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Guias e Dicas
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Caderno do Professor Arte e Meio Ambiente, Notas de aula de Desenho

Aliás, o bauzinho é um elemento recorrente na obra de Candido. Portinari e também um objeto que fez parte integrante da vida do artis- ta. Em suas memórias ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Lula_85
Lula_85 🇧🇷

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Cronobiografia (1903-1962)

Candido Portinari nasceu no dia 29 de dezembro, numa fazenda de café, perto da cidade de Brodowski, no Estado de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, de origem humilde, recebeu apenas a instrução primária e desde criança manifestou sua vocação artística.

Com dez anos de idade, Candinho, como era chamado pela família, faz o seu primeiro desenho conhecido: o Retrato de Carlos Gomes.

Decidido a tornar-se pintor, Portinari muda-se para o Rio de Janeiro e ingressa, no ano seguinte, na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), instituição que seguia padrões estéticos bastante con- servadores.

O quadro Baile na Roça, primeira obra de Portinari com temática brasileira, é recusado pelo júri do Salão Nacional de Belas Artes.

Com o Retrato do Poeta Olegário Mariano, Portinari con- quista o Prêmio de Viagem à Europa. O poeta brasileiro Manuel Bandeira escreve que o pintor há muito merecia esse reconhecimen- to, mas sempre fora prejudicado por suas tendências modernizantes.

Antes de embarcar para a França, faz sua primeira ex- posição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel do Rio de Janeiro.

No meio artístico parisiense, conhece Maria Victória Martinelli, jovem uru- guaia que será sua companheira por toda a vida. Após ter visto tantos museus, declara que quer mesmo é pintar a sua gente simples de Brodowski “com aquela rou- pa e aquela cor”.

Portinari volta decidido a retratar nas suas telas os temas nacionais, superando aos poucos sua formação acadêmica e fundindo a ciência antiga da pintura a uma personalidade moderna e ex- perimentalista.

Faz sua primeira exposição individual, após a volta da Eu- ropa, onde apresenta obras de temática brasileira – cenas de infância, circos, cirandas.

Obtém o pri- meiro reco- nhecimento internacional, con- quistando a Segunda Menção Honrosa na exposição interna- cional do Carnegie Institute de Pittsburgh, nos Estados Unidos, com a tela Café, retratando uma cena de colheita típica de sua região de origem. Nessa obra, o pintor já revela sua inclinação muralista, que irá consolidar-se nos anos seguintes.

  • 1938 Portinari executa quatro grandes painéis para o Monumento Rodoviário, na rodovia que liga o Rio de Janei- ro a São Paulo. O artista começa a conceber os afrescos do novo edifício-sede do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, marco da Arte Moderna. Com essas obras, que serão concluídas em 1944, Portinari confirma sua opção pela temática social, fio condutor de sua obra a partir de então. Companheiro de poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, Portinari participa da elite in- telectual brasileira numa época em que se verificava uma notável mudança na atitude estética e na cultura do País.

Neste ano, nasce o filho único do pintor, João Candido. Consolida-se a projeção de Portinari nos Estados Unidos: realiza três grandes painéis para o pavilhão do Brasil na Feira Mundial de

Nova York; o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela Morro, incluindo-a na mostra dos maiores quadros dos séculos XIX e XX. No Rio de Janeiro, o Museu Nacional de Bela Artes expõe 269 obras, na maior e provavelmente mais importante exposição de sua carreira.

Participa de uma mostra de arte latino-americana no Riverside Museum de Nova York e expõe individualmente no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York, com grande sucesso de crítica, venda e público. Em dezembro a Universi- dade de Chicago publica o primeiro livro sobre o pintor – Portinari, His Life and Art – com introdução do artista Rockwell Kent e inúmeras reproduções de suas obras.

Portinari executa 4 grandes murais na Fundação Hispâni- ca da Biblioteca do Congresso em Washington, com temas referentes à história latino-americana.

Conclui os oito painéis da Série Bíblica, que pintou para a Rádio Tupi de São Paulo, fortemente influenciados pela visão picassiana de Guernica e pelo impacto da Segunda Guerra Mundial.

A convite do arquiteto Oscar Niemeyer, inicia as obras de de- coração do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, destacando-se, na Igreja de São Francisco de Assis, o mural do altar, a Via Sacra, além dos painéis de azulejos. A escalada do nazifascismo e os horrores da guerra reforçam o caráter social e trágico de sua obra, levando-o à produção da Série Retirantes.

Conclui seus trabalhos para a Igreja da Pampulha, execu- tando o mural São Francisco se Despojando das Vestes. Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro, candidatando-se a deputado, mas não é eleito.

Dá início aos desenhos da Série Meninos de Brodowski. Em Paris, realiza sua primeira exposição em solo europeu, na Galerie Charpentier. A exposição teve grande repercussão, tendo sido agraciado com a Légion d´Honneur pelo governo francês.

Expõe em Buenos Aires, no Salón Peuser, e em Montevidéu, nos salões da Comissão Nacional de Belas Artes, recebendo grandes homenagens de artistas, intelectuais e autoridades dos dois países. Nesta ocasião, conhece o poeta cubano Nicolás Guillén e o espanhol Rafael Alberti. Candidata-se ao Senado, mas novamente não é eleito.

Com o acirramento da perseguição aos comunistas, se exi- la com a família no Uruguai. Neste período, pinta o painel A Primeira Missa no Brasil, encomendado por um banco no Rio de Janeiro.

De volta do exílio uruguaio, instala-se novamente no Rio de Janeiro. Executa o painel Tiradentes, narrando episódios

do julgamento e da execução do herói brasileiro que lutou contra o domínio colonial português, o que lhe rende a Medalha de Ouro do Prêmio Interna- cional da Paz, em Varsóvia. É convidado a participar, em Nova York, da Conferência Cultural e Científica para a Paz Mundial, mas a Embaixada Americana nega-lhe o visto de entra- da, por motivos políticos.

Recebe a Medalha de Ouro da Paz, do II Congresso Mundial de Partidários da Paz, em Varsóvia, pelo painel Tiradentes.

Tem uma sala especial na I Bienal de São Paulo. nn nn n

Inicia os estudos para os painéis Guerra e Paz, oferecidos pelo governo brasileiro à nova sede da ONU, em Nova York, concluídos em 1956, e que foram os maiores pintados por Portinari.

Realiza para o Banco Português do Brasil o painel Desco- brimento do Brasil. Neste ano tem os primeiros sintomas de intoxicação pelas tintas, que lhe será fatal.

Participa da III Bienal de São Paulo, com uma sala espe- cial, expondo 12 estudos da Série Guerra. Recebe a Medalha de Ouro concedida pelo International Fine-Arts Council de Nova York, como melhor pintor do ano.

Faz a Série Dom Quixote, composta de 22 desenhos a lápis de cor, para a editora José Olympio, para ilustrar uma edi- ção, que não chegou a ser realizada, do livro de Cervantes. Viaja a Israel, a convite do governo daquele país, expondo em vários museus e executando desenhos inspirados no contato com o recém-criado Estado israe- lense, expostos posteriormente em Bolonha, Lima, Buenos Aires e Rio de Janei-

ro. Neste mesmo ano, Portinari recebe o Prêmio Guggenhein do Brasil.

Os painéis Guerra e Paz são inaugura- dos na sede da ONU, em Nova York. Por seu envolvimento com o Partido Comunista, a receptividade dos Esta- dos Unidos esfria. Portinari não é convidado a comparecer à cerimônia. O artista é premiado com a Menção Honrosa no Concurso Internacional de Aquarela do Hallmark Art Award, de Nova York. Expõe em Paris e Munique. Neste ano, Portinari começa a escrever suas memórias.

Em Bruxelas, a mostra 50 Ans d’Art Moderne expõe Enterro na Rede, da Série Retirantes, escolhida para figurar entre as 100 obras-primas do século. Foi o único artista brasileiro a participar dessa exposição. Participa também, como convidado de honra, da I Bienal de Artes Plásticas da Cidade do México, com enorme sucesso.

Portinari apresenta obras na Galeria Wildenstein de Nova York e, juntamente com outros grandes artistas latino-ame- ricanos como Tamayo, Cuevas, Matta, Orozco e Rivera, participa da exposi- ção Coleção de Arte Interamericana, do Museo de Bellas Artes de Caracas.

