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Uma análise intuitiva e empírica sobre a relação entre a fenomenologia espacial e a poesia na arquitectura. O texto aborda a importância da hierarquia na arquitectura e a relação entre mito, rito e poesia. Além disso, discute a importância da semiótica aplicada às artes visuais, especificamente na arquitectura, e a transformação da arquitectura em objeto artístico.
Tipologia: Notas de estudo
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O Clássico Moderno; forma e significado. Fenomenologia do espaço cultural. Projecto de um Centro de Cultura Contemporânea no quarteirão de Entrecampos, Lisboa. Joaquim Bento Mântua Inglês Esquível Mestrado Integrado em Arquitectura – Especialização em Arquitectura Orientador(a): Professora Arquitecta Maria Manuel Godinho de Almeida Co-Orientador: Professor Paulo Pereira UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA. FACULDADE DE ARQUITECTURA
Abstract A cultural centre’s report on its spatial conceptualization and formal expression. Correlation between form and meaning of a number of selected signs of the classic architectural vocabulary. Synthetic approach on the thematics of classic expression and its correspondence with the spatial organisation and program of a building as an institution. The view of various authors on the subject of the expression of the classical formal language. The importance of quotating in design’s memory. Key words : intuition, language, geometry, memory, model, quote
O presente relatório tem como objectivo legitimar um projecto. Estabelecer paralelos entre as opções práticas de desenho e as referências conceptuais e visuais. Referências que atestam a modernidade do clássico. Correspondência entre forma significado na aplicação de uma linguagem de expresão arquitectónica. Em último caso poderia funcionar como a legenda das decisões que, em desenho, deram forma ao enunciado de projecto. O enunciado do trabalho baseia-se na noção de como deve ser expresso o final de um ciclo de aprendizagem. Ao final deste ciclo corresponde a realização de um projecto. O projecto pressupõe três condicionantes. Um local, um programa e uma imagem. O avançar do projecto de arquitectura como disciplinador de desígnios avança num sentido de adquirir complexidade. Este exercício consiste na concretização de uma ideia de projecto desde o conceito à materialização. Do geral ao particular. Da relação de um objecto arquitectónico com o plano urbano onde se insere até à definição matérica e construtiva de um pormenor técnico. Os cinco capítulos no qual se devenvolve este relatório estabelecem um paralelo entre conceitos associados à expressão formal na concretização de uma ideia de projecto. Através do desenho, composição, organização espacial, materialidade e programa é analisada a sua aplicação num exercício de especulação geométrica, um desdobramento da teoria para a prática. O primeiro capítulo desenvolve os temas de lei, ordem e hierarquia na formulação de uma memória projecto. O segundo capítulo analisa de que forma as regras aplicadas aos modelos podem ser citadas como referência projectual. O terceiro capítulo centra-se, sobretudo, numa análise intuitiva e empírica de como a fenomenologia espacial pode estar dependente de um sentido poético conferido à arquitectura. O quarto capítulo desenvolve-se no sentido de, através de referências visuais concretas e reais - imagens de projectos e edifícios construídos (plantas, alçados, perspectivas), ilustrar como os elementos retóricos do desenho são utilizados para expressar uma ideologia política, religiosa, social, sensitiva. Atestando a modernidade do clássico através da materialidade expressa nas referências visuais citadas.
