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No curso de Microeconomia 1 nós estudamos a teoria da decisão individual. Isto é, nós estudamos como um agente econômico isolado faz suas escolhas.
Tipologia: Notas de aula
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No curso de Microeconomia 1 nós estudamos a teoria da decisão individual. Isto é, nós estudamos como um agente econômico isolado faz suas escolhas. Na primeira parte do curso de Microeconomia 2 nós nos concentramos na teoria do equilíbrio geral. Embora a teoria de equilíbrio geral aceite a presença de diversos agentes, a hipótese lá é que os diversos agentes econômicos desconsideram o efeito que as suas decisões vão ter nas decisões dos outros agentes. Desta forma, a teoria do equilíbrio geral ignora completamente quaisquer considerações estratégicas que um agente possa ter na hora de tomar uma decisão. A teoria do equilíbrio geral é muito útil e tem diversas aplicações em economia, mas algumas situações econômicas relevantes são inerentemente estratégicas, o que nos faz ter interesse em teorias que possam ser aplicadas a tais situações. Considere os seguintes exemplos:
Exemplo 9.1 (Problema dos Sorveteiros). Suponha que tenhamos uma praia que seja atendida por dois sorveteiros. Para simpli car, suponha que as pessoas estejam distribuídas de maneira igual por toda a praia. Onde será que os dois sorveteiros vão se posicionar? Tal problema ainda não está totalmente especi cado, mas nós já podemos perceber que este é um problema totalmente estratégico. O lucro do sorveteiro vai depender de onde ele e de onde o seu concorrente estiverem posicionados. Mais ainda, o sorveteiro sabe disto, o seu concorrente sabe disto, ele sabe que o seu concorrente sabe disto, etc.. Fica claro, que as teorias que estudamos até agora não são capazes de lidar com tal problema.
Exemplo 9.2 (Duopólio). Suponha que somente duas empresas vendam o produto y. Existe um grande número de consumidores no mercado, de modo que os consumidores vão agir como tomadores de preço. O problema das duas empresas agora é escolher que preço eles devem cobrar pelo produto y de modo a maximizar os seus lucros. Novamente, o problema acima ainda não está totalmente especi cado, mas nós já podemos perceber que ele também é um problema estratégico. O lucro de cada uma das empresas vai depender do preço que ela está cobrando e do preço que a sua concorrente está cobrando. Por outro lado, ambas as
empresas sabem que a sua decisão de preço vai afetar a decisão de preço da concorrente. Como saber o que vai acontecer em tal situação?
Os dois exemplos acima mostram que nós precisamos de novas ferramentas para podermos estudar situações econômicas em que situações estratégicas estejam envolvidas. A ferramenta usada em economia para tanto é conhecida como Teoria dos Jogos.
Nesta seção nós estudaremos o conceito de jogo. Um jogo para nós consistirá de três elementos. Primeiramente, nós temos um conjunto de jogadores, digamos J := f 1 ; 2 ; :::; N g. Para cada jogador i 2 J nós associamos um conjunto de ações ou estratégias Ai. Finalmente, nós precisamos de algo que represente as regras do jogo. Para nós as regras do jogo vão ser representadas pelo que nós chamamos de funções de ganho dos agentes. A função de ganho do agente i, por exemplo, é simplesmente uma função que nos diz qual o prêmio que o agente i recebe dadas as estratégias usadas por todos os jogadores. Ou seja, dado um vetor (a 1 ; a 2 ; :::; aN ) em que para cada j, aj 2 Aj , a função de ganho U i^ do agente i associa um número real U i^ (a 1 ; :::; aN ) que representa o prêmio que o agente i recebe em tal situação. Em geral, nós chamamos um vetor de estratégias (a 1 ; a 2 ; :::; aN ), de per l de estratégias.
Exemplo 9.3 (Problema do Sorveteiro Revisitado). Uma forma de modelar o problema dos sorveteiros como um jogo é representar a praia simplesmente como um segmento de reta ou intervalo. Digamos que nós representemos a praia como o intervalo fechado [0; 1]. Agora o problema de cada um dos sorveteiros é simplesmente escolher uma posição, ou número, entre 0 e 1. Ou seja, em tal problema os conjuntos de estratégias dos jogadores são dados por A 1 = A 2 = [0; 1]. Finalmente, para completar a descrição do jogo nós só precisamos de duas funções U 1 e U 2 que para cada par de de números a 1 e a 2 entre 0 e 1 nos diga qual o ganho de cada agente. Isto é, U 1 (a 1 ; a 2 ) nos dirá qual o ganho do sorveteiro 1 quando o sorveteiro 1 se coloca na posição a 1 e o sorveteiro 2 se coloca na posição a 2. De forma similar, U 2 (a 1 ; a 2 ) nos diz qual o ganho do sorveteiro 2 nesta mesma situação.9.