Apesar das diversas manifestações da doença, Portinari não para. Viaja para Paris, onde encontra o filho e aproveita para escrever poesias e rever museus e monumentos da cidade.

Candido Portinari morreu no dia 6 de fevereiro, vítima de intoxicação causada pelas tintas do seu ofício. O artista, na ocasião, preparava uma grande exposição de cerca de 200 obras, a convite da Prefeitura de Milão, que foi realizada em 1963, como a primeira grande mostra post mortem de sua obra.

Enterro na Rede, 1944 Painel a óleo/tela 180 x 220cm

b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

  1. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que susten- tam a vida.

a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimen- to sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambien- tal sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento. b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural. c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados. d. Controlar e erradicar organismos não nativos ou modificados gene- ticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais. e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regene- ração e que protejam a saúde dos ecossistemas. f. Administrar a extração e o uso de recursos não renováveis, como mi- nerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.

  1. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção am- biental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irrever- síveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não conclusivo. b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade propos- ta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas

sejam responsabilizadas pelo dano ambiental. c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as consequências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das ati- vidades humanas. d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não per- mitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substân- cias perigosas. e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.

  1. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capaci- dades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário. a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produ- ção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos. b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento. c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência equitativa de tecnologias ambientais seguras. d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais. e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável. f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.
  2. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido. a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento. b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambien-

tal e o bem-estar humano. c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

  1. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental. a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados. b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria. c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.
  2. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável. a. Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro das e entre as nações. b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e so- ciais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas inter- nacionais onerosas. c. Assegurar que todas as transações comerciais apoiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas. d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras in- ternacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas consequências de suas atividades.
  3. Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, à assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar 5

com toda violência contra elas. b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias. c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da família.

  1. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um am- biente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacio- nal, étnica ou social. b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conheci- mentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis. c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis. d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ

  1. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover trans- parência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimen- to e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse. b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a parti- cipação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões. c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição. d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais adminis- trativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos. e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.

f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

  1. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável. a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades edu- cativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável. b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade. c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais. d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.
  2. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração. a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento. b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável. c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
  3. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz. a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a coope- ração entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações. b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resol- ver conflitos ambientais e outras disputas. c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica. d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de des- truição em massa. e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção am- biental e a paz.

f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desen- volver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo glo- bal que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria. A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode sig- nificar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comu- nicação, as empresas, as organizações não governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva. Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a im- plementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento interna- cionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento. Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensifica- ção dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida. (http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/history.html - consultado em 11 de março de 2011.)

a Chamar a atenção para os tocos de árvores cortados. a Observar com o grupo a caveira do boi e perguntar o que pode ter causado esse fato. a Conversar sobre o fato de os espantalhos estarem pintados sobre um terreno árido, refletindo o que esta cena provoca.

  • Ver anexo – Estilos / Movimentos Artísticos

Prancha número 2: Mulher do pilão

a Convidar o grupo a analisar o quadro como um todo e em seguida prestar atenção aos detalhes. a Perguntar qual o sentimento que o quadro transmite ao espectador. a Perguntar aos alunos se eles conhecem o objeto representado no plano de fundo e para que serve (o pilão). a Chamar a atenção do grupo para a maneira como Portinari pintou as mãos e os pés da personagem do quadro Mulher do pilão. a Propor que todos reflitam sobre a atitude da figura-personagem.

Prancha número 3: Retirante morrendo

a Propor que descrevam o que estão vendo em primeiro plano e, em seguida, o que há no plano de fundo. a Perguntar quantas figuras há neste quadro e qual o personagem central. a Observar com o grupo quais as cores utilizadas pelo artista e o que elas expressam. a Observar a proximidade das personagens do plano de fundo, umas em relação às outras e todas em relação ao personagem central. a Qual o sentimento expresso nas faces das três mulheres que estão no plano de fundo? a Observar com o grupo a forma como o artista interpreta os personagens do quadro. Comentar, tam- bém, que Portinari utiliza figuras geométricas nesta composição. Falar sobre os dois gêneros de pintura presentes nesta obra (expressionismo* e cubismo* – ressaltando a presença das figuras geométricas que aparecem no quadro).

