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Guias e Dicas
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Capitães da Areia: Um Romance sobre os Abandonados de Salvador, Esquemas de Topografia

Capitães da areia é um romance publicado em 1937 por jorge amado que narra a vida de um grupo de meninos abandonados que moram em um trapiche à beira do porto de salvador. O livro aborda a dura realidade que esses meninos enfrentam e a transformação de pedro bala, um dos personagens principais, em um líder político de esquerda. Além disso, o romance explora temas como a violência, a pobreza e a luta pela igualdade.

O que você vai aprender

  • Quais temas o romance aborda?
  • Quem são os Capitães da Areia?
  • Qual é a transformação de Pedro Bala no romance?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Roberto_880
Roberto_880 🇧🇷

4.6

(148)

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Folheto_Capitaes_Areia_N7 07.08.09 14:53 Página I
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Baixe Capitães da Areia: Um Romance sobre os Abandonados de Salvador e outras Esquemas em PDF para Topografia, somente na Docsity!

SOB A LUA, NUM VELHO

TRAPICHE ABANDONADO

Nota-se, nos onze capítulos que formam essa parte, a justaposição de ambientes e de fatos ligados à vida dos Capitães da Areia. Pode-se dizer que não há uma rígida sequência entre os capítulos, uma relação de subordi- nação. Eles formam um mosaico bem diversificado que

tanto caracteriza os adolescentes marginalizados como mostra suas ações na cidade de Salvador.

1. O TRAPICHE

Nesse capítulo, é descrito o armazém onde dormiam os Capitães da Areia. O local do sono e do refúgio era um trapiche abandonado, no meio do areal, com buracos no teto. Logo após a descrição do trapiche, é apresentado o

líder do grupo, Pedro Bala, jovem de quinze anos. Pedro Bala é loiro e tem uma cicatriz no rosto, fruto de uma briga com o antigo chefe dos Capitães da Areia, o caboclo Raimundo, que lhe dera uma navalhada. Na revanche, Pedro, que possuía uma agilidade espantosa, ganhou a luta e expulsou Raimundo do grupo.

2. NOITE DOS “CAPITÃES DA AREIA”

Nesse capítulo são apresentados os mais importantes integrantes dos Capitães da Areia. Inicialmente, o narrador apresenta João Grande que possui treze anos, é o mais alto, o mais forte, bom, o protetor dos menores, porém parvo. Engajara-se no grupo aos nove anos. Logo depois, é introduzida a personagem Professor, que gostava de roubar livros. Professor é o mais intelectual dos Capitães da Areia. Lia no trapiche, mesmo à luz de vela, e contava histórias para o grupo. Posteriormente, são apresentados Sem-Pernas, Pirulito, Gato, Boa-Vida e Volta Seca.

3. PONTO DAS PITANGUEIRAS

Pedro Bala, Gato e João Grande esperavam à noite, no Ponto das Pitangueiras, um homem que iria enco- mendar uma tarefa difícil. Mais tarde, sabem que esse trabalho era entrar sorrateiramente numa casa e trocar um embrulho cor-de-rosa por um outro idêntico, sem que isso fosse percebido. Pedro Bala concluiu corretamente que

essa tarefa estava ligada a “coisa de amigamento”, isto é, ao adultério da dona da casa.

4. AS LUZES DO CARROSSEL

O carrossel decadente, armado num bairro pobre de Salvador, encantou os Capitães da Areia. Nhozinho França, o dono do carrossel, tinha convidado inicialmente Volta Seca e Sem-Pernas para ajudá-lo no serviço. Posteriormente, Professor deu a ideia de que, quando o público, à noite, já tivesse ido embora, todo o grupo fosse andar nos cavalinhos do carrossel. Nesse capítulo, o momento em que os Capitães da Areia brincam no carrossel desperta-lhes uma sensação mágica, traz-lhes o lirismo de uma criança que se encanta com o brinquedo dum parque de diversão.

5. DOCAS

Ao andarem pelas docas, Boa-Vida e Pedro Bala encontraram Luísa e João de Adão, um dos doqueiros mais velhos, negro, fortíssimo, antigo grevista, temido e amado em toda a estiva. Pedro Bala ficou sabendo, naquele momento, por intermédio de Luísa e de João de Adão, ser filho de Raimundo, mais conhecido por Loiro, grevista morto a bala durante uma repressão policial nas docas. Pedro tinha quatro anos quando ficou órfão de pai. Luísa contou-lhe ainda que a mãe de Pedro era uma moça rica, que fugira para casar com Loiro. Ela morreu quando Pedro tinha seis meses. Ao voltar para o trapiche, Pedro Bala obrigou uma menina, de aproximadamente 15 anos que ele avistou no areal, a ter relação sexual.

