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são psicológica dos grupos baseada em uma tríade: estrutura psicossocial, processo de comunicação e ... teórica dos fenômenos vivenciados e devolvê-los ao.
Tipologia: Notas de estudo
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R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 jan/mar; 15(1):107-12. • p.
Munari DB, Padilha GC, Motta KAMB, Medeiros M
Denize Bouttelet Munari* Gessilda de Carvalho Padilha** Kátya Alexandrina Matos Barreto Motta *** Marcelo Medeiros ****
RESUMO:RESUMO: RESUMO:RESUMO:RESUMO: O conhecimento e domínio do trabalho grupal têm se tornado cada vez mais importantes para os profissionais da área de saúde, especialmente diante das diretrizes das políticas de saúde que privilegiam esse enfoque no cuidado humano. O objetivo deste artigo de revisão foi discutir a dimen- são psicológica dos grupos baseada em uma tríade: estrutura psicossocial, processo de comunicação e conteúdo. Esse exercício permitiu um olhar aprofundado para fenômenos que ocorrem no interior dos grupos humanos, de modo a identificar movimentos e indicadores para uma abordagem mais precisa do coordenador diante das necessidades das pessoas que compõem os grupos nos quais atuamos freqüentemente na atenção em saúde. Palavras-Chave:Palavras-Chave:Palavras-Chave:Palavras-Chave:Palavras-Chave: Estrutura de grupo; processo grupal; recurso humano em saúde; enfermagem.
ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT::::: The knowledge and dominium on group work is becoming more and more important to health professionals, especially in face of the health policy guidelines which privilege the focus on human care. The purpose of this review paper was to discuss the psychological dimension of groups based in a triad: psychosocial structure, communication process and content. This exercise allowed a deep look at the phenomena that occur inside human groups, in order to identify movements and directions for a more precise approach of the coordinator towards the group members’ needs, upon which we frequently act in health attention. Keywords:Keywords:Keywords:Keywords:Keywords: Group structure; group process; health human resources; nursing.
to do ser humano é incontestável e precede a pró- pria organização do homem na resolução de proble- mas como sua moradia ou como fazer fogo^1. O avan- ço desse conhecimento no século 21, designado como o advento da era da grupalidade^2 , tem ressalta- do o aspecto singular que o grupo ocupa no contex- to da sociedade moderna.
Nesse sentido, é indispensável que estejamos atentos a esse movimento, como forma de
potencializarmos nossas ações, haja vista a importân- cia da qualificação do profissional enfermeiro para o trabalho grupal, aspecto destacado no perfil desse pro- fissional nas Novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em Enfermagem^3. O avanço e aprimoramento dos pressupostos teórico-vivenciais sobre os grupos e a compreensão sobre o processo grupal potencializa a prática da enfermagem e, enquan- to ferramenta, oportuniza melhorias na gestão do de- sempenho do trabalho em enfermagem e em saúde4-7.
p.108 • R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 jan/mar; 15(1):107-12.
Abordagem psicológica dos grupos
O estudo da dinâmica de grupo, ou seja, dos fundamentos e movimentos do grupo humano, como técnica e ciência, pode viabilizar uma aplicação mais consistente dessa ferramenta em atividades educativas e assistenciais na busca pelo desenvolvi- mento de diversas competências dos participantes. Sejam estas com o conteúdo de caráter intra, inter, transpessoal, grupal ou organizacional é importante que seja ressaltada a importância do objeto de traba- lho da enfermagem na promoção da saúde e do bem- estar daqueles que são sujeitos do seu cuidado.
A participação do enfermeiro em atividades grupais, quer sejam assistencial ou gerencial, não pode mais ser concebida como uma escolha daqueles que se julgam pessoas cujo talento favorece esse tipo de atividade ou de que tem por motivação a busca do estudo desse fenômeno da vida humana. Na realida- de, a própria dinâmica do trabalho em enfermagem vem exigindo cada vez mais a inserção direta do en- fermeiro nesse tipo de atividade, além de ser tam- bém uma exigência de um movimento que ultrapas- sa nossas fronteiras e nos impõe a uma ação cada vez mais centrada no coletivo.
Na atualidade, o conhecimento sobre esse fe- nômeno tem se tornado uma ferramenta valiosa e imprescindível para profissionais de diversas áreas na busca por atingir objetivos, realizar tarefas, iden- tificar lideranças, obter coesão, resolver conflitos e tensões^8.
