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Cetoacidose Diabética: Causas, Diagnóstico e Tratamento, Resumos de Pediatria

Uma visão abrangente sobre a cetoacidose diabética (cad), uma complicação grave do diabetes mellitus. Ele aborda os principais aspectos da cad, incluindo a formação de corpos cetônicos, os mecanismos fisiopatológicos envolvidos, os critérios diagnósticos, os exames laboratoriais relevantes e as estratégias de tratamento. O texto detalha os objetivos do tratamento, as soluções e a insulinoterapia necessárias, além de abordar possíveis complicações e cuidados adicionais. Essa ampla discussão sobre a cad é relevante para profissionais de saúde, estudantes de medicina e áreas afins, bem como pacientes e familiares, visando uma melhor compreensão e manejo dessa condição potencialmente grave.

Tipologia: Resumos

2024

À venda por 25/06/2024

laura-zantut
laura-zantut 🇧🇷

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CETOACIDOSE DIABÉTICA
Características da CAD:
oHiperglicemia associada à produção excessiva de corpos cetônicos
oCorpos Cetônicos:
Acetoacetato (AA), β-hidroxibutirato (BHB) e acetona.
Formação:
Acetoacetato (AA): Corpo cetônico central, dele derivam os demais.
β-Hidroxibutirato (BHB): Formado pela redução do AA nas
mitocôndrias.
Acetona: Gerada pela descarboxilação espontânea do AA.
Interesse Clínico da Acetona: Causa hálito com odor frutado (hálito
cetônico), identificando a cetose.
Tríade Bioquímica Característica da CAD:
oHiperglicemia
oCetonemia.
oAcidose metabólica com hiato aniônico (anion gap) alto.
Prevalência da CAD:
oOcorrência no DM1:
Manifestação inicial em 15 a 20% dos adultos e 30 a 40% das crianças e
adolescentes.
Principal causa de mortalidade em crianças, adolescentes e adultos jovens
com DM1 (50% dos óbitos).
oOcorrência no DM2:
Surge em situações de estresse intenso (infecções graves, IAM, AVC).
Cerca de 30% dos casos em alguns países ocorrem em DM2.
Pode ser a apresentação inicial do DM2 com tendência à cetose.
Incidência da CAD:
oEstimada entre 4,6 a 8 episódios por 1.000 admissões de pacientes com
diabetes nos EUA.
oAumento de 30% na última década.
oMais de 140.000 internações anuais.
Mortalidade na CAD:
oVariável entre 1,2 e 9% (geralmente < 5%).
oRedução na mortalidade global nos EUA (atualmente < 1%).
oTaxas mais elevadas em pacientes > 60 anos e com doenças concomitantes
graves.
Principais Fatores Precipitantes da CAD:
oTratamento inadequado (omissão de insulina ou outras medicações
antidiabéticas).
oInfecções (pneumonia e infecções do trato urinário).
oOutros fatores: IAM, AVC, cirurgias, pancreatite aguda, uso de medicamentos,
álcool em excesso, drogas ilícitas, procedimentos invasivos, atividade física
extenuante (ex.: maratona).
oProblemas psicológicos em jovens, especialmente adolescentes do sexo
feminino, com transtornos alimentares (20% dos casos de CAD recorrente).
oProblemas mecânicos com dispositivos de infusão subcutânea contínua de
insulina (CSII), embora menos frequentes com a melhora da tecnologia e
educação dos pacientes.
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CETOACIDOSE DIABÉTICA