6. AVENTURA DE OGUM

Don’Aninha, mãe de santo, amiga dos Capitães da Areia, pediu-lhes o favor de resgatar de uma delegacia a imagem de Ogum, São Jorge, que tinha sido apreendida pela polícia. Don’Aninha sempre tratava os Capitães da Areia com ervas medicinais, acolhia-os no terreiro, por isso Pedro Bala sentiu-se na obrigação de atender a esse pedido.

7. DEUS SORRI COMO UM NEGRINHO

O título desse capítulo remete tanto a um furto de uma imagem do menino Jesus, praticado por Pirulito, como a um bebê negro, abandonado, que foi levado tempora- riamente por João Grande aos Capitães da Areia. Pirulito, depois de muito hesitar, furtou de uma loja que vendia objetos religiosos a imagem de um menino Jesus de aspecto pobre, magro.

8. FAMÍLIA

Sem-Pernas, em frente a uma casa rica, habitada por um casal já idoso, disse à proprietária, Dona Ester, ser um

pobre órfão, faminto, sem lar que não pretendia tornar-se

ladrão. A dona da casa acolheu-o e pediu para a

empregada preparar o quarto, mostrar o banheiro e dar ao

garoto o roupão do filho já falecido, e uma boa refeição.

Esse tipo de atitude de Sem-Pernas, fingir que era um

garoto de boa índole abandonado, sempre ocorria quando

os Capitães da Areia queriam saquear uma casa burguesa.

Mas na casa da Dona Ester e do Doutor Raul estava sendo

diferente, pois o casal projetava em Sem-Pernas o amor que tinha pelo filho único falecido, Augusto. Essa transfe-

rência de sentimento deixou Sem-Pernas com medo, teve

receio de que a bondade do casal fizesse desaparecer o

ódio que nutria por todos. Pela primeira vez, a demora no

levantamento dos objetos de valor foi maior, mas Sem-

Pernas cumpriu, após certa hesitação, a tarefa dada pelos

Capitães da Areia.

9. MANHÃ COMO UM QUADRO

Nesse capítulo que capta pictoricamente as ruas e as

cores de Salvador, a descrição surge já logo no início.

Professor e Bala caminhavam pela cidade. Professor desenhou na calçada, como habitualmente fazia, um tran-

seunte que estava com uma piteira. O retratado ficou tão

satisfeito que deu ao desenhista um cartão, que o encaminhava para aulas de pintura, e a própria piteira.

Professor jogou o cartão fora, dizendo a Bala que o único

caminho existencial de um capitão da areia era viver como ladrão.

10. ALASTRIM

Alastrim é a epidemia de bexiga branca. O narrador afirma: “Omolu mandou a bexiga negra, a varíola, para a

cidade. Mas lá em cima os homens se vacinaram...”. É

bom lembrar da importância da topografia da cidade de

Salvador para o sentido do livro. Na cidade alta, moram as pessoas bem situadas economicamente. Já na cidade

baixa, ao nível do mar, moram os pobres, os Capitães da

Areia inclusive. A epidemia de varíola alastrou-se tanto na cidade alta como na cidade baixa. Almiro e Boa-Vida

contraíram a doença, e somente o primeiro não lhe resiste.

11. DESTINO

Esse é um capítulo bem curto que se passa no bar Porta do Mar. Gato, Professor, Boa-Vida e Pedro Bala esperavam Querido-de-Deus.Várias mortes causadas pela varíola foram comentadas pelos fregueses. Um velho disse para que todos ouvissem que o destino era imutável. Foi retrucado, primeiramente, por João de Adão: “Um dia a gente muda o destino dos pobres”, depois por Pedro Bala que reiterou parte da frase: “Um dia a gente muda...”

A NOITE DA GRANDE PAZ,

DA GRANDE PAZ DOS TEUS OLHOS

Os oito capítulos dessa parte narram principalmente os fatos relacionados a Dora, a única menina integrante dos Capitães da Areia. Já o título remete aos olhos da moça. O ingresso dela causa grande tensão. Após a aceita- ção, ela cumprirá o papel de mãe, de irmã do grupo e, finalmente, de noiva e esposa, in extremis , de Pedro Bala. Esses papéis são indicados já no título de cada capítulo.

