




























































































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
O documento aborda características importantes de um bom texto escrito, como a clareza, a coesão, a coerência e a adequação da linguagem ao gênero textual. Ele discute a importância de evitar problemas comuns na escrita, como a prolixidade, os erros gramaticais e a inadequação do nível de linguagem. O texto também apresenta exemplos de diferentes tipos de texto (narrativo, descritivo e dissertativo) e destaca a relevância da estrutura textual e da argumentação na construção de um texto eficaz. Além disso, o documento fornece orientações sobre a elaboração de fichamentos e resumos, enfatizando a necessidade de respeitar a ordem e o encadeamento das ideias do texto original. Essa abordagem abrangente visa capacitar o leitor a aprimorar sua expressão escrita em diversos gêneros textuais.
Tipologia: Notas de aula
1 / 140
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Professora conteudista: Tânia Sandroni
Doutora em Letras pelo Programa de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo (2018), mestra em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (2001) e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo (1990), pela Universidade de São Paulo (USP). É professora titular da Universidade Paulista (UNIP), com atuação principalmente nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, e Propaganda e Marketing.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S219c Sandroni, Tânia. Comunicação e Expressão / Tânia Sandroni. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 136 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
U507.01 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli
Material Didático – EaD
Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão: Elaine Pires Ricardo Duarte
gramaticais comprometem a comunicação e a imagem do enunciador. Entretanto, não basta que um texto não tenha “erros” para que ele seja bom. Como se verá neste livro-texto, existem outras qualidades necessárias para que ele cumpra bem sua função comunicativa, como, por exemplo, a clareza. É comum que a ideia esteja clara para quem escreve, mas não para quem lê. Isso pode ocorrer por má construção sintática, pelo mau uso dos elementos de coesão, pela falta de concisão, pela inadequação, pela imprecisão da linguagem, entre outros fatores. Em muitos casos, observamos a junção desses problemas. Por isso, neste material, abordaremos as qualidades necessárias para que o texto cumpra bem sua função comunicativa.
Além das características da comunicação escrita eficiente, serão abordados elementos constitutivos de diferentes gêneros textuais, necessários em situações diárias e na trajetória universitária.
Enfim, o objetivo deste livro é ajudar o(a) aluno(a) a aprimorar sua competência na escrita de variados textos.
Unidade I
1 CONCEITOS E ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO
1.1 Comunicar é preciso
“Quem não se comunica se trumbica”, dizia Chacrinha, famoso comunicador da televisão brasileira. O “Velho Guerreiro”, como era conhecido, foi apresentador de programa de auditório por décadas e repetia constantemente o bordão. De fato, a comunicação é essencial à vida do ser humano, tanto no plano pessoal quanto no profissional. Sem comunicação, por meio de qualquer linguagem, fica inviável pensarmos a nossa vida.
O verbo “comunicar” origina-se do termo latino “communicare”, que significa tornar comum. No dia a dia, temos a necessidade de tornar comuns experiências, ideias e sentimentos. Para refletir sobre a importância da comunicação na nossa vida, podemos, por exemplo, mencionar o filmeNáufrago, em que o protagonista, interpretado por Tom Hanks, ao ficar preso em uma ilha deserta, passa a se comunicar com uma bola, chamada por ele de Wilson. A personificação do objeto, transformando-o em interlocutor, foi a forma que o personagem encontrou para superar as adversidades. Poder conversar com “alguém” foi essencial para que ele mantivesse a lucidez.
Mas o que é necessário para que haja comunicação? Obviamente, deve haver interlocutores em contato e uma mensagem codificada. São apontados seis elementos básicos do processo comunicativo: emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente. Embora as novas tecnologias tenham alterado os papéis desses elementos e suscitado outras questões, ainda devemos considerá-los essenciais a qualquer processo comunicativo.
De forma didática, podemos definir o emissor como aquele que produz a mensagem, e o receptor como o indivíduo a quem ela se destina. O referente, como o nome indica, é aquilo a que a mensagem se refere.
Observação
Nas novas configurações em rede, observa-se a descentralização da emissão. O receptor também se torna facilmente emissor, com a interatividade promovida pelas novas tecnologias. Atualmente, nas palavras de Pierre Lévy (2005), temos um cenário marcado pela comunicação todos-todos.
Quando a comunicação é centrada no emissor, no eu , fala-se na função emotiva ou expressiva. Trata-se de situações em que a subjetividade de quem emite a mensagem se encontra em evidência. Veja, como exemplo, o trecho da música “Até o fim”, de Chico Buarque.
Até o fim
Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim Já de saída a minha estrada entortou Mas vou até o fim
Inda garoto deixei de ir à escola Cassaram meu boletim Não sou ladrão, eu não sou bom de bola Nem posso ouvir clarim Um bom futuro é o que jamais me esperou Mas vou até o fim [...]
Fonte: Buarque (s.d.).
Observe que o emissor está em evidência na letra. A mensagem é centrada na sua história de vida e no modo como a encara. A presença da primeira pessoa é essencial para a intencionalidade da composição.