O ensino clássico conseguiu unir a cultura ocidental, mau grado a variedade de línguas e de fronteiras. Desistir disso significaria destruir a última cadeia de união. Adolf Loos, Ornamento e crime, pp 254 O porquê do classicismo? A geografia e correspondente raíz cultural seria a resposta mais lógica. Seja por imposição académica ou intuição o classicismo entende-se, neste trabalho, como a força motriz de uma expressão. Longe de fazer uma síntese exaustiva de todos os escritos sobre a linguagem clássica na arquitectura este relatório desenvolve-se segundo uma vontade de sistematizar um conjunto de referências. Acima de tudo o importante é o valor plástico dessas referências. Arquitectos, teóricos da História, da História da Arte e da História da Arquitectura são os grandes protagonistas deste trabalho. A escolha das referências fez-se segundo um critério - o da beleza. E de resto só podia ser este. Só podia ser este porque num exercício de especulação geométrica em arquitectura esse parece ser um dos pressupostos mais aliciantes da força criativa. A infinidade de questões levantadas por tão extensamente discutível critério foi gerida agregando-lhe conceitos como desenho, composição, organização espacial, materialidade, e programa. Todos os autores sobre cujas referências se debruça este trabalho, tanto as presentes por escrito no relatório como nos desenhos de projecto, foram ao longo do ciclo de aprendizagem, repetidamente surgindo como interlocutores em diálogos mudos; em situações de dúvida, de insegurança, de folha em branco. Seguramente faltarão alguns mas os seguintes autores influenciaram de forma decisiva todo o processo. Le Corbusier, Louis I. Kahn, Siza Vieira, Luigi Moretti e Adolf Loos foram os autores sobre os quais incidiu de forma mais intensa a pesquisa sobre a expressão mas também escritos e /ou projectos de John Ruskin, Giuseppe Terragni, Frank Lloyd Wright, Mies Van der Rohe, Aalvar Alto, Aldo Rossi ou Robert Venturi. Todos eles, além de terem existido ou existirem num período histórico que abarca pouco mais de cem anos, de um modo ou de outro, trabalharam ou ainda trabalham sobre, contra, ou paralelamente aos valores plásticos do classicismo. De Aristóteles a Platão, de Alberti a Palladio. Há sempre uma citação, uma refutação ou uma contradição. O fio condutor consiste no facto de todos eles terem posto em prática, por escrito ou por realização de uma obra arquitectónica todos os conceitos importantes para a formulação de um projecto, do início, ao fim.
Man makes rules. Nature is of Law. Without a knowledge of the law, without a feeling for the law, nothing can be made. Nature is the maker of all things. Good rules lead to wonderful economy. The law is free. (...) Law is the nature of all things, and opens the mind to these realizations in the form or in shape. Every buildng an architect does is for an institution. It’s for the institution of learning, the institution of home, the institution of government. Louis I. Kahn, Essential texts, Law and rule in architecture, pp.125- 127 A hierarquia é a ciência que gere as leis da Natureza por ordem de importância. No caso do ser humano, dele próprio com os outros e dele com a Natureza. Na arquitectura a hierarquia define a importância de cada elemento espacial e de como cada um se relaciona com um sistema complexo mas eventualmente coeso. Tem tudo de inteligível e bastante de subjectivo. Seja na diferença de ornamento do piso nobre de um palácio renascentista em relação aos outros pisos ou na diferença de escala entre uma escadaria principal ou de umas escadas de serviço. É também a hierarquia que estabelece as prioridades do homem em relação às suas instituições. Antes de continuar parece importante senão decisivo fazer uma salvaguarda e transmitir a noção de que a linguagem plástica clássica é uma de várias. Mas que, chegando ao fim de um ciclo de estudos, há um posicionamento claro no que diz respeito à expressão. E neste caso, expressão também é sinónimo de desenho. Si el corazón de la poética se encuentra allá donde el ‘mito’ y el ‘rito’ se entrecruzan y se transforman mutuamente, bien trágicamente, bien cómicamente, ello quiere decir que la diversidad de mitos contiene innumerables categorías poéticas, tipos semióticos y estrategias retóricas, y que sus análisis no pueden dejar de aportar energía creadora a la arquitectura. Josep Muntañola, Poetica y arquitectura, pp 45 É durante o período do Renascimento italiano que o desenho adquire o estatuto de representante e testemunho do projecto de arquitectura. É a partir do século XV que o projecto passa a existir enquanto exercício de especulação geométrica, ou seja, passa a existir a ideia representada de um