1. FILHA DE BEXIGUENTO

Dora tinha entre 13 e 14 anos, cabelos muito loiros. Morava no morro. Era mulata, filha de bexiguentos, pois seu pai, Estêvão, morrera de varíola. Os então órfãos, Dora e seu irmão, Zé Fuinha, andavam pela rua, quando conheceram João Grande e Professor, que decidiram acolhê-los no trapiche, como novos integrantes do grupo. A chegada de Dora causou grande tensão, pois a maioria desejava-a sexualmente e estava disposta ao estupro. Bala chegou no momento crucial, quando o bando já partia para cima de Dora, e tomou, inicialmente, o partido dos que queriam o ato sexual. Mudou de opinião após a inter- venção de João Grande, que disse que Dora era apenas órfã de pais bexiguentos, não era prostituta.

2. DORA, MÃE

Dora ganhou com suas atitudes carinhosas, solidárias e valentes o respeito dos Capitães da Areia. Paulatina- mente, o grupo, com exceção de Pedro Bala e Professor, foi projetando na nova companheira a imagem de mãe.

3. DORA, IRMÃ, NOIVA

Dora ganhou a condição de irmã dos Capitães da Areia por vestir-se como eles, com roupa de homem, por participar dos assaltos e por ser tão valente como um

5. NOTÍCIAS DE JORNAL

Três notícias do Jornal da Tarde são reproduzidas,

intercalando-se, entre elas, o texto do narrador. A primeira

transcreve uma notícia publicada num jornal do Rio de Janeiro que comenta o sucesso da exposição de um pintor

baiano João José. Esse artista é o ex-capitão da areia

Professor. A segunda notícia relata que a polícia de Belmonte

não aceitou o malandro que a polícia de Ilhéus tinha

mandado para lá. Devolveu o estelionatário Gato para Ilhéus.

A terceira comenta os 35 assassínios cometidos por

um cangaceiro de dezesseis anos, o cruel Volta Seca.

6. COMPANHEIROS

Nesse capítulo, a ação de Pedro Bala e a dos Capitães da Areia têm motivação política. O estivador João de Adão

e um estudante, Alberto, foram ao trapiche. O estudante

disse-lhes que a greve dos operários dos bondes não podia ser furada, e se os grevistas fizessem piquete, impedindo

o trabalho dos que não queriam fazer a greve, dariam

margem para que a polícia interviesse, quebrando-se

assim o caráter pacífico e disciplinado do movimento. Isso ameaçaria a obtenção do aumento reivindicado. Era

necessário, então, que a violência fosse praticada por

quem não era grevista. Coube, portanto, aos Capitães da Areia o trabalho de impedir agressivamente os que

queriam pôr os bondes em movimento.

7. OS ATABAQUES RESSOAM COMO CLARINS

DE GUERRA

O estudante Alberto transformou os Capitães da Areia num grupo ativista de esquerda. Pedro Bala tornou-se

agente da revolução socialista. Foi organizar os Índios

Maloqueiros de Aracaju, para que eles também fizessem ações políticas, enquanto Alberto tutelava os Capitães da

Areia, que passariam a ter como chefe Barandão.

8. UMA PÁTRIA E UMA FAMÍLIA

Pedro Bala é notícia de jornais de partidos de esquer-

da, publicados clandestinamente. Não é mais tratado como o líder dos Capitães da Areia, é o “militante proletário, o

camarada Pedro Bala, que era perseguido pela polícia de

cinco estados como organizador de greves, como

organizador de partidos ilegais, como perigoso inimigo da ordem estabelecida”. Pedro Bala foi preso, mas conseguiu fugir. Após o término da narrativa, há duas notas. A primeira faz referência ao momento em que se conclui a feitura do livro: março de 1937. A segunda faz referência ao mo- mento da viagem de Jorge Amado para o México (junho de 1937). Após a imposição do Estado Novo, novembro de 1937, o livro será publicado, terá a primeira edição apreendida e exemplares queimados.