Observação
A intencionalidade relaciona-se ao modo como o enunciador constrói seu texto para alcançar seus objetivos de comunicação. Esses objetivos podem ser informar, emocionar, convencer, solicitar, elogiar, criticar, entre outros.
Quando a comunicação tem como foco o receptor, com o uso de pronomes como “você” e “seu” ou de verbos no imperativo, tem-se a função apelativa ou conativa. Trata-se de uma função muito frequente na publicidade: “Beba Coca-Cola”, “Abuse e use”, “Você e sua família merecem”, entre muitos outros exemplos. Devemos observar que o uso da função apelativa é muito importante na construção da persuasão que caracteriza o texto publicitário, pois ela cria efeito de proximidade com o receptor, tornando-o mais inclinado a absorver a mensagem. Tomemos como exemplo o anúncio a seguir:
Figura 2
Na figura, o texto verbal é: “A falta de consciência não deixa você perceber que o mundo está de cabeça para baixo. Como esta foto aqui. Ao consumir, use sua consciência, prefira produtos de empresas que investem em ações sociais. AKATU.ORG.BR”.
Note que o anúncio se dirige diretamente ao leitor. Podemos citar marcas linguísticas que evidenciam isso: “você”, “use”, “sua” e “prefira”. A estratégia do texto é provocar o leitor para que ele não naturalize as desigualdades sociais, ou seja, para que ele as perceba no seu cotidiano.
Muitas vezes, não importa apenas o que dizer, mas como dizer. Nesses casos, procura-se trabalhar a linguagem, lapidar a forma da mensagem. Temos, então, a função poética. Essa função caracteriza-se pela utilização de recursos expressivos que aprimoram a dimensão estética da linguagem.
Como um dos inúmeros exemplos possíveis, podemos citar um trecho do poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade. O texto foi escrito pelo poeta em 1942, em um contexto marcado pela guerra mundial e pelo nazismo. O poeta expressa o desamparo e a impotência do indivíduo diante daquele cenário.
José
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou,
Figura 3
O último quadrinho faz referência ao gênero textual a que a tirinha pertence. Temos, assim, o uso da função metalinguística.
Em determinadas situações, o importante é simplesmente manter a comunicação, o contato. Observa-se, então, a função fática da linguagem. Um bom exemplo é a conversa de elevador. Normalmente, fala-se sobre o tempo ou sobre o trânsito. São conversas vagas, sem “conteúdo”; o objetivo é apenas manter ativa a comunicação.
Observe o trecho do livroA hora da estrela, de Clarice Lispector, em que a protagonista conversa com Olímpico.
A hora da estrela
[...] Ele: — Pois é! Ela: — Pois é o quê? Ele: — Eu só disse pois é! Ela: — Mas, “pois é” o quê? Ele: — Melhor mudar de conversa porque você não me entende. Ela: — Entender o quê? Ele: — Santa virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já! [...]
Fonte: Lispector (1998, p. 41).
Veja que não há propriamente uma conversa. Os dois apenas mantêm a comunicação ativa, sem preocupação com a construção efetiva de uma mensagem.
E, por fim, temos a função referencial , em que o foco é o referente, ou seja, a preocupação é com a informação. Uma notícia de jornal, como a apresentada a seguir, é um bom exemplo de texto em que a função referencial predomina.
As Olimpíadas Especiais, chamadas de Special Olympics World Games, promovem o esporte para pessoas com deficiência intelectual e são o segundo maior evento esportivo do mundo, atrás apenas dos Jogos
Olímpicos. A edição 2019 acontece de 14 a 21 de março, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, porém os atletas brasileiros classificados podem ficar fora da competição por falta de verba. Até uma vaquinha virtual foi criada para tentar arrecadar fundos para a viagem (FORTE, 2019).
Devemos destacar que as funções não são excludentes, sendo possível encontrar várias funções em um mesmo texto. O predomínio de uma função sobre as demais é determinado pela intencionalidade, pelo gênero textual e pela situação de comunicação. O fundamental não é decorar as funções da linguagem, mas, sim, compreender que o uso predominante de qualquer uma delas produz efeitos diferentes na comunicação. Se a função emotiva é dominante, o efeito é mais subjetivo, o que é inadequado em textos que exigem objetividade, como as notícias e os trabalhos acadêmicos. Nesses dois casos, o enunciador deve privilegiar a função referencial da linguagem.
Observação
O termo “objetividade” não deve ser compreendido como concisão. No sentido empregado no texto, a palavra opõe-se a “subjetividade”, ou seja, refere-se ao apagamento das marcas do sujeito.
Vejamos um exemplo. Imagine que um estudante escreva o seguinte em um texto acadêmico:
Eu acho que a Segunda Guerra Mundial terminou em 1945. Felizmente os nazistas foram derrotados no conflito.
A falta de precisão e o efeito de subjetividade não são adequados para esse tipo de texto. O enunciado poderia ser proferido, sem problemas, em uma conversa, mas não em um trabalho escolar ou em uma resposta em prova. A expressão “eu acho” e o advérbio “felizmente” marcam a função emotiva da linguagem e conferem imprecisão e opinião ao enunciado. Nesse caso, deveria predominar a função referencial:
A Segunda Guerra Mundial terminou em 1945, com a derrota dos nazistas.