 Características da CAD: o Hiperglicemia associada à produção excessiva de corpos cetônicos o Corpos Cetônicos:  Acetoacetato (AA), β-hidroxibutirato (BHB) e acetona.  Formação:  Acetoacetato (AA): Corpo cetônico central, dele derivam os demais.  β-Hidroxibutirato (BHB): Formado pela redução do AA nas mitocôndrias.  Acetona: Gerada pela descarboxilação espontânea do AA.  Interesse Clínico da Acetona: Causa hálito com odor frutado (hálito cetônico), identificando a cetose.  Tríade Bioquímica Característica da CAD: o Hiperglicemia o Cetonemia. o Acidose metabólica com hiato aniônico (anion gap) alto.  Prevalência da CAD: o Ocorrência no DM1:  Manifestação inicial em 15 a 20% dos adultos e 30 a 40% das crianças e adolescentes.  Principal causa de mortalidade em crianças, adolescentes e adultos jovens com DM1 (50% dos óbitos). o Ocorrência no DM2:  Surge em situações de estresse intenso (infecções graves, IAM, AVC).  Cerca de 30% dos casos em alguns países ocorrem em DM2.  Pode ser a apresentação inicial do DM2 com tendência à cetose.  Incidência da CAD: o Estimada entre 4,6 a 8 episódios por 1.000 admissões de pacientes com diabetes nos EUA. o Aumento de 30% na última década. o Mais de 140.000 internações anuais.  Mortalidade na CAD: o Variável entre 1,2 e 9% (geralmente < 5%). o Redução na mortalidade global nos EUA (atualmente < 1%). o Taxas mais elevadas em pacientes > 60 anos e com doenças concomitantes graves.  Principais Fatores Precipitantes da CAD: o Tratamento inadequado (omissão de insulina ou outras medicações antidiabéticas). o Infecções (pneumonia e infecções do trato urinário). o Outros fatores: IAM, AVC, cirurgias, pancreatite aguda, uso de medicamentos, álcool em excesso, drogas ilícitas, procedimentos invasivos, atividade física extenuante (ex.: maratona). o Problemas psicológicos em jovens, especialmente adolescentes do sexo feminino, com transtornos alimentares (20% dos casos de CAD recorrente). o Problemas mecânicos com dispositivos de infusão subcutânea contínua de insulina (CSII), embora menos frequentes com a melhora da tecnologia e educação dos pacientes.

o Medicamentos que interferem na ação/secreção de insulina (tiazídicos, glicocorticoides, fenitoína, agentes simpaticomiméticos, pentamidina, L- asparaginase). o Antipsicóticos atípicos (aripiprazol, clozapina, olanzapina, quetiapina, risperidona). o CAD euglicêmica em pacientes tratados com inibidores do cotransportador de sódio e glicose 2 (SGLT-2) devido a aumento da secreção de glucagon e omissão/redução inadvertida de insulina. o Imunoterapia com inibidores do checkpoint imune. o Drogas ilícitas (maconha, cocaína, ecstasy, heroína). o DM secundário a distúrbios endócrinos (acromegalia, síndrome de Cushing, feocromocitoma, hipertireoidismo). o Pancreatite aguda, consumo excessivo de álcool. o Diabetes gestacional (raro).

Patogênese

  1. Insulina: o Deficiência absoluta ou relativa de insulina na CAD.
  2. Hormônios Contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio de crescimento [GH]): o Níveis elevados de hormônios contrarreguladores. o Resulta em aumento da produção hepática de glicose. o Diminuição da utilização de glicose nos tecidos periféricos.
  3. Desidratação e Anormalidades Eletrolíticas: o Causadas principalmente pela diurese osmótica devido à glicosúria.

Hiperglicemia

 Hiperglicemia na CAD resulta de:

  1. Aumento da Gliconeogênese.
  2. Aumento da Glicogenólise.
  3. Menor Utilização da Glicose por fígado, músculos e adipócitos.  Insulinopenia e Elevação de Cortisol: o Diminuição da síntese de proteínas. o Aumento da proteólise e produção de aminoácidos (alanina e glutamina), os quais, juntamente com os ácidos graxos livres (AGL) liberados dos adipócitos, servem de substrato para a gliconeogênese.  Hormônios Contrarreguladores: o Aumento de glucagon, catecolaminas e cortisol, associado à insulinopenia, estimula as enzimas gliconeogênicas, especialmente a fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK)  Desidratação: o Redução da taxa de filtração glomerular agrava a hiperglicemia.  Lipólise e Produção de Corpos Cetônicos: o Insulinopenia e Excesso de Catecolaminas:  Aumento do catabolismo do tecido adiposo (lipólise).  Produção excessiva de AGL e glicerol.

