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Guias e Dicas
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Campilobacteriose Genital Bovina em Rebanhos Leiteiros em Varginha, MG, Notas de aula de Doença Infecciosa

Um estudo sobre a prevalência de campilobacteriose genital bovina em nove propriedades leiteiras localizadas na microrregião de varginha, minas gerais, que apresentavam problemas reprodutivos. O diagnóstico foi realizado pela técnica de imunofluorescência direta, sendo que 25,5% das fêmeas examinadas foram identificadas como portadoras do agente causal da doença. O documento também discute as causas, sintomas e métodos de diagnóstico da campilobacteriose genital bovina, além de sugerir medidas de controle e erradicação da doença.

O que você vai aprender

  • Quais são as causas e sintomas da campilobacteriose genital bovina?
  • Quais são as medidas de controle e erradicação recomendadas para a campilobacteriose genital bovina?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.55, n.6, p.766-769, 2003
Comunicação
[Communication]
Campilobacteriose genital bovina em rebanhos leiteiros com problemas
reprodutivos da microrregião de Varginha – Minas Gerais
[Bovine genital campylobacteriosis in dairy herds with reproductive problems
of the microregion of Varginha, MG, Brazil]
A.P.R. Stynen1, A.O. Pellegrin2, C.B. Fóscolo1, J.F. Figueiredo1,
C. Canella Filho3, R.C. Leite1, A.P. Lage1*
1Laboratório de Bacteriologia Aplicada, Núcleo de Pesquisa em Saúde Animal
Departamento de Med. Vet. Preventiva da Escola de Veterinária da UFMG
Caixa Postal 567
30123-970 – Belo Horizonte, MG
2Embrapa Pantanal, Corumbá, MS
3Veterinário autônomo, Varginha, MG
Recebido para publicação em 28 de junho de 2001.
Recebido para publicação, após modificações, em 20 de janeiro de 2003.
*Autor para correspondência.
E-mail: alage@vet.ufmg.br
A campilobacteriose genital bovina é uma doença infecciosa de caráter venéreo, causada pelo
Campylobacter fetus subespécie venerealis. A doença é responsável por prejuízos econômicos na
bovinocultura por causar repetições de cio, morte embrionária e esterilidade enzoótica das fêmeas
infectadas (Dekeyser, 1984).
A infecção geralmente resulta em doença subclínica que, muitas vezes, passa desapercebida na maioria
das propriedades. Nas fêmeas, a doença caracteriza-se por infertilidade temporária como resultado de
cervicite, endometrite e salpingite (Stoessel, 1982). Nos machos, a infecção limita-se à cavidade prepucial
e não se observam anormalidades clínicas nos animais infectados (Dekeyser, 1984). Por serem portadores
assintomáticos, os touros são caracterizados como os grandes responsáveis pela difusão da doença no
rebanho (Garcia et al., 1983).
O diagnóstico da campilobacteriose genital bovina pode ser realizado pelas técnicas de
imunofluorescência direta (Mellick et al., 1965; Winter et al., 1965; Figueiredo et al., 2002), de
isolamento e identificação do agente (Leite, 1977; Stoessel, 1982), de aglutinação com muco cérvico-
vaginal (Eaglesome, Garcia, 1992), por testes imunoenzimáticos (Hum et al., 1991; Pellegrin, 2001) e por
PCR (Stynen, 2000). Até as décadas de 1960 e 1970 dois métodos para detecção do agente em touros e de
anticorpos específicos em fêmeas, respectivamente, eram bastante utilizados, a imunofluorescência direta
e a muco-aglutinação.
D’Ápice (1956) foi o primeiro pesquisador que isolou o então denominado “Vibrio fetus” de um feto
abortado, relatando a presença da “vibriose” no Brasil. A doença foi intensamente pesquisada até o final
da década de 1970 quando foram realizados vários trabalhos de levantamento epidemiológico em
rebanhos, utilizando inicialmente a técnica de muco-aglutinação em fêmeas. A partir da década de 1970,
os estudos no país ficaram restritos a alguns levantamentos epidemiológicos em fêmeas ou touros, nos
estados do Paraná, (Castro et al., 1971), Rio de Janeiro (Ramos, Guida, 1978; Jesus et al., 1999), São
Paulo (Genovez et al., 1986), Minas Gerais (Lage et al., 1997) e Mato Grosso do Sul (Pellegrin et al.,
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Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.55, n.6, p.766-769, 2003

