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Dopagem de Semicondutores: Impurezas e Portadores, Notas de estudo de Energia

Este texto explica o processo de dopagem de semicondutores, onde se adicionam impurezas para controlar o comportamento do material. A dopagem pode ser feita com impurezas doadoras ou aceitadoras, que alteram a quantidade de elétrons livres no semicondutor. O texto descreve o processo de ionização da impureza e do silício, a formação de bandas doadoras e aceitadoras, e a importância da temperatura no índice de ionização. Os portadores relevantes para a utilização do semicondutor são os elétrons livos criados pela ionização de impureza.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Capítulo 4 Semicondutor Extrínseco Prof. Marco Aurélio Fregonezi 20/09/2017
ENT 200 Materiais Elétricos e Magnéticos
31
Capítulo 4 SEMICONDUTOR EXTRÍNSECO
4.1 INTRODUÇÃO
O semicondutor intrínseco apresentado no capítulo anterior não tem utilidade para aplica-
ções em eletrônica, pois a quantidade de EBCs e LBVs é a mesma, existem, apenas, pares EBC-
LBV provenientes dos átomos de Silício ionizados, gerados por agentes externos que fornecem
energia (geração térmica) ao sistema, havendo neutralidade das cargas positivas (LBVs) e negati-
vas (EBCs) total e ponto a ponto. O aumento da temperatura provoca um igual aumento nas
quantidades de portadores p e portadores n simultaneamente. O semicondutor intrínseco tem
sua condutividade bastante variável em função da temperatura e da luminosidade, o que faz dele
um sensor de temperatura ou luz. Como iiSi é baixo, sua condutividade também é baixa.
Para a aplicação na maioria dos dispositivos semicondutores, é necessário, durante a fabri-
cação, adicionar impurezas para modificar convenientemente o comportamento do material se-
micondutor, ou seja, alterar as quantidades relativas de EBCs e LBVs, tornando estes valores di-
ferentes, controle que não é possível no semicondutor intrínseco.
A palavra “impureza”, neste contexto, não se refere a átomos indesejáveis cuja inserção no
Silício se deve a imperfeições no processo de fabricação do dispositivo; neste caso, a palavra mais
usual é “contaminação”; fato que provoca alterações no comportamento do semicondutor, tor-
nando seu comportamento imprevisível. A fabricação destes dispositivos requer o uso de “salas
limpas”, ambientes cuja qualidade do ar é controlada (temperatura, pressão, umidade, etc).
A essa adição de impurezas dá-se o nome de dopagem. O semicondutor dopado é chamado
de substrato ou semicondutor extrínseco ou semicondutor dopado. A terminologia “substrato” é
mais específica, esta palavra, em seu significado genérico, se aplica a uma base onde algo é cons-
truído; no contexto dos semicondutores, trata-se da lâmina sobre a qual os componentes elétri-
cos integrados são construídos. Não se usa substratos feitos com semicondutor intrínseco, o pro-
cesso de dopagem mais elementar é o do substrato.
No semicondutor intrínseco, o equilíbrio da quantidade de elétrons e lacunas é mantido
para qualquer temperatura; para cada EBC formado, é formada também uma LBC. No semicon-
dutor extrínseco, estes equilíbrios não são mantidos.
Há dois tipos de semicondutor dopado:
Semicondutor p: Resultado da adição, ao cristal de Silício, de um metal do grupo 3A (3
EBVs). É feita a dopagem com impureza tipo p (também chamada de impureza aceitadora
(de elétrons) ou impureza trivalente). Ocorre o aparecimento de uma LBV para cada átomo
de impureza adicionado ionizado.
Semicondutor n: Resultado da adição, ao cristal de Silício, de um não-metal do grupo 5A (5
EBVs). É feita a dopagem com impureza tipo n (também chamada de impureza doadora (de
elétrons) ou impureza pentavalente). Ocorre o aparecimento de um EBC para cada átomo
de impureza adicionado ionizado.
De maneira mais genérica, um semicondutor pode ser do tipo n, p e i, sendo os dois primei-
ros extrínsecos e o último extrínseco.
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Capítulo 4 – SEMICONDUTOR EXTRÍNSECO

4. 1 INTRODUÇÃO

O semicondutor intrínseco apresentado no capítulo anterior não tem utilidade para aplica-

ções em eletrônica, pois a quantidade de EBC s e LBV s é a mesma, existem, apenas, pares EBC -

LBV provenientes dos átomos de Silício ionizados, gerados por agentes externos que fornecem

energia (geração térmica) ao sistema, havendo neutralidade das cargas positivas ( LBV s) e negati-

vas ( EBC s) total e ponto a ponto. O aumento da temperatura provoca um igual aumento nas

quantidades de portadores p e portadores n simultaneamente. O semicondutor intrínseco tem

sua condutividade bastante variável em função da temperatura e da luminosidade, o que faz dele

um sensor de temperatura ou luz. Como iiSi é baixo, sua condutividade também é baixa.

Para a aplicação na maioria dos dispositivos semicondutores, é necessário, durante a fabri-

cação, adicionar impurezas para modificar convenientemente o comportamento do material se-

micondutor, ou seja, alterar as quantidades relativas de EBC s e LBV s, tornando estes valores di-

ferentes, controle que não é possível no semicondutor intrínseco.

A palavra “impureza”, neste contexto, não se refere a átomos indesejáveis cuja inserção no

Silício se deve a imperfeições no processo de fabricação do dispositivo; neste caso, a palavra mais

usual é “contaminação”; fato que provoca alterações no comportamento do semicondutor, tor-

nando seu comportamento imprevisível. A fabricação destes dispositivos requer o uso de “salas

limpas”, ambientes cuja qualidade do ar é controlada (temperatura, pressão, umidade, etc).

A essa adição de impurezas dá-se o nome de dopagem. O semicondutor dopado é chamado

de substrato ou semicondutor extrínseco ou semicondutor dopado. A terminologia “substrato” é

mais específica, esta palavra, em seu significado genérico, se aplica a uma base onde algo é cons-

truído; no contexto dos semicondutores, trata-se da lâmina sobre a qual os componentes elétri-

cos integrados são construídos. Não se usa substratos feitos com semicondutor intrínseco, o pro-

cesso de dopagem mais elementar é o do substrato.

No semicondutor intrínseco, o equilíbrio da quantidade de elétrons e lacunas é mantido

para qualquer temperatura; para cada EBC formado, é formada também uma LBC. No semicon-

dutor extrínseco, estes equilíbrios não são mantidos.

Há dois tipos de semicondutor dopado:

  • Semicondutor p : Resultado da adição, ao cristal de Silício, de um metal do grupo 3A (

EBV s). É feita a dopagem com impureza tipo p (também chamada de impureza aceitadora

(de elétrons) ou impureza trivalente). Ocorre o aparecimento de uma LBV para cada átomo

de impureza adicionado ionizado.

  • Semicondutor n : Resultado da adição, ao cristal de Silício, de um não-metal do grupo 5A (

EBV s). É feita a dopagem com impureza tipo n (também chamada de impureza doadora (de

elétrons) ou impureza pentavalente). Ocorre o aparecimento de um EBC para cada átomo

de impureza adicionado ionizado.

De maneira mais genérica, um semicondutor pode ser do tipo n , p e i , sendo os dois primei-

ros extrínsecos e o último extrínseco.

Síntese da ação do dopante:

  • Semicondutor p : O átomo trivalente utiliza todos os seus três EBV s para realizar as liga-

ções covalentes com os átomos de Silício vizinho, faltando um EBV. O átomo trivalente fica com

sete EBV s, desrespeitando a regra do octeto. É preciso receber um elétron de um outro átomo

de Silício (cuja ligação covalente deve ser quebrada) para completar os oito EBV s da impureza,

aparecendo uma LBV no Silício (daí o nome “impureza aceitadora de elétrons provenientes da

BV ”). A BV recebe lacunas, daí o nome “tipo p ”. A impureza do tipo p mais empregada é o Boro.

O átomo de impureza que aceitou um elétron torna-se um íon negativo , ânion e é fixo à rede

cristalina.

  • Semicondutor n : O átomo pentavalente utiliza quatro de seus cinco EBV s para realizar as

ligações covalentes com os átomos de Silício vizinhos, sobrando um EBV. O átomo pentavalente

fica com nove EBV s, desrespeitando a regra do octeto. É preciso doar um elétron para a BC (daí

o nome “impureza doadora de elétrons para a BC ”). A BC recebe o elétron, daí o nome “tipo n ”.

A impureza do tipo n mais empregada é o Fósforo. O átomo de impureza que doa o elétron para

a BC torna-se um íon positivo , cátion , e é fixo à rede cristalina.

Boro Fósforo

Número atômico 5 15

Peso atômico (u.m.a.) 10, 81 30,

Distribuição eletrônica 1s 2 , 2s 2 , 2p 1 1s 2 , 2s 2 , 2p 6 , 3s 2 , 3p 3

Elétrons nas camadas 2, 3 2, 8, 5

Tabela 4. 1 – Características do Boro e do Fósforo.

Tipo p Tipo n

Impureza (ação) Aceitadora Doadora

Impureza (valência) Trivalente Pentavalente

Impureza (família) 3A 5A

Impureza (característica) Ametal Metal

Impureza (maior uso) Boro Fósforo

Antes da ionização 7 EBV s 9 EBV s

Após a ionização 8 EBV s 8 EBV s

Íon formado Ânion Cátion

Portador majoritário LBV EBC

Tabela 4. 2 – Diferenças entre as impurezas.

O átomo de impureza, ao ser inserido, inicialmente, permanece neutro e não respeita a

regra do octeto; o processo de doação ou aceitação de elétron por parte da impureza é chamado

de ionização da impureza. Após a ionização, as impurezas (tipo p ou n ) ficam com oito EBV s, tor-

nando-se ânions (3A) ou cátions (5A). Os átomos de impureza (íons) pertencem à rede cristalina

e são fixos.

Os átomos de Silício estão todos lado a lado na estrutura cristalina e a ligação rompida pode

se mover aleatoriamente em qualquer direção, as LBV s são móveis, muito embora os átomos

sejam fixos. Diferentemente, os átomos de impureza não estão todos lado a lado, há muitos áto-

mos de Silício entre os de impureza, impedindo que os íons (cátions ou ânions) de impureza se

movam. Os íons de impureza são cargas fixas.

desprendimento de alguns átomos de Silício da rede cristalina, fazendo estes assumirem

posições intersticiais e a região exercer comportamento de um material amorfo) que devem

ser eliminados por meio de recozimento ( annealing ). Trata-se do método mais empregado

atualmente.

O nível de dopagem retrata a concentração de dopantes no semicondutor. A inserção de

impurezas é feita através de processos metalúrgicos sofisticados e não se limita, apenas, à indus-

tra de semicondutores. É possível inserir quantidades variadas de impurezas. A proporção entre

a quantidade de átomos de impureza no semicondutor e a quantidade total de átomos recebe o

nome de nível de dopagem ( NDOP ), também chamada de concentração de impurezas, um parâ-

metro de grande importância na construção de dispositivos semicondutores. As câmaras de difu-

são térmica permitem o controle deste parâmetro por meio do tempo de exposição, da pressão,

da temperatura, dos componentes da solução gasosa e do uso de máscaras, geralmente formadas

por óxido de Silício. Os implantadores de íons permitem que estes sejam contados um a um antes

de serem lançados em direção ao semicondutor, garantindo um controle mais preciso do nível de

dopagem.

Difusão térmica Implantação iônica

Custo Baixo Elevado

Precisão (nível de dopagem) Menor Maior

Defeitos cristalográficos Elimina Cria

Orientação Isotrópica Anisotrópica

Tabela 4. 3 – Comparação entre os dois processos de dopagem.

O recozimento é usado tanto para a ativação de dopantes como para a eliminação de de-

feitos na rede cristalina. Esses dois fenômenos ocorrem de forma simultânea.

As lâminas de Silício, antes de serem gravadas, já possuem uma dopagem inicial intensional.

Essa dopagem, geralmente de baixo nível, provém da maneira como a lâmina é fabricada e não é

feita por meio dos processos citados acima. Lâminas de Silício intrínseco têm pouca ou nenhuma

serventia para fins eletrônicos.

semicondutor tipo p semicondutor tipo n

Figura 4. 1 – Representação dos portadores no semicondutor dopado.

 Si   Si 

 

 

  B     P  

 

      

 Si   Si  Si   Si   Si   Si 

     

 

 Si   Si 

 

Dopagem tipo p Dopagem tipo n

Figura 4. 2 – Efeito da dopagem.

Como as impurezas do tipo p ganham elétrons, também podem ser chamadas de cargas

fixas negativas. Como as impurezas do tipo n ganharam lacunas, também podem ser chamadas

de cargas fixas positivas.