Note que, na segunda versão, as marcas do sujeito foram eliminadas, como se o enunciador fosse neutro. Tomemos, ainda, mais um exemplo. Leia o poema transcrito a seguir, de Cecília Meireles.
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.
Estudiosos do texto e do discurso chamam de textualidade o conjunto de características que transformam uma sequência de palavras em um texto. Fiorin e Platão (1999a) valem-se de uma analogia para conceituar o texto: da mesma forma que um amontoado de ingredientes não constitui uma receita, não é um conjunto de palavras ou frases que constrói um texto.
Também se deve considerar que um texto não existe de forma isolada do seu contexto e da situação de comunicação em que se insere. Segundo Norma Discini (2005, p. 13), o texto deve ser considerado “naquilo que é dito; no como é dito; no porquê do dito; na aparência; na imanência; como signo; como História”.
2.2 Principais diferenças entre a fala e a escrita
É óbvio que escrever e falar são ações distintas. A escrita não é a mera transcrição da fala para o papel ou para a tela de um computador. Escrever exige, além do domínio do alfabeto, cuidado maior com a sintaxe e com a precisão da linguagem. Na fala, geralmente, temos menos preocupação com o vocabulário, com a clareza da referencialidade e com a construção das orações e dos períodos.
Veja o exemplo a seguir:
Aquela menina que eu conheci ontem, ela mora ali, sabe, perto do mercado do antigo mercado bem perto daquela avenida lá. Onde tem lá aquela praça que a gente costuma ir, sabe.
O texto é perfeitamente adequado a uma conversa entre amigos. No entanto, na modalidade escrita, ele apresenta problemas. Em primeiro lugar, podemos apontar a estrutura sintática. Observe que o pronome “ela” tira a função de sujeito que teria “aquela menina que eu conheci ontem”, que, por sua vez, fica sem função sintática. Notamos, também, repetições, informações pouco precisas e marcas interacionais. Além disso, a pontuação não está adequada.
Observação
Marcas interacionais são termos que procuram manter a interação na conversa, como “né”, “aí”, “tá”, “meu”. São palavras muito comuns na fala, mas, no texto escrito, seu uso deve ser controlado.
Uma forma aceitável para o texto apresentado é a seguinte:
A menina que eu conheci ontem mora perto do antigo mercado, próximo à avenida na qual fica a praça que costumo frequentar.
Perceba que foi necessário organizar as informações e formulá-las em orações sintaticamente bem construídas, com a pontuação adequada. As repetições foram eliminadas, assim como os termos “soltos” da fala.
Vejamos agora outro trecho, parte de investigação realizada por estudiosos da oralidade. Durante a pesquisa foram transcritos depoimentos de estudantes.
[...] eu acho um fato interessante... né... foi como meu pai e minha mãe vieram se conhecer... né... que... minha mãe morava no Piauí com toda família... né... meu... meu avô... materno no caso... era maquinista... ele sofreu um acidente... infelizmente morreu... minha mãe tinha cinco anos... né... e o irmão mais velho dela... meu padrinho... tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar... foi trabalhar no banco... e... ele foi... o banco... no caso... estava... com um número de funcionários cheio e ele teve que ir para outro local e pediu transferência prum local mais perto de Parnaíba que era a cidade onde eles moravam e por engano o... o... escrivão entendeu Paraíba... né... e meu... e minha família veio parar em Mossoró que era exatamente o local mais perto onde tinha vaga pra funcionário do Banco do Brasil e:: ela foi parar na rua do meu pai... né... e começaram a se conhecer... namoraram onze anos... né... pararam algum tempo... brigaram... é lógico... porque todo relacionamento tem uma briga... né... e eu achei esse fato muito interessante porque foi uma coincidência incrível... né... como vieram a se conhecer... namoraram e hoje... e até hoje estão juntos... dezessete anos de casados [...] (CUNHA, 1998, p. 35).
Repare que a fala tem frases inconclusas, hesitações, palavras sem função sintática, termos interacionais e linguagem imprecisa. Essas marcas de oralidade não revelam pouco domínio da linguagem. Trata-se de características comuns a todos os falantes em determinadas condições de comunicação.
Exemplo de aplicação
Transforme a história contada pelo estudante em um texto escrito. Organize e articule as informações em períodos bem estruturados.
2.3 O que é um bom texto?
O que é um bom texto escrito? Quando dizemos que um texto é bom, temos em mente algum valor percebido nele: ou ele nos transmitiu bem uma informação, ou nos envolveu, ou nos comoveu, ou nos foi útil em algum aspecto. A boa qualidade de um texto está associada à sua intencionalidade, ao seu gênero textual e à expectativa que o receptor tem dele. Assim, a definição de um bom texto não é tão simples. No entanto, de forma genérica, podemos afirmar que um bom texto é aquele que cumpre adequadamente sua função comunicativa. Em outras palavras, um texto bem formulado é aquele em que não ocorre ruído provocado pela má codificação.
Vamos discutir isso com quatro exemplos: