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Saiba mais sobre as fáscias e o papel do tecido conjunctivo no corpo humano. Este documento explica as funções básicas do tecido conjunctivo, as células produtoras de fibras e a importância da matriz. Além disso, aprenda sobre os diferentes tipos de tecido conjunctivo e suas funções específicas.
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Capítulo 1 - Fáscias e tecido conjuntivo - que é isso? Antes de treinar, vocês devem saber mais sobre as fáscias e o significado de tecido conjuntivo para seu corpo. Pois o tecido conjuntivo é surpreendentemente diversificado e tem funções que afetam todo o organismo. Por isso, eu gostaria de apresentar para vocês, neste primeiro capítulo, uma visão global sobre os diferentes tipos de fáscia e suas características. Vocês verão que certas funções básicas do tecido conjuntivo são iguais para quase todos os tipos. E não somente isso - por toda a longa extensão do corpo, o tecido conjuntivo está interligado, também sobre diferentes órgãos. Tudo isso tem impacto no tipo de treinamento que eu e meus colegas desenvolvemos e que será apresentado a vocês no capítulo três. Se torna ainda mais importante conhecer suas caracterítiscas e funções, quando se pensa que elas também estão ligadas a dores, doenças específicas e limitação de sua função, bem como elas se alteram com a idade e podem até mesmo influenciar na saúde física. Para tanto, lançamos também um olhar sobre a ciência das fáscias. Os tópicos (do capítulo) a seguir são, por isso, importantes, se vocês desejam ter máximo benefício de seu treino. Quem tem muita pressa, talvez deseje pular esse capítulo e ir direto folhear os exercícios no capítulo três. Em um momento tranquilo, no entanto, é melhor compensar com a leitura (do capítulo) - assim vocês terão mais detalhes dos exercícios e talvez possam adquirir conhecimentos importantes para seu dia-a-dia. Fáscias frescas! Provavelmente todos já tivemos nas mãos um pedaço de tecido de fáscias e até mesmo o cortamos com a faca na cozinha. Uma vez que gostamos de consumir a carne do músculo de animais, temos ali com frequência a fáscia correspondente ao corte: ela percorre a peça de carne como um delicado marmorizado e sobrepõe a carne com uma visível camada branca. Via de regra, os açougueiros, cozinheiros e donas de casa retiram os tendões e essa camada branca. Dependendo do tipo de carne ou do prato, usa-se ela também, pois ela confere a carne sabor e maciez (advinda da gordura). Para se ter, por exemplo, uma bela casca crocante na carne de porco frita, é necessário que se deixe um grosso pedaço da fáscia da barriga juntamente com gordura. Um corte bovino típico (que seja do lombo bovino), apresenta, como aqui na figura, na maioria das vezes uma parte da grande fáscia tóraco-lombar dos animais. Ela é mantida, na hora do corte, para a fritura. Essas fáscias, vistas na imagem, são também fáscias musculares, há também ainda outros tipos de tecido fascial. (Imagem - página 18) Fáscia viva: um corte bovino típico, delicadamente marmorizado por dentro com gordura e tecido conjuntivo. A camada branca acima é um pedaço da grande fáscia tóraco-lombar. Matéria-prima com muitas funções Fáscias consistem essencialmente de dois fundamentais componentes vitais: proteína e água. Do que exatamente o tecido é composto define sua função no corpo, de acordo com sua localização. Essas funções e suas estruturas são tão diversificadas, que podem ser confundidas por aqueles não-profissionais. E mesmo os profissionais não tinham até há pouco tempo uma perspectiva unificada. No entanto, era bem conhecido para médicos, fisiologistas e anatomistas, que as folhas fasciais, bem como os tendões e os ligamentos, que envolvem firmemente órgãos como os rins e coração, são constituidas do mesmo material de camadas ultra-finas ao redor de feixes musculares e de cápsulas articulares. E que elas todas tem princípios funcionais e estruturais em comum com gorduras subcutâneas, parênquimas reticulares do abdômen e até mesmo com cartilagens e com tecido adiposo. Na verdade, todos são
