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Cartas a Bruna de Giuseppe Ungaretti, Notas de aula de Tradução

cutido a relação de Ungaretti com Murilo Mendes, suas traduções e ter ... sentido por seus jogos de oposição), e os diferentes tipos de ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Departamento de Letras Modernas
FRANCESCA NUTI PONTES CRICELLI
DIÁLOGOS EM TRADUÇÃO:
Cartas a Bruna de Giuseppe Ungaretti
São Paulo
2019
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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas Departamento de Letras Modernas

FRANCESCA NUTI PONTES CRICELLI

DIÁLOGOS EM TRADUÇÃO:

Cartas a Bruna de Giuseppe Ungaretti

São Paulo 2019

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Cricelli, Francesca Nuti Pontes Cd Diálogos em Tradução: cartas a Bruna de Giuseppe Ungaretti / Francesca Nuti Pontes Cricelli ; orientador Mauricio Santana Dias. - São Paulo, 2019. 504 f.

Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Letras Modernas. Área de concentração: Língua, Literatura e Cultura Italiana.

  1. Ungaretti. 2. Poesia. 3. Tradução. 4. Cartas.
  2. Teoria Literária. I. Dias, Mauricio Santana, orient. II. Título.

Nome: CRICELLI, Francesca Nuti Pontes

Título: Diálogos em tradução — Cartas a Bruna de Giuseppe Ungaretti

Tese de doutorado apresentada à Faculdade de Filosofia

Letras e Ciências Humanas da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de Doutora em Letras.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. ___________________________________________________

Instituição: _________________________________________________

Julgamento: _________________________________________________

Prof.ª Dr.ª __________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Nos meses em que preparei a curadoria para uma exposição em homenagem à presença da poesia italiana em São Paulo, na Casa das Rosas, escrevi um poema que apontava um processo de condensação de experiências, tanto pessoais quanto curatoriais, mas, sobre- tudo, uma espécie de diálogo íntimo com um verso de um poema de Ungaretti. Apropriei- me do seu verso e usei-o para arrematar meu poema. Tudo isso ocorreu muito antes de que eu descobrisse as cartas que o poeta dedicou à sua amada Bruna Bianco. Usei um verso que dizia da necessidade de se manter uma distância feito a que se tem diante de um espe- lho: imaginava que, muito perto, perdia-se a visão refletida e, distante demais, incluia-se no recorte muitos outros elementos. Distanti come in uno specchio. Descobrir o arquivo, pesquisá- lo, traduzir e escrever esta tese foi a experiência mais radical que já vivi, tanto intelectual- mente como emocionalmente. Foi nesta perlaboração que descobri a verdade sobre o pri- meiro verso do poema escrito por mim — é uma longa estrada repatriar a alma. A alma errante do poeta e o enigma da poesia foram os faróis de luz emanados por Ungaretti que há muito tempo venho seguindo. Para chegar aqui, devo reconhecer e agradecer a todos que, de alguma forma, me guiaram, me deram a mão, me abraçaram. Bruna Bianco, por ter confiado a mim a honra e o prazer dessa transcrição, por ter decidido abrir o baú de cartas, me contar suas memórias mais queridas e íntimas, por ter- mos sido confidentes durante esses anos de transcrição. Por ter me apresentado o seu Ungà, outro e também o mesmo do que conhecia por poemas e ensaios. Sua filha Anna Maria, seu genro Daniel, seu filho Francesco, seus netos Lorenzo e Francesca. Agradeço também à Universidade de São Paulo, pelos anos de ensino público e gra- tuito, ao Departamento de Letras Modernas, pelo apoio e pela presteza, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela bolsa concedida que possibi- litou a realização desta pesquisa. Ao Prof. Maurício Santana Dias, meu orientador, a quem devo o incentivo por ter abra- çado esta pesquisa e trazido-a para dentro dos muros universitários. Desde a época da exposição na Casa das Rosas, sua dedicação, sua amizade e sua experiência foram presentes inestimáveis para mim. Tenho aprendido, de fato, os ossos do ofício da tradução literária com a prática e com o diálogo riquíssimo que me proporciona sua presença, seus corajosos incentivos.