Figura 9.1: Representação grá ca do problema dos sorveteiros
9.1 (^) Dependendo da nossa modelagem o ganho de cada um dos sorveteiros pode ser, por exemplo, o seu lucro
ou número de sorvetes vendidos. Quanto cada sorveteiro vende dada as suas posições na praia vai depender de hipóteses adicionais que nós incorporaremos ao modelo no futuro.
seus primórdios a teoria dos jogos dedicou bastante atenção a tais jogos, nem tanto por sua importância econômica, mas sim por ser este um dos únicos tipos de jogo que eles sabiam analisar satisfatoriamente. Após a introdução do conceito de equilíbrio de Nash, que nós estudaremos mais a frente, a importância relativa dos jogos de soma zero diminuiu bastante.
Consideremos mais um exemplo.
Exemplo 9.6 (Batalha dos Sexos). Suponha agora que os jogadores 1 e 2 sejam um casal. Os jogadores têm que decidir aonde ir no sábado a noite. Jogador 1 é a mulher e ela prefere ir para uma discoteca. Já o jogador 2 prefere ir para o seu bar favorito. Como eles são um casal muito apaixonado, caso ambos vão para locais diferentes eles não derivam nenhuma utilidade. Tal situação pode ser representada pelo seguinte jogo:
Homem
Mulher
Acima nós vimos que algumas situações econômicas relevantes podem ser representadas pelo conceito de jogo. É claro que uma teoria só é útil se nós pudermos usá-la para fazer previsões. No caso de uma jogo, nós estamos principalmente interessados em saber que estratégias serão usadas pelos jogadores naquele contexto. Na linguagem de teoria dos jogos, em geral nós estamos interessados em saber qual é a solução do jogo. Vários conceitos de solução já foram discutidos na literatura. O mais famoso, é claro, é o conceito de equilíbrio de Nash. Nós estudaremos tal conceito mais tarde. Agora nós nos concentraremos em um conceito de solução mais básico que, embora não possa ser aplicado para todos os jogos, quando aplicável gera previsões claras, intuitivas, e empiricamente consistentes.
Suponha que tenhamos um jogo em que o conjunto de jogadores seja dado por J = f 1 ; :::; N g. Dado um jogador qualquer i, nós dizemos que uma estratégia a i 2 Ai é uma estratégia estritamente dominante para o jogador i se, independentemente das estratégias que os outros jogadores estejam jogando, a estratégia a i é a única melhor estratégia para o jogador i. Formalmente, a i é uma estratégia estritamente dominante para o jogador i se para qualquer per l de estratégias (a 1 ; :::; aN ), com aj 2 Aj para todo j e ai 6 = a i ,
U i^ (a 1 ; :::; a i ; :::; aN ) > U i^ (a 1 ; :::; ai; :::; aN ).
Ou seja, não importa o que os outros jogadores estejam jogando, jogar a i é estritamente melhor para o jogador i do que jogar qualquer outra estratégia.
Suponha agora que todos os jogadores tenham uma estratégia estritamente dominante. É de se esperar que neste caso todos os jogadores usem exatamente as suas estratégias dominantes. Quando isto acontece nós dizemos que o jogo é resolvível por estratégias estritamente dominantes.
Exemplo 9.7 (Dilema dos Prisioneiros). Dois indivíduos são presos por um crime grave e colocados em celas separadas. O delegado tenta obter uma con ssão. Cada um deles, separadamente, recebe a seguinte informação: se um deles confessar e o outro não, quem confessou receberá uma pena leve de apenas um ano e o que não confessou receberá uma pena de dez anos. Caso ambos confessem, os dois receberão uma pena de cinco anos. Se ninguém confessar ainda é possível condenar ambos por um crime menor. Neste caso ambos recebem uma pena de dois anos. Tal situação pode ser representada pelo seguinte jogo em forma matricial:
Prisioneiro 2
Prisioneiro 1
No jogo acima, independentemente do que o jogador (prisioneiro) 2 esteja jogando, a melhor estratégia para o jogador 1 é confessar. A mesma coisa acontece para o jogador 2. Portanto, o jogo acima é resolvível por estratégias estritamente dominantes e sua solução é (C; C). Ou seja, o conceito de solução por estratégias estritamente dominantes nos diz que dado o jogo acima os dois prisioneiros confessariam. De fato, dada a matriz de ganhos acima, é difícil imaginar que os jogadores agiriam de forma diferente.
