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Guias e Dicas
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Maquiavel: Fundador da Ciência Política Moderna, Notas de estudo de Hidráulica

Maquiavel, um historiador, poeta, diplomata e músico florentino do renascimento, é reconhecido como o fundador da filosofia política moderna. Sua obra 'o príncipe' reflete intensamente sobre o estado e o governo, oferecendo reflexões filosóficas e não apenas prescrições para políticos. Nascido em florença em 1469, maquiavel viveu em um cenário conturbado, onde a maioria dos governantes não conseguia se manter no poder por mais de dois meses. A itália, composta por pequenos estados, foi o cenário para a formação das monarquias ou estados nacionais, extinguindo o domínio dos senhores feudais do período medieval, marcando o início da era moderna.

O que você vai aprender

  • Qual foi a visão de Maquiavel sobre o homem e a sociedade?
  • Como Maquiavel influenciou a formação das monarquias ou estados nacionais?
  • Em que contexto histórico Maquiavel escreveu 'O Príncipe'?
  • Como Maquiavel definiu o papel do príncipe no Estado?
  • Qual foi a contribuição de Maquiavel para a ciência política moderna?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pipoqueiro
Pipoqueiro 🇧🇷

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CARLA JAQUELINE LOUREIRO
MAQUIAVEL: VIDA E OBRA
Assis/SP
2017
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CARLA JAQUELINE LOUREIRO

MAQUIAVEL: VIDA E OBRA

Assis/SP

CARLA JAQUELINE LOUREIRO

MAQUIAVEL: VIDA E OBRA

Projeto de pesquisa apresentado ao curso de direito do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – IMESA e a Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA, como requisito parcial à obtenção do Certificado de Conclusão. Orientando(a): Carla Jaqueline Loureiro Orientador(a): Elizete Mello da Silva

Assis/SP

MAQUIAVEL: VIDA E OBRA

CARLA JAQUELINE LOUREIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, como requisito do Curso de Graduação, avaliado pela seguinte comissão examinadora: Orientador: Elizete Mello da Silva Examinador: Assis/SP 2017

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha irmã caçula Anna Laura, para que possa servir de inspiração.

RESUMO

Maquiavel, a partir de seu pensamento político, procurou fundamentar uma filosofia política tendo em vista a dominação dos homens. O renascimento trouxe uma série de inovações no campo cultural, o problema para Maquiavel, entretanto, é saber a quem serve a ciência política e o que faz para se manter no poder. Para compreender a teoria política de Maquiavel, é preciso compreender o próprio individuo Maquiavel como sujeito histórico e fruto de um contexto especifico, o universo mental de Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Deliberadamente distancia-se dos tratados sistemáticos da escolástica medieval e, à semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação empírica. Maquiavel vive o período renascimento, como tal é leitor contumaz dos autores clássicos, a leitura desses lhe dá a chave para compreender o contexto em que vive, além do que o instrumentaliza com a fundamentação teóricas necessária para escrever, entre outros, “o príncipe” e por isso que nesta obra se encontra uma intensa reflexão filosófica e, não como querem alguns, apenas um receituário, um manual para políticos de plantão. Palavras-chave: Maquiavel, príncipe.

ABSTRACT

Machiavelli, from his political thinking, sought to ground a political philosophy in view of the domination of men. The Renaissance brought a series of innovations in the cultural field; the problem for Machiavelli, however, is knowing to whom political science serves best and what one does to stay in power. In order to understand Machiavelli's political theory, it is necessary to understand Machiavelli as a historical subject and the result of a specific context; Nicolo Machiavelli’s mental universe is completely different. It deliberately distances itself from the systematic treatise of medieval scholasticism, and, like in the Renaissance, which was concerned with founding a new physical science, breaks with the previous thinking by defending the method of empirical research. Machiavelli lives in the Renaissance period and is, therefore, a constant reader of classical authors; such readings give him the key to understand the context in which he lives and it also instrumentalises him with the theoretical foundation necessary to write, among others, "The Prince", and that is the reason why in this work there is an intense philosophical reflection and not just a prescription or a manual for politicians. Keywords: Machiavelli; The prince.

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1. INTRODUÇÃO

Nicolau Maquiavel (em italiano Niccolò Di Bernardo dei Machiavelli, Florença, 3 de maio de 1469 – Florença, 21 de junho de 1527) foi um historiador, poeta, diplomata e musico de origem florentina do renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente. As opiniões, muitas vezes contraditórias, acumulam-se, de forma que o adjetivo maquiavélico, criado a partir do seu nome, significa esperteza, astúcia, aleivosia, maldade. Maquiavel escreve história mais como um pensador político do que como historiador. Assim ele não se preocupa tanto com a referência precisa de afirmações contidas nas suas obras, ainda que tenha ido aos arquivos de Florença – pratica incomum na época – e deixa transparecer nas suas obras históricas a defesa de algumas das suas ideias através da narração dos fatos históricos. Ele também acredita que a história se repete, tornando a sua escrita útil como exemplo para que os homens, tentados a agir sempre da mesma maneira, evitassem cometer os mesmos erros. Contexto histórico Durante o renascimento, as cinco principais potencias na Península Itálica eram: o Ducado de Milão, a Republica Florentina, o Reino de Nápoles, e os Estados Papais. “A península era então constituída por uma série de Pequenos Estados, com regime políticos, desenvolvimento econômicos e culturais variados. ” (Pagina 14, Francisco Weffort). Foram incapazes de se aliar durante um bom tempo estando entregues à intriga diplomática e as disputas, como estavam batalhando entre si, ficavam a mercê das ambições estrangeiras a influência de Lourenço de Médici impediu uma invasão. Com a morte deste em 1492, a Itália foi invadida por Carlos VIII, causando a expulsão dos Médici de Florença. Neste cenário conturbado, na qual a maior parte dos governantes não conseguia se manter no poder por um período a dois meses, Maquiavel passou sua infância e adolescência. A formação das monarquias nacionais A formação das monarquias nacionais ocorreu durante o período da Baixa Idade Média, entre os séculos XII e XV, nos países da Europa Ocidental, com destaque para as monarquias portuguesa, espanhola, francesa e inglesa. As crises do fim da era medieval (econômica, política e religiosa) provocaram a dissolução do sistema feudal. A terra deixou de a única fonte de riqueza. A expansão econômica e tecnologia

10 Os conhecimentos acumulados desde a origens de Roma, passando pela idade média, se aprimoraram a partir do século XV. Destacando de grande importância foram realizações dos engenheiros e arquitetos italianos, dos metalurgistas e impressores alemães e dos engenheiros holandeses. Obras notáveis no campo da engenharia hidráulica. Enfim grande avanço econômico e tecnológico. A decadência da igreja Foi um processo que começou na Alemanha quando um monge, chamado Martinho Lutero vai apresentar as suas 95 teses condenando uma série de práticas da igreja católica. A principal delas, é a questão das Indulgencias, o perdão. Itália A Itália por vários séculos fora uma nação de pequenos Estados. Com a queda do império romano em 476, a península itálica passou a ser governada pelos seus invasores bárbaros, os chamados reis bárbaros governaram por algumas décadas, mesmo assim o domínio destes povos não garantiu uma identidade unificada a Itália. Florença Florença é tida como o berço do renascimento, um movimento artístico – cultural que colocou em cena moral diferente do mundo medieval, que trouxe a prática do mecenato. A pesquisa tem como objetivo demonstrar baseado na principal obra do autor, o príncipe sua teoria política e sua concepção de Estado. Os ensinamentos de Maquiavel, incorporados da maneira correta dentro da política, desde o político até o sistema em si, minimizaria muitos problemas decorrentes muitas vezes da falta de preparo, conhecimento ou objetivo dos políticos que temos.

