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Sobre as avaliações das funções cognitivas
Tipologia: Trabalhos
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Não perca as partes importantes!
Avaliação Neuropsicológica e Funções Cognitivas Eliane Correa Miotto
A neuropsicologia é a área da psicologia e das neurociências que estuda as relações entre o sistema nervoso central, o funcionamento cognitivo e o comportamento. Suas principais atuações abrangem o diagnóstico complementar, e as intervenções clínicas são voltados para os diversos quadros patológicos decorrentes de alterações do sistema nervoso central, bem como pesquisa experimental e clínica na presença ou não de patologias, e área de ensino. Essa especialidade faz interface com as áreas da neurologia, psicologia, geriatria, pediatria, psiquiatria, fonoaudiologia, pedagogia, forense e, mais recentemente, com economia e marketing. No contexto clínico, os principais objetivos da avaliação neuropsicológica podem ser resumidos em:
Desde a descoberta, em 3000 a.C., do papiro de Edwin Smith com a descrição de casos de traumas cranianos no antigo Egito, diversos estudos sobre a cognição foram registrados ao longo da história. Em 1809, Gall propôs em sua doutrina, a frenologia, que a superfície do cérebro estava associada a diferentes órgãos cerebrais, cada órgão com uma função e traços de caráter. Em 1861, por meio de estudos anatômicos e clínicos, Paul Broca sugeriu que o hemisfério cerebral esquerdo estava relacionado com a linguagem, particularmente com a fala e a dominância manual. Broca denominou distúrbios nessa região cerebral de afasia motora. Embora o termo neuropsicologia tenha sido utilizado pela primeira vez em 1913 por William Osler em uma conferência nos EUA, e em seguida na obra de Donald Hebb em 1949, para muitos pesquisadores os estudos de Paul Broca marcaram o início desta especialidade. Em 1874, Carl Wernicke descreveu a associação entre lesão no giro temporal dominante e a afasia sensorial ou de compreensão. Também fez registro de outro quadro de afasia, a afasia de condução, na qual a lesão ocorre no fascículo arqueado que conecta as áreas de Broca e de Wernicke no hemisfério esquerdo, com compreensão e expressão razoavelmente preservadas no contexto de dificuldade de repetição de palavras ou frases e algumas parafasias. As pesquisas sobre a subdivisão e localização de centros específicos da linguagem formaram uma nova escola, a localizacionista. Diversos outros estudos foram publicados associando áreas cerebrais a determinadas funções cognitivas. Em 1849, John Harlow descreveu alterações de comportamento no caso Phineas Gage após lesão na área frontal. No século 20, Vygotsky e Luria propuseram uma abordagem alternativa à localizacionista, baseada em três princípios centrais das funções corticais: plasticidade; sistemas funcionais dinâmicos e perspectiva a partir da mente humana. Em 1950, por meio da teoria com base no processamento de informações, a psicologia cognitiva se propôs a estudar em indivíduos normais os processos cerebrais e cognitivos, entre os quais memória, linguagem, pensamento e funções perceptivas. No final da década de 1960, na Inglaterra, surge a neuropsicologia cognitiva, baseada em paradigmas de processamento de informações para a
neuropsicologia no Brasil. Atualmente, a área é reconhecida nos diversos Estados brasileiros e conta com a presença de grupos de pesquisa com formação sólida e diversos trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais.
Além do exame das funções cognitivas, a avaliação neuropsicológica deve abranger a investigação das alterações de humor, do comportamento e o impacto que isso gera nas atividades de vida diária por meio da anamnese ou entrevista clínica e escalas específicas. Essas etapas da avaliação neuropsicológica serão discutidas a seguir.