No exemplo acima, embora o jogo tenha uma solução bem natural, nós podemos observar que o ganho nal dos agentes não parece ser muito bom, dadas as opções que eles tinham. Em particular, caso ambos não confessassem os dois obteriam um ganho estritamente maior. Ou seja, em termos de ganhos, a solução do jogo não é e ciente no sentido de Pareto. Esta é uma característica marcante de situações estratégicas. Nós vamos ver que em geral, independentemente do conceito de solução usado, as soluções de jogos não têm que ser e cientes.
Jogos resolvíveis por estratégias estritamente dominantes são a melhor situação que podemos encontrar em teoria dos jogos. A solução de tais jogos é simples, intuitiva e geralmente corresponde ao que esperaríamos que ocorresse na vida real. O único problema com tal conceito de solução é que poucos jogos podem ser resolvidos desta maneira. Por exemplo, considere o exemplo do par ou ímpar acima. Suponha que o jogador que pediu ímpar esteja jogando um número ímpar. Neste caso a melhor estratégia para o jogador Par é jogar também um número ímpar. Por outro lado, se o jogador Ímpar estiver jogando um número par, então é melhor para par jogar um número par. Nós vemos que o jogador par não tem uma estratégia dominante neste caso. Uma análise similar mostra que o jogador ímpar também não tem uma estratégia dominante. Também no jogo Batalha dos Sexos nenhum jogador tem uma estratégia dominante. Você consegue ver isto?
Exemplo 9.9 (Amigo do Juiz). Considere a seguinte variação do dilema dos prisioneiros:
Prisioneiro 2
Prisioneiro 1
A estória agora (admitidamente um pouco boba) é que o prisioneiro 1 é amigo do juiz. Desta forma, quando nenhum dos prisioneiros confessa, ele consegue escapar sem nenhuma pena. Nas demais situações os ganhos de ambos são exatamente iguais aos ganhos no jogo original. Observe que agora confessar não é mais uma estratégia estritamente dominante para o jogador 1. Quando o jogador 2 não estiver confessando a melhor coisa para o jogador 1 seria não confessar. Portanto, agora o jogo não é mais resolvível por dominância. Mas considere a análise que zemos acima. Ao olhar as opções do jogador 2, o jogador 1 percebe que a estratégia N é estritamente dominada pela estratégia C para aquele jogador. Portanto, sendo o jogador 1 alguém extremamente racional, ele desconsiderará a possibilidade de que o jogador 2 possa jogar N. Mas agora o jogo simpli ca-se para
Prisioneiro 2
Prisioneiro 1
Mas agora jogar C é uma estratégia estritamente dominante para o jogador 1, ou, alternativamente, N é estritamente dominada por C para o jogador 1. Se eliminarmos N do jogo acima camos, novamente, com a previsão única de que os dois jogadores vão confessar.
Nos dois exemplo acima a eliminação de uma única estratégia estritamente dominada já foi su ciente para simpli car o jogo até um ponto que este pudesse ser resolvido por dominância. Em geral, os nossos agentes em economia são bem mais racionais do que isto e nós assumimos que eles podem aplicar o conceito de eliminação de estratégias estritamente dominadas inúmeras vezes. Considere o seguinte exemplo, aparentemente complexo, mas na verdade simples:
Jogador 2
Jogador 1
Se você tiver paciência, você pode checar que nenhum jogador tem uma estratégia dominante no jogo acima. Por outro lado, vemos que a estratégia D é estritamente dominada pela estratégia B. Portanto, se aplicarmos o raciocínio de eliminação de estratégias estritamente
dominadas nós podemos simpli car o jogo acima para
Jogador 2
Jogador 1
Mas agora, no jogo simpli cado acima, vemos que a estratégia H é estritamente dominada pela estratégia F. Novamente, aplicando o conceito de eliminação de estratégias estritamente dominadas nós obtemos o seguinte jogo, ainda mais simples:
Jogador 2
Jogador 1
Continuando com o mesmo procedimento, agora observe que a estratégia E é estritamente dominada pela estratégia F. O jogo reduz-se para
Jogador 2
Jogador 1
Agora a estratégia que é estritamente dominada é do jogador 2. Observe que A é estritamente dominada por B, o que nos dá o seguinte jogo:
Jogador 2
Jogador 1
Agora G é estritamente dominada por F e o jogo simpli ca-se para
Jogador 2
Jogador 1
Finalmente, agora C é estritamente dominada por B, o que nos dá a previsão única de que no jogo acima os jogadores acabarão jogando F e B.
