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E como suspeitar se um aluno pode estar dentro dessa categoria? Existem alguns sinais chamados ... indivíduo levemente afetado pelo TEA pode parecer apenas.
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
CAPITULO I - ESTRATÉGIAS DE IDENTIFICAÇÃO: Autismo - como identificar
CAPÍTULO V - FAMÍLIA E ESCOLA: Parceiras na inclusão 73
PARECERISTA TÉCNICA: Paula Braga-Kenyon, Ph.D., Applied Behavior Analysis, Western New England University (WNE), Springfield, MA, USA. M.S., Applied Behavior Analysis, Northeastern University, Boston, MA, USA.
REVISÃO ORTOGRÁFICA: Katia Villari
Cássia Leal da Hora Analista do Comportamento e Psicóloga, Mestre em Psicologia Experimental pela USP e doutoranda em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC - SP. Coordenadora do curso de Especialização em Análise do Comportamento Aplicada ABA ao Autismo do Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento.
Cíntia Guilhardi Psicóloga pela PUC-SP, mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela PUC-SP, doutora em Psicologia Experimental pela USP. Diretora da Gradual - Grupo de Intervenção Comportamental.
Claudia Romano Psicóloga pela PUC-SP, mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela PUC-SP, doutoranda em Psicologia Experimental pela PUC-SP. Diretora da Gradual - Grupo de Intervenção Comportamental.
Daniela Bordini Psiquiatra geral e Psiquiatra da Infância e Adolescência. Coordenadora do ambulatório de Cognição Social Prof.Dr. Marcos Tomanik Mercadante da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-graduanda de Psiquiatria da UNIFESP Membro do Conselho Consultivo da ONG Autismo e Realidade
Joana Portolese Psicóloga Especialista em Neuropsicologia, Coordenadora da ONG Autismo&Realidade – Associação de Estudos e Apoio, Colaboradora e Coordenadora da Neuropsicologia do Ambulatório de Autismo (PROTEA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas (HC-FMUSP).
Leila Bagaiolo Psicóloga pela PUC-SP, mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela PUC-SP e doutora em Psicologia Experimental pela USP. Diretora da Gradual - Grupo de Intervenção Comportamental.
Lívia Maria Macedo Mestre em Análise do Comportamento pela PUC-SP/Behavior Specialist pelo The Watson Institute (Pittsburgh, PA). Colaboradora do UPIA/UNIFESP.
Maria Carolina C. Martone Analista do Comportamento/Terapeuta Ocupacional, Mestre em Análise do Comportamento pela PUC -SP e Doutoranda em Psicologia – Ufscar, Coordenadora do curso de especialização em ABA/ Transtornos Globais - Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento.
Meca Andrade Psicóloga pela PUC-SP, Mestre em Análise do Comportamento pela Northeastern University (Boston, MA), doutoranda pela Western New England University. Trabalha na área de autismo há 18 anos.
Marina Helena Trunci Oliveira Spalato Mendes Assistente de direção do Colégio Paulicéia, Coordenadora do Programa de Inclusão da Educação Infantil e Ensino Fundamental I e Coordenadora Técnica do Módulo Aprendizagem Personalizada (Módulo AP) do Colégio Paulicéia. É Psicóloga Comportamental, Especialista em Saúde Mental na Infância e na Adolescência.
Viviane Rosalie Duarte Psicóloga pela PUC-SP, mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela PUC-SP. Coordenadora do Módulo AP do Colégio Paulicéia. Professora do curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental em Saúde Mental do Programa de Ansiedade do IPQ-HC- FMUSP.
Qual o professor que nunca se preocupou com o isolamento de um aluno? Qual o professor que não se deparou com sua autoridade ameaçada por um aluno com mau comportamento em sala de aula? Quantas e quantas crianças e adolescentes passam nas mãos desses profissionais a cada ano? Um dos objetivos dessa cartilha é auxiliar os profissionais da área da educação a reconhecer e lidar com os educandos que possam estar dentro do Espectro Autista.
