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Violência no Bullying entre Adolescentes: Características das Vítimas, Esquemas de Literatura

Uma revisão integrativa de literatura sobre a violência no bullying entre adolescentes na escola, com ênfase nas características associadas às vítimas. O estudo identificou temas como autoestima, desequilíbrio de poder, agressões sofridas, prevalência, local da agressão e escolaridade, estrutura familiar, forma de reação, apoio a vítima de bullying e sintomas.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tucupi
Tucupi 🇧🇷

4.6

(74)

401 documentos

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CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS À VÍTIMA DE BULLYING NAS ESCOLAS
BRASILEIRAS
Janeide Mendes Pereira, Marianne Silva Soares, Debora Fernandes Soares, Andra Aparecida Dionízio Barbosa
Introdução
Atualmente há um aumento dos indicadores da violência no mundo: taxas de homicídios, conflitos étnicos, religiosos,
raciais, índices de criminalidade e narcotráfico. Dessa forma houve um alargamento do entendimento da violência, uma
reconceituação de suas peculiaridades pelos novos significados que o conceito assume o que anteriormente eram
práticas costumeiras de regulamentação das relações sociais, hoje essas formas de violência estão migrando da esfera do
estritamente privado para sua consideração como fatos públicos, merecedores de sanção social. Ainda que existam
dificuldades para definir o que se nomeia como violência, alguns elementos consensuais sobre o tema podem ser
delimitados como a noção de coerção ou força; o dano que se produz em indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes
à determinada classe ou categoria social, gênero ou etnia. Assim há violência quando, em uma situação de interação, um
ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou a mais pessoas em
graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações
simbólicas e culturais [1].
Dentro da violência se destaca o bullying”, palavra vinda do inglês bully se assemelha ao termo em língua
portuguesa “valentão” ou “machão”, que se caracteriza como um obstáculo ameaçador, no qual os jovens são excluídos,
discriminados, agredidos e até machucados por outros. Tal problema não é novo e pode ser encontradas em todas as
escolas, das redes públicas ou privadas. Trata-se de insultos, apelidos cruéis, gozações, ameaças, acusações injustas,
atuação de grupos que hostilizam a vida de outros levando- os à exclusão. O bullying é uma forma de violência que
dificilmente acontece diante de testemunhas e, portanto, é de difícil identificação [2].
Diante do exposto faz-se necessário o estudo sobre a prática do bullying por adolescentes, com o objetivo de
identificar, com base na literatura, as características associadas à vítima de bullying nas escolas brasileiras.
Material e Métodos
Foi realizada uma revisão integrativa, que é uma ferramenta importante no processo de comunicação dos resultados
de pesquisas, pois proporciona uma síntese do conhecimento produzido e serve de subsídio para a melhor a
assistência à saúde.
Primeiramente identificou-se o tema “violência na prática do bullying por adolescentes na escola” e em seguida
selecionou-se a questão norteadora para a pesquisa, que foi: Quais as características associadas às vítimas de bullying,
de acordo com a literatura?
A busca por artigos foi realizada na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados
LILACS, Index Psicologia Periódicos técnico-científicos, MEDLINE, BBO Odontologia, BDENF Enfermagem e
Scielo. O período de busca ocorreu nos meses de abril, maio, e junho de 2015. Foram utilizados os descritores
“Adolescência” e Bullying e encontrados 1.446 artigos. Após, passou-se pelos filtros: texto completo, em língua
portuguesa, últimos seis anos (2010-2015). Encontraram-se 27 artigos e, desses, somente 14 respondiam a questão
norteadora.
Avaliaram-se os estudos incluídos na revisão integrativa. E a partir dos dados coletados fez-se a interpretação dos
resultados, que foram apresentados de forma sintética em uma tabela. Em seguida, fez-se a categorização dos estudos,
baseada na análise das informações extraídas dos mesmos.
Resultados e Discussão
O conhecimento documentado pela literatura investigada foi sintetizado nas seguintes categorias temáticas:
Autoestima, desequilíbrio de poder, agressões sofridas, prevalência, local da agressão e escolaridade, estrutura familiar,
forma de reação, apoio a vítima de bullying e sintomas.
A autoestima é talvez a variável mais crítica, afeta na forma como o adolescente lida com o ambiente e com a
sociedade da qual faz parte. Os adolescentes com boa percepção de si mesmos são mais persistentes e fazem mais
progressos diante de tarefas difíceis que aqueles com uma baixa autoestima [3]. As vítimas são geralmente identificadas
como mais frágeis, com pouco ou nenhum recurso de enfrentamento [4]. Entretanto algumas das vitimas avaliam sua
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CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS À VÍTIMA DE BULLYING NAS ESCOLAS