A primeira vista, a nossa de nição de uma estratégia estritamente dominada parece ser muito restritiva. Lembre-se que tal de nição considera uma estratégia estritamente dominada
de solução por dominãncia. Isto é, todo jogo que é resolvível por dominância é também resolvível por eliminação iterativa de estratégias estritamente dominadas e a solução é a mesma.9. Mesmo sendo mais geral do que o método de solução por dominância, ainda existem vários jogos em que o processo de eliminação iterativa de estratégias estritamente dominadas não nos dá uma solução. Algumas vezes, como no jogo (9.5) acima, tal método até simpli ca o jogo, mas não nos fornece uma previsão clara do que os dois jogadores vão fazer. Nesta seção nós estudaremos o conceito de equilíbrio de Nash. Tal conceito nos fornecerá o método de solução mais utilizado em teoria dos jogos. Nós começamos com o conceito de uma melhor resposta.
Suponha que tenhamos um jogo com N jogadores. Fixe um jogador i qualquer e considere um per l de estratégias (a 1 ; :::; ai 1 ; ai+1; :::; aN ) dos outros jogadores. Nós podemos fazer a seguinte pergunta: dado que os outros jogadores estão jogando (a 1 ; :::; ai 1 ; ai+1; :::; aN ) qual a melhor estratégia (ou as melhores estratégias) para o jogador i. Ou seja, nós podemos tentar encontrar as estratégias ai 2 Ai que resolvem o seguinte problema de maximização:
max ai 2 Ai
U i^ (a 1 ; :::; ai; :::; aN )
As estratégias do jogador i que resolvem o problema acima são chamadas de melhores respostas do jogador i a (a 1 ; :::; ai 1 ; ai+1; :::; aN ). É interessante termos uma notação para representar, dado um per l de estratégias dos outros jogadores, as melhores respostas do jogador i. De na a correspondência de melhores respostas Bi^ do jogador i, como um mapa que associa a cada per l de estratégias dos outros jogadores, o conjunto de alternativas do jogador i que são melhores respostas àquele per l. Formalmente, dado um per l de estratégias (a 1 ; :::; ai 1 ; ai+1; :::; aN ) para os outros jogadores, de na Bi^ (a 1 ; :::; ai 1 ; ai+1; :::; aN ) como o conjunto de estratégias do jogador i que resolvem o problema de maximização acima.
Exemplo 9.10. Considere o seguinte jogo:
Jogador 2
Jogador 1
É fácil ver que no exemplo acima B^1 (B) = fF g, ou seja, a única melhor resposta do jogador 1 à estratégia B é exatamente F. Por outro lado, B^1 (A) = fF; Gg, ou seja, tanto F quanto G são melhores respostas para o jogador 1 quando 2 joga A. Para nalizar, observe que B^2 (F ) = fA; B; Cg, ou seja, A; B e C são melhores respostas para o jogador 2 quando 1 joga F.
9.2 (^) Se o jogador i tem uma estratégia estritamente dominante, então todas as suas outras estratégias são
estritamente dominadas por tal estratégia e, portanto, serão eliminadas.
Considere o seguinte jogo: Jogador 2
Jogador 1
No jogo acima, em termos de melhores respostas, nós temos B^1 (E) = fM; Bg, B^1 (D) = fCg, B^2 (C) = fEg, B^2 (M ) = fDg e B^2 (B) = fE; Dg. Observe que B é uma melhor resposta para o jogador 1 quando 2 joga E e E é uma melhor resposta para o jogador 2 quando 1 joga B. De certa forma, existe um certo equilíbrio no per l de estratégias (B; E). Mesmo se 2 já tivesse observado que 1 jogou B, não haveria razão para 2 mudar de estratégia. De forma similar, mesmo que 1 já tivesse observado que 2 jogou E, não haveria motivo para 1 desejar mudar de estratégia. Quando um per l de estratégias satisfaz tal tipo de condição nós dizemos que tal per l é um equilíbrio de Nash do jogo. Formalmente, considere um jogo com N jogadores. Um per l de estratégias (a 1 ; :::; a N ) é um equilíbrio de Nash do jogo se para todo jogador i, a i 2 Bi^
a 1 ; :::; a i 1 ; a i+1; :::; a N
. Ou seja, em um equilíbrio de Nash todos os jogadores estão fazendo o melhor que eles poderiam fazer dadas as estratégias que estão sendo jogadas pelos outros jogadores.
