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Papel do Professor nos Cadernos de Atividades da SEEDUC-RJ: Implicações, Notas de aula de Currículo

Uma análise dos cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada da secretaria de estado de educação do rio de janeiro (seeduc-rj), com ênfase no papel do professor na formação do aluno e na remuneração e benefícios oferecidos aos professores da rede estadual. O texto também discute a importância dos cadernos na ausência do professor e a relação entre o saerj e o caderno do professor.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Aquarela 🇧🇷

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE LETRAS
MESTRADO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM
CADERNOS DE ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM AUTORREGULADA:
uma análise discursiva sob a perspectiva da
semântica global
SHAYANE FRANÇA LOPES
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE LETRAS

MESTRADO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM

CADERNOS DE ATIVIDADES DE

APRENDIZAGEM AUTORREGULADA:

uma análise discursiva sob a perspectiva da

semântica global

SHAYANE FRANÇA LOPES

NITERÓI

SHAYANE FRANÇA LOPES

CADERNOS DE ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM AUTORREGULADA:

uma análise discursiva sob a perspectiva da semântica global

SHAYANE FRANÇA LOPES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense como quesito para a obtenção do Título de Mestre em Estudos de Linguagem (Linha 2: Teorias do Texto, do Discurso e da Interação) Orientadora: Profa. Dra. Luciana Maria Almeida de Freitas

NITERÓI

Shayane França Lopes

CADERNOS DE ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM AUTORREGULADA: uma análise discursiva sob a perspectiva da semântica global

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense como quesito para a obtenção do Título de Mestre em Estudos de Linguagem (Linha 2: Teorias do Texto, do Discurso e da Interação) Orientadora: Profa. Dra. Luciana Maria Almeida de Freitas

Aprovado em: _____________________________________________________________

Banca examinadora:


Profa. Dra. Luciana Maria Almeida de Freitas – Orientadora Universidade Federal Fluminense – UFF


Profa. Dra. Beatriz dos Santos Feres Universidade Federal Fluminense – UFF


Profa. Dra. Charlene Cidrini Ferreira Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET – RJ

Suplentes:


Dayala Paiva de Medeiros Vargens Universidade Federal Fluminense – UFF


Adriana Maria Almeida de Freitas Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ / Colégio Pedro II

Ao meu amado Helio. Ao nosso amado Bento.

RESUMO

LOPES, Shayane França. Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada: uma análise discursiva sob a perspectiva da semântica global. 2017. 158 f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem) – Faculdade de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017.

Esta dissertação visa a enfocar quais os efeitos produzidos por enunciados presentes nos Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada, material produzido pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ). Busca-se analisar enunciados que circulam nos Cadernos do professor, a partir de planos da semântica global, proposta teórica de D. Maingueneau (2008). Considerando que se trata de um trabalho discursivo, o conjunto de procedimentos utilizados para realizar esta investigação consistiu em traçar os objetivos da pesquisa com base no córpus escolhido e, a partir daí, estabeleceu-se por meio de quais categorias a análise seria feita. Toma-se a vertente de análise do discurso de base enunciativa, segundo Maingueneau (1996, 1997, 2000, 2006, 2008, 2010, 2011, 2015), como ponto de partida da investigação. De acordo com a perspectiva teórica adotada, o discurso se constitui como um sistema no qual a multiplicidade das suas dimensões o torna possível em termos de materialidade linguística. Os conceitos de gêneros do discurso e dialogismo, considerados importantes para este trabalho, foram buscados em Bakhtin (2011) e Volóshinov (2009); e também foram vistos em Maingueneau (2000, 2008, 2011, 2014, 2015). Para a análise, foi utilizada a noção de semântica global (MAINGUENEAU, 2008), especificamente dos planos do vocabulário, do enunciador e do coenunciador, da intertextualidade e do tema. Os resultados encontrados indicam que os Cadernos convergem na direção da prescrição e da autoridade flagradas no discurso do material produzido pela SEEDUC-RJ. A ação discursiva se manifesta em diferentes pontos do discurso, pela perspectiva dos planos da semântica global selecionados, já que a especificidade de um discurso se define por seu posicionamento discursivo. Os Cadernos se apresentam como material autossuficiente; e a SEEDUC-RJ assume o papel de autoridade e de detentora de controle. Espera-se que esta dissertação colabore para uma prática docente mais madura e consciente, apresentando uma maneira de compreender a forma como se constroem os Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada, possibilitando, assim, uma visão crítica acerca do discurso da SEEDUC-RJ.