1. Cargas fixas geradas a partir da ativação da impureza. 2. Cargas móveis geradas a partir da ativação da impureza. 3. Cargas móveis geradas termicamente a partir do Silício (geração térmica)

Por maior que seja o nível de dopagem, sempre há muito mais átomos de Silício do que de

impurezas; a probabilidade de dois átomos de impureza reagirem entre si é desprezível e, por

isso, os íons formados por átomos de impureza são fixos.

Como os átomos de impureza estatisticamente nunca são vizinhos, eles não podem trocar

cargas entre si; eles recebem ou doam elétrons para o Silício. O átomo de Silício que recebe ou

doa elétron não é considerado ânion ou cátion, respectivamente. Quem recebe a denominação

de íon é o átomo de impureza.

  • Os átomos de impureza se transformam em íons.
  • Os átomos de Silício formam portadores.

A carga do íon fica aprisionada na rede cristalina, não pode se mover. A carga do portador

é livre, por isso o nome “portador”.

O nível de dopagem dos semicondutores do tipo n ou p , NDOP(N,P) , é dado pelas fórmulas:

A Si

A DOPP D Si

D DOP N N N

N

N

N N

N

N

( )^ ( )

Si A

Si D

N N

N N

NDOP(N,P) : Nível de dopagem do semicondutor n ou p

NSi : Número de átomos de Silício

ND,A : Número de átomos de impureza doadora ou aceitadora

No semicondutor intrínseco, os portadores p e os portadores n existem em igual quanti-

dade. No semicondutor extrínseco, estas quantidades são diferentes. O semicondutor p possui

mais portadores p e o semicondutor n possui mais portadores n. O tipo de portador encontrado

em maior quantidade recebe o nome de portador majoritário ( major carrier ) ( Pmaj ) e o tipo de

LBV

Impureza tipo p

Elétron pro- veniente do

Silício

Ânion

EBC

Impureza tipo n

Cátion

  • É necessário o acréscimo de uma pequena quantidade de energia ( EG(A) ) para que surja

uma LBV no Silício. Esta órbita intermediária, um pouco menos energética do que a BV (para a

lacuna), é chamada de banda aceitadora BA.

Figura 4. 3 – Ionização da impureza doadora.

Figura 4. 4 – As bandas de energia para o elétron em semicondutor tipo n.

  • Ionização da impueza aceitadora (explicação adicional): Quando um átomo de impureza

aceitadora (tipo p , trivalente) é adicionado ao semicondutor, as três ligações covalentes com áto-

mos de Silício são realizadas, após as quais o átomo de Silício vizinho torna-se propenso a perder

um de seus EBV s para que o átomo de impureza complete os oito EBV s. Um EBV de um átomo

de Silício adjacente, durante o processo de dopagem, é promovido para uma banda mais elevada

de energia. A energia empregada na elevação deste elétron do átomo de Silício para esta órbita

mais energética provém do processo de recozimento. O átomo de impureza doadora ainda não é

um ânion, pois ainda possui apenas sete EBV s, e o elétron na órbita externa do Silício não é um

portador, pois está preso em sua órbita. É necessário o acréscimo de uma pequena quantidade

de energia de natureza termodinâmica ( EG(A) ) para que este elétron desprenda-se do átomo de

Silício, saia de sua órbita e migre para a impureza aceitadora, transformando o átomo de impu-

reza em ânion. No instante em que esta troca ocorre, forma-se uma LBV no átomo de Silício de

doou o elétron. O elétron recebido pela impureza está preso ao átomo, em uma órbita um pouco

maior do que a BV , esta órbita possui um nível de energia intermediário, muito menor do que o

da BC (para o elétron) e um pouco maior do que o da BV e é chamada de órbita aceitadora, sua

faixa de energia é chamada de banda aceitadora BA.

BV BD BC

ionização

recombinação

Dopagem e

ativação

energia

Órbita de valência

Órbita doadora

EBC

Silício

ionização

L

K

Ligação

covalente

1 2

3

4

5

6

7 8

9

Figura 4. 5 – Ionização da impureza aceitadora.

Tanto a LBV formada no semicondutor tipo p como o EBC formado no semicondutor tipo n

vagueiam pelo cristal de Silício, aumentando a condutividade do semicondutor.

  • Tipo n : A órbita doadora é ocupada pelo elétron que o átomo de impureza doa para o

Silício durante a ionização. A órbita doadora existe somente em semicondutor tipo n.

