no Município de Caxias do Sul, indicam uma situação bastante preocupante do ponto de vista ambiental, uma vez que é significativa a quantidade de empresas que lançam seus resíduos diretamente no meio ambiente, sem qualquer tipo de tratamento.

Evidencia-se o fato de que a totalidade das empresas geradoras de lodo galvânico apenas armazenam este resíduo em dispositivos diversos, seja nas próprias dependências da empresa, seja em centrais de armazenamento de resíduos, sem dar-lhes uma destinação final adequada e ambientalmente correta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. BERNARDES, A. M.; NÍQUEL, C. L. V.; SCHIANETZ, K.; SOARES, M. R. K.; SANTOS, M. K. e SCHNEIDER, V. E. Manual de orientações básicas para a minimização de efluentes e resíduos na indústria galvânica. Porto Alegre (RS): GWZ / SENAI, 2000.
  2. BRASIL - FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) - Divisão de Controle da Poluição Industrial / GTZ. Diagnóstico preliminar da geração e destinação final dos resíduos sólidos industriais no Estado do Rio Grande do Sul. Cooperação Técnica Brasil / Alemanha. Porto Alegre (RS): FEPAM, 1991.
  3. BRASIL - FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) e GTZ – Cooperação Técnica Brasil- Alemanha. Resíduos Sólidos Industriais: Geração e Destinação no Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre (RS), 1997.
  4. LIMA, L. M. Q. Lixo - Tratamento e biorremediação. 3ª^ Edição. São Paulo (SP): Hemus Editora Limitada, 265 p. il, 1995.
  5. SCHNEIDER, V. E.; BETTIN, F.; PESSIN, N. e MANDELLI, S. M. D. C. Inventário de resíduos galvânicos na Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. In: IX SILUBESA - SIMPÓSIO LUSO- BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - Trabalhos Técnicos. Porto Seguro (BA): ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2000.
  6. SCHNEIDER, V. E.; BETTIN, F. e PARISE JÚNIOR, F. Situação das indústrias galvânicas na Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul quanto ao passivo ambiental de lodos de estações de tratamento de efluentes. In: XXVII Congreso Interamericano de Ingenieria Sanitaria y Ambiental - Trabajos Tecnicos. Porto Alegre (RS): ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2000.