Palavras-chave: Discurso. Material didático. SEEDUC-RJ. Semântica global.

RESUMEN

LOPES, Shayane França. Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada: uma análise discursiva sob a perspectiva da semântica global. 2017. 158 f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem) – Faculdade de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017.

Este investigación busca enfocar cuáles son los efectos producidos por enunciados presentes en los Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada, material producido por la Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ). Se busca analizar enunciados presentes en los Cadernos do professor, a partir de planes de semántica global, propuesta teórica de D. Maingueneau (2008). Teniendo en cuenta que este es un trabajo discursivo, el conjunto de procedimientos utilizados para llevar a cabo este estudio consistió en trazar los objetivos de la investigación en base al corpus y, entonces, se estableció a través de qué categorías se haría el análisis. Como punto de partida de la investigación, está la vertiente de análisis de discurso de base enunciativo, según Maingueneau (1996, 1997, 2000, 2006, 2008, 2010, 2011, 2015). De acuerdo con la perspectiva teórica adoptada, el discurso se constituye como un sistema en el que la multiplicidad de sus dimensiones lo hace posible en cuanto a la materialidad lingüística. Los conceptos de género del discurso y dialogismo, considerados importante para este trabajo, se buscó en Bakhtin (2011) y Volóshinov (2009) y, además, en Maingueneau (2000, 2008, 2011, 2014, 2015). Para el análisis, se utilizó la noción de semántica global (MAINGUENEAU, 2008), específicamente, los planes del vocabulario, del enunciador y del coenunciador, de la intertextualidad y del tema. Los resultados permitieron observar que los Cadernos convergen hacia la prescripción y la autoridad encontradas en el discurso del material producido por la SEEDUC-RJ. La acción discursiva se manifiesta en diferentes puntos del discurso, por la perspectiva de los planes de la semántica global, ya que la especificidad de un discurso se define por su posicionamiento discursivo. Los Cadernos se presentan como material autosuficiente; y la SEEDUC-RJ asume el papel de autoridad y de detentora de control. Se espera que esta investigación colabore para una práctica docente más madura y consciente, que presente una manera de comprender la forma como se construyen los Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada, permitiendo así una visión crítica sobre el discurso de la SEEDUC-RJ.

Palabras clave: Discurso. Material didáctico. SEEDUC-RJ. Semántica global.

SUMÁRIO

  • INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------
  • RJ ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 1 AS ESTRATÉGIAS DE MERCANTILIZAÇÃO OFICIAL PRESENTES NA SEEDUC-
    • 1.1 A SEEDUC-RJ em dados gerais -----------------------------------------------------
    • 1.2 O Currículo Mínimo e as avaliações externas -------------------------------------
      • 1.2.1 O Currículo Mínimo da SEEDUC-RJ ----------------------------------------
      • 1.2.2 As avaliações externas utilizadas pela SEEDUC-RJ -----------------------
    • 1.3 O Programa Autonomia e a mercantilização da educação pública no Brasil --
  • 2 OS CADERNOS E A TEORIA DA SEMÂNTICA GLOBAL -----------------------------
    • 2.1 Os conceitos basilares para a compreensão da semântica global ----------------
    • 2.2 Os planos da semântica global ------------------------------------------------------- - 2.2.1 O vocabulário --------------------------------------------------------------- - 2.2.2 O estatuto do enunciador e do coenunciador ---------------------------- - 2.2.3 A intertextualidade --------------------------------------------------------- - 2.2.4 Os temas ---------------------------------------------------------------------
  • AUTORREGULADA -------------------------------------------------------------------------------- 3 A RAZÃO DE SER DOS CADERNOS DE ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
    • 3.1 O procedimento metodológico -------------------------------------------------------
    • 3.2 Os Cadernos ----------------------------------------------------------------------------
    • 3.3 Os Cadernos sob a perspectiva da semântica global ------------------------------ - 3.3.1 Plano do vocabulário ------------------------------------------------------ - 3.3.2 Plano do enunciador e do coenunciador -------------------------------- - 3.3.3 Plano da intertextualidade ------------------------------------------------- - 3.3.4 Plano do tema --------------------------------------------------------------
    • CONSIDERAÇÕES FINAIS -----------------------------------------------------------
    • REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------