Exemplo 9.11 (Dilema dos Prisioneiros revisitado). Considere o dilema dos prisioneiros original, isto é: Prisioneiro 2
Prisioneiro 1
Observe que B^1 (C) = fCg e B^2 (C) = fCg. Ou seja, para qualquer um dos jogadores, se o outro estiver jogando C, então a melhor coisa que ele tem a fazer é jogar C, também. Portanto, o per l (C; C) é um equilíbrio de Nash do jogo Dilema dos Prisioneiros.
Vimos no exemplo acima que o per l de estratégias (C; C) é um equilíbrio de Nash para o jogo dilema dos prisioneiros. Lembre-se que tal per l também era a solução por dominância do jogo. De fato, tal propriedade é geral, como a proposição abaixo mostra:
Proposição 9.1. Suponha que um per l (a 1 ; :::; a N ) seja a solução por dominância de um determinado jogo. Então, tal per l é também um equilíbrio de Nash do jogo.
Demonstração da Proposição. Fixe um jogador qualquer i. Como, por hipótese, a i é uma estratégia estritamente dominante para i, sabemos que para qualquer estratégia ai 2 Ai, com ai 6 = a i nós temos que ter
U i^ (a 1 ; :::; a i ; :::; a N ) > U i^ (a 1 ; :::; ai; :::; a N ) :
Mas isto implica que Bi^
a 1 ; :::; a i 1 ; a i+1; :::; a N
= fa i g. Como isto é válido para todos os jogadores i, nós vemos que (a 1 ; :::; a N ) satisfaz a condição que de ne um equilíbrio de Nash. k
Finalmente, agora nós observamos que E é estritamente dominada por F , o que nos dá o jogo ainda mais simpli cado
Jogador 2
Jogador 1
Agora nenhum dos jogadores tem mais estratégias estritamente dominadas. No entanto, observe que para o jogo simpli cado acima B^1 (B) = fF g e B^2 (F ) = fA; B; Cg. Ou seja, o per (F; B) ainda é um equilíbrio de Nash do jogo acima.
Novamente, o fenômeno acontecido acima é geral. Isto é, se simpli carmos um jogo usando eliminação iterativa de estratégias estritamente dominadas, o conjunto de equilíbrios de Nash do jogo simpli cado é o mesmo do jogo original. Tal resultado é formalizado na proposição abaixo.
Proposição 9.3. Suponha que tenhamos um jogo qualquer e xe um per l qualquer (a 1 ; :::; a N ) deste jogo. Suponha agora que simpli quemos o jogo usando o método de eliminação iterativa de estratégias estritamente dominadas. O per l (a 1 ; :::; a N ) é um equilíbrio de Nash do jogo original se e somente se ele for um equilíbrio de Nash do jogo simpli cado.
A proposição acima nos mostra que se estivermos interessados em encontrar os equilíbrios de Nash de um determinado jogo e este tiver estratégias estritamente dominadas, então é uma boa idéia primeiro usar o método de eliminação iterativa de estratégias estritamente dominadas para simpli car o jogo o máximo possível para só então tentar encontrar os equilíbrios de Nash do jogo diretamente.
Suponha que o mercado de produção de um determinado bem seja dividido entre duas empresas, rma F 1 e rma F 2. Suponha que os custos de produção das duas rmas sejam dados simplesmente por Ci (y) = cy:
Ou seja, as duas rmas têm o mesmo custo marginal constante e igual a c. Finalmente, suponha que a curva de demanda inversa pelo bem seja dada por
p (y) = a by:
Quanto será que cada uma das rmas vai produzir em tal situação? Primeiramente, observe que a situação acima pode ser descrita por um jogo. Obviamente o conjunto de jogadores é dado por J = fF 1 ; F 2 g. As estratégias de cada uma das rmas serão escolher as quantidades que elas vão produzir. Ou seja, A 1 = A 2 = [0; 1 ). E as funções de ganhos de cada uma das
rmas serão dadas pelo seu lucro, ou seja, para a rma i,
U i^ (y 1 ; y 2 ) = p (y 1 + y 2 ) yi cyi:
Agora que já temos a descrição completa do nosso jogo, nós podemos tentar analisar a situação acima sob uma visão de teoria dos jogos. Suponha, por exemplo, que a rma 2 esteja produzindo uma quantidade qualquer y 2. Qual seriam as melhores respostas da rma 1 a tal estratégia. Para descobrir isto nós temos que resolver o seguinte problema:
max y 1 p (y 1 + y 2 ) y 1 cy 1
A condição de primeira ordem do problema acima pode ser escrita como
p^0 (y 1 + y 2 ) y 1 + p (y 1 + y 2 ) = c:9.
Que utilizando as funções que de nimos acima pode ser escrita como