Comunicação

[ Communication ]

Campilobacteriose genital bovina em rebanhos leiteiros com problemas

reprodutivos da microrregião de Varginha – Minas Gerais

[ Bovine genital campylobacteriosis in dairy herds with reproductive problems of the microregion of Varginha, MG, Brazil ]

A.P.R. Stynen^1 , A.O. Pellegrin^2 , C.B. Fóscolo^1 , J.F. Figueiredo^1 , C. Canella Filho^3 , R.C. Leite^1 , A.P. Lage^1 *

(^1) Laboratório de Bacteriologia Aplicada, Núcleo de Pesquisa em Saúde Animal Departamento de Med. Vet. Preventiva da Escola de Veterinária da UFMG Caixa Postal 567 30123-970 – Belo Horizonte, MG (^2) Embrapa Pantanal, Corumbá, MS (^3) Veterinário autônomo, Varginha, MG

Recebido para publicação em 28 de junho de 2001. Recebido para publicação, após modificações, em 20 de janeiro de 2003. *Autor para correspondência. E-mail: alage@vet.ufmg.br

A campilobacteriose genital bovina é uma doença infecciosa de caráter venéreo, causada pelo Campylobacter fetus subespécie venerealis. A doença é responsável por prejuízos econômicos na bovinocultura por causar repetições de cio, morte embrionária e esterilidade enzoótica das fêmeas infectadas (Dekeyser, 1984).

A infecção geralmente resulta em doença subclínica que, muitas vezes, passa desapercebida na maioria das propriedades. Nas fêmeas, a doença caracteriza-se por infertilidade temporária como resultado de cervicite, endometrite e salpingite (Stoessel, 1982). Nos machos, a infecção limita-se à cavidade prepucial e não se observam anormalidades clínicas nos animais infectados (Dekeyser, 1984). Por serem portadores assintomáticos, os touros são caracterizados como os grandes responsáveis pela difusão da doença no rebanho (Garcia et al., 1983).

O diagnóstico da campilobacteriose genital bovina pode ser realizado pelas técnicas de imunofluorescência direta (Mellick et al., 1965; Winter et al., 1965; Figueiredo et al., 2002), de isolamento e identificação do agente (Leite, 1977; Stoessel, 1982), de aglutinação com muco cérvico- vaginal (Eaglesome, Garcia, 1992), por testes imunoenzimáticos (Hum et al., 1991; Pellegrin, 2001) e por PCR (Stynen, 2000). Até as décadas de 1960 e 1970 dois métodos para detecção do agente em touros e de anticorpos específicos em fêmeas, respectivamente, eram bastante utilizados, a imunofluorescência direta e a muco-aglutinação.

D’Ápice (1956) foi o primeiro pesquisador que isolou o então denominado “ Vibrio fetus” de um feto abortado, relatando a presença da “vibriose” no Brasil. A doença foi intensamente pesquisada até o final da década de 1970 quando foram realizados vários trabalhos de levantamento epidemiológico em rebanhos, utilizando inicialmente a técnica de muco-aglutinação em fêmeas. A partir da década de 1970, os estudos no país ficaram restritos a alguns levantamentos epidemiológicos em fêmeas ou touros, nos estados do Paraná, (Castro et al., 1971), Rio de Janeiro (Ramos, Guida, 1978; Jesus et al., 1999), São Paulo (Genovez et al., 1986), Minas Gerais (Lage et al., 1997) e Mato Grosso do Sul (Pellegrin et al.,

Stynen et al.