INTRODUÇÃO

Neste trabalho, buscamos analisar, do lugar teórico da Análise do Discurso (AD) de base enunciativa, a partir da noção de semântica global de Dominique Maingueneau, apresentada em Gênese dos discursos (2008), os Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada , especificamente o volume intitulado Cadernos do professor , material didático elaborado pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) para uso em turmas de ensino médio. Com base no conceito de semântica global , Maingueneau (2008) sustenta que no discurso há planos, ou seja, instâncias discursivas que se interligam nos textos, remetendo, sempre, a uma semântica global. Esses planos estão submetidos ao mesmo sistema de restrições, o qual determina os critérios que, em uma determinada formação discursiva distinguem o que pode e o que não pode ser enunciado do interior daquela formação:

a vontade de distinguir o fundamental do superficial, o essencial do acessório, leva a um impasse, na medida em que é a significância discursiva em seu conjunto que deve ser inicialmente visada. (MAINGUENEAU, p.76, 2008)

Assim, o discurso se constitui como um sistema no qual a multiplicidade das suas dimensões o torna possível em termos de materialidade linguística. A linguagem, vista dessa maneira, “postula a existência de um princípio dinâmico que rege o conjunto dos planos de uma língua” (MAINGUENEAU, p.77, 2008). Dessa forma, não existe uma ordem fixa e pré-estabelecida de sucessão dos planos discursivos, visto que o discurso é concebido como um esquema global. A própria lista de planos apresentados por Maingueneau (2008) não se pretende suficiente para definir um modelo da textualidade. Sua finalidade é “ilustrar a variedade das dimensões abarcadas pela perspectiva de uma semântica global, e nada impede de isolar outras ou de repartir diferentemente as divisões propostas” (MAINGUENEAU, p.77, 2008). Desse modo, é possível ir além dos sete planos apresentados pelo autor – intertextualidade, vocabulário, tema, estatuto do enunciador e do coenunciador, dêixis

Os Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada foram criados com o objetivo de propiciar aos alunos o desenvolvimento das habilidades e competências essenciais, previstas no Currículo Mínimo, por meio de atividades roteirizadas. Trata-se de um manual do professor, com prescrições do quê e do como deve ser feito em sala de aula (SEEDUC-RJ, 2013h). Conforme se afirma no material produzido pela SEEDUC-RJ, o intuito é que funcionem como material de apoio para que o professor ministre os conteúdos elencados no Currículo Mínimo (SEEDUC-RJ, 2013a). A SEEDUC-RJ atribui determinados sentidos ao professor da rede estadual de educação, o que pode ser visto ao analisar o discurso da Secretaria, em diferentes materialidades discursivas. Por meio desta pesquisa, buscamos identificar quais os efeitos produzidos por enunciados presentes nos Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada , material produzido pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, usando as categorias da semântica global (MAINGUENEAU, 2008). A presente pesquisa visa a contribuir para a tomada de consciência dos professores, possibilitando-lhes ter uma visão crítica do material, como, também, compreender os não ditos que permeiam o discurso da SEEDUC-RJ. Pretendemos, assim, colaborar para uma prática docente mais madura, por meio da análise dos Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada – Cadernos do professor , a partir da proposta da semântica global, de Maingueneau (2008). De maneira mais específica, buscamos colaborar para a compreensão da forma como se constroem os Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada , por meio dos enunciados que circulam nos Cadernos do professor, identificando de que forma os planos da semântica global se manifestam nesse material. E, para tornar esse objetivo possível, tomou-se essa produção da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Com o objetivo de apresentar e promover uma reflexão sobre o material produzido pela SEEDUC-RJ, este texto está organizado em três capítulos. O primeiro capítulo, intitulado “As estratégias de mercantilização oficial presentes na SEEDUC-RJ”, possui três seções. Na primeira, esboça-se uma contextualização acerca dos dados, das atividades e dos projetos propostos pela SEEDUC-RJ e pela iniciativa federal, todos realizados na rede estadual do Rio de Janeiro. Na seção seguinte, são apresentados o Currículo Mínimo e as avaliações externas. O Currículo define os itens considerados indispensáveis no processo de ensino-aprendizagem, em todos os componentes curriculares, anos de escolaridade e bimestres. São apresentadas também as avaliações externas, que se propõem a medir o desempenho dos alunos da educação básica, em nível estadual e nacional.