12 Por isso, a burguesia passou a contribuir para o fortalecimento da autoridade dos reis, contribuindo financeiramente na construção de monarquias nacionais capazes de formar governos estáveis e ordeiros. O elemento cultural que mais influenciou o sentimento nacionalista foi o idioma. Falado pelo mesmo povo, o idioma servia para identificar as origens, tradições costumes comuns de uma nação. Cada estado foi definido suas fronteiras políticas, estabelecendo os limites territoriais de cada governo nacional, surgindo a noção de soberania, pela qual o soberano (governante) tinha o direito de fazer valer as decisões do Estado perante os súditos. Para garantir as decisões do governo soberano, foi preciso a formação de exércitos permanentes, controlados pelos reis (soberano). Com a formação moderna, diversos reis passaram a exercer autoridade nos mais variados setores: organizavam os exércitos, que ficava sobre o seu comendo, distribuíam a justiça entre seus súditos, decretavam leis e arrecadavam tributos. Toda essa concentração de poder a ser denominado Absolutismo Monárquico. A partir disso, foi criado os Estados Nacionais, os quais apresentavam suas fronteiras, limites dos territórios e o exército nacional (para segurança da nação). No âmbito econômico; as monarquias nacionais visavam a unificação dos padrões monetários e também um sistema de cobrança dos impostos. 2.1.2. A expansão econômica e a tecnologia Os conhecimentos acumulados desde as origens de Roma, passando pela Idade Média, se aprimoraram notavelmente a partir do século XV. De particular importância no Renascimento europeu foram as realizações dos engenheiros e arquitetos italianos, dos metalurgistas e impressores alemães e dos engenheiros holandeses. Obras notáveis no campo da engenharia hidráulica são os canais construídos por Bertola de Novate, em Milão, e as eclusas, inventadas provavelmente por Leonardo da Vinci. Coube igualmente aos italianos o privilégio de aperfeiçoarem técnicas para a produção em grande escala, algumas das quais foram descritas por Vannocio Biringuccio em De La pirotechnia (1540), importante obra sobre metalurgia. Nos estaleiros de Veneza, a construção naval alcançou alto grau de elaboração e eficiência. Leonardo da Vinci foi um dos grandes inovadores da tecnologia da Itália renascentista e se interessou particularmente por engenharia militar, embora suas anotações sobre maquinaria fossem as mais completas. Desenhou vários tipos de moinhos, bombas e aparelhos hidráulicos, máquina têxtil, peças de artilharias, objetos de metal, máquina de polir e até um aparelho para voar. Da Vinci já demonstrava preocupar- se com problemas que somente séculos depois seriam solucionados, como a redução de atrito e a construção de máquinas automáticas. Importantes nos séculos XV e XVI foram os progressos em metalurgia, registrados na Hungria e na Alemanha, bem como no domínio da análise dos metais, técnica complexa que envolvia o emprego de formas especiais, pesos, balanças e fundentes. De maior

13 importância ainda, por seu ilimitado alcance cultural, foi a invenção da impressão com tipos móveis, desenvolvida por Johannes Gutenberg, Procopius Waldvoghel (de Praga) e construtores holandeses. Cabem também a engenheiros holandeses as mais notáveis realizações da engenharia civil no período pós-renascentista: foram eles que elevaram a um nível sem precedentes as técnicas de construção de diques, de canais de drenagem e de moinhos de vento. Em suma, a união dos interesses políticos dos Reis e os interesses econômicos da burguesia, foram essenciais para formação das monarquias ou estados nacionais, extinguindo o domínio dos senhores feudais do período medieval, dando início a Era Moderna. De forma geral, observamos que os vários estudiosos da Renascença foram em suma importância para que a obtenção de conhecimento fosse modificada. Ao invés de contemplar e aceitar os fenômenos naturais enquanto manifestação da natureza divina, os homens dessa época acreditaram que o experimento e o uso de argumentos racionais pudessem revelar as “engrenagens” que movimentavam o mundo à sua volta. 2.1.3. A decadência da igreja Foi um processo que começou na Alemanha, quando um monge, chamado Martinho Lutero vai apresentar as suas 95 teses condenando uma série de práticas da igreja católica. A principal delas, é a questão das Indulgencias, o perdão. Em 1514, o Papa Leão X foi perturbado por todo seu pontificado por heresias e cismas, especialmente a rebelião desencadeada por Martinho Lutero. Além da indulgencia, ele começa a apontar a corrupção eclesiástica, para que casa, que tem filhos, ou seja, ele aponta a quebra de normas eclesiásticas. Internamente, desde o século XII, a igreja já vinha sofrendo problemas com as heresias, que são movimentos que ocorriam dentro da igreja católica, e que já contribui para minar a autoridade da igreja. Também vamos ter os interesses da burguesia na reforma, pois a igreja católica condenava a pratica da usura, lucros exagerados, e a burguesia vai ver na reforma a possibilidade de proteger os seus lucros. E também nós vamos ter o racionalismo, o século XVI, é o século dos Estados Nacionais, então aparece o rei da nação francesa, o rei da nação inglesa, e daí o inglês, o francês ou o alemão, começam a se perguntar: por que eu tenho que pagar imposto para o papa lá na Itália? Então, essas causas vão justificar o sucesso da Reforma de Lutero. Os principais reformistas: Martinho Lutero da Alemanha, com a ideia da justificativa pela fé; João Calvino da França, que vai defender a ideia de predestinação pela fé; Henrique VIII da Inglaterra, o rei vai criar a sua igreja nacional da Inglaterra, a Igreja Angelicana. Segundo Calvino, o predestinado é o eleito por Deus, que seria aquele que trabalha e acumula capital, riqueza. A burguesia vai identificar nisso a possibilidade de legitimar o

15 Enquanto a Europa adentrava a época feudal por volta do século IX, a Itália vivenciava uma disparidade a respeito de que tipo de governo adotaria. O feudalismo diferente do que alguns pensam, não fora algo que ocorreu por toda a Europa, algumas nações na Europa Oriental e no norte do continente não vivenciara este sistema, no caso da Itália, mesmo em pleno período medieval existiam repúblicas. Assim, cidades como Florença, Pisa e Veneza eram republicas, enquanto, Nápoles era um reino e Milão um ducado, que de certa forma adotavam o feudalismo. Contudo além de haver repúblicas e ducados na Itália, existiam os chamados Estados Papais, os quais eram cidades e terras governadas e administrados diretamente pela Igreja, e o papa possuía autoridade direta sobre tais regiões. Ao longo da Idade Média, as nações italianas vivenciaram a influência e em alguns períodos a autoridade do Império Bizantino, além de vivenciar conflitos franceses, sérvios, húngaros, bizantinos, turcos, árabes, espanhóis, etc. Até chegarmos ao século XV quando ocorrerá o fim do período medieval e o início do renascimento na Itália, algumas nações europeias, a Inglaterra e Portugal já eram estados unificados, a França criaria uma identidade “francesa” após o fim da Guerra dos Cem anos em 1543. A Alemanha era na realidade, um aglomerado de pequenos Estados. A Rússia também vivenciava as lutas de pequenos reinos, e o outrora Império Bizantino havia caído nas mãos dos turcos- otomanos, os quais expandiam seus domínios para o interior do continente. A Grécia era província otomana. Sendo assim, a Itália não representava uma singularidade neste período. 2.1.5. Florença Florença é conhecida por ser uma das cidades mais belas da Europa. De fato, sua beleza advém da combinação entre a preservação da arquitetura medieval da cidade e a paisagem característica da região da Toscana, famosa por seus vinhedos. Florença, apesar de ser uma cidade pequena, é um lugar perfeito para os amantes de cultura, sobretudo os de história, arte e filosofia. Historicamente, a cidade de Florença é tida como o berço do Renascimento, um movimento artístico-cultural que colocou em cena moral diferente do mundo medieval, que trouxe de volta a prática do mecenato. Inúmeros artistas dessa época foram favorecidos pelo mecenato da família aristocrata Médici. Detentores de grande poder econômico e político na região, os Médicis incentivaram a produção de obras de arte que se tornaram ícones da cultura ocidental. A família Médici também favoreceu o cientista Galileu Galilei, que está enterrado numa tumba, no interior da Basílica de Santa Croce, que também abriga a tumba de Michelangelo e de Nicolau Maquiavel.

2.2. BIOGRAFIA

Nicolau de Bernardo Maquiavel, historiador, diplomata, filosofo, artista, assumiu vários cargos públicos e também é considerado um dos primeiros cientistas políticos modernos.

