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Este documento analisa a região de anápolis, no estado de goiás, sua importância econômica e sua posição como centro urbano na rede brasileira. A escolha de anápolis como sede do primeiro pólo industrial do estado e a implantação da plataforma logística de anápolis são discutidas, assim como os fatores que determinam sua dinâmica econômica e sua classificação como cidade média. Além disso, o texto aborda as relações de anápolis com outras cidades e regiões, incluindo o eixo goiânia-brasília.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Neste capítulo são apresentadas informações relativas à Anápolis, ao Distrito Agroindustrial e sua centralidade enquanto pólo regional. O objetivo maior do conteúdo deste capítulo é demonstrar como a cidade possui características peculiares de sua formação, enquanto constituição interna – intra-urbana que se confunde com a constituição do território goiano e sua estrutura interurbana e regional. Partindo do pressuposto de que as estruturas existentes e determinadas para o território de Anápolis a fizeram se destacar e diferenciar enquanto cidade-mãe e pólo de muitos processos de desenvolvimento ligados ao estado de Goiás.
A base de nossa análise são dados sócio-econômicos do Estado e do município de Anápolis. Estes, como objetivo possibilitar que, consigamos conferir que a mídia reproduz um discurso imposto pelo Estado e pelos agentes sociais responsáveis pela capitalização do espaço, através da expansão e dominação espacial do capital, neste caso reflexos do processo e dueto urbanização-industrialização, discutidos no próximo capítulo.
A intenção é demonstrar que há um equívoco ao afirmar que o desenvolvimento econômico de Anápolis tem como base a atividade industrial. Dados confirmam não ser somente a atividade industrial o sustentáculo da dinâmica econômica anapolina. A cidade possui desde sua formação econômica, laços estreitos com a atividade comercial atacadista, fato comprovado por Luz (2001) em sua pesquisa.
O que se pode admitir é que a base industrial instalada e configurada no Distrito Agroindustrial tão somente alimenta as necessidades econômicas a nível estadual, conferindo à cidade destaque em relação aos outros municípios, estabelecendo, sobretudo, uma polaridade regional, uma centralidade. Lembrando-se que a preocupação ao conferirmos a centralidade de Anápolis é demonstrar que os elementos que compõem o sistema urbano interno – intra-urbano - estão interligados, intimamente, ao externo – interurbano, sendo co- responsáveis pela dinâmica urbana e seus aspectos como um todo.
2.1 Aspectos sobre a Formação Territorial de Anápolis O Município de Anápolis está localizado na região Centro-Oeste do Brasil, no Estado de Goiás, na Mesorregião Centro Goiano. Esta região, representada na Figura 1, é uma das mais importantes do Estado de Goiás, responsável pelo comando da economia urbana devido
a sua forte presença no setor terciário, na indústria de transformação e tecnologia, por seu peso demográfico e grande representatividade política (ARRAIS, 2005).
Possui os seguintes municípios: limítrofes norte/nordeste Pirenópolis e Abadiânia; ao sul com Goianápolis, Terezópolis de Goiás e Leopoldo de Bulhões; a leste com Silvânia, Gameleira de Goiás e Abadiânia; a oeste com Nerópolis, Petrolina de Goiás, Ouro Verde e Campo Limpo de Goiás. De acordo com dados do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT – encontra-se entre as capitais Goiânia e Brasília, situando-se em relação à primeira, 57 km e à segunda 160 km.
Constitui-se, portanto, de um ponto nodal da rede logística brasileira. É um entroncamento de importantes corredores da malha rodoviária, que é composta pelas seguintes rodovias: nacionais BR-153, BR-060 e BR-414 que tem conexão com Anápolis e liga esta cidade a Corumbá de Goiás, Cocalzinho, Niquelândia e regionais; a GO-330 que vai a Campo Limpo de Goiás, Ouro Verde, Petrolina de Goiás, Leopoldo de Bulhões, Silvânia e Catalão; a GO-222 liga Anápolis a Neropólis, Nova Veneza e Inhumas. Administrativamente, o município de Anápolis possui sob sua tutela quatro distritos administrativos: Interlândia, Sousazânia, Goialândia e Joanápolis, além de três povoados: Bramápolis, Miranápolis e São Vicente.^25
A estrada de ferro em operação no Estado de Goiás é a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), o ramal que alcança Anápolis tem origem em Senador Canedo e liga toda a região de Goiás a Minas Gerais e São Paulo pela Fepasa que, posteriormente, se interligará a Ferrovia Norte-Sul (FNS), representada na Figura 3, imagem esta que nos permite perceber como o município de Anápolis se encontra em localização convergente de ferrovias e rodovias.