E o que é esse Espectro Autista?
O Espectro Autista ou Transtornos do Espectro Autista (TEA) engloba alguns diagnósticos que variam conforme a área de menor ou maior prejuízo para o indivíduo: nas áreas da interação social, comunicação e comportamental (comportamentos restritivos, estereotipias e repetitivos).
O único estudo epidemiológico, no Brasil, estimou uma prevalência de 0,3% de crianças com autismo, mas estudos recentes nos Estados Unidos e na Coréia do Sul demonstraram uma prevalência de mais de 1%.
E como suspeitar se um aluno pode estar dentro dessa categoria?
Existem alguns sinais chamados sinais de risco ou alerta para os quais devemos estar atentos no desenvolvimento infantil. São eles:
Reduzida manutenção do contato visual; Atraso na aquisição da linguagem; Não responder ao ser chamado pelo nome, parecendo surdo;
Interesses específicos muito exagerados, que comprometem as interações sociais com colegas; Rigidez no comportamento e rotinas. Se você tiver algum aluno com alguns desses sinais, é muito importante que o encaminhamento para o setor de saúde mental infantil seja feito o mais rápido possível a fim de se estabelecer um diagnóstico confiável e tratamento efetivo para a criança ou adolescente. O diagnóstico formal quase sempre vem após uma série de fracassos escolares, o que, em muitos casos, pode ser evitado com uma intervenção precoce. (Veja os links de apoio ao final da cartilha).
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento com impactos importantes no desenvolvimento do indivíduo e que começa a se manifestar nos primeiros três anos de vida, gerando grandes dificuldades na comunicação, interação social e aprendizagem. O autismo pode ou não ser associado a um comprometimento cognitivo. Essa associação está presente em aproximadamente 70% dos casos, e a tendência com a ampliação dos critérios diagnósticos é diminuir.
Até o momento não há nenhuma cura comprovada, mas, ao longo das últimas décadas, pesquisas bem documentadas têm mostrado que as crianças com autismo respondem muito bem à intervenção precoce e intensiva (antes dos cinco anos), às estratégias de manejo dos comportamentos e ações educacionais e de saúde integradas.
Os muitos sinais de alerta já indicam que não existe “A” criança autista, no sentido delimitado de quadro sintomático. Portanto, não existe “a” intervenção que funcione para todos.
As medicações, quando necessárias, são utilizadas para tratamento dos sintomas periféricos que podem estar associados com o quadro (insônia, hiperatividade, agressividade) e até o momento não existem medicações para o tratamento dos sintomas centrais do quadro.
O preconceito, sempre fruto do desconhecimento, muitas vezes, faz com que crianças que não se encaixam no que os pais e professores creem que seja “a” criança autista fiquem anos seguidos sem atendimento e acompanhamento apropriados para o caso.
E como identificar se o aluno está dentro dessa categoria?
É muito importante que o encaminhamento para o setor de saúde mental infantil seja feito o mais rápido possível a fim de se estabelecer um diagnóstico confiável e tratamento efetivo para a criança ou adolescente.
A demanda por informação e orientação nessa área tem aumentado devido às mudanças recentes da legislação educacional, que agora exigem a inclusão do indivíduo diagnosticado com autismo na escola.
procurar um especialista. Ele gostava de livros de histórias e de mexer no meu armário, escondido. Com os livros, ele construía prédios, casas, edifícios, sem interesse para ler. Ele gostava de se sentar sempre na mesma carteira. Quando via outra criança sentado nela, ficava bravo e dizia que era o seu lugar, pois a carteira tinha uma característica diferente das outras, que só ele percebia. Na 3ª série, observei que, por ser novamente eu a professora, ele mostrou-se mais tranquilo e desenvolveu-se em sua produção: começou a escrever o seu nome, reconhecer a primeira letra, escrever e reconhecer as letras do alfabeto. Mas tinha dias em que ele não conseguia se concentrar para fazer as atividades. Ele ainda não chegou a ser alfabetizado. No final do ano, começou a pedir todos os dias para fazer as lições dos números. Mesmo eu passando outro tipo de atividade. Suas falas são muito repetitivas. A mãe relata que uma hora ele aprende, outra hora é como se apagasse o que aprendeu. Mas eu não sei como ele consegue se recordar de coisas do seu interesse por tanto tempo. Com esse comportamento e funcionamento, gostaria de auxílios em estratégias para ajudá-lo”.