16 Nasceu em 3 de maio de 1469 na cidade de Florença. Filho de Bernardo Maquiavel, um legislador, desde cedo Nicolau tivera contato com a vida pública e política da Republica Florentina, a qual pelos anos seguintes seria governada por Lourenço de Médici, alcunhado, o magnifico. Maquiavel entrou para a vida política em 1948, sendo nomeado Segundo Secretario da Senhoria, ainda no mesmo ano assumiu o cargo de Chefe da Segunda Chancelaria e posteriormente se tornou Secretario dos Dez, importante cargo do Estado. Em 1499 escreveu discursos sobre negócios em Pisa, no mesmo ano realizou duas missões diplomáticas. Entre junho e julho de 1500, Maquiavel se encontrava em meio ao cerco francês a cidade de Pisa, lá ele passou a defender os direitos de soldados contratados como mercenários pelo Rei da França, Luís XII. Viajou para França para defender os direitos destes soldados. Em 1501 participou de novas missões diplomáticas. Maquiavel entrou em meio ao jogo político dos Bórgia, liderado especialmente por Cesare Bórgia, um homem de grande ambição e filho do papa Alexandre VI. Maquiavel tentou ganhar a libertação das cidades italianas que se rebelaram contra a conquista francesa, contudo em outubro, fora enviado pelo governo florentino para prestar seus serviços Cesare Bórgia até o começo do ano seguinte. Em 1503, escreveu mais dois livros e continuou com suas missões diplomáticas. Em 22 de fevereiro fora enviado pela Republica de Florença para a França, retornando em março. Os florentinos se tornaram aliados dos franceses. Em outubro começou a escrever o Decenal, narração da história florentina desde 1494 em tercetos. Em 1505, fora enviado em missões diplomáticas a fim de conseguir aliados para a causa florentina, em 1506 cansado de não conseguir recrutar tropas mercenárias, decidiu formar uma milícia florentina, escreveu posteriormente acerca disso. Entre agosto e outubro de 1506, Maquiavel passou a trabalhar para o papa Júlio II o acompanhando em suas viagens e missões. No mesmo ano, ele decretou a criação dos Nove da Ordem e da Milícia onde assumiu o cargo de chefia. Em 1508, regressou para Florença, onde escreveu Relatos sobre os Fatos na Alemanha e continuou com a campanha de recrutamento pelos dois anos seguintes. Em 1510, escreveu após retornar de mais uma viagem à França, Retrato das coisas da França. Fora incumbido pelo Estado florentino de convocar uma cavalaria, prosseguiu com as convocações pelo ano seguinte. Em 1512, os Médicis retornaram a Florença e tomaram o poder, abolindo a Constituição republicana. Nicolau Maquiavel teve seu mandato cassado e fora preso. Na prisão fora torturado a fim de que confessasse supostas conspirações nas quais estava envolvido. Em 1513, fora libertado de sua prisão e se refugiou em sua casa de campo em Sant’Andrea – in – Percussina, de onde passou a manter em segredo correspondência com seu amigo Vettori, embaixador de Florença em Roma. Nesse período começou a escrever discursos sobre a primeira década do Tito Lívio e o Príncipe. Em 1518 escreveu A Mandrágora. Ainda afastado de suas atividades diplomáticas e políticas, mas dispunha de certa liberdade. No ano seguinte começou a escrever a Arte da Guerra. Em 1520 começou a escrever novos livros, inclusive a História de Florença. Cinco anos depois ele concluiu o livro e o apresentou ao papa Clemente VII. Voltou a atuar como diplomata, tendo viajado para Veneza a fim de defender algumas causas de mercadores florentinos. Nesse tempo continuou a escrever ao papa a fim de despertá-lo para ameaças de uma nova guerra, acabou convencendo o papa de criar uma Comissão

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3. A CONCEPÇÃO DE ESTADO E DE PODER POLÍTICO EM

MAQUIAVEL

A pesquisa tem como objetivo demonstrar baseado na principal obra do autor, O Príncipe sua teoria política e sua concepção de Estado. Maquiavel foi um dos grandes responsáveis pela noção moderna de poder. A ele também se deve a renovação do sentido e da relação ética e política. A teoria política de Maquiavel tem surgido, ao longo do tempo, com várias discussões, principalmente pela interpretação adiantada de seu pensamento. Compreendido ainda como alguém imoral e sem quaisquer valores. Por isso o termo maquiavélico é sempre pejorativo. Mas, no campo da ciência política, sabemos do equívoco dessa concepção, afinal o autor é considerado o precursor da construção do Estado Moderno. Maquiavel, fugindo da tradição, que considera a tendência do homem para a vida em sociedade e o bem viver, como naturais, destaca que, ao contrário, os homens tendem sempre a divisão e a desunião. Surgindo uma tensão social, conflito de desejos entre dois grupos sociais distintos, o povo que deseja não ser oprimido pelos grandes, e os grandes que ao contrário desejam oprimir e dominar esse povo. A política, para Maquiavel, é marcada, então, não pelo ideal cristão de unidade entre os homens, mas por algo que é próprio do homem, a constante luta pelo poder. Então Maquiavel não compartilha mais da concepção de homem ligada pela filosofia cristã, segundo a qual este é um ser impedido por natureza a vida social. Embora, de acordo com a compreensão cristã, o indivíduo esteja subordinado do Estado, a ação deste é limitada pela lei natural ou moral e constitui uma instância superior à qual todo membro da comunidade pode recorrer sempre que o poder temporal atenta contra seus direitos essenciais e alienáveis. Maquiavel, ao invés disso, concebe o homem como um ser movido por forças antissociais. Na sua opinião, o ser humano possui a tendência de agir segundo seus impulsos egoístas, em benefício próprio e prejuízo alheio. Esta tendência apenas de se dobra ante a coação, porque o homem faz o bem quando se sente coagido a isso e o mal cada vez que tem ocasião. (Cames, 2002, p.123). Assim, por esta nova compreensão da realidade, Maquiavel separa a moral individual da moral política. Ao chefe de Estado cabe agir de acordo com as circunstancias e não a partir de preceitos morais e individuais. Por essa razão, o que distingue a bondade de maldade na ação política é sempre o bem coletivo e jamais os interesses particulares. O que determina se uma atitude é ética é a sua finalidade política. Neste sentido, os valores morais só podem ser compreendidos a partir da vida social. Assim, sublinha Maquiavel, existem virtudes e vícios que, inversamente, podem salva-lo. O que o ponto de vista da moral tradicional é plenamente condenável, na ética política maquiavelizada é perfeitamente aceitável. Para compreender a teoria política de Maquiavel, é preciso antes compreender o próprio individuo Maquiavel como sujeito histórico e fruto de um contexto especifico. O universo mental de Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Deliberadamente distancia-se dos

19 tratados sistemáticos da escolástica medieval e, à semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação empírica. Maquiavel vive o período do renascimento, como tal é leitor contumaz dos autores clássicos. A leitura destes lhe dá a chave para compreender o contexto em que vive, além do que o instrumentaliza com a fundamentação teóricas necessária para escrever, entre outras, “o príncipe”. E por isso que nesta obra se encontra uma intensa reflexão filosófica e, não como querem alguns, apenas um receituário, um manual para políticos de plantão: Nela escreve: “..., porém, sendo intento escrever algo útil para quem me ler, parece me mais conveniente procurar a verdade efetivas das coisas do que o que se imaginou sobre elas. Muitos imaginavam republicas e principiados que jamais foram vistos e que nem se soube se existiram na verdade ... (Maquiavel, 2004, p. 73) ” A verdade das coisas significa parafraseando o professor Ames (2002), uma afirmação da primazia da atualidade, do tempo presente, sobre qualquer momento ou tempo histórico: é sempre “aqui e agora” que cabe agir. Entretanto para ser efetiva, ação do príncipe deve sempre levar em conta não apenas o momento presente, mas, também uma concepção teórica fundada na história para compreender as múltiplas relações daquele dado. Não se trata de mera especulação, mas de uma resposta a uma necessidade prática. Por isso, sublinha Maquiavel (2004) porque há tamanha distância entre como se vive e como se deveria viver, que aquele que trocar o que se faz por aquilo que deveria se fazer aprende antes a arruinar-se que a preservar-se, pois um homem que queira fazer em todas as coisas profissão de bondade deve arruinar-se entre tantos que não são bons. Daí ser necessário a um príncipe se quiser manter-se, aprender a poder não ser bom e a valer-se ou não disto segundo a necessidade. (p. 73) Ao compor “o príncipe” Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália poderosa e unificada. Expressa também a necessidade (não só dele, mas de todo o povo italiano) de um monarca com pulso firme, determinado, que fosse um legitimo rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir esforços. Para Maquiavel um príncipe não deve medir esforços nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo for o bem do seu povo. Por risco, declarar todas as ações do duque, eu não saberia em que censurá-lo. Pelo contrário, parece-me como aliás o fiz – dever propô-lo como exemplos a todos aqueles que, com a fortuna e as armas de outrem, ascendem ao poder. Tendo ele ânimo forte e intenção elevada, não poderia ter agido de outra maneira. (Maquiavel, 2004, p.34). Assim, no entender de Lefort (1972), é na crítica da experiencia, no mundo real, no aqui e agora, que Maquiavel descobre que há em cada situação uma política adequada. A política adequada é aquela que se concilia com o ser da sociedade, que acolhe os contrários, se enraíza no tempo, se dispõe a costear o abismo sobre o qual repousa a sociedade, de enfrentar o limite constituído pela impossibilidade de compor os desejos humanos. É na verdade efetiva das coisas que o príncipe deve pautar a sua ação política. A ação do príncipe deve ser sempre movida pela realidade dos fatos, e não pelo “como deveria ser”. É a necessidade que deve reger ação política do príncipe. Assim, diz Maquiavel, é preciso que para manter-se no poder, um príncipe aprenda a ser mau, e que da maldade se sirva