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Ano de publicação: 2002. Gilberto Freyre, Casa-Grande e Senzala.
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
escritores que se referem ao clima e às doengas do Brasil nunca assinalaram a existência desse mal entre os silvícolas que até então viviam isolados ¢ não tinham tido contato com os europeus.” (p. 112) “(...) uma espécie de sadismo do branco e de masoquismo da índia ou da negra terá predominado nas relações sexuais como nas sociais do europeu com as mulheres das raças submetidas do seu dominio (...) Primeira direção tomada de sadismo na crianga — sadismo, masoquismo, bestialidade ou fetichismo - depende em grande parte de oportunidade ou chance, isto é, de influéncias externas sociais...”(p.113).
senhor sobre escravo, parece-nos o fato ligado naturalmente à circunstancia econdmica da nossa formagdo patriarcal, da mulher ser tantas vezes no Brasil vitima inerme do dominio ou do abuso do homem. Criatura reprimida sexual ¢ socialmente dentro da
antes aparente e limitada a focos de fácil profilaxia politica: no intimo, o que o grosso do que se pode chamar “povo brasileiro” ainda goza ¢ a pressio sobre cle de um governo másculo e corajosamente autocratico (...) Entre essas duas misticas - a da Ordem e a da Liberdade, a da Autoridade ¢ a da Democracia — é que vem equilibrando entre nós a vida politica, precocemente saida do regime de senhores e escravos(...)Jo equilibrio continua a ser entre as realidades tradicionais e profundas: sadistas e masoquistas, senhores ¢ escravos, doutores e analfabetos, individuos de cultura predominante — europeia e outros de cultura principalmente africana e amerindia...”(p.114-115).
“(...) Talvez em parte alguma se esteja verificando com igual liberalidade o encontro, a intercomunicagdo ¢ até a fusdo harmoniosa de tradigdes diversas, ou antes, antagdnicas, de cultura, como no Brasil (...) a cultura europeia se pds em contato com a indigena, amaciada pelo 6leo da mediagdo africana (...). Na cristianizagdo dos caboclos pela misica, pelo canto, pela liturgia, pelas profissdes, festas, dangas religiosas, mistérios, comédias; pela distribuigio de verdnicas com dgnus-dei, que os caboclos penduravam no pescogo, de corddes, de fitas e rosirios; pela adoragdo de reliquias do Santo Lenho e de cabegas das Onze mil Virgens..."(p.115).
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“(...) do sistema jesuítico nos parece importantissima na explicação da formação cultural da sociedade brasileira: mesmo onde essa formação dá a ideia de ter sido mais rigidamente europeia — a catequese jesuita — teria recebido influéncia amolecedora da
profissdo e de residéncia, o ficil e frequente acesso a cargos e a elevadas posicdes politicas ¢ sociais de mestigos ¢ de filhos naturais, o cristianismo lirico à portuguesa, a tolerdncia moral, a hospitalidade a estrangeiros, a intercomunicagio entre as diferentes
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próximos: teriam assim espalhado o seu sangue por muita zona considerada depois virgem de influência negra (...). Os escravos negros gozaram sobre os caboclos e brancarões livres da vantagem de condições de vida antes conservadoras que
excelência das casas-grandes e das senzalas. A que o filho do senhor de engenho
“À vantagem da miscigenação correspondeu no Brasil a desvantagem tremenda
homem moderno para os trópicos, europeu com sangue negro ou indio a avivar-lhe a energia; outra, a deformá-lo (...) vem, segundo parece, das primeiras uniões de europeus, desgarrados à-toa pelas nossas praias, com as indias que iam elas próprias
Amaral foi antes tara sifilítica inicial."(p.110). “A sifilização do Brasil resultou, ao que parece, dos primeiros encontros, alguns
espanhóis. Mas principalmente de portugueses e france: es. Degredados, cristãos-novos, traficantes normandos de madeira de tinta que aqui ficavam, deixados pelos seus para
sensual que os franceses. "O mal que assolou o Velho Mundo em fins do século XV",
tendo sido para ai levado pelos portugueses (...). Ainda que varios tropicalistas, alguns
autóctone," as evidéncias reunidas por Oscar da Silva Araújo fazem-nos chegar a conclusio diversa. "Os viajantes médicos", lembra ainda o autor brasileiro, "que nos últimos tempos estudaram as doengas dos nossos indios ainda não mesclados com
Fonseca Filho, nunca observaram a sifilis entre esses indigenas, não obstante terem
“A própria Salvador da Bahia, quando cidade dos vice-reis, habitada por muito
deficiente alimentação (...) Má nos engenhos e péssima nas cidades: tal a alimentação
escassa.” (p. 102).