2) “Em setembro de 2010, assumi a sala onde estava o G. de 11 anos. A professora anterior e a coordenadora avisaram que ele era hiperativo, pois não parava no lugar e, a todo momento, queria sair da sala de aula para comer. Além de ter um comportamento agressivo, era nervoso e não gostava de mudanças.
Achei estranho e comecei a observar o comportamento do aluno.
Era uma criança com quem eu tinha que insistir muito para acatar os comandos, por exemplo: não andar pela sala, não sair da sala, o horário para comer, o horário para ir ao banheiro.
Acredito que, aos poucos, ele foi compreendendo algumas situações e sendo vencido pelo cansaço. Assim ele vem participando das aulas, mas será que ele aprende? Todos os dias, sinto a necessidade de fazer mais por ele”.
3) “Tenho um aluno com dez anos que repete todos os dias os mesmos assuntos. Ele está alfabetizado e vai muito bem em matérias que envolvem o raciocínio lógico. Já em interpretação de texto, apresenta muita dificuldade. Um dia, pedi para trazerem a fábula da Raposa e as uvas. Ele trouxe uma pesquisa do que era raposa e do que era uva. Seu objetivo era tirar a nota "10.000 quintilhões". Sei que ele tem potenciais e gostaria de orientações para adaptar essas habilidades em sua aprendizagem e no contexto escolar”.
4) “Na escola percebo que R. aprende pela via visual e com assuntos de seu interesse. Tenho elaborado um caderno com ele e observei avanços em seu engajamento e aprendizagem. Gostaria de me certificar se estou no caminho certo”.
“Há muito tempo, me disseram que tenho autismo. Nunca soube exatamente o que isso significa, mas é verdade que prefiro brincar sozinha no pátio da escola e evito estar com outras crianças porque é difícil para “mim” entender tão rapidamente as regras das brincadeiras. Posso fazer confusão pois não entendo quando um amigo dá um ‘sorrisinho’ para o outro. O que será que aquele ‘sorrisinho’ significa? É muito difícil interpretar o que o outro quer dizer. Nunca faça isso comigo! Me diga exatamente o que tenho que fazer e o que você espera de mim”.
As características do autismo geralmente afetam a pessoa durante a vida toda, embora possam mudar consideravelmente ao longo do tempo e em resposta a intervenções recebidas. Um indivíduo levemente afetado pelo TEA pode parecer apenas peculiar (“esquisito”) e levar uma vida normal. Uma pessoa severamente afetada pode ser incapaz de falar ou de cuidar de si mesma. Intervenções precoces e intensivas podem fazer diferenças extraordinárias no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança e de sua família.
Comunicação : Algumas crianças diagnosticadas com autismo nunca desenvolvem a fala como forma de comunicação. É importante ressaltar que a forma da criança típica se comunicar é muito ampla e engloba tanto a linguagem direta verbal como as formas mais sutis da linguagem não verbal. Em crianças diagnosticadas com autismo é comum que haja prejuízo na
comunicação: algumas crianças falam e balbuciam durante os primeiros meses de vida, mas logo param. Outras crianças emitem palavras isoladas, ou sons. Há também crianças que repetem palavras ou frases inteiras (ecolalia) fora de contexto e sem propósito comunicativo. Entretanto, há crianças que começam a falar cedo de maneira correta, fluente e coloquial, porém podem usar a linguagem de maneira incomum e fora do contexto. As pessoas diagnosticadas com autismo podem ter dificuldade de comunicar o que precisam. Como resultado, podem usar formas inadequadas de expressão, tais como, simplesmente gritar ou pegar o que querem. Ensinar formas alternativas de comunicação, mesmo que não seja a fala, pode trazer imensos ganhos no sentido de substituir esses comportamentos inadequados.