À Prof.ª Lucia Wataghin, por ter me recebido na USP durante a época da produção da exposição na Casa das Rosas, por ter me aberto a sua extensa e rica reserva de saber literário, sua expertise ungarettiana. Por ter participado do meu exame de qualificação apon- tando caminhos e melhorias, por ter visto em mim a paixão pelo nosso poeta e ter acredi- tado nela muito antes que as cartas para Bruna atravessassem meu caminho. Também agra- deço por ter me acolhido no Grupo de Estudos e Pesquisas em Literatura Italiana e Tra- dução da USP. Aos amigos Davide Rondoni e Antonio Riccardi, pela presença e por me encoraja- rem desde o início no abraço desta pesquisa e no meu caminho como poeta e tradutora. À Luisa Finocchi, da Fondazione Mondadori, por todo o apoio. Ao Prof. Álvaro Faleiros, por ter participado do meu exame de qualificação e ter apontado com simpatia qual era realmente a minha questão que se sobrepunha a todas as outras, saltando entre as linhas. Ao Prof. Yuri Brunello, pelo curso proferido na USP sobre Ungaretti e Montale tradutores, por ter aberto um diálogo amistoso sobre estas questões, por ter estado presente em minha banca de defesa, por sua inestimável e genial contribui- ção e por fazer com que meu pensamento vá além do que está escrito. Ao Prof. Murilo Marcondes, pelo curso proferido com a Prof.ª Lucia Wataghin, especialmente por ter dis- cutido a relação de Ungaretti com Murilo Mendes, suas traduções e ter mostrado sua pre- ciosa edição de Finestra del Caos aos alunos. À Prof.ª Prisca Agustoni, por aceitar estar nesta banca e pelo fértil e rico diálogo poético e tradutório deste viver entre-mundos. À profes- sora Maria Betânia Amoroso, por sua preciosa contribuição e instigantes provocações du- rante a defesa. Aos profesores do nosso antigo programa Tradusp com quem tive maior contato, Prof. João Azenha, Prof. John Milton e as professoras com quem pude trabalhar na CPG: Prof.ª Luciana Carvalho, Prof.ª Heloisa Cintrão, Prof.ª Adriana Zavaglia, Prof.ª Ângela Zucchi. À querida Edite dos Santos Nascimento, secretária do nosso departa- mento, pela dedicação, carinho e atenção em todos os momentos. Aos professores Stefano Rosatti e Gauti Kristmannsson, da Universidade da Islândia, por acolherem minha pes- quisa por lá, e à Prof.ª Silvia Zoppi Garampi pela rica conversa e pelo amor ungarettiano compartilhado. Aos meus colegas e amigos Marcelo de Souza Moreira e Telma Franco, ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Literatura Italiana e Tradução, em especial às colegas Dayana Loverro, Leila Marangon e Laura Fiore Ferreira.

[…] Tolo quem vê termo às loucuras do amor, Pois o sol cavalgará cavalos negros, a terra dará trigo de cevada, O fluxo pulará dentro da fonte Antes que amor se saiba moderar, E o peixe nadará em riachos secos. Não, enquanto dure, que o fruto da vida seja incessante.

Poema de Ezra Pound extraído de uma elegia de Propércio vertida ao português por Dirceu Villa

Sustento ao infinito, para o ausente, o discurso de sua ausência.

Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso

ÍNDICE

  • Agradecimentos ……………………………………………………………………
  • Resumo …………………………………………………………………………....
  • Riassunto ………………………………………………………………………….
  • Summary …………………………………………………………………………..
  • Introdução ………………………………………………………………………...
  • 1.1 A DESCOBERTA DE UM ARQUIVO EPISTOLAR………………………… 1 A DESCOBERTA DE UM ARQUIVO EPISTOLAR
  • 1.1.1 O encontro e uma breve cronologia…………………………………………....
  • 1.2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O GÊNERO EPISTOLAR………...
  • 1.2.1 Reading in bed e o equívoco epistolar…………………………………………...
  • 1.2.2 Retorno ao biográfico ou autobiográfico?……………………………………...
  • 2.1 ESTRUTURA DO ARQUIVO……………………………………….………... 2 ESTRUTURA DO ARQUIVO E RECORTE
  • 2.2 RECORTE……………………………………………………………………..
  • 3.1 UNGARETTI TRADUTOR…………………………………………………... 3 O PORTO SEPULTO DA POÉTICA TRADUTÓRIA DE UNGARETTI
  • 1.1.1 A PRESENÇA E O PAPEL DA TRADUÇÃO NAS CARTAS A BRUNA…...
  • 4.1 UMA LEITURA POSSÍVEL…………………………………………………... 4 UMA LEITURA POSSÍVEL
  • 4.2 PERLABORAÇÃO DO POEMA E QUESTÕES DE CRÍTICA LITERÁRIA…
  • 4.2.1 A língua e a confusão entre línguas…………………………………………...
  • 4.2.2 Traduções e tradutores………………………………………………………
  • 4.2.3 O Barroco…………………………………………………………………....
  • 4.3 ARTES PLÁSTICAS………………………………………………………….
  • 4.3.1 O tempo e a construção da escuta……………………………………………
  • 4.3.2 O caráter europeu da obra e das relações de Ungaretti………………………...
  • 4.3.2.1 Picasso ……………………………………………………………………....
  • 4.3.2.2 Vermeer e Cézanne …………………………………………………………...
  • 4.3.2.3 Fautrier, De Chirico, Savinio, Modigliani, Burri, Dorazio e Cagli …………………..
  • 4.4 ARTES, ARTISTAS E INTELECTUAIS NO BRASIL DE UNGÀ…………..
  • PRIMEIRA PARTE……………………………………………………………… TRADUÇÃO COMENTADA DAS CARTAS
  • SEGUNDA PARTE……………………………………………………………...
  • TERCEIRA, QUARTA E QUINTA PARTES…………………………………....
  • 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………
  • APÊNDICE I…………………………………………………………………….
  • APÊNDICE II……………………………………………………………………
  • APÊNDICE III…………………………………………………………………...
  • Bibliografia ………………………………………………………………………