CONCLUSÃO

O narrador de Capitães da Areia é onisciente, emprega constantemente o discurso indireto livre e o monólogo interior. Embora seja de terceira pessoa, notam- se a parcialidade e a simpatia no tratamento que dispensa ao universo moral e social dos capitães da areia. O espaço em que se desenrola a narrativa é a cidade de Salvador, ressalvando-se que a ação passa-se no sertão apenas no momento em que Volta Seca viaja na rabada de um trem pela caatinga. As personagens Pedro Bala, Professor e Pirulito (que era muito violento antes de virar místico e, posteriormente, tornar-se o Frade Francisco) deixaram a condição existencial típica de um capitão da areia e foram lutar, cada um a sua maneira, por uma sociedade mais igualitária; não se enquadram ortodoxamente como personagens-tipo, por mais simples que sejam o conflito e a densidade psicológica, evoluíram para outra visão de mundo. Os personagens que podem ser chamados indubitavelmente de planos ou simples são Volta Seca, o que sempre odeia, Boa-Vida e Gato, os que sempre são malandros, João Grande, sempre forte, bom e pouco inteligente. Do princípio ao fim da narrativa, não houve uma nova visão de mundo que se desviasse da original nestes personagens, são, portanto, tipos, definem uma categoria, não têm uma individualidade. As personagens com pouca densidade psicológica, as personagens estereotipadas e a análise social simplista vão bem ao encontro da visão maniqueísta presente nessa obra em que a sociedade burguesa, sempre má, oprime as classes pobres, essencialmente boas. Na obra, a violência dos meninos dos Capitães da Areia decorre da problemática social, de famílias desestruturadas e da inépcia do Estado para lidar com a questão do menor abandonado. A ação do grupo, no final da obra, deixa de ser apenas a da delinquência e passa para a da transformação política da sociedade.

  1. Pode-se dizer, após a leitura de “ Cartas à Redação”, que a) a direção do jornal acatou as denúncias contra o reformatório e iniciou uma campanha para a destituição do diretor. b) a costureira Maria Ricardina, mãe de um interno, defende o diretor do Reformatório. c) a partir de uma notícia, relatando o assalto praticado pelos Capitães da Areia, a opinião de todas as cartas é a mesma: repressão total aos menores delinquentes, inclusive com castigos corporais. d) a carta do padre José Pedro corrobora as afirmações da carta de Maria Ricardina, mãe de um interno. e) O juiz de menores assume a responsabilidade pela delinquência juvenil.
  2. Faça um comentário sucinto sobre a função de Cartas à Redação na obra.

Leia o texto e responda às questões:

Um mês de Orfanato bastou para matar a alegria e a saúde de Dora. Nascera no morro, infância em correrias no morro. Depois a liberdade das ruas da cidade, a vida aventurosa dos Capitães da Areia. Não era uma flor de estufa. Amava o sol, a rua, a liberdade.

  1. A que parte do romance pertence esse fragmento?
  2. Pode-se dizer que a) a forma verbal “nascera” indica ação concomitante à expressa pela forma verbal “Amava”. b) a forma verbal “bastou” expressa ação anterior à indicada pela forma verbal “nascera” c) a forma verbal “nascera” tem valor temporal idêntico à forma verbal “tem nascido”. d) a forma verbal “nascera” indica ação temporal anterior à forma verbal “bastou”. e) a forma verbal “Amava” indica ação temporal posterior à expressa pela forma “nascera”.
  3. Qual o sentido da metáfora “flor de estufa”?

Exercícios

1) D

2) As matérias jornalísticas e a série de cartas pro- curam ligar o tema da obra, os menores delin- quentes e abandonados, à vida cotidiana, pre- sentificando nessa obra neorrealista o problema social. Além disso, mostram não só a diver gência insolúvel entre o grupo que representa o poder político-cultural e o que tem relação afetiva com os menores delinquentes como também mostram a parcialidade da imprensa, manipulada pelo poder vigente.

3) Esse fragmento pertence à parte intitulada Noite da Grande Paz, da Grande Paz dos Teus Olhos. Nesse segmento, a personagem Dora passa a integrar os Capitães da Areia e ganha grande destaque. A própria denominação dessa parte faz referência aos olhos de Dora. O trecho transcrito é o início do capítulo Orfanato.

4) D

5) Essa metáfora conota a repressão do orfanato, visto como a estufa que contém a vitalidade, a criatividade, o porvir da criança, metaforizados em flor.

6) Sim, porque ao lado da constatação da condição precária e marginal dos menores abandonados (“vestidos de farrapos, sujos, semiesfomeados”) não deixa de haver uma idealização dessa condição quando o narrador considera que esses seres são “os que totalmente amavam” a cidade, “os seus poetas”.

7) B

8) B

9) Barandão torna-se o novo chefe dos Capitães da Areia, já que Pedro Bala torna-se um ativista político de esquerda.

10) E

GABARITO

OBRAS DA FUVEST/UNICAMP – 2009

PORTUGUÊS

CAPITÃES DA AREIA