Mesmo para as crianças com repertório verbal sofisticado, o diálogo pode apresentar desafios e, frequentemente, cria-se uma situação de monólogo como no exemplo abaixo:
“Os Dinossauros eram divididos em seis grupos: os Terópodes, que eram os maiores predadores da Terra, os Saurópodes, os maiores animais que já habitaram a Terra, os Ceratopsídeos, Estegossauros, Anquilossauros e os Ornitópodes, também conhecidos como dinossauros-bico-de-pato (...). Gosto dos dinossauros, acho tão interessante que não me vem mais nada na cabeça, posso te explicar tudo sobre dinossauros e ficar
minha lancheira e minha mãe leva a minha mochila, pois é pesada e ela sempre pede para que eu não carregue muito peso, então ela leva a minha mochila por causa disso. Já dentro do elevador aperto o ‘T’, quando a porta abre, saio correndo e minha mãe diz: “João, devagar”! O porteiro abre o portão logo que começamos a descer o primeiro degrau. Saímos e viramos à direita, passamos por uma casa com muro amarelo, por uma padaria, espero o semáforo ficar vermelho, olho para os dois lados e, se não tiver carros em movimento, atravesso a rua. Ando 30 metros e já dou no muro da minha escola. Quando chego, o Déda diz ‘oi’ e respondo ‘oi’, em seguida falo ‘tchau’ para a minha mãe e entro na escola carregando a minha lancheira e a minha mochila. Carrego a minha mochila pois é rápido, preciso dar apenas cinco passos com ela. Deixo a minha mochila e a minha lancheira no ganchinho com o meu número e ando em direção à minha sala”. “Não consigo prestar atenção à professora se alguém interrompe a minha ordem ou não responde como a professora pediu. Quando ela me avisa que a resposta pode ser diferente ou senta comigo e me mostra como vai ser daqui pra frente, eu continuo contando, mas me sinto mais calmo e, hoje, já consigo ouvir o resto da aula.”
Habilidade Social : É comum que as crianças com autismo, já nos primeiros meses de vida, não atendam quando chamados pelo nome, não olhem nos olhos, não sorriam em resposta a um sorriso. Elas podem não gostar de colo, parecem
indiferentes a outras pessoas como se preferissem estar sozinhas. Elas podem resistir à atenção ou aceitar passivamente abraços e carinhos. Mais tarde, elas raramente procuram conforto ou respondem aos momentos de raiva ou afeto dos pais de uma maneira esperada. Crianças com autismo também são mais lentas em aprender a interpretar o que os outros estão pensando e sentindo. Sinais sociais sutis como um sorriso, um piscar de olhos, ou uma careta, podem ter pouco significado. Com dificuldade para perceber o que “está por baixo dos panos”, podem interpretar frases de maneira literal:
“ Se a professora fala ‘bonito hein?’, vou achar que sou bonita, linda e certamente ficarei muito feliz”.
Com a habilidade comprometida para interpretar gestos e expressões faciais, o mundo social pode parecer desconcertante. As pessoas com autismo têm dificuldade de enxergar as coisas da perspectiva de outra pessoa, o que geralmente propicia humilhações, zombarias, podendo tornarem-se vítimas de bullying. Crianças com mais de cinco anos entendem que outras pessoas têm informações, sentimentos e objetivos diferentes dos que elas têm. Para uma pessoa com autismo, esse entendimento pode não ter se desenvolvido tão bem quanto o esperado para sua idade, o que dificulta grandemente a sua capacidade de prever ou compreender as ações de outras pessoas.