Como a grande maioria das cidades goianas, Anápolis é uma cidade de origem tropeira, entreposto e passagem de circulação de mercadorias e atividades econômicas ligadas à mineração, agricultura e pecuária.
Sua configuração urbana se confunde com a formação do território goiano em decorrência das tropas e pousos que comercializavam na região, onde atualmente encontra-se o município de Anápolis. E como pode ser percebida no mapa urbano da cidade (Figura 4),
(^25) De acordo com o Plano Diretor de Anápolis (2005/2006), Esses distritos e povoados apresentam alto grau de dependência da sede do município, em relação aos serviços urbanos e à economia. São administrativamente dependentes da Prefeitura Municipal [de Anápolis], mas representados por subprefeitos, que atuam como mandatários dessas comunidades.
sua ocupação se deu nas proximidades das rodovias. Possui nesse espaço um papel fundamental e representativo para a constituição territorial de Goiás. É peça essencial para o arranjo espacial que a atual conjuntura o levou a designar. Assim como toda cidade, Anápolis possui características que a tornaram fundamental para o processo de formação físico- territorial e sócio-econômico do estado, mais que representante, é articuladora indiscutível em função de sua localização geográfica.
Para nos localizarmos em relação a sua periodização, dividiremos sua formação em três períodos: 1870 a 1935, 1935 a 1970 e 1970 aos dias atuais, estabelecendo ao longo e, principalmente, ao final as relações fundamentais entre espaço e tempo.
A chegada da estrada de ferro^26 foi o fato que, preponderantemente, marcou o desenvolvimento de Anápolis. Este evento proporcionou transformações estruturais tanto para a cidade, quanto para o Estado. Entre 1870 e 1935, a cidade experimentou expressivo crescimento populacional, Anápolis recebeu migrantes brasileiros oriundos de outros estados e países. Este período foi decisivo para a formação econômica anapolina, correspondendo ao período de consolidação da cidade como entreposto comercial.
O processo migratório trouxe para Anápolis um contingente de migrantes italianos, que desenvolveram a cultura do café. Esta atividade foi responsável por transformações na dinâmica econômica e aceleração do processo de urbanização, que nas primeiras décadas do século XX deram suporte econômico para a acumulação de capital, que em outros tempos seria motivação para a indústria e o comércio atacadista e varejista (CASTRO, 2004).
O crescimento populacional considerável, o desenvolvimento da agricultura comercial, a valorização de terras e a dinamização da economia, inseriram Anápolis no cenário econômico nacional (POLONIAL, 2000). Fato que se deve à inauguração da estação ferroviária e ao terminal de trilhos que trouxeram melhorias urbanas e dinamismo econômico para a região. Após a chegada dos trilhos em Anápolis, pós 1935, emergia na sociedade anapolina uma burguesia comercial e industrial que garantiu, conforme seus interesses, a semente da hegemonia econômica relacionada ao comércio varejista e atacadista.
(^26) Segundo Estevam (1998, p. 92), a implantação da estrada de ferro em Goiás deu-se por etapas. Na primeira - até 1914 - os trilhos avançaram 233 quilômetros partindo de Araguari-MG até Roncador-GO, trecho construído em um período relativamente curto. Os trilhos ficaram paralisados até 1922 - para construção de uma ponte sobre o rio - quando foi iniciada a segunda etapa, desta feita, de forma irregular. No seu prolongamento, a ferrovia atingiu 387 quilômetros de extensão. Somente inaugurou-se um ramal ligando Leopoldo de Bulhões a Goiânia.
Figura 3 – Estado de Goiás: Mesorregiões e principais rodovias
Polonial (2000) afirmou que [...] poucas cidades do Estado de Goiás, [que] certamente, foram tão influenciadas e beneficiadas pela estrada de ferro como Anápolis. Com pouco, mais de três mil habitantes urbanos no início dos anos vinte, em pouco tempo se tornou a maior e mais importante cidade do interior do Estado, com uma atividade econômica diversificada, com destaque para a intensa atividade agroindustrial e comércio influente que proporcionou um fluxo de capital tão elevado favorecendo a criação de dois bancos por parte de investidores locais. Tudo isso em pouco mais de duas décadas após a chegada da ferrovia (POLONIAL, 2000, p. 8). Durante e após a década de 1950, fatores externos relacionados à política nacional, como a crise do setor energético, a concorrência econômica com a nova capital, Goiânia e, nos anos 60, com a capital federal, Brasília, além da crise no setor ferroviário e o advento da rodovia, fizeram com que Anápolis perdesse a hegemonia do comércio regional.
As décadas de 1970 e 1980 são marcadas pela crise política e econômica que atingiu o país com a entrada dos militares no poder. Um fato que repercutiu diretamente sobre a realidade econômica e política de Anápolis que sob a intervenção militar transformou-se em área de segurança nacional, fase na qual a economia direciona-se para o desenvolvimento da atividade industrial, construindo o Distrito Agroindustrial de Anápolis – DAIA (LUZ, 2001, p. 44). A implantação da Base Aérea de Anápolis e do DAIA, que a frente será analisada, eram princípios básicos de um tripé de ações concebidas pelo governo militar que considerava como estratégia a segurança, o desenvolvimento e o conhecimento (KOSSA, 2007). O fato é que o Distrito Agroindustrial de Anápolis por considerável tempo desempenhou, e ainda desempenha função importante na dinâmica econômica de Goiás. Na década de 1980, a crise econômica, como afirmada acima, refletiu diretamente sobre o funcionamento e a dinâmica da economia goiana e, por conseguinte, no processo de desenvolvimento dos distritos agroindustriais, sobretudo no DAIA. Tal fato pode ser associado à ausência de articulações políticas de incentivos fiscais que provavelmente não faziam parte da gestão governamental, que determinaram à transferência e o afastamento dos cerealistas anapolinos para o triângulo mineiro^27.
O crescimento demográfico e o constante processo migratório, resultados de melhores expectativas de vida - decorrentes de oportunidades de trabalho, renda e terra - fizeram com (^27) Kossa (2007) em suas observações revela que no início da construção do DAIA, o então governador havia perdido a instalação de uma importante indústria no município de Anápolis, razão que motivou a instalação da mesma, Souza Cruz, no triângulo mineiro. Estes apontamentos se fazem necessário para que possamos perceber que à medida que o tempo se avançou, é possível conferir esse embate entre o comércio atacadista anapolino e o triangulino. Esse questionamento, pontuado por Luz (2001), nos revela que em um determinado período fez reduzir a capacidade competitiva comercial de Anápolis, provocando, no entanto, a iniciativa de modernização do setor com a especialização, transformando-os em atacadistas transportadores modernos.
que a cidade sofresse processo de ocupação distinto e desordenado de espaços tomados dispersa e espontaneamente ao longo de seus principais eixos estruturadores, como são apontadas nas figuras 3, 4 e 5. As atividades econômicas foram, certamente, vetores atrativos para os migrantes, que se ocuparam do solo urbano para que desempenhassem suas atividades humanas, determinando um espaço de ocupações irregulares e não planejada.
Após esse período, com a chegada da ferrovia (1935), a cidade se configura de forma radiocêntrica, tendo sua ocupação situada nos acessos às rodovias. No período de 1950 a 1970, com o crescimento de Goiânia, a construção de Brasília e a implantação da Belém- Brasília, Anápolis como cidade-apoio desses processos sofreu rápida urbanização. Este fenômeno se acelerou com a implantação da base aérea, na década de 70, presenciando uma ocupação dispersa e desordenada.
A ocupação e expansão do município de Anápolis, segundo Freitas (2007), é reflexo tanto de transformações na estrutura interna, quanto na externa. A implantação da Base Aérea, do Distrito Agroindustrial – DAIA, das rodovias, a construção de Goiânia e Brasília, entre outros eventos determinaram à configuração da cidade.
Para Freitas (2007), a expansão da área urbana, com o conseqüente crescimento populacional teve efeitos importantes com relação aos serviços públicos na cidade. Estes fatores trouxeram graves problemas de infra-estrutura, já que a cidade não estava preparada para receber um contingente populacional tão elevado, que resultou consequentemente, em sérios problemas envolvendo o abastecimento de água e o sistema de esgoto, que naquele momento despendiam de recursos que eram insuficientes para suprir a demanda corrente. O grande fato é que estes eventos arrastaram consigo a necessidade de infra-estrutura, que com a evolução da estrutura intra-urbana, corroboradas pela expansão, acarretaram melhoramentos e expansão da malha viária que, atualmente, representam os eixos estruturadores do município.
Neste momento vale ressaltar que os eventos e transformações advindas dessas estruturas resultaram, principalmente, em recursos e investimentos oriundos do governo federal na infra- estrutura da cidade, que mais tarde, com a implantação do DAIA, concentraram e priorizaram seus interesses em investimentos ligados à concessão de benefícios e incentivos fiscais para a iniciativa privada, que refletiram nos atuais problemas urbanos vividos pela cidade.
2.2.1 A cidade e alguns Indicadores Sócio-econômicos Por se localizar geograficamente em situação estratégica próxima as áreas de povoamento e final de estrada de ferro, Anápolis teve seu perfil terciário aumentado, concentrando parte significativa do setor de atacado e varejo^28 (ARRAIS, 2005). Segundo a Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás - SEPLAN, sua forte característica de entreposto comercial e uma rica malha viária, tanto interna quanto externa, visualizados na Figura 6, lhe garante destaque econômico, com uma elevada produtividade no setor de indústria com 44,6% e no setor de serviço 54,07% (Tabela 10).
TABELA 10- ESTRUTURA PRODUTIVA DA ECONOMIA SEGUNDO O PIB Setores Estado de Goiás Anápolis Agropecuária 17,19 1, Indústria 32,49 44, Serviço 50,32 54, Fonte: SEPLAN/SEPIN, 2000.
No entanto, segundo o Anuário Estatístico de Goiás – 2003, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) de Anápolis confirma uma maior especialização no setor industrial com uma arrecadação de receita que representa 2/3 (65,6%) do ICMS do município, tendo os seus outros 1/3 (30,3%) recolhidos pelas atividades comerciais, sendo possível, perceber na Tabela 11 sua forte expressão da atividade industrial que, em porcentagens, supera até mesmo o estado de Goiás. Em 1998, o município de Anápolis perdeu destaque em arrecadação de ICMS para Senador Canedo com a implantação do pólo de distribuição de combustível (Tabela 12), já que este possui articulações dinâmicas com a Região Metropolitana de Goiânia^29 , fato que,
(^28) “O setor de comércio é bastante representativo principalmente em relação ao comércio atacadista que exerceu papel fundamental na evolução histórica do município. Os grandes atacados de Anápolis surgiram como pequenos negócios e, devido à proximidade ao Distrito Federal, com a consolidação de Brasília e de Goiânia, acabaram ampliando sua estrutura, transformando-se em grandes negócios. Hoje este setor não detém mais a posição de centro de distribuição que possuiu em momentos anteriores quando foi o maior polarizador da região central. Atualmente, Uberlândia, Imperatriz e Brasília tornaram-se grandes pólos e abrigam parte das maiores empresas do país” (BRITO, 2007, p. 40). (^29) A Região Metropolitana de Goiânia, criada pelo Governo Estadual, através de Lei Complementar n° 27, de 30.12.1999, é composta por 11 municípios: Abadia de Goiás, Aragoiânia, Aparecida de Goiânia, Goianápolis,Goiânia, Goianira, Hidrolândia, Nerópolis, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo e Trindade, todos limítrofes e/ou conurbados à Capital, possuindo uma população total de 1.726.307 habitantes (IBGE2000). Foi instituída também a Região de Desenvolvimento Integrado de Goiânia, composta por mais 9 municípios: Bela Vista, Bonfinópolis, Brazabrantes, Caldazinha, Caturaí, Inhumas, Guapó, Nova Veneza e Teresópolis de Goiás. Sua criação teve como premissa básica a busca de instrumentos de desenvolvimento, visando o crescimento sustentável e ordenado do território, com a conseqüente melhoria da qualidade de vida da população.
provavelmente, estreita os laços econômicos entre Senador Canedo e Goiânia e, certamente, lhe garantiram forte arrecadação de ICMS, o que não subjuga Anápolis já que sua articulação econômica e arrecadação são estritamente providas de sua própria força econômica. Considerando ainda os municípios classificados existem alguns que estabelecem fortes relações com a capital goiana, sendo, portanto indiferente sua comparação em relação àqueles que possuem economia significativa como Anápolis.