A BC é preenchida por EBC s provenientes das impurezas ionizadas e vagueiam pelos

átomos de Silício. A BD é preenchida por elétrons em excesso dos átomos de impureza

não ionizados, elétrons que não puderam realizar ligação covalente com elétrons do

Silício e, por isso, se energizaram.

  • Tipo p : A órbita aceitadora é ocupada pelo elétron do Silício que o átomo de impureza

aceita durante a ionização. A órbita aceitadora existe somente em semicondutor tipo

p. A BV é preenchida por LBV s provenientes das impurezas ionizadas e vagueiam pelos

átomos de Silício. A BA é preenchida por elétrons doados pelos átomos de Silício aos

átomos de impurezas ionizados, elétrons cuja migração para a impureza forma lacunas

no Silício.

Figura 4. 6 – Níveis de energia.

As figuras A e B, acima, ilustram a equivalência entre as dopagens n e p. Ambas ilustram

que o processo de recozimento eleva a energia das impurezas. No tipo n , o elétron que sobra,

sem formar ligação covalente, é promovido para uma banda de energia mais elevada, a BD. No

Órbita de

valência

Órbita aceitadora (^) LBV

Silício ionização

Ligação covalente

1 2

3

4

5

6

7

8

Energia elétrons

E

BC BD

BV

EG(D)

tipo n

A

Silício

Dopante Energia lacunas

E

BV BA

BC

EG(A)

tipo p

B

Silício

Dopante

Energia lacunas

E

BC

BA BV

EG(A)

tipo p

C

Dopante

Silício

O semicondutor dopado pode ser analisado sob três temperaturas:

Figura 4. 7 – Ionização do dopante (análise correta).

  • Zero Kelvin: Nesta situação, não há entropia nos átomos, não há energia para ionizar nenhum

átomo, todos átomos de impureza encontram-se combinados, iiD,A = 0%, NiD,A = 0.

  • Baixa temperatura: Alguns átomos de impureza se ionizam, há pouca diferença entre as

quantidades de portadores dos tipos p e n , o efeito da dopagem é pequeno.

  • Alta temperatura: Todos os átomos de impureza se ionizam, tem-se o máximo efeito de do-

pagem para o nível de dopagem aplicado, iiD,A = 100%. A temperatura ambiente faz o semi-

condutor dopado chegar próximo a esta situação.

A migração do elétron da BD para a BC ocorre quando o átomo de Fósforo doa um elétron

para a rede cristalina. A BD pertence ao Fósforo, a BC pertence ao Silício.

A migração do elétron da BV para a BA ocorre quando o átomo de Boro recebe um elétron

da a rede cristalina, quebrando uma ligação covalente e gerando uma lacuna. A BA pertence ao

Boro, a BV pertence ao Silício.

Também é possível analisar o semicondutor p por meio da consideração das fictícias lacunas

na BA (como a lacuna é definida como ligação covalente rompida, não há lacunas na BA ); esta

análise permite criar uma analogia perfeita com o semicondutor n.

O índice de ionização é função da temperatura, quanto maior for a temperatura, maior é

iiD,A. O índice de ionização também é função do nível de dopagem, quanto maior for NDOP , menor

é iiD,A , pois a mesma energia fornecida é distribuída entre um número maior de átomos.

t  iiD , ANDOP (^) ( N , P ) iiD , A

No semicondutor n , à temperatura de 0K, a banda doadora é preenchida pelos elétrons que

o átomo de impureza precisa doar para ficar com oito EBV s. No semicondutor p , à temperatura

ambiente, a banda aceitadora é preenchida pelos elétrons a mais, fixos, contidos nos ânion. No

semicondutor n , à temperatura ambiente, a banda doadora está vazia, pois todos os elétrons a

mais dos átomos de impureza são doados para a BC. No semicondutor p , à temperatura de 0K, a

BC

BD

BV Temperaturaa ambiente

Tipo N

Baixa temperatura

Tipo N

BC

BD

BV 0K

Tipo N

BC

BD

BV

Tipo P

BC

BA

BV

0K BC

BA

BV

Tipo P

Temperaturaa ambiente

Tipo P

BC

BA

BV

Baixa temperatura

Elétron Lacuna

banda aceitadora está vazia, pois todos os elétrons necessários para que os átomos de impureza

fiquem com oito EBV s ainda estão presos aos átomos de Silício.

Figura 4. 8 – Ionização do dopante (por analogia).

Quando o dopante precisa doar um elétron, ele, antes da doação, mantém um elétron na

banda doadora. Quando o dopante precisa aceitar um elétron, ele, após a aceitação, mantém o

elétron na banda aceitadora.