  • Ver anexo – Estilos / Movimentos Artísticos

Prancha número 4 : Retirantes

a Propor a um dos alunos que leia o título do quadro. a Perguntar se o artista privilegia alguns elementos neste quadro. Quais são esses elementos? a Perguntar o que se pode distinguir no plano de fundo (o horizonte baixo; os pássaros negros sobrevo- ando o grupo de retirantes). a Refletir junto com o grupo como as cores podem ser descritivas, simbólicas, e como podem sugerir um estado de espírito ou emoções (neste quadro o artista se utiliza de cores escuras, densas, para mostrar a tristeza da cena). a Estabelecer com o grupo relações entre luz e sombra, distância e proximidade, presença e ausência, esperança e desesperança. a Perguntar aos alunos se já ouviram falar no termo “retirantes”. O que sabem a respeito? (Conversar com o grupo sobre os nordestinos que se retiravam de sua terra em busca de moradia e melhores condições de vida e ressaltar que Portinari, quando criança, testemunhou muitas vezes essas famílias chegarem a São Paulo, passando por Brodowski, quando já estavam desnutridos e frágeis). a Comparar a pobreza representada nesta cena da década de 1940 com a pobreza brasileira da atualidade.

Portinari usou a sua arte para mostrar as injustiças sociais, como na série Retirantes, que pintou na década de 1940. Foi o primeiro pintor a denunciar a situação subumana em que os migrantes do Nordeste vinham para o Sul.

“No primeiro plano, dominando todo o quadro, o grupo de figuras em equilíbrio clássico, na

sua estruturação piramidal, ganha um tratamento expressionista*, tanto no desenho como

na utilização da textura.

Uma linha de terra muito baixa organiza o espaço e a ilusão de profundidade; as figuras se

recortam do fundo, a perspectiva é sugerida pela linha sutil que separa o céu da terra. Pedri-

nhas no chão e pássaros voando evocam a definição de terra e de céu.

As cores têm características naturalistas, sugerindo a profundidade pela variação de tonalidades.”

(Maria Lúcia Freire – Imagens da arte brasileira)

  • Ver anexo – Estilos / Movimentos Artísticos

“Inté mesmo a asa branca

Bateu asas do sertão.” (1)

(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

II – AtIvIdAdes IntegrAdAs

a) reflexão

  1. l Leitura da parte inicial do texto “A Carta da Terra”:

“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a hu-

manidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo se torna cada vez mais inter-

dependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança.

Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de

culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com

um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fun-

dada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e

numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra,

declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da

vida e com as futuras gerações.” (Preâmbulo do texto “A Carta da Terra”)

  1. l roda de conversa para troca de ideias: O que faz do atual momento histórico um momento crítico? Por que esta é a época de escolher o futuro? Qual é o grande perigo a que o texto se refere? E a grande esperança? Que atitudes podemos pensar como exemplos, no dia a dia, de respeito à natureza? E aos direitos humanos? Existe no mundo alguma comunidade humana que não seja fundada em princípios de justiça econômica e social? O que é necessário para que floresça uma cultura de paz?

b) diálogo entre linguagens

  1. l Leitura do trecho inicial do capítulo “Mudança”, do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos:

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas man-

chas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, esta-

vam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco,

mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a

viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procura-

vam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe,

através dos galhos pelados da catinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto

e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada

numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais

velho e a cachorra Baleia iam atrás.

Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a cho-

rar, sentou-se no chão.

  • Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.

Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esper-

neou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas

pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos,

zangado, praguejando baixo.

A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram

ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

  • Anda, excomungado.

O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria

responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessá-

rio – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era

culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar não sabia onde.”

Retirantes, 1944 Painel a óleo/tela 190 x 180cm

Retirante Morrendo, 1958 Painel a óleo/madeira 160 x 110cm

Espantalhos, 1940 Painel a óleo/tela 81 x 100cm

Retrato de Graciliano Ramos, 1937 Desenho a carvão e crayon/papel 32.5 x 27.5cm

  1. l Pesquisa a respeito da biografia de um importante brasileiro, migrante do Nordeste, saído da cidade de origem com a família, em busca de melhores condições de vida, e alçado pelo povo ao cargo máximo de representação po- lítica no País (Luiz Inácio Lula da Silva).

a narração oral, de forma resumida, da história desse brasileiro.