 Nível de Consciência: o Varia de alerta pleno a coma profundo. o Controvérsia sobre a causa do estado comatoso: hiperosmolalidade plasmática ou acidose metabólica. o Análise recente indica acidose metabólica como fator principal, com hiperosmolalidade plasmática tendo papel sinergístico para precipitar depressão do sensório em casos de acidose grave.

Critérios de Diagnóstico para CAD:

Definição Tradicional (ADA 2009) : o Glicemia > 250 mg/dℓ, cetonemia, acidose metabólica (pH < 7,3, bicarbonato < 18 mEq/ℓ).  Cetoacidose Diabética Euglicêmica (eu-CAD) : o Glicemia < 250 mg/dℓ, mas com cetonemia e acidose metabólica. o Associada a condições como uso de inibidores do SGLT-2, gravidez, baixa ingestão calórica, etc.  Nova Proposta de Definição (Consensos Médicos) : o Baseada em concentrações de cetonas na urina ou no soro acima do limite superior da normalidade, associadas a níveis de bicarbonato < 15 mmol/ℓ ou pH < 7,3.

Dosagem dos corpos cetônicos

Testes de Corpos Cetônicos com Nitroprussiato : o Utilizados em testes como Ketostix®. o Fornecem estimativa semiquantitativa de acetoacetato (AA) e acetona na urina. o Não detectam beta-hidroxibutirato (BHB), principal cetona na cetoacidose diabética (CAD) (75% das cetonas formadas).  Problemas com o Nitroprussiato : o BHB é convertido em AA durante o tratamento, o que pode levar a resultados elevados na urina, sugerindo falsamente agravamento da cetonemia. o Fármacos com grupos sulfidrila (ex.: captopril) podem causar resultados falso- positivos na reação com nitroprussiato.  Recomendação : o Acompanhamento com medição de cetonas urinárias pelo método nitroprussiato não é recomendado durante o tratamento.  Alternativa com Glicosímetros Modernos : o Glicosímetros como FreeStyle Optium Neo® medem BHB no sangue capilar com boa acurácia. o Níveis de BHB:  < 0,6 mmol/ℓ: Normais.  1 mmol/ℓ: Indicam cetonemia.  3 mmol/ℓ: Indicam CAD.

Anormalidades Hematológicas e Bioquímicas na CAD

Hemograma

Leucocitose : o Frequente com desvio à esquerda, mesmo sem infecção. o Contagem de leucócitos: 10.000 a 15.000/mm³. o Causada por aumento de catecolaminas, cortisol e citocinas pró-inflamatórias (TNF-α). o Valores > 25.000/mm³ sugerem infecção associada.  Hematócrito : o Aumento devido à desidratação.

Ionograma

Potássio : o Déficit corporal total: 3 a 5 mmol/kg. o Nível sérico na admissão pode ser normal ou elevado devido à saída de potássio intracelular para o extracelular (deficiência de insulina, hipertonicidade, acidose).  Sódio : o Níveis geralmente normais ou baixos. o Níveis altos indicam maior desidratação. o Glicemia elevada pode falsear a natremia para baixo. o Cálculo do sódio corrigido: adicionar 2,4 mmol/ℓ para cada 100 mg/dℓ de glicemia acima de 100 mg/dℓ. o Sódio corrigido baixo pode indicar hipertrigliceridemia acentuada.  Anion Gap : o Aumentado na CAD (> 12 em casos moderados ou graves). o Calculado subtraindo a soma de cloro e bicarbonato da concentração de sódio.

Ureia e Creatinina

Ureia e Creatinina : o Elevadas devido à desidratação. o Falsa elevação da creatinina pode ocorrer por interferência dos corpos cetônicos nos métodos colorimétricos.

Osmolalidade Plasmática

Osmolalidade (POsm) : o Variável na CAD. o Sempre > 320 mOsm/kg no EHH. o Medida preferida é a POsm efetiva, que não inclui ureia na fórmula.

