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Teorias Científicas: Conceitos, Componentes e Métodos de Teste, Resumos de Metodologia

Uma visão abrangente sobre teorias científicas, abordando conceitos fundamentais como classes de fenômenos, variáveis (independente, dependente, interveniente, condicional e de estudo), tipos de hipóteses (causal, não causal, principal, explicativa e de teste), e métodos de teste de teorias. explica a importância da generalização, organização do conhecimento e testabilidade em teorias científicas, ilustrando com exemplos práticos em diferentes áreas, como política internacional, política doméstica, economia e sociedade. o texto também discute a construção de boas explicações causais, probabilísticas e a importância de variáveis e condições iniciais.

Tipologia: Resumos

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VAN EVERA, Stephen. Guide to methods for students of Political Science. Cornell: Cornell
University Press, 1997. pp. 1-48
O QUE É UMA TEORIA?
São declarações gerais que descrevem e explicam relações causais entre fenômenos.
o Conjunto de leis ou hipóteses causais, com explicações sobre como A causa B -
interações entre variáveis dependentes e independentes.
o As teorias podem ser mais ou menos gerais.
o O que são classes de fenômenos?
São categorias ou conjuntos de eventos, comportamentos ou condições que
compartilham características comuns e que podem ser agrupados para fins de
análise teórica ou empírica.
O que isso tem a ver com Teoria?
Segundo Van Evera, uma teoria busca descrever e explicar causas ou
efeitos que ocorrem em classes de fenômenos, e não apenas em eventos
específicos. Ou seja, classes de fenômenos são importantes para as
teorias por que a partir desse agrupamento podemos verificar condições
semelhantes para analisar e explicar acontecimentos amplos. Por
exemplo:
Fenômenos individuais: Uma eleição em particular, como as eleições
presidenciais brasileiras de 2022.
Classe de fenômenos: Eleições democráticas um conjunto maior
que inclui as eleições em geral, com características e padrões
compartilhados. Exemplos:
o Na política internacional:
Guerras.
Alianças estratégicas.
Negociações diplomáticas.
o Na política doméstica:
Eleições.
Movimentos sociais.
Reformas legislativas.
o Na economia:
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VAN EVERA, Stephen. Guide to methods for students of Political Science. Cornell: Cornell University Press, 1997. pp. 1- 48 O QUE É UMA TEORIA?

  • São declarações gerais que descrevem e explicam relações causais entre fenômenos. o Conjunto de leis ou hipóteses causais, com explicações sobre como A causa B - interações entre variáveis dependentes e independentes. o As teorias podem ser mais ou menos gerais. o O que são classes de fenômenos? ▪ São categorias ou conjuntos de eventos, comportamentos ou condições que compartilham características comuns e que podem ser agrupados para fins de análise teórica ou empírica. ▪ O que isso tem a ver com Teoria? - Segundo Van Evera, uma teoria busca descrever e explicar causas ou efeitos que ocorrem em classes de fenômenos, e não apenas em eventos específicos. Ou seja, classes de fenômenos são importantes para as teorias por que a partir desse agrupamento podemos verificar condições semelhantes para analisar e explicar acontecimentos amplos. Por exemplo: - Fenômenos individuais: Uma eleição em particular, como as eleições presidenciais brasileiras de 2022. - Classe de fenômenos: “Eleições democráticas” — um conjunto maior que inclui as eleições em geral, com características e padrões compartilhados. Exemplos: o Na política internacional: ▪ Guerras. ▪ Alianças estratégicas. ▪ Negociações diplomáticas. o Na política doméstica: ▪ Eleições. ▪ Movimentos sociais. ▪ Reformas legislativas. o Na economia:

▪ Crises financeiras. ▪ Ciclos de crescimento econômico. ▪ Distribuição de renda. o Na sociedade: ▪ Revoluções sociais. ▪ Mudanças culturais. ▪ Conflitos étnicos. ▪ E por que é útil utilizar classes de fenômenos?