Entrevista clínica A avaliação neuropsicológica se inicia com a entrevista clínica. Por intermédio desta, é possível obter informações detalhadas sobre a história do quadro atual, alterações no plano cognitivo e comportamental, início, frequência e intensidade das alterações ou sintomas, bem como sobre o impacto nas AVDs, ocupacional, educacional, social e pessoal. Também é necessário obter informações sobre antecedentes pessoais e familiares, ou seja, história clínica pregressa dos pacientes e familiares, além de uso de substâncias como álcool, cigarro, drogas ilícitas e medicamentos, para que possíveis correlações possam ser realizadas com os resultados do exame neuropsicológico. Essas informações devem ser obtidas ou confirmadas por um familiar ou cuidador, principalmente em caso de pacientes com alterações de memória, linguagem, funcionamento intelectual, comportamento, possível doença degenerativa e em casos de crianças e adolescentes. É fundamental conhecer grau de escolaridade, tipo de escola frequentada (pública ou privada), nível cultural e social, ocupação prévia e atual, pois até a presente data são inexistentes os testes formais e padronizados que avaliem na população brasileira o funcionamento cognitivo pré-mórbido, ou seja, prévio a uma patologia. Esses dados possibilitam interpretar os resultados da avaliação de maneira mais fidedigna, pois fornecem informações a respeito do funcionamento pré-mórbido ou prévio. Por exemplo, em casos de queixa de
memória em sujeitos com pós-graduação e com profissões altamente demandantes do ponto de vista intelectual, o desempenho cognitivo dentro da faixa média em testes de memória pode sugerir alteração leve ou ineficiência no desempenho, na medida em que o esperado para esses sujeitos é um desempenho acima da faixa média na maioria das funções avaliadas. Em contrapartida, resultados na faixa média-inferior ou limítrofe obtidos em sujeitos com baixa ou ausência de escolaridade não indicam necessariamente presença de alteração cognitiva, sobretudo se as normas dos testes aplicados não incluem sujeitos com baixa escolaridade. Essas considerações são de extrema relevância, pois determinam e direcionam a interpretação dos resultados. Além disso, ressaltam a importância da criação de normas para o uso dos testes cognitivos na população brasileira abrangendo sujeitos com baixa e alta escolaridade. Antes do início da avaliação, também é necessário saber se o paciente está sob uso de medicamento que pode interferir nos resultados dos testes, se apresenta fadiga, insônia, deficiências motoras ou sensoriais, colaboração reduzida e agitação. Essas informações podem determinar se a avaliação deve ser agendada para uma nova ocasião ou a escolha de testes mais específicos e breves, não expondo o paciente a períodos prolongados de exame.
Humor Para a investigação do humor, deve-se complementar a entrevista clínica com o uso de escalas, por exemplo, as escalas de ansiedade e depressão de Beck3,4, a escala hospitalar de ansiedade de depressão5, a Structured Clinical Interview for DSM Disorders (SCID)6 – uma entrevista semiestruturada que possibilita o diagnóstico dos transtornos de humor pelo sistema DSM – e a escala de depressão geriátrica.7 Essas escalas são instrumentos úteis para a identificação da presença e grau de sintomas de depressão e ansiedade. Sabe- se que vários quadros neurológicos ou psiquiátricos estão associados ou podem ocasionar ou acentuar alterações de humor e de comportamento que, por sua vez, podem interferir no desempenho de testes cognitivos, em particular testes de atenção e memória episódica de evocação imediata e/ou tardia. Isso ocorre porque testes que demandam participação importante dos processos atencionais e executivos, por exemplo, estratégias eficientes para a evocação
quadros. Se o objetivo da avaliação é voltado para a intervenção, deve-se estender o espectro de investigação com um exame mais aprofundado de áreas, tais como do comportamento, da funcionalidade, das estratégias utilizadas para conviver com as alterações cognitivas, incapacidades e desvantagens.11 Para se atingir esse objetivo, além das investigações já descritas por meio da entrevista clínica, do humor e das AVDs, é necessário incluir avaliação ecológica e análise funcional do comportamento.12 Essas etapas da avaliação neuropsicológica serão descritas a seguir.