edifício antes de existir o edifício em si e este assumir o papel de ícone. É assim que nasce a ideia de arquitectura moderna, não modernista, mas moderna. La predilezione palladiana per la simmetria delle parti è da mettere in relazione proprio al sistema proporzionale. La semplicità delle forme geometriche era il veicollo di gran lunga più sicuro per comunicare l’armonia delle proporzioni. La giustapposizione di parti tra loro ben distinte, eppure magistralmente connesse, rappresentava la massima esressione visiva dell’ordine proporzionale. Infine, la centralità dell’asse visivo avrebbe conferito un aspetto maestoso all’intero edificio. La perfetta simmetria delle parti potrebbe però essere vista anche come un sottile espediente ottico per creare un effetto di specularità tale da trasformare l’architettura in immagine visiva. Filipo Camerota, La prospettiva del Rinascimento Arte, architettura, scienza, pp 27 6 - 277 Tudo o que se possa assemelhar à ideia de um desenho de projecto desde as grandes pirâmides do egipto ao parthenon não passa de referências matemáticas, cálculos de proporções e esquemas. É a partir dos tratados de arquitectura renascentistas que o desenho adquire as rédeas do pensamento arquitectónico projectual para nunca mais ser destronado até à produção arquitectónica contemporânea; altura em que a tecnologia computacional permite outro tipo de referências pouco pertinentes para a presente problemática. Assim também o desenho adquire a capacidade persuasiva e passa a ser instrumento também ele de retórica. A abstracção do desenho é tal que passa a permitir visualizar um edifício de um modo nunca antes visto. Uma planta e um alçado são planos, imagens que não são reais, são representações de possibilidades. A liberdade dada pelo desenho foi de tal modo libertadora que os próprios desenhos de arquitectura eram concebidos com igual ou maior eloquência poética dada ao próprio edifício. A semiótica aplicada às artes visuais, neste caso específico na arquitectura(?), enquanto sistema de correlacionamento entre forma e significado vai cravar as suas garras no desenho, qual ave de rapina esfomeada, enquanto instrumento de expressão do génio criador. Como exemplo prático e de modo a estabelecer um paralelo com a arquitectura contemporânea: Los croquis de A.Siza Vieira son escelentes ejemplos, que demuestran la gran cantida de información arquitectónica que puede darse en una sola hoje de papel: a través de una ‘secuencia’ de puntos de vista diferentes de un mismo ‘lugar’, mezclando distintos procedimentos geométricos y analizando el lugar en la medida en que se va inventando el proyeto. Este paralelismo entre el análisis del contexto y la génesis del proyeto es una inmejorable expressión gráfica del contenido (...) sobre las relaciones práticas entre poética y diseño a partir de las tres dimensiones de la significación arquitectónica: la poética, la semiótica y la retórica, ya que para Siza Vieira, como para cualquier buen diseñador, en la práctica del diseño las tres dimensiones se desarrollan en íntima relación. Josep Muntañola, Poetica y arquitectura, pp 45
Fig. 2 - Ritratto di Giulio Romano, Tiziano Vecellio, 1562 Não entrando em visões reaccionárias dementes é fundamental reconhecer que na prática efectiva de projectos, que impliquem extensas listas de funções, que uma máquina é um elemento auxiliar por vezes indispensável mas nem tanto nos cinco anos em que um estudante tenta perceber, muitas vezes nem conseguindo, como se faz ou sequer o que é arquitectura. É certo que muitos filósofos alegam que o trabalho físico não dignifica o homem, só o intelectual. Mas a arquitectura se for digna desse nome implica sempre trabalho físico, nem que seja na construção. Não é rara a situação em que isto tem repercussões ainda mais perigosas quando os próprios alunos têm o aval dos seus mestres, ou pessoas que deveriam ter sido os seus mestres, para voar livres e deixar a sua marca no mundo. Quando essa marca corresponde a edifícios que são iguais a desenhos, já de si uma abstracção, ou quando os
edifícios são gerados por forças aleatórias electrónicas, por muito tentadoras e persuasivas que essas novas formas possam ser, é de todo possível que o poder de tornar a arquitectura um elemento cultural de elevação do homem se desvaneça condenando-nos a uma existência mais mediana. Fig. 3 - Rabouteurs de parquet, Gustave Caillebotte, 1875 A planta, o corte e o alçado foram os actores principais deste trabalho. Os modelos tridimensionais em cartão ou as perspectivas funcionaram como elementos de desempate em situações de dúvida. Pela sua rudeza e pouco pormenor permitem alguma distância e um entendimento do tempo da arquitectura; cálculos por vezes exageradamente empíricos de passos percorridos no interior e exterior, de luz, de sombra, de proporção e de escala, de massa e de planimetria. A planta pode ser entendida como a teoria da arquitectura, o corte a representação dessa teoria no espaço e o alçado como elemento ora tirânico ora escravo destes dois. Houve sempre a dúvida quão legítimo seria pensar: Que vão vou abrir no interior para ter o alçado desta maneira específica? É legítimo. Há casos em que o alçado pode e deve tiranizar a planta e o corte. O diálogo deve ser permanente, constante.