tratados por tecido conjuntivo, um tipo de matéria-prima universal no corpo: são fibras em uma rede, que às vezes estão interligadas firmemente, às vezes estão frouxas e que podem conter mais ou menos líquido. Essa rede pode ser tanto alongada quanto estreita, elástica e dura ou suave e frouxa. E sempre é composta dos mesmos elementos, em diferentes percentuais: colágeno, elastina e uma matriz aquosa. No primeiro congresso mundial de pesquisa sobre fáscias em 2007, os protagonistas, dos quais eu faço parte, decidiram reformular o conceito: O tecido conjuntivo musculoesquelético, bem como o que envolve firmemente os órgãos designou-se doravante como “fáscias”. Nós queríamos que esse termo tratasse, além disso, do complexo de funções dos tecidos conjuntivos. Nossa equipe, por conhecimento, chegou a conclusão de que teríamos que reunir não somente médicos, fisiologistas, biólogos, ortopedistas, anatomistas, mas também fisioterapeutas, massagistas, terapeutas de movimento e naturopatas de todas as áreas desde a década de 1960. Internacionalmente, hoje, os pesquisadores consideram todo o tecido conjuntivo como um próprio órgão, como um sistema, que penetra pelo corpo todo e que tem tanto uma designação geral quanto muito específica. E eles usam o termo “fáscias” e “tecido conjuntivo” amplamente como sinônimos - assim também será neste livro. Embora nem todos os anatomistas e médicos façam isso. Os médicos entendem como “tecido conjuntivo” também o sangue, os ossos e outros tecidos, e eles consideram “fáscias” somente partes específicas do tecido conjuntivo muscular. Mas aqui mantivemos o conceito moderno de fáscias: já que é isto que se entende por tecido conjuntivo na linguagem cotidiana, um sinônimo da palavra fáscias. Os componentes das fáscias
- Colágeno Como parte das fáscias, o colágeno tem papel fundamental. Colágeno são fibras muito resistentes, as quais dão literalmente forma aos seres humanos e a todos os vertebrados. Elas são, portanto, chamadas também de proteínas estruturais ou escleroproteínas. Com uma quota de 30 por cento, o colágeno é a proteína de ocorrência mais frequente no corpo, portanto realmente uma matéria-prima: até mesmo os ossos surgem originalmente de fibras de colágeno. No ventre materno o embrião produz primeiramente colágeno, onde então os mineirais, como o cálcio, depois se depositam. Assim passam de fibras macias a duros ossos. Há em torno de 28 diferentes tipos de colágeno, dos quais quatro são mais frequentes. E eles tem interessantes características mecânicas: eles são levemente elásticos, porém muito duros - sua resistência à tracão é maior do que a do aço! (Imagem - página 19) Fibras de colágeno sob o MEV - microscópio eletrônico de varredura. - Elastina Elastina é a segunda proteína estrutural encontrada nos tecidos fasciais. Seu nome já sugere sua mais importante característica: é elástica, podendo portanto esticar e voltar a encolher para sua antiga forma, como uma borracha. Na tração, pode se esticar até mais do dobro de seu comprimento, antes de - por sobrecarga - finalmente romper. A dutilidade é importante para as partes do corpo, por conta do esforço mecânico exigido ou quando é preciso que sua forma seja modificada, por exemplo, a bexiga, que alternadamente se enche e se evazia. Graças a elevada proporção de elastina ela pode, como uma bola de borracha, se esticar e se contrair novamente. Também a pele, que naturalmente é esticada pelos movimentos, contém elastina.