Enzimas Pancreáticas e Hepáticas

Enzimas Pancreáticas : o Hiperamilasemia correlacionada com pH e POsm. o Elevação da lipase correlacionada apenas com POsm. o Hiperamilasemia geralmente de origem não pancreática (parótidas).  Aminotransferases (Transaminases) : o Elevação discreta comum na CAD.

o Manter por 2 horas após a administração da insulina subcutânea.  Diabetes Pré-existente : o Adaptar regime de insulina conforme necessidade (DM1, DM2).

Reposição de Potássio (K+)

Níveis Iniciais de Potássio Sérico (sK+) : o Normal ou elevado devido à acidose metabólica.  Administração de KCl : o Não iniciar se sK+ > 5,2 mEq/ℓ. o Quando sK+ < 5,3 mEq/ℓ e com diurese, adicionar 20-30 mEq de KCl por litro de solução de hidratação. o Titular para manter sK+ entre 4 e 5 mEq/ℓ. o Doses menores em pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica.  Hipocalemia Acentuada : o Raramente observada (< 3,3 mEq/ℓ no início). o Postergar a insulinoterapia e fazer reposição mais generosa de potássio (10- mEq/h) até sK+ > 3,3 mEq/ℓ.  Fosfato de Potássio : o Não oferece vantagens sobre KCl e pode causar hipocalcemia.

Reposição de Bicarbonato

Indicações Limitadas : o Controversa na CAD. o Benefícios não demonstrados em estudos randomizados para pH ≥ 6,9.  Administração : o Considerar apenas em pH < 6,9. o Administrar 50 mmol de NaHCO3 em 400 mL de água estéril com 20 mEq de KCl. o Infundir a 200 mL/h por 2 horas até pH venoso > 7,0. o Avaliar pH venoso a cada 2 horas; repetir a cada 2 horas, se necessário.

Reposição de Fosfato

Depleção Intracelular : o CAD e EHH causam perda de fosfato por diurese osmótica.  Reposição : o Não rotineira devido à falta de benefícios clínicos. o Indicada apenas em disfunção cardíaca, anemia ou depressão respiratória com fosfato < 1 mg/dL. o Adicionar 20-30 mEq/L de fosfato de potássio (K2HPO4) à RL, se necessário. o Velocidade máxima recomendada para reposição de K2HPO4: 4,5 mmol/h (1, mL/h).

Complicações da cetoacidose diabética

e de seu tratamento

Hipoglicemia e Hipocalemia

Frequência : 5-25% dos casos.  Monitoramento : Essencial a cada 1-2 horas devido à ausência de sintomas adrenérgicos típicos em alguns pacientes.

Edema Cerebral

Gravidade : Associado a uma mortalidade de 20-40%.  Incidência : Raro em adultos, ocorre em 0,3-1,0% dos casos em crianças.  Sintomas : Cefaleia, deterioração do nível de consciência, convulsões, entre outros.  Medidas Preventivas : Evitar hidratação excessiva, redução rápida da POsm, e manter glicemia entre 200-250 mg/dL.

Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto (ARDS)

Características : Dispneia súbita, infiltrado pulmonar difuso, hipoxemia.  Tratamento : Ventilação mecânica; associada à administração excessiva de cristaloides.

Acidose Hiperclorêmica

Características : Baixo bicarbonato, pH normal abaixo, anion gap normal, cloreto plasmático aumentado.  Causa : Administração excessiva de líquidos contendo cloro.  Manejo : SF hipotônicas e menor quantidade de cloreto durante o tratamento.

Trombose Vascular

Risco Aumentado : Devido à desidratação e aumento da viscosidade sanguínea.  Profilaxia : Considerar heparina profilática (5.000 unidades SC a cada 8 horas) em pacientes em coma, >50 anos ou com fatores de risco para trombose.

Mucormicose

Descrição : Infecção fúngica rara em pacientes com CAD.  Manifestações : Dor facial, descarga nasal sanguinolenta, edema de órbita, visão turva.

Prevenção

Medidas Preventivas Essenciais:

Identificação de Fatores Predisponentes e Precipitantes : Rápida intervenção, especialmente em casos de infecções.  Educação e Orientação para Pacientes e Familiares : o Importância da adesão contínua ao tratamento com insulina.