RESUMO

Diálogos em tradução — Cartas a Bruna de Giuseppe Ungaretti apresenta em primeira mão um estudo sobre o epistolário de Giuseppe Ungaretti para a sua musa ítalo-brasileira. Após cinquenta anos do início desta relação epistolar, recebemos a autorização de Bruna Bianco para transcrever, organizar, traduzir e estudar as cartas enviadas pelo poeta à sua amada. Esta tese tem como preocupação primária indagar qual o papel do pesquisador-tradutor diante da descoberta de um arquivo inédito e de grande importância para os estudos lite- rários, especialmente no campo da italianística. Para oferecer alguma resposta a essa per- gunta, percorremos um caminho através da apresentação da descoberta do arquivo, da análise de sua estrutura e recorte apresentado, observando o trabalho desenvolvido por Ungaretti, anteriormente, como tradutor, e a presença das traduções como recriações nas missivas a Bruna. Por fim, apresentamos uma cartografia para navegação no arquivo, uma leitura possível, um recorte da transcrição das cartas e nossa tradução anotada.

Palavras-chave : tradução, Ungaretti, poesia, cartas, Bruna Bianco, poesia italiana

SUMMARY

Dialogues in translation — Letters do Bruna by Giuseppe Ungaretti presents a first-hand study of the letter archive of Giuseppe Ungaretti to his Italian-Brazilian muse. After fifty years of the start of their relationship, we were authorized by Bianco to transcribe, organise, trans- late, and study the letters sent by the poet to his beloved. This thesis has a primary concern the scope of indagating the role of the researcher-translator as she discovers an un- published archive of great relevance for Literary Studies, particularly in the field of Italian Studies. To offer an answer to this question, we have followed a path presenting the ar- chive, analysing its structure and presented edition, observing both the work previously done by Ungaretti as a translator and analysing the presence of translations as recreations in the letters to Bruna. Finally, we present a possible cartography for navigating the archive, proposing how it could be read, as well as presenting an edition of the transcribed letters and our annotated translation.

Keywords : translation, Ungaretti, poetry, letters, Bruna Bianco, Italian poetry

INTRODUÇÃO

Diálogos em tradução: Cartas a Bruna de Giuseppe Ungaretti apresenta em primeira mão um es- tudo sobre o epistolário de Giuseppe Ungaretti para sua musa ítalo-brasileira. Após cin- quenta anos do início desta relação epistolar, recebemos a autorização de Bruna Bianco para transcrever, organizar e estudar as cartas enviadas pelo poeta à sua amada. O corpus total é de 375 cartas e 2 telegramas escritos entre 14/09/1966 a 14/04/1969. Este corpus é a base do livro Lettere a Bruna editado pela Mondadori em 2017 com prefácio de Silvio Ramat. Nosso trabalho de transcrição e organização é anterior à publicação. Nesta tese, apresentamos um recorte traduzido e comentado deste arquivo. Esta tese tem como preocupação primária indagar qual o papel do pesquisador-tra- dutor diante da descoberta de um arquivo inédito e de grande importância para os estudos literários, especialmente no campo da italianística. Para oferecer uma resposta a essa, per- gunta percorremos um determinado trajeto. No primeiro capítulo, situamos o leitor em relação à história da descoberta do arquivo, oferecemos uma breve cronologia dos anos que levaram ao encontro de Giuseppe Ungaretti com Bruna Bianco e como se deslocaram nos anos de correspondência. Em seguida, apresentamos algumas considerações sobre o gênero epistolar, apresentando algumas das discussões mais pertinentes sobre o seu vín- culo com os estudos literários, e então propomos observar o nosso objeto de estudo como uma obra que se encaixaria nos termos denominados por Philippe Lejeune como “espaço autobiográfico”. É importante, de toda forma, frisarmos como estas missivas habitam o espaço literário não somente como fonte de informação sobre a vida e os processos de criação do autor, mas com o peso de um retorno ao autobiográfico que acompanha o interesse de estudos e publicações na contemporaneidade. Neste sentido, apontamos o que pode ser lido, nestas cartas, como uma dose de autoficção. Nos amparamos nas leituras do já citado Philippe Lejeune, mas também de Vincent Kaufmann, Brigitte Diaz e André Lefevere (em particular a visão deste último sobre tradução, reescrita e manipulação da fama literária). No segundo capítulo, nos ocupamos do trabalho formal de fixar um texto do manuscrito para sua transcrição. Além de apresentarmos descrições físicas das cartas — incluindo algumas fotos no corpo do texto e também no Apêndice III — discutimos a estrutura do arquivo e o nosso recorte, amparados por leituras de Alan Páges, Brigitte Diaz