Instrumentos ecológicos Muitos dos testes cognitivos padronizados existentes são insensíveis ou incapazes de captar os problemas da vida diária dos pacientes. Por isso, sempre que possível, devem ser complementados tanto por instrumentos ecológicos, os quais têm maior interface com as atividades da vida real, quanto por escalas e inventários. Os principais instrumentos ecológicos utilizados na prática clínica, embora ainda não padronizados para a população brasileira, são:
alteração de comportamento, personalidade, motivação decorrentes de disfunção executiva e o Everyday Memory Questionnaire. Qualitativamente, é possível avaliar o desempenho de pacientes em tarefas cotidianas, como planejar e preparar uma refeição, receber e transmitir recados, e realizar tarefas múltiplas, como fazer compras. Em um estudo realizado em colaboração com o centro de reabilitação neuropsicológica Oliver Zangwill em Ely, Cambridge, pacientes com lesões crônicas adquiridas nas regiões frontais receberam uma intervenção voltada para as disfunções executivas e atencionais, denominada attention and problem solving (APS). Nesse estudo, todos os participantes foram avaliados na fase pré e pós- intervenção com instrumentos neuropsicológicos padronizados e tarefas ecológicas. Os efeitos benéficos da intervenção APS foram observados principalmente nas tarefas ecológicas. Entre elas, havia a tarefa de múltiplas incumbências, na qual foi solicitado aos participantes que realizassem, em uma rua próxima ao local da avaliação, dez atividades, que estavam redigidas em um cartão entregue ao paciente e incluíam: verificar o horário de funcionamento da farmácia; escrever o horário no papel; verificar o preço de um caderno universitário na papelaria; escrever o preço do caderno no papel; comprar um jornal na banca com até R$ 5,00; verificar preço de uma determinada revista; escrever o preço da revista no papel; devolver o troco à instrutora; devolver papel e lápis emprestados, e retornar ao ponto inicial em horário combinado. A realização bem-sucedida dessas tarefas em apenas 15 minutos dependia de um prévio planejamento e da inibição de comportamentos impulsivos ou irrelevantes, pois, caso o paciente executasse as tarefas na sequência em que estavam redigidas, transitaria pela rua retornando várias vezes aos mesmos pontos, o que o impossibilitaria de completar todas as atividades em 15 minutos (Figura 1.1). Na avaliação pré-intervenção, a maioria dos pacientes apresentou respostas impulsivas e não conseguiu finalizar com êxito a tarefa no período de 15 minutos. Após a intervenção APS, utilizando-se novas atividades na tarefa funcional, os pacientes demonstraram melhora do desempenho, maior eficiência e redução de comportamentos irrelevantes. Os resultados obtidos nessa tarefa ecológica corroboram estudos com outras populações de pacientes que
Testes psicométricos são instrumentos utilizados para comparação dos resultados obtidos com os de uma amostra representativa da população saudável. Testes que dispoem de normas satisfatórias abrangem o maior número de fatores que influenciam no desempenho, por exemplo, idade, escolaridade e gênero. Os resultados brutos obtidos por meio desses testes são convertidos em média e desvio-padrão ou nota ponderada ou T escore ou Z escore ou percentil, esse último indicando a porcentagem do grupo de referência que pontua na mesma faixa que o paciente (Tabela 1.1). Tais escores permitem classificar os resultados em diferentes faixas, desde deficitário até muito superior, e interpretar o desempenho do examinando em preservado, ou, em caso de não preservado, o grau do comprometimento cognitivo (leve, moderado ou grave). Considere um sujeito que tem funcionamento intelectual, história educacional e ocupacional compatíveis com a faixa média (percentil 25 a 74). Se esse sujeito apresentar resultados na faixa média-inferior em testes de memória (percentil 10 a 24), tal resultado pode indicar dificuldade leve, uma vez que se encontra uma faixa abaixo da média esperada para idade e escolaridade. Se os resultados estiverem na faixa limítrofe (percentil 5 a 9), podem indicar déficit moderado e na faixa deficitária (percentil < 0,1 a 4), um déficit grave. Em sujeitos com alta escolaridade e funcionamento cognitivo geral na faixa superior, resultados na faixa média em algum teste podem sugerir ineficiência, alteração ou declínio leve da função cognitiva avaliada. Os exemplos citados corroboram a importância de se considerar, na avaliação neuropsicológica, a comparação dos resultados de um paciente com a amostra normativa, assim como a comparação intrassujeito, ou seja, entre habilidades individuais. Embora os testes psicométricos padronizados sejam considerados os melhores instrumentos para quantificar o grau de comprometimento de uma função cognitiva como memória, é importante considerar aspectos qualitativos como a observação do comportamento durante o exame e o grau de engajamento do sujeito nas atividades propostas.
Tabela 1.1: Tabela de conversão de resultados de QI, T escore, nota ponderada para Z score, percentil e classificação.
CLASSIFICAÇÃO
145 > 80 > 19 > 3,0 > 99,9 Muito Superior 140 a 144 (^) 77 a 99 18 2,67 a 2,99 > 99 Muito Superior 133 a 139 (^) 73 a 76 17 2,20 a 2,66 99 Muito Superior 130 a 132 (^) 70 a 72 16 1,96 a 2,19 98 Muito Superior 128 a 129 (^69) 1,82 a 1,95 97 Superior 126 a 127 (^) 67 a 68 1,70 a 1,81 96 Superior 124 a 125 (^66 15) 1,60 a 1,69 95 Superior (^123) 1,52 a 1,59 94 Superior (^122 65) 1,44 a 1,51 93 Superior (^121 64) 1,38 a 1,43 92 Superior (^120 14) 1,32 a 1,37 91 Superior (^119 63) 1,26 a 1,31 90 Média Superior (^118 62) 1,16 a 1,20 88 Média Superior (^117) 1,11 a 1,15 87 Média Superior (^116 61) 1,06 a 1,10 86 Média Superior (^115 60 13) 0,98 a 1,01 84 Média Superior (^114 59) 0,90 a 0,93 82 Média Superior (^113) 0,86 a 0,89 81 Média Superior (^112 58) 0,79 a 0,82 79 Média Superior (^111) 0,73 a 0,75 77 Média Superior (^110 57 12) 0,66 a 0,69 75 Média Superior (^109 56) 0,60 a 0,62 73 Média (^108) 0,52 a 0,53 70 Média (^107) 0,46 a 0,48 68 Média (^106 54) 0,40 a 0,42 66 Média (^105 11) 0,32 a 0,34 63 Média (^104 53) 0,27 a 0,29 61 Média (^103 52) 0,19 a 0,21 58 Média (^102) 0,12 a 0,13 55 Média
QI T SCORE NOTA PONDERADA Z SCORE PERCENTIL
Administração de testes | Baterias fixas ou testes específicos A escolha entre baterias fixas ou testes específicos depende de vários fatores, como objetivo da avaliação, tempo disponível, local do exame e características do sujeito a ser avaliado, como idade e escolaridade. Em caso de indivíduos com baixa escolaridade ou tempo de avaliação limitado, a escolha de testes específicos pode ser a mais adequada. Nesse contexto, a seleção dos testes a serem administrados depende em grande parte da pergunta clínica ou do motivo do encaminhamento. Se, por exemplo, a pergunta é investigar o funcionamento cognitivo e o comportamento de portadores de quadros neurológicos a esclarecer, os testes selecionados devem abranger o maior número possível de funções cognitivas, levando-se em consideração a escolaridade e a idade do paciente. Em casos mais específicos, como traumatismo cranioencefálico (TCE), é importante incluir o exame da amnésia pós-traumática (APT) e alterações comportamentais. Se, por outro lado, o motivo do encaminhamento é avaliar a dificuldade de memória de um paciente com epilepsia decorrente de esclerose temporomesial esquerda, é desejável que um número maior de testes que avaliem as funções mnésticas e a linguagem sejam incluídos e, em tais casos, baterias fixas de memória podem ser úteis. É sempre recomendável avaliar o maior número de funções cognitivas para obter diversos parâmetros de comparações entre elas. Em um protocolo típico, sugere-se a aplicação de testes de funcionamento intelectual, memória a curto prazo, aprendizagem de novas informações, memória episódica de evocação imediata, tardia e de reconhecimento verbal e visuoespacial, memória semântica, operacional e prospectiva, linguagem de nomeação, expressão, compreensão, repetição, leitura, escrita, cálculo, funções visuoperceptivas e visuoespaciais, praxia construtiva, ideomotora e orofacial, funções executivas, atenção seletiva, alternada e sustentada. Esse protocolo deve ser complementado por escalas de humor e de AVDs, além da observação clínica. A Tabela 1.2 apresenta a descrição de alguns testes neuropsicológicos padronizados que podem ser utilizados na avaliação das funções cognitivas.
Avaliação das demências e comprometimento cognitivo leve Em sujeitos com suspeita de demência, algumas baterias fixas e escalas são de grande utilidade, assim como instrumentos de rastreio. Entre elas, destacam-se a dementia rating scale ou escala Mattis20, o consortium to establish a registry for Alzheimer’s disease (CERAD), a Alzheimer’s disease assessment scale-cognitive subscale (ADAS-Cog)21, a clinical dementia rating (CDR)22, o Miniexame do Estado Mental (MEEM)23, o Montreal Cognitive Assessment (MoCA)24 e o Addenbrooke’s Cognitive Examination-Revised (ACE-R).25 Para uma avaliação pormenorizada da memória, pode-se utilizar a bateria Wechsler Memory Scale – III (WMS-III)13 ou o Wild Range Assessment of Memory and Learning – III (WRAML).26 Esses instrumentos objetivam avaliar as funções mais comprometidas em casos de demências, tais como atenção, memória, linguagem, funções executivas, praxias, orientação temporoespacial, habilidades visuoespaciais. No entanto, o diagnóstico diferencial dos distintos quadros de demência deve levar em consideração a correlação entre história do quadro clínico, alterações cognitivas e comportamentais, funcionalidade, exames clínicos, laboratoriais e de imagem.
Funcionamento pré-mórbido A avaliação do funcionamento cognitivo pré-mórbido é fundamental, uma vez que permite determinar a presença de declínio ou déficits cognitivos atuais.27 Na grande maioria dos casos, não é possível obter resultados de avaliações neuropsicológicas antes da instalação de um quadro neurológico ou incidente gerador de lesão cerebral, por isso, faz-se necessário lançar mão de instrumentos ou informações que auxiliem na identificação desse funcionamento prévio. Nos países de língua inglesa, foram desenvolvidos testes de estimação do funcionamento intelectual pré-mórbido com base na capacidade de leitura de palavras regulares e irregulares que se apresenta preservada mesmo na presença de declínio cognitivo. Entre esses testes há o National Adult Reading Test28, baseado na leitura de palavras irregulares, e o Wechsler Test of Adult Reading (WTAR, Pearson).13 Há também testes de decisão lexical – como o Spot-the-Word Test13 – que têm a mesma proposta de obtenção do QI pré-
Memória semântica Vocabulário e Informação (WAIS-III), Pyramid and Palm Trees Test, Fluência Categórica (Animais) Memória implícita Figuras e Palavras Fragmentadas de Gollins Linguagem Boston Naming Test (Nomeação), Token Test (Compreensão), Discurso Espontâneo, Descrição de Cena do Boston Diagnostic Aphasia Examination Habilidades acadêmicas Teste de Desempenho Escolar* (Leitura, Escrita e Cálculo), Aritmética (WAIS-III e WISC-III), Prolec* Funções visuoperceptivas e visuoespaciais
Visual Object and Spatial Perception Battery – VOSP, CORVIST, Completar Figuras (WAIS- III), Hooper Praxias Cubos – WAIS-III (Praxia Construtiva), Desenho do Relógio e Cópia de Figuras (Praxia Construtiva), Imitação do Uso de Objetos (Praxia Ideomotora), Movimentos Orofaciais (Praxia Bucofacial) Funções executivas e atencionais
Wisconsin Card Sorting Test* (WCST – versões original e modificada Nelson), Estimação Cognitiva, Semelhanças e Arranjo de Figuras (WAIS-III), Hayling and Brixton Tests, Fluência Verbal Nominal (FAS) e Categórica (Animais), Provérbios, Behavioural
Assessment of the Dysexecutive Syndrome (BADS), Stroop Test, Trail Making Test, Color Trail, Symbol Digit, Códigos e Raciocínio Matricial (WAIS-III), AC, D2, TEALT, TEALDI, TEACO FF, Velocidade de Processamento (AMIPB), Test of Everyday Attention (TEA), NEPSY, Five Digit Test (FDT)* Investigação de demência MEEM, MOCA, Dementia Rating Scale ou Escala Mattis, Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD), Alzheimer’s Disease Assessment Scale (ADAS-Cog), Clinical Dementia Rating (CDR) e testes citados acima Humor SCID, Escalas Beck (ansiedade e depressão), HADS, Hamilton Scale, GDS A descrição dos testes citados na tabela pode ser encontrada no livro dos autores Strauss, Sherman e Spreen, 2006.^23 *Testes com padronização ou dados normativos para a população brasileira. Devido à ausência, até o momento, de testes padronizados de funcionamento pré-mórbido no Brasil, é necessário estimar esse funcionamento com base em pelo menos dois aspectos. O primeiro consiste em obter informações pertinentes à escolaridade, à ocupação e à profissão do paciente. O segundo envolve o melhor resultado obtido em um dos testes administrados como base para a estimação do funcionamento prévio. Pode-se também estimar esse funcionamento com base no desempenho de testes de inteligência cristalizada, por exemplo, o subteste Vocabulário ou Informação das Escalas Wechsler de Inteligência. Vale ressaltar que esses aspectos devem ser
subtestes Vocabulário, Informação e Compreensão das Escalas Wechsler. Mais recentemente, o modelo de inteligência de Carroll-Horn-Cattell29 abrange não apenas as habilidades cognitivas complexas como inteligência fluida, inteligência cristalizada, memória a curto e longo prazo, processamento de informações, como também fatores primários de funcionamento cognitivo, como escrita e tempo de reação. Essas teorias com base em análises fatoriais sustentam a multiplicidade dos fatores de inteligência e a relativa independência de tais fatores. Enfatizam a importância de avaliar a inteligência com instrumentos mais abrangentes das habilidades e funções cognitivas. As escalas Wechsler de Inteligência (WAIS-III, WAIS-IV, WASI, WISC-IV, WPPSI)13 são compostas por subtestes verbais e de execução (não verbais). Em adultos, no plano verbal do WAIS-III, são usados os seguintes subtestes:
No plano de execução (não verbal), são usados os subtestes a seguir: