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Capital Intelectual: Importância e Presença de Activos Intangíveis em Empresas Portuguesas, Notas de estudo de Contabilidade

Um estudo exploratório sobre a presença, inter-relacionamentos e importância de activos intangíveis, agrupados sob o conceito de capital intelectual, em empresas portuguesas. O trabalho investiga a postura destas empresas face ao capital intelectual, a posição de seus gestores na sua gestão e a relação existente entre os elementos constituintes do capital intelectual e a importância para o bom desempenho da organização. O documento destaca a importância do capital humano, relacional e estrutural para a criação de valor em empresas.

O que você vai aprender

  • Qual é a importância do capital intelectual para as empresas portuguesas?
  • Como os gestores de empresas portuguesas se posicionam face ao capital intelectual?
  • Qual é a relação entre o capital humano, relacional e estrutural em empresas?
  • Quais são os elementos que constituem o capital intelectual?
  • Como o capital intelectual contribui para o bom desempenho de empresas?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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usuário desconhecido 🇧🇷

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bg1
Ayala Calvo, J.C. y grupo de investigación FEDRA Conocimiento, innovación y emprendedores: Camino al futuro
822
CAPITAL INTELECTUAL
UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA – A REALIDADE PORTUGUESA
José Luís Pereira Martins, Instituto Politécnico de Leiria
RESUMO
Partindo da premissa de que o principal objectivo da empresa e de seus gestores consiste na maximização do
capital nela investido, acentua-se a preocupação com a criação de riqueza dentro da organização, procurando
continuamente incrementar e optimizar a criação de valor e também mensurá-la. A importância e participação
dos activos intangíveis dentro deste processo de criação de valor tem crescido ao longo dos anos.
Este trabalho apresenta um estudo exploratório realizado no âmbito de empresas portuguesas, com o objectivo de
investigar a presença, os inter-relacionamentos e a importância dos activos intangíveis, agrupados e estruturados
sob o conceito de capital intelectual, assim como algumas das decisões e atitudes dos gestores acerca destes
elementos que constituem o capital intelectual da organização.
Verificou-se que, de forma geral, o nível do capital humano e estrutural das empresas analisadas se encontra
aquém do necessário para um melhor desempenho destas, enquanto que seu capital relacional se encontra num
nível mais elevado e adequado.
PALAVRAS-CHAVE: Capital Intelectual, Activos Intangíveis, Capital Humano, Capital Estrutural, Capital
Relacional.
INTRODUÇÃO
O novo rumo da economia encontra-se fundamentado em conhecimento. O número de pessoas envolvidas em
processos de pesquisa, criando técnicas, materializando ideias, desenvolvendo novas oportunidades de negócios,
tende, cada vez mais, a superar o número de pessoas que se encontram a trabalhar directamente na produção
física. A mesma proporção ocorre em relação ao montante de recursos financeiros e de conhecimento investidos.
Isso tornará essencial que se realizem profundas modificações na estrutura e na administração das empresas para
que continuem competitivas.
Os últimos anos, período de gradativas mudanças na economia mundial, têm sido apontados por muitos
especialistas do assunto como o período de transição de uma sociedade industrial para uma sociedade do
conhecimento, pois aos demais recursos existentes, e até então valorizados e utilizados na produção – terra,
capital e trabalho, junta-se o conhecimento.
A aplicação do conhecimento nas organizações tem implicações no valor das mesmas, pois a materialização da
utilização deste recurso, acrescida das tecnologias disponíveis e utilizadas para actuar num ambiente globalizado,
produzem benefícios intangíveis que agregam valor às mesmas.
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CAPITAL INTELECTUAL

UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA – A REALIDADE PORTUGUESA

José Luís Pereira Martins, Instituto Politécnico de Leiria

RESUMO

Partindo da premissa de que o principal objectivo da empresa e de seus gestores consiste na maximização do capital nela investido, acentua-se a preocupação com a criação de riqueza dentro da organização, procurando continuamente incrementar e optimizar a criação de valor e também mensurá-la. A importância e participação dos activos intangíveis dentro deste processo de criação de valor tem crescido ao longo dos anos.

Este trabalho apresenta um estudo exploratório realizado no âmbito de empresas portuguesas, com o objectivo de investigar a presença, os inter-relacionamentos e a importância dos activos intangíveis, agrupados e estruturados sob o conceito de capital intelectual, assim como algumas das decisões e atitudes dos gestores acerca destes elementos que constituem o capital intelectual da organização.

Verificou-se que, de forma geral, o nível do capital humano e estrutural das empresas analisadas se encontra aquém do necessário para um melhor desempenho destas, enquanto que seu capital relacional se encontra num nível mais elevado e adequado.

PALAVRAS-CHAVE: Capital Intelectual, Activos Intangíveis, Capital Humano, Capital Estrutural, Capital Relacional.

INTRODUÇÃO

O novo rumo da economia encontra-se fundamentado em conhecimento. O número de pessoas envolvidas em processos de pesquisa, criando técnicas, materializando ideias, desenvolvendo novas oportunidades de negócios, tende, cada vez mais, a superar o número de pessoas que se encontram a trabalhar directamente na produção física. A mesma proporção ocorre em relação ao montante de recursos financeiros e de conhecimento investidos. Isso tornará essencial que se realizem profundas modificações na estrutura e na administração das empresas para que continuem competitivas.

Os últimos anos, período de gradativas mudanças na economia mundial, têm sido apontados por muitos especialistas do assunto como o período de transição de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento, pois aos demais recursos existentes, e até então valorizados e utilizados na produção – terra, capital e trabalho, junta-se o conhecimento.

A aplicação do conhecimento nas organizações tem implicações no valor das mesmas, pois a materialização da utilização deste recurso, acrescida das tecnologias disponíveis e utilizadas para actuar num ambiente globalizado, produzem benefícios intangíveis que agregam valor às mesmas.

A esse conjunto de benefícios intangíveis denominou-se capital intelectual^1. O aparecimento deste conceito conduz à necessidade de aplicação de novas estratégias, de uma nova filosofia de administração e de novas formas de avaliação do valor da empresa que contemplem este novo recurso.

Relativamente à contabilidade empresarial tradicional, considera-se que, inicialmente, um dos seus principais objectivos tenha sido o de apurar o resultado económico e financeiro de uma entidade, e ele continua forte até hoje. Entretanto, muito se tem comentado nos últimos tempos que os relatórios fornecidos pela contabilidade financeira não retratam certas realidades das empresas, visto que, por exemplo, o seu valor contabilístico está muitas vezes abaixo do seu valor de mercado, sugerindo, por vezes, uma falha da contabilidade em lidar com os novos valores da sociedade.

Para os profissionais da contabilidade, quer a designação, quer o tratamento contabilístico de determinados elementos intangíveis tem sido abordado unicamente como goodwill, tratando-se de goodwill adquirido. Neste elemento estará incluído, muitas vezes, o denominado capital intelectual.

Nos últimos anos têm surgido diversos estudos no sentido de justificar a necessidade de ampliar o conjunto de informação divulgada pelas empresas, por forma a ultrapassar o diferencial entre o valor contabilístico e o valor de mercado. Por exemplo, Pedro (2001), num estudo efectuado sobre as empresas cotadas na Bolsa de Valores de Lisboa no período de 1991 e 1999, mostrou que, como seria de esperar, a parte intangível do valor da empresa tem vindo a aumentar muito rapidamente, sendo actualmente mais do dobro do activo líquido total das empresas.

Estes estudos têm sido realizados, tendo como foco de discussão a crescente diferença entre o valor de mercado da entidade e seu valor contabilístico, e que esta diferença tem crescido em função da relevância assumida pelos activos intangíveis, em especial nas empresas de alta tecnologia.

Poderemos questionar-nos sobre se esta diferença entre o valor de mercado e o valor líquido contabilístico da empresa resulta, maioritariamente, da presença de activos intangíveis como o capital intelectual?

Se assim for, não se pode deixar de reconhecer a necessidade premente de mudanças e alguns ajustes nos sistemas e práticas contabilísticas para que essa nova realidade seja devidamente reconhecida e refletida nos registos, sendo necessário identificar e medir os activos não contabilizados actualmente para dar objectividade aos sistemas de informação empresariais, designadamente os contabilísticos.

OBJECTIVOS

Concretizando, pretendemos proporcionar uma discussão sobre a importância do capital intelectual nas organizações, e como tratar o desafio de identificá-lo, mensurá-lo e, portanto, evidenciá-lo nas demonstrações financeiras, destacado do conceito do goodwill.

(^1) Segundo Brooking (1996) o Capital Intelectual não é nada novo, pois já estava presente a partir do momento em que o primeiro vendedor estabeleceu uma boa relação com um cliente. Mais tarde chamou-se goodwill. O que tem ocorrido no decurso das últimas décadas é uma explosão em determinadas áreas técnicas chave, incluindo as tecnologias de informação e as comunicações, que nos tem proporcionado novas ferramentas com as quais temos construído uma economia global. Muitas destas ferramentas agregam benefícios intangíveis que agora se destacam, mas que antes não existiam, chegando a ponto da organização não poder funcionar sem elas. A propriedade de tais ferramentas proporciona vantagens competitivas e, por conseguinte constituem um activo.

intangíveis internos à empresa, que sustentam e viabilizam a realização das actividades operacionais; por fim, a estrutura externa está relacionada com os intangíveis externos à empresa, como sejam o relacionamento com os parceiros comerciais, além da imagem e reputação da empresa no mercado.

Por sua vez, Roos et al. (2001), estruturam o capital intelectual em capital humano, capital organizacional e capital relacional. O capital humano representa a capacidade intelectual e individual dos funcionários, a sua criatividade e experiência; o capital organizacional representa a estrutura interna da empresa, compreendendo processos, sistemas de informação, bases de dados, entre outros; e o capital relacional compreende as relações externas com os parceiros comerciais.

Para Edvinsson e Malone (1998), a melhor forma de compreender o capital intelectual é através de uma metáfora. Se considerarmos uma organização como um organismo vivo, por exemplo, uma árvore, então o que é apresentado nas demonstrações financeiras anuais e outros documentos, constitui o tronco, os galhos e as folhas. Presumir, porém, que essa é a árvore inteira, por representar tudo o que seja imediatamente visível, é certamente um erro. Metade dessa massa, ou o maior conteúdo dessa árvore, encontra-se abaixo da superfície, no conjunto das raízes.

Os mesmos autores referem ainda que, embora o sabor da fruta e a cor das folhas possam evidenciar a saúde daquele organismo no momento, conhecer o estado das raízes é uma forma muito mais eficiente de avaliar a saúde da árvore. De facto, se alguma doença começa a atingir a árvore nas raízes, alguns metros abaixo da superfície, tal acontecimento pode vir a matá-la, embora aparentemente goze de saúde naquele momento.

Este pequeno exemplo apresenta e justifica o interesse no estudo do capital intelectual. Trata-se então de estudar as raízes do valor de uma organização. Valor esse que, muitas vezes, se encontra oculto dentro da organização.

Os autores dividem os factores ocultos em dois grupos, a saber: Capital Humano: Composto pelo conhecimento, perícia, poder de inovação e habilidade dos empregados mais os valores, a cultura e a filosofia da empresa; Capital estrutural: Formado pelos equipamentos de informática, softwares, bases de dados, patentes, marcas registadas, relacionamento com os clientes e tudo o mais da capacidade organizacional que apoia a produtividade dos empregados.

Os autores observam que o relacionamento com os clientes, inserido no Capital Estrutural, pode ser desdobrado numa categoria separada como Capital Relacional, denotando maior importância deste item para o valor da empresa.

Analisando-se essas definições, verifica-se que existe uma diferença quanto à classificação utilizada, no entanto, quanto ao significado do Capital Intelectual e dos elementos que o compõem, os autores concordam.

Estes estudiosos defendem a tese de que o capital intelectual está contido no goodwill, e consideram que capital intelectual e goodwill são valores idênticos num determinado momento. Todavia, a visão contabilística do goodwill é temporal e limitada, enquanto a de capital intelectual é progressiva e encontra-se em constante renovação.

Capital Intelectual é então visto como material intelectual - conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência - que pode ser posto em utilização para criar riqueza.

Na estrutura proposta por Edvinsson e Malone (1998) e que se apresenta na figura 1, efectuamos a divisão do capital intelectual em capital humano, capital estrutural e capital relacional. Por sua vez, o capital estrutural subdivide-se em capital de inovação, capital organizacional e capital de processos. Capital Humano: São os empregados que geram grande parte do capital intelectual, através das suas competências, da sua atitude e da sua agilidade intelectual. As competências compreendem as suas capacidades e educação; a atitude engloba as componentes comportamentais desses mesmos funcionários na realização das suas tarefas e a agilidade intelectual será o elemento que funciona como motor impulsionador para o desenvolvimento de práticas inovadoras para solucionar os problemas.

Segundo Bontis et al. (2000) este capital humano representa o conhecimento individual que se pode encontrar dentro de uma organização, nas pessoas que aí trabalham.