Na enfermagem brasileira, especificamente, o investimento no estudo dos grupos, seus movimen- tos e natureza ainda são restritos a aspectos técnicos e não processuais, embora seja evidente a importân- cia de melhor utilizarmos essa tecnologia na assis- tência, ensino e pesquisa 9. Assim, entender o grupo não apenas naquilo em que é objetivo, aparente e perceber o que permeia sua dimensão psicológica é fundamental para desenvolvermos competências para compreender a complexidade e a amplitude dos fe- nômenos intersubjetivos que florescem das interações nos grupos, assim como para potencializar nosso pa- pel como coordenador desses grupos.
Para Enriquez^10 , o coordenador de grupo repre- senta para cada participante um ideal imaginário daquilo que ele é, ou deseja ser, ou busca fazer. O coordenador ocupa o lugar que fomenta imagens de reconhecimento e identificação mútua, que perpe- tua os tabus e contribui para a construção e/ou trans- formação das atitudes coletivas. Nesse sentido, Andaló^8 alerta que a função do coordenador do gru- po, independente da sua formação e da finalidade da atividade, está muito além da simples aplicação
de uma técnica. Para a autora, a equipe de coorde- nação deve exercer papel de [...] interlocutora qualificada, na medida em que dispõe de conhecimentos específicos, que lhe permitem funcionar como desafiadora do grupo em direção ao seu crescimento e superação de seus impasses e dificuldade8:^. Portanto, quanto mais o enfermeiro, bem como os profissionais de saúde de modo geral, se apropria- rem de conhecimentos que garantam uma atuação mais competente no manejo dos grupos, mais esta- rão potencializando os benefícios do grupo no con- texto do trabalho em saúde. Assim, é objetivo deste artigo de revisão discu- tir alguns pressupostos da dimensão psicológica dos grupos conforme proposta por Maré^11 , articulado com outros estudiosos sobre o tema. Segundo esse autor, a abordagem psicológica do grupo deve ser baseada em uma tríade: estrutura psicossocial, processo de comu- nicação e conteúdo (ou padrão de significado), a qual nos possibilita um olhar aprofundado para fenôme- nos que ocorrem no interior dos grupos humanos. Esse movimento nos permite apreender aspectos fun- damentais não só para a compreensão do que se pas- sa nos grupos, mas nos oferece pistas de como inter- vir adequadamente para diminuir as áreas de confli- to e falhas na comunicação, bem como para otimizar as relações interpessoais.
preender todos os aspectos que interferem na sua di- nâmica. O exercício proposto no presente trabalho foi elaborado a partir da contribuição de Maré^11 , por meio de sua obra Perspectivas em Psicoterapia de Gru- po, que destaca a possibilidade de compreender os grupos em suas diversidades humanas a partir de qua- tro perspectivas: filosófica, antropológica, sociológi- ca e psicológica. No presente artigo, focamos a abor- dagem psicológica que, como já dito anteriormente, é desenhada a partir de uma tríade composta pela estrutura psicossocial, processo de comunicação e conteúdo ou padrão de significado. A gênese dessa tríade foi concebida a partir de elementos da filoso- fia e da teoria geral de sistemas que nos auxilia na compreensão dos fenômenos grupais. Com essa com- petência é possível identificar com mais exatidão as forças que gravitam no interior dos grupos, bem como potencializar os elementos positivos ou aperfeiçoar os negativos^11.
p.110 • R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 jan/mar; 15(1):107-12.
Abordagem psicológica dos grupos
derando o nível ainda incipiente das relações, é mis- ter o estabelecimento de um clima capaz de promover a interação emocional livre e espontânea, o que pode apontar ao coordenador pistas da sua relação com ele. Nessa fase é inevitável ao coordenador definir mais ou menos consciente, seu papel no grupo, o papel dos membros e o tipo de relação que deve- rá se desenvolver no grupo, assim como a tarefa do grupo 14:^. Para chegar a esse estágio grupal, é preciso que o coordenador possibilite o relaxamento das defesas no interior do grupo, que facilita a manifestação e a transposição dos papéis na dinâmica grupal. Ao fi- nal desse momento de estruturação do grupo, defini- do seu enfoque, os membros acabam por se entregar à tarefa de identificar, expor, formular, explorar, re- fletir e propor resolução sobre a problemática que os trouxe ao grupo, enquanto o coordenador intervém cada vez menos ao longo dos encontros 14.