1999). A freqüência de fêmeas portadoras da campilobacteriose genital bovina situa-se entre 8% (Castro et al., 1971) e 46,9% (Jesus et al.,1999) e a de touros infectados de 16,7% (Genovez et al.,1986) a 52,3% (Pellegrin et al.,1999). Apesar da importância da região de Varginha na produção leitera do Estado, os dados epidemiológicos sobre a campilobacteriose genital bovina na região são escassos e provenientes, principalmente, de amostragem por demanda (Lage et al., 1997) ou de informações pessoais de proprietários ou técnicos que atuam no município e regiões circunvizinhas.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a freqüência da campilobacteriose genital bovina em propriedades com problemas reprodutivos na microrregião de Varginha, Minas Gerais, pela técnica de imunofluorescência direta.

Entre os meses de janeiro e julho de 1998 foram estudadas nove propriedades situadas nos municípios de Carmo da Cachoeira, Três Corações, Três Pontas e Varginha da microrregião de Varginha, Minas Gerais. Os rebanhos, constituídos de animais leiteiros da raça Holandesa, apresentavam problemas reprodutivos, como elevadas taxas de retorno ao cio, abortos e aumento no intervalo entre os partos, comunicados pelos técnicos que assistiam às propriedades. Em duas propriedades adotava-se a monta natural e nas outras a inseminação artificial com repasse de touros após a segunda inseminação. Devido aos sinais clínicos apresentados pelos animais suspeitou-se de campilobacteriose genital bovina.

Amostras de muco cérvico-vaginal foram coletadas de 157 fêmeas em reprodução para diagnóstico pela técnica de imunofluorescência direta. A coleta de muco vaginal foi realizada segundo Fernandes e Gomes (1992). A reação de imunofluorescência direta foi realizada segundo metodologia descrita por Mellick et al. (1965), Winter et al. (1965) e Figueiredo et al. (2002).

Em todas as propriedades estudadas verificou-se a presença de C. fetus.

A freqüência (Tab.1) de animais positivos (25,5%) assemelha-se à da doença observada nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais por Jesus et al. (1999), que também amostraram rebanhos na mesma região do presente estudo.

Tabela 1. Freqüência de infecção por C. fetus em rebanhos leiteiros com problemas reprodutivos da Microrregião de Varginha, Minas Gerais, 1998

Manejo reprodutivo Rebanhosestudados Animaistestados infectadosAnimais Monta natural 2 26 7 (26,9%) Inseminação artificial com touro de repasse 7 131 33 (25,1%) Total 9 157 40 (25,5%)

O número de animais positivos à imunofluorescência direta foi menor que o esperado para rebanhos com campilobacteriose genital bovina. Esse quadro se deve provavelmente à imunidade das vacas, adquirida após três a cinco cios, e à variação no número de organismos presentes no muco vaginal (Winter, 1982), que é maior durante o estro, o que diminui a sensibilidade da imunofluorescência direta para diagnóstico de fêmeas portadoras, uma vez que nem todas as fêmeas coletadas encontravam-se nestas condições.

Segundo Garcia e Brooks (1993), a transmissão do C. fetus subsp. venerealis de touros infectados para fêmeas pode variar de 50% a 100% e a presença do elevado número de rebanhos positivos para o microrganismo está relacionada principalmente com o inadequado manejo reprodutivo. A monta natural é considerada um dos principais fatores de risco para difusão da campilobacteriose genital bovina nos rebanhos, principalmente quando se utilizam touros sem controle sanitário para a doença (Stoessel, 1982).

A inseminação artificial (IA) é considerada a mais eficiente prática de prevenção da campilobacteriose genital bovina (Stoessel, 1982). Países que a adotaram em larga escala já não mais registram casos da

Stynen et al.

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