Bontis (1998) descreve o capital humano como sendo a capacidade colectiva da empresa para extrair as melhores soluções do conhecimento detido pelo seu pessoal. Refere também que, infelizmente, com a saída do pessoal da empresa poder-se-á perder algum deste valor. Claro que, outros autores, poderão discordar, referindo que a saída de elementos da equipa inicial poderá ter a vantagem de introduzir novas ideias e perspectivas aquando da entrada de novos funcionários.

As empresas deverão então, para desenvolver o capital humano, apostar na formação contínua dos seus funcionários. Os mesmos autores chamam ainda a atenção para o facto de, embora a empresa possa criar valor a partir do capital humano, este pertence aos funcionários e não poderá ser propriedade da empresa. Assim, para que se possa criar valor a partir do capital humano existente na empresa, torna-se necessário, senão fundamental, a existência de determinados elementos, que constituem o capital estrutural da empresa.

Capital Estrutural: Segundo Edvinsson e Malone (1998), o capital estrutural compreende tudo aquilo que suporta e torna possível o desenvolvimento, alavancagem e aplicação do capital humano dentro da empresa.

O capital estrutural inclui, segundo Bontis et al. (2000), todas as bases de conhecimento ‘não humano’ que poderão incluir, nomeadamente, bases de dados, estrutura funcional, manual de procedimentos, estratégias, rotinas e quaisquer outros elementos cujo valor para a organização seja superior ao seu valor material. Relaciona-se, portanto, com os mecanismos e estruturas da organização que irão fornecer um suporte aos empregados das organizações na sua busca pela optimização do desempenho intelectual e, consequentemente, pela melhoria do desempenho geral da empresa.

Assim, se uma organização possuir sistemas e procedimentos pobres, sobre os quais é guiada a sua acção, o capital intelectual daí resultante não atingirá todo o seu potencial. E, será este conceito de capital estrutural que

Capital Intelectual

Capital Humano Capital Estrutural Capital Relacional

Capital de Inovação Organizacional Capital Capital de Processos

Figura 1 - Estrutura do Capital Intelectual Fonte: adaptado de Edvinsson e Malone (1998), p. 47.

OBJECTIVO: Sistema multidimensional de reconhecimento de activos intangíveis para suportar decisões da gestão. PONTOS CHAVE: O BSC apresenta quatro perspectivas: financeira, cliente, processo do negócio e de crescimento e aprendizagem. POPULAÇÃO ALVO: Generalizado para todas as organizações. ORIGEM: 1992 AUTOR: Robert Kaplan, Harvard e David Norton, Renaissance Strategy Group. INTANGIBLE ASSETS MONITOR OBJECTIVO: Sistema de mensuração e divulgação de CI que usa abordagem de recursos humanos e de sistemas de informação em detrimento de uma perspectiva financeira. PONTOS CHAVE: Activos intangíveis são constituídos por estrutura externa, estrutura interna e competências individuais. POPULAÇÃO ALVO: Organizações que pretendam transformar-se em organizações de conhecimento. ORIGEM: 1986 AUTOR: Karl-Erik Sveiby, Queensland, Austrália. TOBIN’S Q OBJECTIVO: Ajudar a compreender o valor dos investimentos da organização em tecnologia e capital humano. PONTOS CHAVE: Valor de mercado dividido pelo custo de reposição. POPULAÇÃO ALVO: Empresas cotadas, quando o valor de mercado possa ser facilmente determinado. ORIGEM: 1960’s AUTOR: James Tobin, Yale University, Nobel Prize in Economics in 1981. TECHNOLOGY BROKER OBJECTIVO: Ajudar as empresas a encontrar o valor escondido em activos intangíveis, e atribuir um valor económico a esses activos usando uma abordagem pelo custo, mercado ou rendimento. PONTOS CHAVE: O CI consiste em bens de mercado, humanos e infraestruturas. POPULAÇÃO ALVO: Empresas que necessitem de uma força de trabalho sofisticada, que se baseie mais em capacidades específicas e tecnologia do que em trabalho manual. ORIGEM: 1996 AUTOR: Annie Brooking, criadora e gestora do Technology Broker. MVA E EVA OBJECTIVO: Usa variáveis de ajustamento para adequadamente considerar todas as formas como a organização pode criar ou perder valor. PONTOS CHAVE: EVA é aumentado se o custo médio ponderado do capital for inferior que o Resultado Operacional Líquido após Impostos, e vice versa. POPULAÇÃO ALVO: Organizações com fins lucrativos. ORIGEM: 1980’s AUTOR: Stern Stewart and Co., New York. MODELO DE BONTIS OBJECTIVO: A partir das respostas obtidas no questionário, procura-se identificar os elementos que constituem o capital intelectual presente na empresa e a sua importância para o desempenho da mesma. Pretende estabelecer e comprovar um conjunto de correlações. PONTOS CHAVE: Os elementos do CI (capital humano, capital relacional e capital estrutural) estão correlacionados entre si e com o desempenho da empresa. POPULAÇÃO ALVO: Generalizado para todas as Empresas. ORIGEM: 1998

AUTOR: Nick Bontis IC-INDEX OBJECTIVO: Desenvolver e aplicar um índice sumário de medidas consolidadas de CI. PONTOS CHAVE: Combina indicadores semelhantes de CI por forma a determinar tendências. POPULAÇÃO ALVO: Generalizado para todas as organizações. ORIGEM: 1995 AUTOR: Göran Roos, Intellectual Capital Services, Ltd., London, UK. Quadro 1 - Sumário dos Modelos de mensuração do CI Fonte: adaptado de Bontis (2000), p. 40 a 42.

ANÁLISE EXPLORATÓRIA

Tendo por base a fundamentação teórica, apresentada anteriormente, pretende-se avaliar a posição actual das empresas portuguesas face ao reconhecimento do capital intelectual e suas componentes.

Seguindo essa linha de pensamento, foram estabelecidos vários objectivos para esta investigação empírica. Assim, pretendemos: evidenciar a presença do capital intelectual nas empresas portuguesas analisadas, através da identificação das suas componentes; investigar as correlações existentes entre as variáveis: capital humano, capital relacional, capital estrutural e desempenho organizacional; analisar até que ponto o capital intelectual (reportado aos seus três elementos) contribui para o sucesso e bom desempenho das organizações analisadas.

Da análise conceptual efectuada às propostas de Bontis (1998) e Bontis et al. (2000), conforme apresentado no capítulo anterior, constata-se que, a partir das respostas obtidas no questionário, conseguem identificar os elementos que constituem o capital intelectual presente na empresa e a sua importância para a mesma, estabelecendo e comprovando, também, um conjunto de correlações.

Pensamos que essas correlações são de facto importantes e poder-se-ão encontrar, também, na realidade empresarial portuguesa. Nesse sentido, definiram-se as seguintes hipóteses: H1: O Capital Humano (CH) está directa e positivamente relacionado com o Capital Relacional (CR). H2: O Capital Humano (CH) está directa e positivamente relacionado com o Capital Estrutural (CE). H3: O Capital Relacional (CR) está directa e positivamente relacionado com o Capital Estrutural (CE). H4: O Capital Humano (CH) está directa e positivamente relacionado com o Desempenho Empresarial (DE). H5: O Capital Relacional (CR) está directa e positivamente relacionado com o Desempenho Empresarial (DE). H6: O Capital Estrutural (CE) está directa e positivamente relacionado com o Desempenho Empresarial (DE). H7: Os representantes das organizações acreditam que uma eficiente gestão do capital intelectual é um factor determinante do bom desempenho das organizações e do futuro sucesso e competitividade das mesmas.

As hipóteses H1 a H3 referem-se às possíveis correlações existentes entre os principais elementos constituintes do capital intelectual (CH, CR e CE). Pretendemos verificar se tais correlações existem e qual a intensidade das mesmas. Estas correlações encontraram-se, e algumas com intensidade considerável, nos estudos levados a cabo por Bontis (1998) e Bontis et al. (2000).

As hipóteses H4 a H6 pretendem aferir sobre se é lícito considerar uma correlação directa e positiva entre os três elementos constituintes do capital intelectual e o desempenho da organização. Estas hipóteses resultam por um

De modo simplificado, o desenho da figura abaixo mostra a forma como as variáveis explicam o desempenho empresarial, bem como o valor dos seus respectivos parâmetros chamados de coeficientes beta numa análise de regressão linear multivariada. Por meio dos resultados verificados na figura, podem-se traçar alguns paralelos entre as descobertas da pesquisa quantitativa aplicada às empresas e os conceitos recolhidos na revisão de literatura. Assim, já tendo sido constatada a existência de padrões distintos de associação entre os elementos constituintes do capital intelectual e o desempenho empresarial, e também já identificado o grau de abrangência dessa influência, através da regressão linear múltipla, prossegue a investigação na procura de identificar a importância relativa entre as componentes do capital intelectual na explanação da variância do desempenho empresarial das empresas consideradas na pesquisa. Avançaremos então, tendo por objectivo estudar as correlações existentes entre as diferentes componentes do capital intelectual, concretizadas nas hipóteses H1 a H3, para a proposta de modelos alternativos, através da análise denominada por “path analysis”, ou seja, através do desenho de diagramas de caminho.

Para isto, é construído um modelo causal, e, fazendo-se uso da referida análise de caminho, tentar-se-á aprofundar ainda mais a compreensão sobre os aspectos da inter-relação entre as variáveis independentes e a forma como influenciam a variável dependente - desempenho empresarial.

De acordo com Pestana e Gageiro (2000) a denominada “path analysis” é uma técnica descritiva resultante da conjunção do método de regressão linear múltipla com a teoria causal. Assim, tal técnica consiste em descrever a estrutura total de ligações existentes entre as variáveis dependentes e independentes assim como em avaliar a sequência lógica do modelo estrutural, formalizado com base numa teoria causal.

Os mesmos autores referem que a técnica de regressão é usada para determinar a importância que cada variável tem nas outras que lhe sucedem na presumível ordem causal. As influências podem ser directas ou indirectas, consoante haja ou não uma variável de permeio. A técnica de regressão ir-nos-á permitir estimar a importância em cada uma das ligações

Modelo 1

(-1,312)^ -0,

(7,344)^ 0,

Humano^ Capital (1,753) 0,

Estrutural^ Capital

Relacional^ Capital

DesempenhoEmpresarial R^2 = 0,

Legenda: 1º nº : coeficiente Beta; t- values em parêntises;Not significant Significant at p < 0,005Significant at p < 0, Significant at p < 0,

Legenda: 1º nº : coeficiente Beta; t- values em parêntises;Not significant Significant at p < 0,005Significant at p < 0, Significant at p < 0, Figura 2 – Contribuição do Capital Humano, Capital Relacional e Capital Estrutural para o desempenho empresarial

Modelo 2-A

(1,753)^ 0,

(2,931)^ 0, (7,344)^ 0,

(3,253)^ 0,^348

Humano^ Capital

Estrutural^ Capital R^2 = 0,

Relacional^ Capital R^2 = 0,

DesempenhoEmpresarial R^2 = 0,

(5,070)^ 0,495 (^) (-1,312)-0,

Legenda: 1º nº : coeficiente Beta; t- values em parêntises; Not significant Significant at p < 0, Significant at p < 0, Significant at p < 0, Figura 3 – Contribuição do Capital Humano, Capital Relacional e Capital Estrutural para o desempenho empresarial

sugeridas, envolvendo normalmente várias equações de regressão. Iremos aplicar este procedimento para estudar dois modelos alternativos, baseados na teoria associada ao nosso estudo, representados nas figuras seguintes (Figuras 3 e 4). Os modelos causais analisados no trabalho visaram a identificação das influências directas e indirectas existentes entre as variáveis. No entanto, convém lembrar que um modelo causal é uma particularidade de um modelo de regressão, onde a premissa fundamental é a existência de um relacionamento causa e efeito entre as variáveis exógenas (independentes) e endógenas (dependentes). Com relação aos resultados obtidos da análise (cf. Quadro 2), especificamente sobre os efeitos do capital humano sobre o desempenho empresarial, pode-se extrair algumas conclusões interessantes, nomeadamente o facto de existir uma contribuição directa reduzida (0,167) e pouco significante, mas apresenta-se com uma contribuição relevante e significativa (0,448) quando analisada a sua influência total (directa e indirecta). De facto, será necessária uma boa estrutura organizacional por forma a tornar possível o desenvolvimento,

alavancagem e aplicação do capital humano da empresa. Por seu lado, o capital relacional é aquele que se apresenta como o maior impulsionador para o bom desempenho empresarial, apresentando uma influência directa muito significativa (0,693). O capital estrutural, embora apresentando um coeficiente negativo de contribuição directa para o desempenho empresarial, apresenta uma contribuição total positiva, mas a um nível pouco ou nada significante (Quadro 2). Será aqui o momento de chamar a atenção para o tipo de empresas analisadas, e que reflectem, de uma forma genérica, o tecido empresarial português, essencialmente composto por pequenas e médias empresas, onde a estrutura organizacional estará menos desenvolvida e terá maior dificuldade em contribuir para o bom desempenho. Do exposto anteriormente, pode-se concluir que a análise causal configura-se numa boa ferramenta de avaliação e análise, no que diz respeito aos efeitos que as variáveis ou os elementos constituintes do capital intelectual estão a produzir sobre o desempenho empresarial. Os resultados encontrados encontram-se ao nível dos esperados, na medida em que, por um lado, se aproximam dos obtidos por outros estudos realizados, nomeadamente Bontis (1998) e, por outro lado, vêem confirmar

Modelo 2-B

(1,753)^ 0, (2,931)^ 0,

(7,344)^ 0,

(5,174)^ 0,

(3,113)^ 0,

(-1,312)^ -0,

Humano^ Capital

Estrutural^ Capital R^2 = 0,

Relacional^ Capital R^2 = 0,

DesempenhoEmpresarial R^2 = 0,

Legenda: 1º nº : coeficiente Beta; t- values em parêntises;Not significant Significant at p < 0, Significant at p < 0, Significant at p < 0, Figura 4 – Contribuição do Capital Humano, Capital Relacional e Capital Estrutural para o desempenho empresarial

CR_MED CE_MED DE_MED CR_MED CE_MED DE_MED CR_MED CE_MED DE_MED Capital HumanoCapital Relacional 0,495 0,3480,313 0,1670,693 0,155 (^) -0,0390,281 0,495 0,5030,313 0,4480, Capital Estrutural -0,124 -0,

Direct Path Indirect Path Total Path

Modelo 2-A

CR_MED CE_MED DE_MED CR_MED CE_MED DE_MED CR_MED CE_MED DE_MED Capital HumanoCapital Relacional 0,495 0,503 0,1670,693 0,281 0,495 0,503 0,4480, Capital Estrutural 0,317 -0,124 0,22 0,317 0,

Modelo 2-B Direct Path Indirect Path Total Path

Quadro 2 – Resultados da análise de caminho (Path Analysis) do Modelo 2-A e 2-B

não se encontram evidencias de que nas empresas analisadas, o desempenho organizacional esteja a ser impulsionado por uma boa codificação do conhecimento organizacional.

A hipótese H7 pressupunha que os representantes das organizações acreditam que uma eficiente gestão do capital intelectual é um factor determinante da boa performance das organizações e do futuro sucesso e competitividade das mesmas. Esta hipótese é verificada pois, quando questionados sobre se actualmente os intangíveis (capital intelectual) eram um dos principais factores de êxito das empresas, a generalidade dos respondentes atribui um elevado grau de importância.

Existem, ainda, importantes implicações a retirar da análise dos modelos alternativos 2-A e 2-B abordados. O que tais modelos pretendem dizer nas suas diferentes especificações é que deverá existir uma constante interacção entre o capital humano, relacional e estrutural por forma a que a empresa possa alargar e desenvolver a sua base de conhecimento. Os resultados da path analisys efectuada, evidenciando o relacionamento total, directo e indirecto entre os referidos elementos.

De acordo com Bontis (1998), isoladamente o stock de conhecimento que reside nos funcionários se não for codificado em conhecimento organizacional, nunca irá afectar positivamente o desempenho empresarial.

Por outras palavras, o autor explica que não basta que a organização contrate como seus funcionários os mais inteligentes que consiga encontrar. A organização deverá suportar e promover que esses funcionários brilhantes partilhem o seu capital humano no processo de aprendizagem dentro da organização, caso contrário corre-se o risco que tal capital humano se torne obsoleto.

CONCLUSÕES

Normalmente, o sistema de informação contabilístico está baseado no passado e não vocacionado para o futuro. Para inverter esta situação, não podemos recear lidar e tratar o que é intangível.

O presente trabalho procurou evidenciar um pouco mais a verdadeira relação existente entre a contabilidade e o conceito do capital intelectual e, portanto, pode-se concluir, conforme demonstrado, que

  • a preocupação da contabilidade em identificar e mensurar os valores intangíveis de uma empresa não é recente;
  • os autores citados assumem a existência do capital intelectual há séculos, tendo como origem o goodwill;
  • goodwill e capital intelectual fazem parte do mesmo fenómeno, pois os factores que identificam a existência de um valor a mais numa organização, e que integram o capital intelectual, já faziam parte do goodwill, como pode ser verificado pelas classificações mencionadas e datadas da primeira metade do século passado, podendo ser justificada a inclusão de novos elementos pela evolução natural da sociedade;
  • o conceito de capital intelectual é uma tentativa de identificar e mensurar tais intangíveis que, enquanto não mensurados, resultam em parte do goodwill;
  • capital intelectual é um conceito que identifica e agrupa elementos intangíveis (de acordo com as classificações apresentadas) que antes pertenciam ao goodwill, considerando-se o goodwill como resultante da não aceitação pela contabilidade financeira de vários itens como componentes do activo, em virtude, principalmente, do princípio do custo como base de valor e das convenções da objectividade e do conservadorismo.

Dever-se-á então procurar, urgentemente, formas diferentes dos actuais procedimentos contabilísticos para reconhecer o verdadeiro valor de uma empresa. O capital intelectual não se enquadra nos modelos tradicionais. Para avaliar adequadamente as empresas, e especialmente emergentes na sociedade do conhecimento, é necessário repensar muitos princípios, conceitos e normas.

Através do levantamento realizado procurou-se também evidenciar a presença dos elementos do capital intelectual nas empresas - analisando-as de forma agrupada – e discutir as decisões e medidas tomadas pelos gestores com relação à gestão destes elementos. Para isto, identificou-se o nível da presença dos elementos do capital intelectual dentro das empresas e constatou-se que os elementos que formam o capital relacional são os que se encontram com maior intensidade dentro das empresas, enquanto que os elementos que formam o capital humano e o capital estrutural encontram-se num nível mais baixo, aquém do necessário para um bom desempenho de gestão e operacional destas empresas.

Nem sempre confirmando os resultados obtidos por estudos semelhantes (Bontis, 1998 e Bontis et al., 2000), constata-se um maior relevo do capital relacional, seguido do capital humano, não se encontram grandes evidências de que nas empresas analisadas, o desempenho organizacional esteja a ser impulsionado por uma boa codificação do conhecimento organizacional. Tais conclusões deverão ser enquadradas dentro da caracterização genérica do tecido empresarial português, constituído, essencialmente, por pequenas e médias empresas.

Portanto, através da análise às contribuições directas das componentes do capital intelectual para o desempenho empresarial, constata-se que as empresas possuem uma elevada qualidade de relacionamento com seus parceiros comerciais, marcado pelo alto nível de atendimento das suas necessidades e de satisfação destes e também marcado pela confiança e comprometimento. O nível do capital relacional mostrou-se, portanto, bastante elevado e bastante próximo daquele considerado desejado, dada a sua importância para o bom desempenho do negócio.

Ainda na análise do modelo inicial (Modelo 1), e relativamente ao capital estrutural, constatou-se que o nível desta componente se encontra num patamar baixo e bastante distante do nível desejado.

Por fim, o capital humano presente encontra-se ainda num nível não muito elevado e muitas vezes um pouco distante do nível desejado e até necessário, dada a importância das pessoas para o caminhar da empresa.

Aqui, pensamos que o desenvolvimento organizacional - capital estrutural - será a área a sentir maior desenvolvimento no futuro próximo. O mesmo entendimento é apontado por Sánchez et al. (2000), afirmando que a inovação organizacional assume agora, e cada vez mais no futuro, primordial importância, na medida em que as alterações nas práticas organizacionais, mais especificamente na gestão dos recursos humanos, são consideradas como pré-condições para a inovação e para, consequentemente, compreender e mensurar essa inovação de forma fidedigna.

Os mesmos autores consideram que gerir o conhecimento traduz-se, basicamente, na transformação do conhecimento individual (tácito), em conhecimento explícito, seleccionando o conhecimento que será útil para a empresa, e utilizá-lo para criação ou aumento de outros recursos intangíveis.

Discutiu-se ainda o inter-relacionamento dos elementos formadores do capital intelectual, procurando evidenciar como estes elementos se relacionam ou exercem influência entre si. Foram identificadas as principais relações entre estes elementos, o que, por sua vez, permitiu mostrar não só as influências entre os elementos do capital

STEWART, Thomas A. (1998), Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas, Rio de Janeiro. Editora Campus. SVEIBY, Karl-Erik (2000), Capital Intelectual – La nueva riqueza de las empresas, Gestion 2000, Maxima Éditeur, Paris. SVEIBY, Karl-Erik (1997), “The "Invisible" Balance Sheet”, http://www.sveiby.com/articles/EmergingStandard.html.