BRASILEIRAS

Janeide Mendes Pereira, Marianne Silva Soares, Debora Fernandes Soares, Andra Aparecida Dionízio Barbosa

Introdução

Atualmente há um aumento dos indicadores da violência no mundo: taxas de homicídios, conflitos étnicos, religiosos, raciais, índices de criminalidade e narcotráfico. Dessa forma houve um alargamento do entendimento da violência, uma reconceituação de suas peculiaridades pelos novos significados que o conceito assume o que anteriormente eram práticas costumeiras de regulamentação das relações sociais, hoje essas formas de violência estão migrando da esfera do estritamente privado para sua consideração como fatos públicos, merecedores de sanção social. Ainda que existam dificuldades para definir o que se nomeia como violência, alguns elementos consensuais sobre o tema podem ser delimitados como a noção de coerção ou força; o dano que se produz em indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes à determinada classe ou categoria social, gênero ou etnia. Assim há violência quando, em uma situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou a mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais [1]. Dentro da violência se destaca o “ bullying ”, palavra vinda do inglês “ bully ” se assemelha ao termo em língua portuguesa “valentão” ou “machão”, que se caracteriza como um obstáculo ameaçador, no qual os jovens são excluídos, discriminados, agredidos e até machucados por outros. Tal problema não é novo e pode ser encontradas em todas as escolas, das redes públicas ou privadas. Trata-se de insultos, apelidos cruéis, gozações, ameaças, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam a vida de outros levando- os à exclusão. O bullying é uma forma de violência que dificilmente acontece diante de testemunhas e, portanto, é de difícil identificação [2]. Diante do exposto faz-se necessário o estudo sobre a prática do bullying por adolescentes, com o objetivo de identificar, com base na literatura, as características associadas à vítima de bullying nas escolas brasileiras.

Material e Métodos

Foi realizada uma revisão integrativa, que é uma ferramenta importante no processo de comunicação dos resultados de pesquisas, pois proporciona uma síntese do conhecimento já produzido e serve de subsídio para a melhor a assistência à saúde. Primeiramente identificou-se o tema “violência na prática do bullying por adolescentes na escola” e em seguida selecionou-se a questão norteadora para a pesquisa, que foi: Quais as características associadas às vítimas de bullying, de acordo com a literatura? A busca por artigos foi realizada na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados LILACS, Index Psicologia – Periódicos técnico-científicos, MEDLINE, BBO – Odontologia, BDENF – Enfermagem e Scielo. O período de busca ocorreu nos meses de abril, maio, e junho de 2015. Foram utilizados os descritores “Adolescência” e “ Bullying ” e encontrados 1.446 artigos. Após, passou-se pelos filtros: texto completo, em língua portuguesa, últimos seis anos (2010-2015). Encontraram-se 27 artigos e, desses, somente 14 respondiam a questão norteadora. Avaliaram-se os estudos incluídos na revisão integrativa. E a partir dos dados coletados fez-se a interpretação dos resultados, que foram apresentados de forma sintética em uma tabela. Em seguida, fez-se a categorização dos estudos, baseada na análise das informações extraídas dos mesmos.

Resultados e Discussão

O conhecimento documentado pela literatura investigada foi sintetizado nas seguintes categorias temáticas: Autoestima, desequilíbrio de poder, agressões sofridas, prevalência, local da agressão e escolaridade, estrutura familiar, forma de reação, apoio a vítima de bullying e sintomas. A autoestima é talvez a variável mais crítica, afeta na forma como o adolescente lida com o ambiente e com a sociedade da qual faz parte. Os adolescentes com boa percepção de si mesmos são mais persistentes e fazem mais progressos diante de tarefas difíceis que aqueles com uma baixa autoestima [3]. As vítimas são geralmente identificadas como mais frágeis, com pouco ou nenhum recurso de enfrentamento [4]. Entretanto algumas das vitimas avaliam sua

aparência positivamente, gostam de se olhar no espelho, não ingerem bebida alcoólica, conversam com alguém quando tem algum problema e se consideram tímidas, entretanto têm facilidade de fazer amigos [5]. A um desequilíbrio de poder existente entre as vítimas e agressores no contexto da intimidação, eles nunca praticam com alguém que tem a mesma forca que eles [6]. Os adolescentes intimidadores demonstram falta de empatia com as vítimas, obtém prazer em irritar, controlar e tem a certeza de que não serão punidos [7]. As agressões sofridas envolvem o uso de linguagem depreciativa, com conotações sexuais, de ódio e ameaça [4]. Em outro estudo relata que o tipo de agressão é 75,1% verbal, 62,4% físicas, 23,8% emocionais, 6,3% racistas e 1,1% sexuais. Dentre as vítimas, 47,1% revelaram já ter provocado bullying na escola [8]. Os comportamentos de autoria de bullying envolvem agressão física e ameaças aos colegas com chutes, empurrões, "xingos" e brincadeiras desagradáveis. Alunos com dificuldades de aprendizagem ou que obtivessem notas baixas eram alvo de agressões verbais, xingamentos e humilhações [9]. As intimidações eram denominadas pelos autores de brincadeiras e por esse motivo, eram naturalizadas pelos docentes e alunos [7]. Quanto à prevalência a maioria (60%) das vítimas é do sexo feminino [4], ocorre mais nos rapazes do que nas moças, tanto como agressores (72%), quer como vitimas (51%) [10]. Foi relacionado que o sexo masculino, possui problemas emocionais, de conduta, de hiperatividade e de relacionamento associados à vitimização ao bullying [8]. Em um estudo os resultados apontaram que100% dos participantes admitiram haver sido tanto alvo quanto autores de bullying [9]. Em relação ao local da agressão, a maioria das agressões (55,1%) acontece no pátio da escola [8]. Quanto à escolaridade, a ocorrência de vitimas do 6º ano de escolaridade (58%), sendo que sua amostra continha estudantes do 5º e 6º ano [10]. Em outro estudo, 28,5% das vítimas estavam entre 6 e 8 anos de idade; 32%, entre 9 e 11 anos; e 39,6%, entre 12 e 18 anos. Cursavam as quatro primeiras séries, 56,5% dos alunos; e o restante, da 5ª à 8ª série [8]. Já quanto a estrutura familiar, os estudantes agressores provêm maioritariamente de famílias do tipo monoparental (49,6%) e as vítimas de famílias nucleares (58,6%) [10]. A mãe era a principal responsável pelo aluno (73,3%) nas instituições de ensino publicas e particulares, (33,9%) dos estudantes relataram ter pais analfabetos ou com a 3º série do ensino fundamental [5]. Comparativamente, obteve-se (46%) de pais analfabetos ou com até 3ª série na instituição pública e 50,4% de pais com ensino superior completo entre os estudantes da rede particular de ensino. Verificou-se ausência de diálogo no âmbito familiar, a maioria dos adolescentes relatou raramente conversar com os pais sobre as dificuldades vivenciadas em seu cotidiano. É importante que a família estimule o diálogo com seus filhos, de forma a proporcionando-lhes liberdade e autonomia, impedindo assim, que se tornem sujeitos passivos em suas relações sociais, fazendo-o uma possível vítima do bullying. Em relação à forma de reação da vítima ao agressor, no momento em que este as agride, verificou-se que 41,7% das vítimas, reagem agredindo também o agressor e 36,5% das vítimas optam por não contar a ninguém que foram agredidas [10]. Na categoria apoio à vítima do bullying , quando questionadas sobre quem mais as apoia, quando são agredidas na escola na presença de terceiros, 63% das vítimas referiram ninguém e 37% respondeu os colegas da própria turma. Os estudantes de outras turmas (2%), os professores (4,2%) e outros funcionários da escola (2%), foram apontados pelas vitimas, como aqueles que menos as apoiaram quando agredidas na presença dos mesmos [10]. O desenvolvimento de sintomas de depressão e ansiedade como consequências ou fator de risco adicional para adolescentes vítimas de bullying [4]. Além disso, sentimentos de desamparo e descontrole, são sintomas inerentes à vitimização crônica e, o que pode demonstrar perigo e ameaça suficientemente para produzir sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), resultando em ruminações cognitivas e lembranças intrusivas, como sonhos e pensamentos sobre as interações negativas, evitando situações associadas à vitimização e reatividade fisiológica. Estudos mostram que as vítimas de bullying não buscam atendimento especializado, o que pode causar prejuízos sérios, ou mesmo irreversíveis, como suicídios, homicídios e massacres em escolas [4].

Conclusão

O bullying é uma violência à saúde mental das vítimas. Portanto faz-se necessário o incentivo a pesquisas nesta área, pois o conhecimento pode estabelecer uma visão mais ampla e mais próxima da realidade. Dessa forma, poderá criar maior subsídio para uma intervenção mais eficaz contra o bullying , englobando, por exemplo, a enfermagem e a psicologia nas escolas brasileiras. O apoio multiprofissional auxilia na prevenção de agravos e promoção da saúde dos jovens. A identificação do problema, intervenção poderão acontecer de forma precoce, de maneira que as possíveis consequências pós-traumáticas futuras possam ser minimizadas.

Referências