  • Generalização: ajuda a criar teorias que não explicam apenas um evento, mas toda uma categoria de eventos. o Exemplo: “A teoria da paz democrática sugere que democracias raramente entram em guerra entre si” – isso se aplica ao fenômeno da guerra (como classe) e não a um fenômeno individual (uma guerra individual).
  • Organização do conhecimento: classificar fenômenos em grupos torna mais fácil identificar padrões, causas comuns e diferenças dentro de cada classe.
  • Testabilidade: ao trabalhar com classes de fenômenos, é possível testar uma teoria em diversos casos, o que fortalece sua validade.
  • Para além das classes de fenômenos, uma teoria possui os seguintes componentes: o Lei (Law) ▪ Relação observada entre dois fenômenos. ▪ Pode ser determinística (ex.: “Se A, então sempre B”) ou probabilística (ex.: “Se A, então às vezes B, com probabilidade X”). ▪ Leis causais: A causa B. ▪ Leis não causais: A e B são causados por C, A e B estão correlacionados , mas um não causa o outro. ▪ A maioria das leis nas ciências sociais é probabilística. o Explicação (Explanation) ▪ Explicações são compostas por leis causais ou hipóteses , as quais são compostas por variáveis dependentes e independentes.
  • Enfatiza o papel ou função de um fenômeno dentro de um sistema maior. Exemplo: “A repressão estatal funciona para manter a estabilidade em regimes autoritários.”
  • Usos: o Comum em sociologia e ciência política. o Explica por que algo é mantido em um sistema, ao invés de como surgiu. ▪ Explicação Probabilística
  • Afirma que uma causa aumenta ou diminui a probabilidade de um efeito ocorrer, sem garantir o resultado. Exemplo: “A desigualdade econômica aumenta a probabilidade de revoltas sociais.” Comum em ciências sociais, onde relações causais são raramente determinísticas. ▪ UMA BOA EXPLICAÇÃO POSSUI:
  • Clareza: Define claramente variáveis e relações causais.
  • Exatidão: Usa dados confiáveis para apoiar a conexão entre causa e efeito.
  • Completude: Expõe todo o processo causal, sem deixar lacunas. o Exemplo incompleto: “Mudanças climáticas causam guerras.” o Exemplo completo: “Mudanças climáticas reduzem a disponibilidade de água, aumentando tensões locais, que podem levar a conflitos armados.”
  • Generalização: Conecta o evento explicado a padrões ou leis gerais, quando possível. o Variável (Variable) ▪ Conceito que pode assumir diferentes valores ou categorias (ex.: “grau de democracia” ou “porcentagem de votos”). o Variável Independente (Independent Variable - IV) ▪ Fenômeno causal de uma hipótese ou teoria (ex.: “Alfabetização causa democracia”). o Variável Dependente (Dependent Variable - DV) ▪ Fenômeno causado de uma hipótese ou teoria (ex.: “Grau de democracia é a variável dependente”). o Variável Interveniente (Intervening Variable - IntV)

▪ Fenômeno que media a relação entre a variável independente e a dependente (ex.: “Fotossíntese é a variável interveniente entre luz solar e crescimento da grama”). o Variável Condicional (Condition Variable - CV) ▪ Fenômeno que governa a força do impacto da variável independente sobre a dependente (ex.: “A quantidade de chuva modula o impacto da luz solar no crescimento da grama”). o Variável de Estudo (Study Variable - SV) ▪ A variável que se está investigando, que pode ser independente, dependente, interveniente ou condicional. o TIPOS DE VARIÁVEISVariáveis Quantitativas

  • Representam números ou quantidades que podem ser medidas. o Discretas: ▪ Podem assumir apenas valores específicos, geralmente inteiros e binários (ou é ou não é, или так или так). Exemplo: Número de filhos, uma vez que não há “meio filho”. o Contínuas: ▪ Podem assumir qualquer valor dentro de um intervalo, incluindo frações ou decimais, desde que possam ser padronizadas durante a análise. Exemplo: altura, peso. ▪ Variáveis Qualitativas
  • Representam categorias ou qualidades que não podem ser medidas diretamente, mas sim classificadas. o Nominais: ▪ As categorias não têm ordem ou hierarquia. Exemplo: cor dos olhos, etnia. o Ordinais: ▪ Essas categorias tem ordem ou hierarquia, mas as diferenças entre elas não são necessariamente uniformes. Exemplo: grau de satisfação (insatisfeito, neutro, satisfeito).

o A hipótese nula (geralmente denotada como H 0 ) é uma afirmação que propõe a ausência de efeito, relação ou diferença entre variáveis em um estudo. Ela é formulada para ser testada diretamente, funcionando como um ponto de partida que será aceito ou rejeitado com base nos dados. o OU SEJA: Se a minha hipótese causal é: “A alfabetização (variável independente) causa democracia (variável dependente)”, minha hipótese nula consequentemente será “Não há relação entre a alfabetização e a democracia.” ▪ OU SEJA, a hipótese nula NEGA a hipótese que se quer testar. o Tipos de CondiçãoCondição Antecedente (Antecedent Condition)

  • “A causa B apenas se C estiver presente”
  • Fatores que precisam estar presentes para que uma relação causal aconteça, ou seja, ativam ou ampliam a ação de uma lei causal.
  • Sem essa condição, a causalidade pode ser fraca ou inexistente. Exemplo: “A luz solar (variável independente) causa o crescimento da grama (variável dependente), mas apenas se houver água suficiente no solo (condição antecedente).”
  • Tipos de relações com condições antecedentes: o Fraca ou limitada: a relação entre causa e efeito ocorre mesmo sem a condição antecedente, mas de forma reduzida. Exemplo: “A prática de exercícios melhora a saúde mesmo sem uma dieta adequada, mas os benefícios são menores.” o Necessária: A relação só ocorre se a condição antecedente estiver presente. Exemplo: “Um motor a combustão só funciona se houver combustível.”
  • Condições Iniciais (Initial Conditions) o Fatores que já existem antes do início do processo causal e que influenciam como as variáveis interagem, configurando o cenário onde o processo causal acontece. Exemplo: “A