A partir do estabelecimento dessa primeira eta- pa, o grupo passa a desenvolver a fase de processo que, segundo Maré^11 , é caracterizado pelo movimento dos sujeitos em direção à ação, interação, nos processos dinâmicos de comportamento ou relação e de comu- nicação, dos rituais, dos colóquios, das articulações e construção de correntes de diálogos interpessoais. É nesse ponto que as pessoas passam a se comunicar e corresponder, colocando em funcionamento o nível transpessoal de comunicação. Aqui o papel do coor- denador é ajudar o grupo a construir sua matriz, que, embora complexa, possibilita a socialização e a humanização, buscando sua individuação. É nesse ponto que as pessoas passam a se comunicar e a se corresponder, vivendo momentos de acasalamento, diante da indiferenciação de si e do grupo, gerando a perda da identidade individual, o elo emocional en- tre os membros do grupo torna-se inevitável10,11.
Maré^11 destaca ainda que esta fase promove particularidades das comunicações interpessoais que ocorrem no interior do grupo, pois elas ocorrem tan- to entre os participantes, como também entre os par- ticipantes e o coordenador, o que permite troca e feedback. O processo de comunicação deve fluir de forma transparente e sem ambigüidade para que os participantes consigam se ouvir e compartilhar seus afetos. A intercomunicação funciona como se fosse um detonador de outras manifestações que se desve- lam na dimensão transpessoal.
A essa cadeia de comunicações, Foulkes^19 cha- mou de associação de grupo cuja idéia é a de que o
grupo e o indivíduo tratam as questões presentes no contexto grupal de modo particular. Assim, [...] o que é consciente para um indivíduo pode não ser para todos os outros e vice-versa, o que é reprimido num pode ser manifestadamente obvio para os outros, etc. É precisamente essa transfe- rência de informação intrapessoal individual e da comunicação interpessoal para um diálogo transpessoal que constitui o potencial terapêutico da terapia de grupo 11:^. A ajuda do coordenador ao grupo nesse mo- mento é para tornar clara a comunicação presente, sendo essa sua grande contribuição ao grupo, pois este tem a responsabilidade de manter-se no papel de quem não pode e nem deve sentir-se compelido a manipular os outros seres humanos, pelo simples fato de que, nesse processo, o seu papel é o de se colocar na posição de mediador da busca das reais possibili- dades de mudança, cujas metas sejam desejadas e definidas pelos membros do grupo8,10,^.
A partir desse ponto, podemos dizer que toda comunicação presente no grupo deve ser considera- da pelo coordenador, o que pode ser caracterizado como conteúdo do grupo que é um fenômeno conti- nuamente mutável, composto por todo tipo de co- municação e acontecimentos que possam ser obser- vados. O conteúdo do grupo ou informação mostra a organização grupal chamada também de meta-es- trutura do grupo. É a expressão de tudo o que não é verbal, mas que se concretiza nas metas não declara- das do grupo, refletindo sobre os papéis dos mem- bros do grupo. É a rede transpessoal total da comu- nicação que é formulada pelas interações entre es- trutura e processo^11. O conteúdo reveste a estrutura do grupo [...] na medida em que contém acontecimentos passados, que foi comunicado da história do gru- po, tem extensões do seu passado, mas também se refere aos acontecimentos do presente e do futuro. É um microcosmo social, formando um pano de fundo mutável para as figuras de primei- ro plano das outras categorias da tríade. Podia ser comparada à ordem inversa de uma produção teatral, onde o pano de fundo (a matriz) deter- mina o palco (estrutura) e o placo determina o texto (o processo) 11:^. Mas como os processos de comunicabilidade e comunicante continuam, forma-se uma rede progres- siva e complexa que traz à tona significados até en- tão latentes que se tornam a história do grupo, cri- ando assim sua cultura através de códigos estabele- cidos que atuam sobre os papéis desenvolvidos de
R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 jan/mar; 15(1):107-12. • p.
Munari DB, Padilha GC, Motta KAMB, Medeiros M
cada membro do grupo. O fato mais importante é que isso pode sofrer uma progressão humanizante, socializante ou maturativa, mesmo que essa trans- formação passe por caminhos tortuosos.
A base operacional de todos os processos men- tais do grupo é estabelecida nessa rede de grupo onde “todos os processos têm lugar e assim podem ser defi- nidas por sua significação, sua extensão no tempo e no espaço e sua intensidade”11:192. Nesse contexto po- dem emergir fatores terapêuticos, dos quais o grupo escolhe para partilhar suas experiências, denomina- dos como: efeito compartilhante, socializante; rea- ção de espelho; ativação do inconsciente coletivo, efeito estimulante da situação de grupo e ainda ele- mentos de troca e informação. A comunicação as- sim permite associações de discussão livre desenvol- vida em sua total dimensão/extensão 11. Para Mailhiot 18 , a comunicação grupal deve ser aberta, espontânea, transparente e confiante. Só assim é possível que os participantes do grupo estabeleçam um diálogo psicológico autêntico um com o outro. Isso implica diminuir as distancias e barreiras, os ruí- dos e as resistências que são oriundas do convívio grupal. Na nossa compreensão, é, finalmente, esse movimento que condiciona o desenvolvimento da matriz do grupo como uma meta-estrutura.
Nesse sentido, a função do coordenador é en- tão de um catalisador, observador participante. Andaló^8 nos chama a atenção de que é importante, diante desse movimento do grupo, evitar o caráter ideológico da intervenção do coordenador que im- pele o grupo a segui-lo ou como imitá-lo. Na reali- dade, a sua função deve estar atrelada à elaboração teórica dos fenômenos vivenciados e devolvê-los ao grupo de forma a ampliar a sua compreensão.
são psicológica do grupo permite ao coordenador uma leitura mais consistente e aprofundada dos fe- nômenos presentes no seu interior, em particular na comunicação em todas as suas possibilidades. Em ver- dade, esse conhecimento serve ao profissional de saú- de que trabalha no contexto grupal como um guia para a identificação de forças pulsantes no grupo e de sua influência na dinâmica e produtividade na tarefa a que ele se destina.
Ao discutir a dimensão psicológica dos grupos ancoradas na contribuição de Maré^11 e articulada com outros teóricos, acreditamos que isso possibili- ta um diálogo que amplia nosso campo de visão so-
bre um tema tão importante no contexto do traba- lho em saúde hoje, embora pouco explorado pelos profissionais na prática. Independente da orientação teórico-técnica do coordenador, é fundamental que os profissionais se disponibilizem ao aprendizado do manejo grupal cada vez mais abastecidos de conhecimento técnico e interpessoal, de modo a prover as condições terapêu- ticas de deixar fluir o potencial do grupo humano. Em suma, o papel do coordenador de grupo perpassa por respeitar os valores, a cultura, as experi- ências de cada membro e ter preocupação legítima com as pessoas na dimensão socio-histórico-cultu- ral. Questões essas que refletem no grupo e que de- veriam constar do processo de aprendizado de todo profissional da área da saúde. A situação de grupo pode desenvolver efeitos surpreendentes no contexto social quando bem ori- entada e tratada com responsabilidade, podendo se constituir em uma “espécie de transferência arcaica coletiva, que é universal, visto que ocorre em todos os grupos, em qualquer lugar”11:^. Isso nos leva a redobrar esforços no sentido de compreender o nosso real papel de coordenadores de grupo no trabalho em saúde, pois, ao tomar consciên- cia dos movimentos presentes no interior dos grupos, mais nos distanciamos de saber tudo o que ele precisa. É exatamente essa tomada de consciência dos que se dedicam ao estudo dos grupos o que poderá tornar nossas ações mais efetivas e consistentes. Ao nos depararmos com esse fenômeno tão essencial no terceiro milênio, mais do que nunca é preciso estu- dar, compreender e aprender a trabalhar com gru- pos. Vale destacar: [...] aqui o preciso está tanto no sentido de ne- cessário quanto no sentido do verso pessoano – navegar é preciso –, ou seja, de algo que cada vez se faz com mais precisão e, menos empiricamente, na medida em que se sucedem os estudos e os aportes ao entendimento dos fe- nômenos grupais e, conseqüentemente, do seu manejo mais adequado 1: 9^. Esse conhecimento é fundamental ainda, para que o coordenador tenha noção dos caminhos que precisará trilhar para o alcance dos objetivos e me- tas, seja na assistência, educação ou na gestão de pessoas. Finalmente, ressaltamos que a percepção dessa complexidade permite ao profissional que tra- balha com esse instrumento entender que seu papel é, fundamentalmente, de catalisador das pulsões do grupo e não de ser seu dirigente que impõe idéias, limites e desejos.