TABELA 11 - ARRECADAÇÃO DO ICMS POR SETOR DE ATIVIDADE 2002 EM R$ Setores Estado de Goiás % Anápolis % Agropecuária 88.256.182,02 2,92 102.272,75 0, Extração Mineral 1.830.415,14 0,06 0 0 Indústria 1.095.517.136,49 36,27 93.052.103,21 65, Comércio 1.287.930.354,39 42,64 43.021.903,42 30, Serviço 431.392.169,22 14,28 4.543.197,67 3, Outras 115.520.555,45 3,82 1.157.172,91 0, Total 3.020.446.812,71 100 141.876.699,96 100 Fonte: SEPLAN/SEPIN, 2000.
TABELA 12 - RANKING DOS 10 MUNICÍPIOS GOIANOS LÍDERES EM ARRECADAÇÃO DE ICMS - 1998/ Municípios 2002 (R$) Ranking 1998 (R$) Ranking Estado de Goiás 3.020.446.812,71 - 1.558.745.787,32 - Goiânia 1.315.481.420,36 1 767.011.901,74 1 Senador Canedo 455.490.385,32 2 88.655.689,80 3 Anápolis 141.876.699,96 3 97.581.188,04 2 Catalão 72.020.641,18 4 15.763.760,02 9 Rio Verde 58.215.938,43 5 33.079.711,11 5 Itumbiara 55.266.259,31 6 35.230.605,46 4 Aparecida de Goiânia 44.543.042,41 7 20.259.389,64 7 Niquelândia 30.891.317,32 8 3.160.220,32 36 Jataí 30.303.788,43 9 14.821.893,29 10 Luziânia 20.913.481,65 10 20.558.767,13 6 Fonte: SEPLAN/SEPIN, 2000.
Mesmo tendo perdido colocação para Senador Canedo, no quesito de arrecadação tributária, Anápolis se encontra em segundo lugar em relação à participação no Produto Interno Bruto^30 (PIB) de Goiás como pode ser avaliado na Tabela 13.
(^30) Para tanto, vale buscar esse índice econômico, como sendo: [um] “método de avaliar a consistência da economia, consta da apuração do valor de todos os bens e serviços finais produzidos no município. Este método permite dimensionar a riqueza local e traz indicativos da força econômica e da vocação produtiva no município. [...] Metodologicamente, o valor adicionado bruto do Estado é calculado a partir de informações estatísticas sobre as receitas e despesas, evolução do volume e do preço dos produtos e insumos de cada uma das 15 classes de atividades econômicas: agropecuária; indústria (extrativa mineral, de transformação, construção civil, serviços industriais de utilidade pública); serviços (comércio, transporte, alojamento e alimentação, comunicações, serviços prestados às empresas, educação, saúde, trabalhos domésticos e outros)” (PDA, 2005/2006, p. 38).
resultando na transformação espacial de Goiás ocorrida na década de 1970, conseqüências do processo de descentralização industrial no Brasil.
Figura 6 – Eixos Viários Estruturadores do Município de Anápolis (2005)
Em relação aos quantitativos sociais demográficos, percebidos na Tabela 16, a população da cidade é, em sua maioria, urbana com 98,7%, tendo uma minoria representada por uma população rural de 1,3%.
Em Anápolis, de acordo com o Censo de 2000, a população do Município era de 288.085, representando 6,4% da população do Estado. São em torno de 280.164 habitantes na área urbana e 7.921 na área rural. O percentual dos que moram na zona rural é de 2,75% o que nos aponta uma taxa de urbanização de 97,3%, superior à taxa brasileira que é de 81,2% e a do Estado de Goiás 89%, porém menor que a de Goiânia de 99,3% e de Aparecida de Goiânia 99,7%, no mesmo Censo. A evasão rural é aliada a elevadas taxas de crescimento de população e que hoje se estabiliza no índice de 2,11%. (BRITO, 2007, p. 33).
Segundo dados do PDA (2005/2006) em 2003, a área urbana é constituída por 292.841 (duzentos e noventa e dois mil, oitocentos e quarenta e um) habitantes no núcleo- sede e mais 5.314 (cinco mil, trezentos e quatorze) habitantes nos distritos de Goialândia, Interlândia, Joanápolis e Souzânia, entretanto, foi registrada acentuada queda no número de moradores destes distritos, perfazendo o total de 298.155 (duzentos e noventa e oito mil, cento e cinqüenta e cinco) habitantes. Dados do órgão de Planejamento do Estado estimam, em 2005, uma população de 313.412 (trezentos e treze mil, quatrocentos e doze) habitantes (SEPLAN/SEPIN, 2007), com a projeção de população urbana elevando sua percentagem, enquanto a rural assume uma percentagem regressiva, o que pode ser percebido na Tabela 16.
TABELA 16 – POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS (2000) Ano de Referência População Urbana Rural 1980 180.012 hab 163.096 hab 16.916 hab 1991 239.378 hab 226.925 hab 12.453 hab 1996 264.975 hab 244.670 hab 20.305 hab 2000 288.085 hab 280.164 hab 7.921 hab 2001* 288.814 hab - - 2002** 293.475 hab - - 2003** 298.155 hab - - 2004 307.977 hab - - 2005 313.412 hab - - 2006 318.808 hab - - Fonte: SEPLAN/SEPIN, 2007. *IBGE **Valores estimados
A taxa de crescimento populacional de Anápolis evidencia processo de urbanização reforçado por perdas no contingente da população rural. Em 1990, a população rural do município, que era de 11.751 habitantes, reduziu-se para 5.314, em 2003, com perda líquida
de 6.437 moradores do campo, o equivalente a um decréscimo de 54,78% da população campesina em apenas 12 anos. O quadro demográfico atual do município reflete os fenômenos ocorridos a partir da década de 70 em quase todo o País. O intenso esvaziamento da área rural, à época, deu lugar a um crescimento urbano que se estendeu pelas décadas de 80 e 90. Em Anápolis esse processo culminou em 1999, conforme estimativas do IBGE. Alia-se à evasão rural, as elevadas taxas de crescimento da população, superiores às verificadas no Estado. Conforme Brito (2007), [...] esta posição propiciou ao município um desenvolvimento econômico que foi atrativo para o processo migratório. A busca de melhores condições de vida proporcionadas pelas oportunidades de emprego, infra-estrutura instalada e serviços sociais públicos evidencia o alto movimento migratório do Município. Entre 1872 e 1900, este fluxo foi, prioritariamente, pelo deslocamento de pessoas de cidades circunvizinhas, definindo uma taxa anual de 5,3% ao ano. Em 1872, a população de Santana das Antas e sua zona rural [eram] de 1.461 habitantes chegando em 1900 à casa dos 6. habitantes (BRITO, 2007, p. 34).
Além desse processo de migração campo-cidade, Anápolis nas primeiras décadas do século XX recebeu imigrantes italianos e sírio-libaneses atraindo, posteriormente, um número significativo de pessoas de outras regiões do país, sobretudo do Sudeste e Nordeste, coincidindo com o avanço da cafeicultura. A taxa média de crescimento deste período foi de 4,78% com o resultado populacional de 16.037 (dezesseis mil e trinta e sete) habitantes em
Para Freitas (1995, p. 35), [...] entre 1920 e 1940 a taxa média anual de crescimento populacional foi de 4,56% quando o município recebeu os imigrantes japoneses e uma significativa presença de imigrantes mineiros em decorrência direta da chegada da estrada de ferro. No período seguinte, de 1940 a 1950, verificou- se a menor taxa média do período anterior. Mesmo com o processo de industrialização da década de 70, esse movimento rumo a Anápolis perdeu o ímpeto [...]
Apesar de um relativo desenvolvimento econômico percebe-se que os habitantes de Anápolis não são beneficiados por sua localização, pela implantação de uma infra-estrutura de grande porte para a indústria e logística, o que supostamente garantiria à cidade emprego e renda. Isto ocorreu, porque os salários são baixos e não permite a uma boa parcela da população uma razoável qualidade de vida (Tabela 17). Para Brito (2007), a situação relativa à concentração de riquezas em Anápolis é reflexo do que ocorre em todo o país. É cada vez maior o contingente da população que se encontra nas mais baixas faixas de renda.
A taxa de [...] desenvolvimento humano do município de Anápolis (9,3%) foi maior que a média registrada no Estado de Goiás. Em 1991, Anápolis ostentava o 7º lugar no ranking do IDH-M dos municípios goianos, mas caiu em 2000 para a 16ª posição. Em relação ao Brasil, ocupava o 767º lugar, e caiu em 2000 para 839º. Isto demonstra que Anápolis não conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento dos municípios em nível nacional e estadual do IDH-M.
Ainda em relação à renda, o Atlas de Índice de Desenvolvimento Humano no Brasil divide a análise nos seguintes aspectos: nível e composição, desigualdade e pobreza. De acordo com o mesmo, a renda capita de 1991 foi de R$234,13 e em 2000 saltou para R$ 293,89. Tendo como parâmetros a quantidade 800 (oitocentos) municípios do Estado e nos fixando no aspecto relacionado à intensidade da pobreza, que em 1991 era de 37,22 e em 2000 sobe para 38,41, percebe-se que apesar destes “pequenos” aumentos nos índices, há uma grande disparidade social no município, que nos revela uma má distribuição de renda, indícios de que Anápolis sofre com a desigualdade e a pobreza. Para confrontar com esta problemática temos índices econômicos relacionados à atividade comercial e industrial, nas Tabelas 10, 12 e 15 que demonstram o oposto do constatado nos índices de desenvolvimento humano.
Mas esses índices e taxas sócio-econômicas nos revelam apenas uma faceta da realidade da produção da cidade. Anápolis carrega consigo consecutivos insucessos nas gestões públicas municipais,^33 apresentando-se como uma cidade excludente social, econômico e fisicamente, o que é determinante no crescimento, desenvolvimento e ordenamento territorial de qualquer cidade.
A reflexão para o momento é de uma cidade que, aos olhos do Estado, possui um relativo crescimento econômico vinculado ao setor industrial e desenvolvimento regional, o que garante e beneficia índices de uma economia em crescimento no crescimento em âmbito estadual, enquanto em âmbito local, a cidade e os cidadãos não são favorecidos pelo suposto “desempenho” industrial, o que levaria, de fato, ao crescimento e desenvolvimento local.
(^33) Objeto de pesquisa de Brito (2007), que em sua dissertação aborda as interferências da gestão pública municipal no processo de produção da estrutura urbana de Anápolis, resultou em estudo denominado “A gestão das cidades e sua organização interna: Anápolis – 1993 a 2004”.
2.2 O Distrito Agro-Industrial de Anápolis – DAIA: um marco determinante
A instalação do Distrito Agro-Industrial (em Anápolis, em vista aérea na imagem abaixo), foi o reflexo da conjuntura político-econômica, tanto de nível regional, quanto nacional. Houve, entretanto, outros aspectos como a localização estratégica, que permitiram melhores condições logísticas para escoamento da produção, ou seja, sua posição encravada entre Goiânia, capital do Estado, e Brasília, capital federal, e uma malha rodoviária propícia à circulação, produção e consumo, determinaram sua implantação.
Figura 7 - Vista aérea do DAIA. Fonte: Kossa, 2007.
Na década de 70, em função de políticas do Estado que tinham como premissa o desenvolvimento econômico pautado no processo industrial, parte deste decorrente da desconcentração industrial levaram à criação dos distritos agro-industriais (SANTOS, 1999). O fato é que o Estado configurou o território de modo a facilitar a implantação dessas indústrias, beneficiando a implementação de políticas de industrialização através de condições de infra-estrutura básica e incentivos financeiros e fiscais.
Esta descentralização econômica se insere, segundo Santos (1998), no postulado sobre a implantação dos pólos de desenvolvimento, respaldado na teoria de François Perroux, como instrumento de estímulo à economia de regiões deprimidas e, assim, a superação de desequilíbrios regionais. Nas décadas de 1960 e 1970 muitos foram os países que se utilizaram de artifícios para a implantação de pólos industriais^34 , em especial o Brasil, com o objetivo de projeção e descentralização econômica, por meio da descentralização industrial (BRITO, 2007).
(^34) No próximo capítulo serão apresentados os referenciais teóricos que explicitam e justificam conceitos os empregados.