Revolução Francesa (variável dependente) foi influenciada por condições iniciais como desigualdade social extrema e uma crise financeira prévia.” ▪ CONDIÇÃO INUS

  • Insufficient but Necessary part of an Unnecessary but Sufficient condition (Parte Insuficiente, mas Necessária, de uma Condição Desnecessária, mas Suficiente).
  • É um termo usado na análise de causalidade para descrever uma causa que, por si só, não é suficiente para produzir um efeito, mas é parte de uma combinação maior que, quando presente, é suficiente para causar o efeito.
  • Exemplo: Incêndio o Condições: Faísca (A) + Combustível (B) + Oxigênio (C) ▪ A faísca é uma condição INUS , pois sozinha não causa o incêndio, mas é essencial dentro da combinação. ▪ CONDIÇÃO SINUS
  • Sufficient but Insufficient Necessary Unnecessary Sufficient condition (Condição Suficiente, mas Insuficiente e Necessária dentro de uma Condição Desnecessária e Suficiente).
  • Exemplo: Guerra o Uma crise econômica (A) pode ser suficiente para instigar um conflito armado em condições específicas (pobreza extrema, revoltas sociais), mas não é a única causa possível, e pode não ser suficiente em outras situações (sociedades resilientes). Característica INUS SINUS Suficiência Não é suficiente por si só Pode ser suficiente, mas depende do contexto Necessidade Necessária dentro de uma condição maior Necessária em algumas condições específicas Exemplo Faísca no incêndio Fósforo em contexto com combustível
  • Uso de análise contrafactual para imaginar cenários alternativos e identificar possíveis causas. o COMO TESTAR TEORIASTipos de Testes
  • Experimentação: Raramente usada em ciência política devido à dificuldade de controlar variáveis no mundo real.
  • Observação o Análise Large-N: estudos com um grande número de casos, buscando padrões estatísticos. o Estudos de Caso: análises detalhadas de um ou poucos casos, explorando processos causais em profundidade. ▪ Força dos Testes
  • Fortes: avaliam hipóteses com predições altamente certas e únicas. Um resultado congruente corrobora fortemente a teoria.
  • Fracos: avaliam predições menos certas ou não únicas. Oferecem evidências mais limitadas.
  • Exemplos: o “Smoking gun” (Indício Claro): Um teste positivo fortalece a teoria, mas um teste negativo não a refuta completamente. ▪ Alta confiabilidade: Se a evidência estiver presente, é quase impossível refutá-la. ▪ Claridade: A evidência é direta e fácil de interpretar. ▪ Risco: O “smoking gun” é tão forte que, caso contrário, pode sugerir que a teoria falhou, mas ele depende de encontrar a evidência certa, o que nem sempre acontece. ▪ Exemplo: Se uma teoria de relações internacionais afirma que o aumento de gastos militares por um país específico é um indicativo de preparação para a guerra, e houver uma declaração pública ou documento oficial confirmando essa intenção, isso funcionaria como uma “arma fumegante”. o “Hoop test” (Prova Necessária): Um teste negativo refuta a teoria, mas um teste positivo não é suficiente para confirmá-la.

Ou seja, a evidência precisa não refutar a hipótese ou teoria. Em outras palavras, se a teoria é verdadeira, a evidência deve passar pelo “hoop” (a “argola”), mas não precisa necessariamente confirmá-la de maneira tão forte quanto o “smoking gun”. ▪ Baixa evidência conclusiva: O hoop test não confirma uma teoria, mas simplesmente mostra que ela não foi refutada. ▪ Fácil de passar: A teoria não é falsificada, mas a evidência de apoio ainda pode ser fraca. ▪ Risco: Esse teste é um pouco mais permissivo, pois a teoria pode continuar em vigor, mesmo sem evidências fortes. ▪ Exemplo no contexto de política externa: ▪ Exemplo: Se uma teoria afirma que as democracias tendem a ser mais pacíficas em suas relações internacionais, o “hoop test” pode ser verificar se os países democráticos em um determinado período não estiveram envolvidos em guerras, sem necessariamente provar que todos os democratas mantêm a paz. A ausência de evidência contrária ainda manteria a hipótese viável. o Mitos da MetodologiaMito 1: A ciência política requer métodos radicalmente diferentes das ciências naturais.

  • Van Evera argumenta que os princípios científicos básicos são aplicáveis a ambas. ▪ Mito 2: Métodos qualitativos (como estudos de caso) são inerentemente inferiores aos métodos quantitativos.
  • Van Evera defende a importância de estudos de caso bem executados.
  • Herança do pós-KKV.