A surpreendente onipresença das fáscias no corpo corresponde a diferentes estruturas e funções. A grosso modo, os seguintes tipos de tecido podem ser distinguidos:
- Tecido conjuntivo frouxo, fribroso Neste tipo de tecido há não só bastante substância fundamental e líquido, como também células do tecido conjuntivo, fibras de colágeno e elastina. É ligado como uma rede suave de trama larga. Na barriga, o tecido conjuntivo frouxo preenche as lacunas em torno dos órgãos, protegendo, acolchoando e estabilizando-os, e tem funções muito importantes no metabolismo e no suprimento dos órgãos interno. O tecido conjuntivo frouxo permeia também nossa pele, nas camadas mais inferiores e está presente no folículo piloso, nas glândulas sebáceas e sudoríparas, nos vasos sanguineos, nas terminações nervosas e nos sensores de pressão, toque, movimento e temperatura. Típica do tecido conjuntivo frouxo é sua abundância de células do sistema imunológico e linfático, além do fato de que, assim como na pele, são encontradas em várias terminações nervosas, sensores de movimento, glândulas e outras células. Corresponde ao maior percentual de tecido conjuntivo no corpo todo. - Tecido conjuntivo elástico No tecido conjuntivo elástico há grande percentual de elastina. Esse tipo encontra-se nos órgãos, os quais precisam frequentemente se esticar, como a bexiga, a vesícula biliar, a aorta, os pulmões, bem como a hipoderme. - Tecido conjuntivo denso, em fibras paralelas Esse tecido com grande percentual de colágeno forma os tendões, os ligamentos, as cápsulas resistentes ao redor de órgãos como os rins ou o pericárdio e todas as finas camadas que cercam os músculos. As fibras são paralelas, alinhadas em uma direção, onde, por motivos anatômicos e físicos, ocorre com frequência maior tração. Elas resistem a fortes forças de tração devido à disposição paralela. - Tecido conjuntivo irregular Aqui há menos substância fundamental e por isso muitas fibras, sobretudo espessos agrupamentos de colágeno, em contraste há bem pouca elastina. Esse tecido forma as meninges e a derme. Esse tipo resiste a alta força de estiramento e tração. Suas fibras estão dispostas na direção de várias forças de tração, ao qual estão expostas. Podem ocorrer em várias direções de tração, por isso são chamadas, entre os profissionais, de “multidirecional”. Entre as fibras ficam características células esprimidas do tecido conjuntivo e o percentual de liquido é mínimo. - Tecido conjuntivo reticular Esse tipo de tecido conjuntivo consiste em um tipo de colágeno, que consegue formar fibras muito finas. É típico do tecido conjuntivo do baço, dos linfonodos, do timo, bem como de cicatrizes recentes. - Tecido conjuntivo especial
Tecido adiposo, cartilagem e a substância gelatinosa do cordão umbilical pertencem também ao tecido conjuntivo. O tecido adiposo contém menos substância fundamental e menos colágeno. Suas células especializadas são adipócitos, que acumulam água e gordura. Esses adipócitos são cercados de elastina. Adipócitos tem várias funções impressionantes no corpo. Acumulam energia, isolando contra o frio, secretam hormônios e semioquímicos, são também metabolicamente ativos, acolchoam órgãos e articulações, como os joelhos e os calcanhares ou em volta dos rins e formam partes do corpo como coxas, nádegas ou as mamas, nas mulheres O tecido conjuntivo: números e fatos
Os corte profundos dos cirurgiões Werner Klingler, com quem eu trabalho junto na Universidade de Ulm na pesquisa de fáscias, é um especialista em anestesia. Quase todos os dias ele está no centro cirurgico, que se assemelha a uma oficina de alta tecnologia, com endoscópios de alta intensidade e muitos monitores, pelos quais os médicos observam os procedimentos internos e podem operar. Por cirurgiões antigos ele sabe que antes nas intervenções internas, atuava-se com bravura e generosidade: em uma operação na cavidade abdominal, tal como na vesícula ou no ceco, para acessar os órgãos, faziam-se longos e profundos cortes. Então, o tecido conjuntivo ao redor do órgão era afastado, seccionado ou retirado. Isso acontecia em caso de necessidade - queria-se simplesmente chegar ao local, para lá conseguir trabalhar o melhor possível. Acreditava-se que o tecido de preenchimento era inexpressivo, dado a sua importância secundária. Também os órgãos ficavam livres para serem tratados, então a parede abdominal era suturada pelo cirurgião, que não raramente ficava orgulhoso por sua bela sutura externa. Os cirurgiões passaram a levar em conta que o sensível tecido interno fora destruído e que tinha causado cicatrizes e aderências, as quais prejudicariam permanentemente o órgão operado e seu suprimento - mas não havia nenhuma outra solução. Apenas gradualmente, com os avanços da tecnologia, mostrou-se que pequenas cicatrizes e o mínimo possível de lesão na cavidade abdominal, também quando esta afeta “somente” o tecido conjuntivo de preenchimento, era muito melhor para os pacientes: eles tinham menos dor, as feridas curavam mais rapidamente e havia menores danos indiretos e consequências. Isto era tão óbvio, que se desenvolveu um método, hoje chamado de cirurgia laparoscópica: operações com a ajuda de pequenas câmeras, instrumentos óticos e equipamentos de microcirurgia, os quais são usados por uma mínima abertura da pele e de corpo. Médicos descrevem essas intervenções como minimamente invasivas. Elas deixam para trás apenas cortes bem pequenos, inclusive nos tecidos internos. E muitos estudiosos confirmaram: quanto menos cortes houver no tecido conjuntivo, e quanto menos cicatrizes surgirem, melhor transcorre o processo de cicatrização, menos dor o paciente tem e mais rápido ele se recupera.
Apesar disso, os cirurgiões ainda não estão no final. Como se mostrou, intervenções minimamente invasivas deixam para trás pequenas cicatrizes na pele, esteticamente menos perturbadoras. Isto é atrativo para os pacientes, pois quem quer ter uma longa cicatriz na barriga? Mas isso também significa, que hoje, com cada vez mais frequência são desejados pontos de entrada discretos, que estejam distantes do local de operação. E dependendo da forma como o órgão alvo é acessado, no caminho até lá, as fáscias ainda são cortadas - às vezes até mais do que antes com o corte direto sobre o órgão. Pois num esforço, a possível penetração em locais discretos do corpo e em seguida trabalhar lá dentro, torna os caminhos, que o cirurgião toma com seu instrumento, até mesmo mais longo do que antes. O resultado: todas as camadas da fáscia agora são dissolvidas umas das outras por conta das longas distâncias, corte e lesões vão na direção horizontal pelo tecido conjuntivo. Antes o corte era vertical. Como parece, a nova abordagem é também, portanto, problemática. Ficou mais claro que, por isso, o tecido conjuntivo tem que ser operado o mais suavemente possível - mas como fazer isso da melhor forma? Para isso ainda não há uma receita patenteada. (Imagem - página 28) Cicatrizes visíveis na barriga hoje são evitadas. Potência máxima: as fáscias no sistema músculo-esquelético O tecido conjuntivo traz potência máxima mecânica e física no sistema músculoesquelético. Porque as fáscias também encolhem é que conseguimos nos mover: cada músculo, cada feixe de fibra e até mesmo cada fibra são envoltas por finas camadas fasciais. Esse envoltório transmite a força das fibras musculares, lubrifica os feixes de fibras musculares e permite que o músculo, no verdadeiro sentido da palavra, trabalhe sem fricção. Tendões - o tecido fascial mais firme - garantem a transferência de força para os ossos. Tendões e as bainhas dos tendões pertencem também a estrutural fascial do músculo. Pois cada músculo está ligado aos tendões com pontos de fixação óssea. Além disso, conecta longas interligações das unidades fasciais musculares de várias partes do corpo umas com as outras. Distâncias especificamente longas, dos pés, passando pelas costas ou pelos lados do corpo, até a cabeça. Um trabalho único: músculos e fáscias Músculos consistem em milhares de fibras, as quais estão agrupadas em feixes densos. Cada feixe é envolto or uma fina camada fascial. O todo está envolvido mais uma vez pela fáscia muscular externa, que asseguram que o músculo permanecerá sempre em sua forma. Abaixo dessa suave e superficial fáscia muscular externa, fica um aglomerado macio de tecido conjuntivo, que deixa as fibras musculares ficarem suaves na parede do invólucro externo.
Essa percepção interna abastece sobretudo as fáscias e o tecido conjuntivo ao redor dos órgãos - pois eles contem terminações nervosas, receptores e sensores, informações sobre a posição e localização espacial dos órgãos, sobre sua atividade e seus movimentos, sobre pressão e contato, sobre expansão e tensão, sobre a ação das articulações. As fáscias são, como visto, parte do cérebro e do sistema nervoso, controlando o movimento. Mas também a ligação dos sensores das fáscias ao sistema nervoso autônomo é interessante. Ela explica, por exemplo, porque o tratamento das fáscias através de massagem ou de manipulação especial surte efeito, que só pode ser explicado pelo sistema nervoso autônomo: a subjetiva sensação de peso ou leveza em uma parte do corpo, calor, a sensação de tensão no músculo, pressão baixa, aumento ou diminuição da frequência cardíaca ou movimentos peristálticos. Pois esses processos são regulados pelo sistema nervoso autônomo. Como parece, a manipulação manual, como a massagem, alcança os sensores de movimento nas fáscias, sobretudo os receptores intersticiais e os de Ruffini. Este mandam sinais para medula espinhal que altera a tensão muscular ou o estado de tensão dos vasos sanguíneos. As fáscias e os sinais que elas enviam ao sistema nervoso e ao cérebro, estão, portanto, por trás de fenômenos, que fisioterapeutas e médicos há tempos conhecem, mas cuja origem e modo de ação eles não compreendiam exatamente. A importância das fáscias
descoberta” das fáscias naturalmente se aprofundou em comparação ao início do século XX. Nomearei alguns poucos resultados e descobertas de colegas nos últimos anos:
poderia isso, que chamamos de consciência, ser dependente da sensação corporal, da percepção e do processamento dos numerosos sinais advindos das nossas fáscias. Doenças mentais como a depressão, transtorno da ansiedade e outras já são explicadas hoje como distúrbios da interocepção. Os sinais neurofisiológico dos interoceptores nas fáscias são responsáveis por isso. O tecido conjuntivo sub-cutâneo humano tem um sistema de percepção particular para toques que significam afeição: contato com a pele, carícia, calor corporal. Esse sistema é ligado igualmente ao cérebro, novamente com a região insular, o centro da consciência, da autoconfiança, da empatia, emoções e habilidades sociais. Agora eu me entusiasmei o suficiente sobre a importância das fáscias? Isso me impressiona tanto que eu dificilmente consigo emergir de volta desse mundo fascinante. Isso é também devido aos muitos colegas engajados e inspirados de todo o mundo, com os quais trocamos informações no ano passado com essa finalidade. E com quem, juntos, trabalhamos na nova imagem interligada do corpo. O otimismo característico desse campo (de pesquisa) tem, de fato, algo contagioso - e eu admito que me faz feliz. Naquela época, por volta do ano 2000, quando eu procurei contato com cientistas, estive diante de muitas portas fechadas e tive que esperar longamente por uma reunião ou uma conversa, se houvesse. Hoje esses mesmos pesquisadores ligam para mim e para meus colegas de pesquisa das fáscias. (Imagem - página 45) Corte transversal da pela com camadas de fáscia - fáscias superficiais e profundas. glândula sudorípara (Schweißdrüse), músculo (Muskel), fibras curtas de colágeno, fibroblastos, gordura (Kurze kollagene Fasern, Fibroblasten, Fett), camada superficial de fáscia (Oberflächliche Faszienschicht), fibras de colágeno profundas (Tief liegende Kollagenfasern), água, ligada em ácido hialurônico (Wasser, gebunden in Hyaluronsäure), camada superior da fáscia muscular, epimísio(Oberste Schicht der Muskelfaszie, Epimysium), pelo (Haare), glândula sebácea (Talgdrüse), epiderme (Epidermis), terminações nervosas (Nervenendigungen), derme (Dermis), nervo (Nerv), hipoderme (Hypodermis), vasos sanguíneos (Blutgefäße). (página 34) Ian Waterman - o homem sem sensação corporal Há raros distúrbios nervosos em que a propriocepção é perdida. Tais pacientes - há apenas poucos deles no mundo - não ficam paralisados, embora eles não consigam se movimentar normalmente, porque eles perderam seu sexto sentido, o sentido do movimento. As infecções virais são a causa disso, por levar a uma falsa reação do sistema imunológico, que destroi precisamente nervos, os quais informam ao cérebro o que músculos, tendões, ligamentos e articulações fazem. Assim, falta a sensação para o movimento dentro do corpo, que normalmente seria processada no cérebro de forma constante e involuntaria. A sensação de dor, frio e calor permanece intácta. Também os neurônios motores não são afetados, assim, em princípio o movimento é possível: os músculos podem ser acionados. Os pacientes podem, por exemplo, tensionar os músculos na cadeira de rodas, mas não levantar sozinhos ou andar. A é uma perda do sentido do movimento, que é transmitida através das terminações nervosas nas fáscias. Também somente com base nessa doença os neurologistas puderam avaliar qual significado tem de fato esse “sexto sentido” para o controle involuntário do movimento. O britânico Ian Waterman luta contra sua doença: ele quer treinar o movimento voluntário - e funciona, embora com grande esforço. Cada movimento tem que ser controlado por ele, em vez de acontecer involuntariamente. Isso por conta da visão. Se Waterman estivesse em um cômodo iluminado e as luzes fosse apagadas, ele cairia no chão,
Na sequência ela desenvolveu, a partir de 1938, junto com Hede Teirich-Leube seu método de massagem no tecido conjuntivo. As duas mulheres eram fisioterapeutas e entenderam que o tecido conjuntivo é um órgão com uma ligação com o sistema nervoso autônomo e somático. A hipótese delas era baseada nas constatações neurológicas sobre áreas sensíveis da pele, que o neurologista inglês Henry Head havia descrito. A nova massagem estimulava essas áreas, levando a reações involuntárias como relaxamento, diminuição da pressão sanguínea e da frequência cardíaca. Também nos órgãos internos o tratamento funcionava e as dores eram aliviadas. Elisabeth Dicke, em si, não experimentou o sucesso de seu método: após sua morte, a massagem no tecido conjuntivo foi reconhecida clinicamente e confirmada neurológica e fisiológicamente. Hede Teirich-Leube recebeu a cruz de mérito federal por seus serviços em 1968 e faleceu em 1979. (página 40) Ida Rolf, fundadora do Rolfing e da integração estrutural Ida P. Rolf (1896 - 1979) fez faculdade de bioquímica e foi, em 1920, uma das primeiras mulheres nos Estados Unidos a ser doutoranda nesse assunto. Ela trabalhou como cientista no Instituto Rockefeller, onde eram analisadas doenças infecciosas e ameaças à saúde pública, vindo a se tornar um centro para estudos clínicos. Ali, ela lidou intensivamente com química e matemática médica, mas também com naturopatia, dentre eles a quiropraxia, a osteopatia e a homeopatia. Em estudos próprios de tratamento, com familiares e amigos, ela desenvolveu sua terapia manual, chamada de integração estrutural ou Rolfing, que atribuía ao tecido conjuntivo, em vez aos músculos e ossos, o papel principal nas dores, nos maus posicionamentos e nas tensões. Por isso, Ida Rolf estava convencida de que o tecido conjuntivo e toda a estática do corpo são afetados através do tratamento manual. Ela presumia isso dos fatores mecânicos, pois ela entendia o tecido conjuntivo como tecido plástico, colagénico e queria afetá-lo através de pressão sobretudo por suas características físicas. Já em 1971, ela considerava o corpo uma rede de fáscias. Mas ela acreditava também nos efeitos físicos da sua estimulação manual: assim, após uma série bem sucedida de Rolfing, não só a postura errada, como também angústias, baixa