*(...) Era a sombra da monocultura projetando-se por léguas ¢ léguas em volta das fibricas de agucar e a tudo esterilizando ou sufocando, menos os canaviais e os homens e bois a seu servigo. Não só na Bahia, em Pernambuco ¢ no Maranhão como em
através do periodo colonial, o fenomeno (...) da escassez de viveres frescos, quer
Pernambuco.” (p. 103)
“De modo que a nutrigio da familia colonial brasileira, a dos engenhos ¢ notadamente a das cidades, surpreende-nos pela sua má qualidade: pela pobreza
quantidade e a composição dos alimentos não determinam sozinhas (...) as diferenças
doenças entre as sociedades humanas, sua importância é entretanto considerável, (...).
tudo atribuem aos fatores raça e clima; (...). É uma sociedade, a brasileira, que a indagação histórica revela ter sido em larga fase do seu desenvolvimento, mesmo entre as classes abastadas, um dos povos modernos mais desprestigiados na sua eugenia e mais — comprometidos na sua capacidade econômica pela deficiência de alimento(...)Aliás, a indagação levada mais longe (...) revela-nos no peninsular dos
vigor fisico e na sua higiene por um pernicioso conjunto de influências econômicas e sociais. Uma delas, de natureza religiosa: o abuso dos jejuns.” (p.104)
“Pode-se generalizar sobre as fontes e o regime de nutrição do brasileiro: as fontes - vegetação e águas - ressentem-se da pobreza quimica do solo, exiguo, em larga
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que possuísse empregado na cultura da terra(...) É certo que o padre Fernão Cardim, nos seus Tratados, está sempre a falar da fartura de carne, de aves e até verduras e de frutas com que foi recebido por toda parte no Brasil do século XVI, (...) Mas (...) Era um personagem a quem todo agrado que fizessem os colonos era pouco: a boa impressão
açúcar.” (pp. 99-100)
“Pelos grandes jantares ¢ banquetes, (...) ndo se há de fazer ideia exata da alimentagdo entre os grandes proprietários; muito menos da comum, entre o grosso dos
jejuns. O que parece poder aplicar-se, com literal exatiddo, aos banquetes coloniais no
pelas abstinéncias mandadas observar pela Santa Igreja. Desta a sombra matriarcal se
esterilizando tudo. Os grandes senhores rurais sempre endividados. As saúvas, as
luxo mérbido, doentio, incompleto. Excesso em umas coisas, e esse excesso 4 custa de dividas (...). De todo o Brasil ¢ o padre Anchieta quem informa andarem os colonos do século XVI, mesmo "os mais ricos e honrosos” e os missiondrios, de pé descalgo, a maneira dos indios (...). Nem esquegamos este formidavel contraste nos senhores de engenho: a cavalo grandes fidalgos de estribo de prata, mas em casa uns franciscanos, descalgos, de chambre de chita e as vezes só de ceroulas. Quanto as grandes damas coloniais, ricas sedas e um luxo de teteias e joias na igreja, mas na intimidade, de
a fresca; mas também expressio do franciscanismo colonial, (...).” (pp. 101-102)
equilibrados foram os rios ou mananciais (...) Com o bandeirante o Brasil autocoloniza-
“Se é certo que o furor expansionista dos bandeirantes conquistou-nos
comprometeu-se a nossa saúde ccondmica ¢ quase que se comprometia a nossa unidade politica...” (p.89).
“Os jesuitas foram outros que pela influéneia do seu sistema uniforme de educação e de moral sobre um organismo ainda tão mole, plastico, quase sem ossos, como o da nossa sociedade colonial nos séculos XVI e XVII, contribuiram para articular
Os portugueses trazem para o Brasil nem separatismos politicos, como os espanhois
para as suas coldnias...” (p.90).
parece ter ficado no brasileiro rural ou semi-rural o hábito de defecar longe de casa: em
“Os indigenas do Brasil estavam, pela época da descoberta, ainda na situagao de relativo parasitismo do homem e sobrecarga da mulher (...).” (p. 93)
massa ou a farinha de mandioca (...) eles dão um gosto a alimentagdo brasileira que nem
se da cultura vegetal do indigena à civilizagio do colonizador europeu, que os conservou ou desenvolveu, adaptando-os as suas necessidades (...).” (p.96)
vida livre, inteiramente solta, no meio de muita mulher nua, aqui se estabeleceram por gosto ou vontade própria muitos curopeus...” (p.83).
“(...) Dada a liberdade que tinha o europeu de escolher mulher entre dezenas de
maus cristãos ou mesmo más pessoas(...)o português trazia mais a seu favor, e a favor
durante o século XV na Ásia e na África, na madeira e em Cabo Verde...”(p.84).
“(...) a família colonial reuniu, sobre a base econômica da riqueza agrícola e do trabalho escravo, uma variedade de funções sociais ¢ econômicas (...) o oligarquismo ¢ o nepotismo, que aqui madrugou, chocando-se ainda em meados do século XV com o clericalismo dos padres das campanhas (...) e não encontrando ai outra forma de atividade, nem possibilidade de fortuna sendo a exploragio estavel, agricola, o
“(...) Para os portugueses o idcal teria sido não uma colonia de plantagio, mas outra india com que israelitamente comerciassem em especiaria e pedras preciosas; ou um México ou Peru de onde pudessem extrair ouro e prata (...)Nem reis de Cananor nem sobas de Sofala encontraram os descobridores do Brasil com que tratar ou
“(...) Ás necessidades dos homens que criaram o Brasil aquelas formidaveis massas, rios e cachoeiras, só em parte, e nunca completamente, se prestaram as fungdes civilizadoras de comunicagdo regular e de dinamizagio atil(...)Sem equilibrio no volume nem regularidade no curso, variando extremamente em condigdes de navegabilidade e de utilidade, os rios grandes foram colaboradores incertos — se é que
“Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, hibrida de índio e mais tarde de negro na composição...” (p.65).
“A singular predisposição do português para à colonização hibrida e escravocrata dos trópicos, explica-a em grande parte o seu passado étnico, ou antes, cultural, de povo indefinido entre a Europa e a África..” (p.66).
“A mobilidade foi um dos segredos da vitéria portuguesa (...) Os individuos de valor.guerreiros,administradores.técnicas,eram por sua vez deslocados pela política colonial de Lisboa como peças em um tabuleiro de gamão: da Ásia para a África,
“(...) Ódio que resultaria mais tarde em toda a Europa na idealização do tipo louro identificando como personagens angélicas e divinas e detrimento do moreno, identificando com os anjos maus, com os decaídos, os malvados, os truidores..."(p.71). “(...) Com relação ao Brasil, que o diga o ditado: “Branca para casar, mulata para ., negra para trabalhar”"; ditado em que se sente, ao lado do convencialismo social da superioridade da mulher branca e da inferioridade da preta, a preferência sexual pela
“Ao contrário da aparente incapacidade dos nórdicos, é que os portugueses têm
conquista e colonização dos trópicos. Vantagem para a sua melhor adaptação, senão
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conforme conveniências de momento ou de religião..."(p.70).
“Ao contrário da aparente incapacidade dos nórdicos, é que o5 portugueses tém
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