Na última seção, o programa de aceleração chamado Autonomia é detalhado e são explicitadas as relações entre esse Programa e os Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada. A partir daí é traçada a ligação entre o público e o privado, como fruto da mercantilização da educação pública, em que empresas privadas oferecem serviços e produtos a redes públicas de ensino. São evidenciadas, por fim, as relações entre os itens analisados e os Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada. No segundo capítulo, intitulado Os Cadernos e a teoria da semântica global , é feita, na primeira seção, uma reflexão acerca de alguns conceitos iniciais para dar base ao desenvolvimento da teoria que orienta esta pesquisa: a semântica global, proposta por Dominique Maingueneau (2008). Na segunda seção, é apresentada a semântica global e os respectivos planos eleitos para analisar o córpus desta pesquisa. No terceiro capítulo – A razão de ser dos Cadernos de atividades de aprendizagem autorregulada – , dividido em três seções, descrevemos, inicialmente, o procedimento metodológico da pesquisa. A seguir, fazemos a descrição dos Cadernos , apresentando o objetivo do material e os itens que o compõem. Na terceira seção, os Cadernos são analisados de acordo com os planos da semântica global, teoria proposta por Dominique Maingueneau. Nas considerações finais, são retomadas as principais discussões desenvolvidas no decorrer da dissertação e as constatações provenientes das análises no que diz respeito ao discurso da SEEDUC-RJ, tendo como base os Cadernos.

Os dados disponibilizados pelo sítio da SEEDUC-RJ estão bastante desatualizados, alguns são de 2006 e os mais recentes são de 2013. Todavia, ainda que antigos, possibilitam um olhar geral acerca do funcionamento da Secretaria. Nesta seção são apresentados aspectos sobre a educação estadual do Rio de Janeiro, como despesa autorizada pelo governo para gastos com a educação na rede estadual; taxas de desempenho discente; quantidade de estudantes e professores; afastamentos definitivos e temporários; distorção idade/ano escolar; quantitativo de matrículas; remuneração do professor e gratificação por lotação prioritária. São estabelecidas, ao final da subseção, relações entre esses itens e os Cadernos de aprendizagem autorregulada. O primeiro item tratado aqui é a despesa autorizada pelo governo com as escolas da rede estadual de ensino. Conforme o gráfico 1, percebe-se um aumento dos valores destinados à educação, considerando os anos de 2005 até 2012. Nesse aumento da despesa está intrínseco um maior investimento por aluno, para arcar com gastos referentes à manutenção do aluno na escola, como material didático, merenda escolar, transporte, entre outros (gráfico 2):

Gráfico 1: Despesa autorizada pelo governo do estado do Rio de Janeiro com gastos relativos à educação estadual: 2005-

Fonte: SEEDUC-RJ, 2012a, p.

Gráfico 2: Investimento do governo estadual por aluno: 2002-

Fonte: SEEDUC-RJ, 2012b, p.

De acordo com os gráficos acima, tanto a despesa autorizada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro com gastos relativos à educação estadual, de 2005 a 2012, quanto o investimento por aluno, de 2002 até 2012, atingiram um crescimento significativo. No quadro da educação pública estadual, fazendo uma breve análise das questões cotidianas da escola, chega-se aos muitos casos de evasão escolar e de reprovação. Essas situações geram um gasto maior ao governo, visto que o aluno que abandona a escola mobiliza um valor que, na prática, não está sendo utilizado, já que é preciso que ele deixe de ir à escola durante trinta dias consecutivos para configurar abandono escolar. Dessa maneira, até que se configure como um caso de evasão, o gasto com aquele aluno continua sendo contabilizado em termos administrativos. Ampliando esses casos para todas as escolas da rede, chega-se a um valor considerável. Há também os casos de reprovação que geram um gasto duplicado para cada aluno repetente. Desse modo, pela ótica capitalista e mercadológica, seria preciso combater a evasão e a reprovação. Para isso, o governo do estado lança mão de duas manobras: a aprovação automática e os programas de aceleração. A aprovação automática, oficializada por meio da Portaria 419/2013 (SEEDUC-RJ, 2013h), também chamada de progressão parcial, atribui ao ensino religioso (artigo 5º) o caráter de componente curricular sem poder de reprovação. Isso ocorre porque, de acordo com a referida Portaria, o ensino religioso no ensino médio (nas modalidades regular e EJA

  • Educação de Jovens e Adultos – , no Curso Normal, no ensino médio integrado e na educação profissional) passa a ser de matrícula facultativa, culminando, assim, com uma queda nos índices de reprovação. Há uma ferramenta, administrada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), chamada Educacenso. Esse recurso se propõe a

Autonomia não são avaliados pelo IDEB. (SEPE-RJ, 2014) A estratégia de retirar do ensino regular os alunos com idade acima da média escolar foi a razão pela qual dos 410 mil alunos matriculados na rede estadual em 2013, 57 mil tenham sido matriculados na NEJA – Nova Educação de Jovens e Adultos. Esse Programa foi concebido pela Fundação Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro – consórcio CEDERJ – em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, para substituição da EJA. A NEJA (assim como a antiga EJA) e o Autonomia são programas de aceleração criados para a correção de fluxo devido à distorção idade / ano escolar, e funcionam como supletivos, abreviando o tempo de conclusão do ensino fundamental e do ensino médio. Essa distorção diz respeito à diferença entre a idade do aluno e a idade indicada para o ano escolar que ele frequenta. Por meio desses programas, é possível fazer o ensino fundamental em dois anos e o ensino médio em um ano e meio, no mínimo, e dois anos, no máximo, dependendo do programa. No Autonomia, programa de aceleração dos estudos e de correção de fluxo, em uma parceria entre o governo do estado e a Fundação Roberto Marinho, foram matriculados 34 mil alunos – o Programa será detalhado adiante. Dessa forma, mais de 20% dos alunos da rede estadual deixaram de ser avaliados pelo Ideb por estarem na NEJA e no Autonomia. Esses alunos não são avaliados pelo Ideb pelo fato de que os programas de aceleração apresentam taxas de desempenho ruins, como pode ser visto nas imagens a seguir. Desse modo, se esses índices fossem considerados na avaliação do Ideb, o resultado das escolas sofreria queda. Segue, na próxima página, o resultado geral do Sistema de Avaliação do Estado do Rio de Janeiro – SAERJ, detalhado à frente – por ora, entenda-se que é um sistema de avaliação externa que busca avaliar os alunos dos colégios estaduais. É apresentado o desempenho dos alunos do 3º ano do ensino médio, no triênio 2013-2015, em Língua Portuguesa. Na primeira parte da imagem são consideradas as turmas de ensino regular; na segunda e na terceira, as turmas de correção de fluxo, NEJA (Nova Educação de Jovens e Adultos) e Programa Autonomia, respectivamente:

Imagem 1: SAERJ – Desempenho turmas de 3º ano – triênio 2013- SAERJ – LÍNGUA PORTUGUESA – 3º ANO EM – ENSINO REGULAR

SAERJ – LÍNGUA PORTUGUESA – 3º ANO EM – NEJA

SAERJ – LÍNGUA PORTUGUESA – 3º ANO EM – CORREÇÃO DE FLUXO

Fonte: SAERJ 2015, 2015 (pp.39-41)

Esse resultado é medido em proficiência, não em nota. O procedimento adotado é a chamada Teoria da Resposta ao Item, que atribui ao desempenho do aluno uma proficiência, em vez de uma nota, relacionada ao conhecimento do estudante acerca das habilidades elencadas na Matriz de Referência, que é o documento que dá origem ao exame do SAERJ. A Teoria considera as habilidades demonstradas pelo aluno e o grau de dificuldade dos itens que compõem os exames para, então, atribuir a proficiência, que é justamente o nível de desempenho dos alunos nas habilidades dispostas em testes padronizados, formado por questões de opções múltiplas (SEEDUC-RJ, 2014c). O desempenho das turmas de aceleração é abaixo da proficiência média, enquanto o desempenho das turmas de ensino regular é intermediário, como demonstrado. Daí, é