autoestima e depressão deveriam desaparecer. Ida P. Rolf é considerada uma das pioneiras no tratamento das fáscias e o Rolfing é um método mundialmente difundido. Pesquisadores e terapeutas dessa área estão entre os principais especialistas de fáscias, como os médicos de reabilitação e rolfistas Thomas Findley ou Thomas Myers, que elaborou o sistema de meridianos miofasciais. (página 43) Andrew Taylor Still, fundador do conceito da osteopatia Andrew Taylor Still (1828 - 1917) era médico militar e curador natural nos Estados Unidos sem formação profissional formal. Ele aprendeu com seu pai, que era médico, os princípios da medicina e concluiu alguns cursos em institutos. Não era formado em um cursos superior regular. Em seu consultório médico ele trabalhava principalmente com métodos naturopatas, como ventosas, sangria,
terapias com sanguessugas e dietas. Mas ele era também receptivo às correntes esotéricas, como frenologia, mesmerismo e espiritualismo. A partir de 1870, ele se devotou aos métodos manuais e empreendeu por conta própria estudos anatômicos. Assim, ele descobriu que trabalhos com suas mãos ajudariam os pacientes. Em doenças específicas, Still encontrou pontos duros na musculatura ou na pele, os quais poderiam ser afetados por pressão e massagem, parte deles só pelo toque das mãos. Assim, ele desenvolveu os princípios de seu ensino em torno da autocura do organismo, que era, através do toque, ativada, bem como da importância fundamental do movimento para o corpo humano. Ele e sua família fundaram, no Kansas, em 1892, uma escola própria para ensinar o método de tratamento, que o próprio Still nomeou “osteopatia”. Como um dos primeiros, Still ressaltou que as fáscias são abastecidas com nervos e são consideradas como órgão dos sentidos. Em parte, suas ideias intuitivas sobre as fáscias como elemento de regulação corporal e do sistema nervoso autonomo foram hoje confirmadas. A doença comum dor nas costas - e novas perspectivas As causas para a dor nas costas crônica, uma doença comum e um dos mais frequentes motivos de incapacidade e aposentadoria precoce, ainda não puderam ser suficientemente esclarecidas até agora. Os suspeitos comuns são discos invertebrais, vértebra, nervos ou músculos fracos e forçados incorretamente. Mas a maioria das operações nos discos invertebrais e nas vértebras não levam a uma melhora permanente. Por outro lado há muitas pessoas com visíveis danos nos discos invertebrais e nas vértebras, que não tem qualquer desconforto. O treino muscular contra isso nem sempre ajuda - mesmo bons atletas treinados podem sofrer de dores nas costas. A pesquisa de fáscias lança agora uma nova luz no problema: primeiro, porque foi mostrado que as fáscias estão repletas de sensores de dor, especialmente nas costas. Depois, porque elas possuem células contráteis, que, como vimos, sob efeito de substâncias específicas se contraem. E exames em muitos pacientes com dor nas costas mostraram que a fáscia lombar deles, também a grande fáscia inferior das costas, está claramente engrossada, toda a área ali está sensível à dor e os pacientes tem também um andar característico. Tudo sugere que interferências ou problemas na fáscia tóraco-lombar contribuem para a dor ou até mesmo que ela surge lá. Por isso, pequenos ferimentos ou rachaduras nas fáscias, que surgem através de carga incorreta e unilateral, tem possivelmente grande importância. Essas microlesões podem levar a inflamação nas fáscias e aos sinais falsos que vão das fáscias para os músculos. As subsequentes interferências no músculo levam a outras cãibras e ambas possivelmente à dor nas costas crônica. Portanto, agora é discutida a participação das fáscias na formação da dor. (sobre a imagem da página 46) Abaixo, em forma de cruz fica a dor. Causa: desconhecida. Estaria a solução do enigma nas fáscias?