Há dois tipos de ionização:

  • Ionização dos átomos de Silício, gerando o par elétron-lacuna ( EBC - LBV ).
  • Ionização dos átomos de impureza, gerando o par Pmaj - íon.

o Impureza doadora: EBC - cátion

o Impureza aceitadora: LBV - ânion

Enquanto a ionização do Silício gera um par de portadores complementares, a ionização da

impureza gera um par íon-portador, um par carga fixa – carga móvel.

Há dois tipos de geração e recombinação:

  • Geração e recombinação do Silício
  • Geração e recombinação da impureza

Geração do Silício: EBV - LBCEBC - LBV

Recombinação do Silício: EBC - LBVEBV - LBC

O EBV ou a LBC que se forma torna-se um portador, e o átomo de impureza que o fornece

torna-se um íon. Define-se como índice de ionização de impureza (mencionado anteriormente) a

porcentagem de átomos de impureza que se ionizam, reagem com o Silício, transformam-se em

íons. Tal como ocorre com o Silício, há formação do par íon-portador.

  • Ionização de impureza doadora: EBD - átomo neutro  EBC - cátion
  • Recombinação de impureza doadora: EBC - cátion  EBD - átomo neutro
  • Ionização de impureza aceitadora: LBA - átomo neutro  LBV - ânion
  • Recombinação de impureza aceitadora: LBV - ânion  LBA - átomo neutro

Nem todos os átomos de impureza ionizam-se. Isso é conseqüência do fato de que, após a

inserção da impureza, alguns elétrons ou lacunas permanecem na banda intermediária ( BD ou

BA ). A 0K, todos os elétrons a mais do semicondutor n estão na BD ( EBD s) e todas as lacunas a

BC

BD

BV Temperaturaa ambiente

Tipo N

Baixa temperatura

Tipo N

BC

BD

BV 0K

Tipo N

BC

BD

BV

BV BA

BC Temperaturaa ambiente

Tipo N

Baixa temperatura

Tipo N

BV BA

BC 0K

Tipo N

BV BA

BC Elétron Lacuna

Há dois tipos de Pmin s:

  • Os Pmin s criados pela ionização do Silício
  • Os Pmin s criados pela ionização de impureza minoritária

Se o nível de dopagem é grande e a temperatura não é muito alta, podem-se desprezar os

portadores criados pela ionização do Silício. Se o processo de fabricação do substrato ou do poço

é bom, podem-se desprezar o efeito das impurezas minoritárias. Os únicos portadores relevantes

para a utilização do semicondutor são os Pmaj s criados pela ionização de impureza.

Podem-se distinguir dois tipos de fluxo num semicondutor dopado:

  • Fluxo de Pmaj s
  • Fluxo de Pmin s

Quando se aplica uma corrente elétrica por meio de uma fonte, estes fluxos têm sentidos

opostos. Como os Pmaj s e os Pmin s possuem sinais contrários, suas correntes têm o mesmo

sentido.

Substrato n Substrato p

Fluxo de Pmaj Corrente de elétrons ( EBC ) Corrente de lacunas ( LBV )

Fluxo de Pmin Corrente de lacunas ( LBV ) Corrente de elétrons ( EBC )

Tabela 4. 6 – Fluxos de portadores.

Os Pmaj s na dopagem n ( EBC s, cargas negativas móveis) são muito mais rápidos que os

Pmaj s na dopagem p ( LBV s, cargas positivas móveis), pois os EBC s são partículas soltas no espaço,

enquanto que as LBV s são ligações covalentes rompidas, o fluxo de LBV s requer a contínua que-

bra e reconstrução de ligações covalentes. Uma vez que o semicondutor p possui, como Pmaj , a

LBV , sua condutividade é menor do que a do semicondutor n.

Embora os Pmaj s possuam todos o mesmo sinal (o mesmo ocorrendo com os Pmin s), eles

não se repelem, pois suas cargas são compensadas pelos seus respectivos íons (lembrar que, para

o Silício, o par EBC - LBV pode ser considerado como um par EBC - cátion); pelo mesmo motivo,

Pmaj s e Pmin s não se atraem, apesar de apresentarem cargas opostas. Em regime permanente

(equilíbrio térmico), o semicondutor extrínseco, tal como o semicondutor intrínseco, é neutro em

toda sua extensão (ponto a ponto).