  1. l Contação, em grande roda, ao ar livre, da história de alguém conhecido que tenha passado pela experiência de ser retirante: Quem é? Como aconteceu a história? De onde a pessoa partiu e para onde foi? Par- tiu com quem? Qual o meio de transporte? Quem e o que deixou para trás? Foi bem-sucedido? Em que aspecto? O que deu errado? O que deu certo? Sentiu saudade? Formou nova família no lugar de destino? A adaptação foi fácil ou difícil? Por quê? O migrante mantém as ligações afetivas com sua origem? Comunica-se com frequência com os que deixou? Através de que meios? A história teve final feliz?

a escolha, entre as histórias contadas e ouvidas, da mais engraçada, da mais triste, da mais estranha, da mais criativa, da mais alegre. Em grupo, redação dessas histórias. Ilustração dos textos produzidos, com aprovei- tamento de materiais descartados pelas pessoas e pela natureza (exemplo: retalhos de tecidos, aparas de papel, papel de embrulho, jornal velho, botões velhos, gravetos, palitos, tampinhas, carvão, areia, folhas e flores secas, rótu- los de produtos, etc.).

Transformando o lixo em arte, a natureza agradece...

  1. l Leitura do trecho a seguir, sobre uma fase da vida de Candido Portinari, filho de imigrantes e, ele próprio, um migrante na adolescência.

“O Brasil enriquecera sua humanidade tropical com a imigração europeia, constituída, em sua maioria, de lavradores

pobres, tangidos pela grande crise econômica dos anos 80 e 90 do século anterior (...). Essa crise levaria à Primeira Guer-

ra Mundial e continuaria empurrando os pobres à emigração (...). Os pais de Portinari pertenciam ao mundo dos pobres.

Os italianos que, ao chegar ao porto de Santos, eram destinados às fazendas de café, sofriam dupla discriminação: eram

imigrantes e pobres, logo, italianinhos. É nessa circunstância que Candido (...) começa a ver o mundo e a injustiça. (...)

Ele manterá, até o fim, o compromisso com a gente de sua infância: negros, mulatos, brancos, imigrados novos – todos

pobres. Candido chegou ao Rio de Janeiro em 1918, quando a Primeira Grande Guerra terminava na Europa. Havia

saído de casa aos 15 anos, levando as mãos criadoras. Sua meta talvez fosse tornar-se bom artesão, como os italianos que

haviam cuidado das igrejas da região em que nascera (...). O resto veio logo em seguida, porque, como todos os homens

de gênio, Portinari era bem maior do que pretendia ser” (3)

Café, 1935 Pintura a óleo/tela 130 x 195cm

Informação:

Vik Muniz é um famoso artista plástico brasileiro, con-

temporâneo, que faz experimentações com novas mídias e

materiais. Dentre os que usa em suas obras, está a sucata,

todo tipo de material reciclável, e até lixo, como prova o

filme-documentário Lixo extraordinário.

  1. l Invenção de histórias pessoais de vida, com base em sonhos de mu- dança. Portinari, por exemplo, saiu de sua pequena Brodowski com a simples meta de tornar-se um bom artesão e, ao final, tornou-se um dos maiores pintores do mundo. E você, caso um dia pudesse mudar-se, mudaria para onde? Por quê? Como você descreveria esse lugar? O que ele teria de melhor? Que transformações imagina que poderiam ocorrer com você nesse novo ambiente?
  2. l Após tantas histórias contadas e ouvidas, troca de ideias sobre os aspectos positivos da chegada numa cidade grande de migrantes vindos de localidades menores, em busca de melhores condições de vida. Ênfase na significativa contribuição desses migrantes ao desenvolvimento das cidades de acolhimento, bem como para a importância da interação cultural que se estabelece a partir desse contato.

d) vendo problemas e pensando soluções

  1. l roda de conversa a respeito das consequências negativas de migra- ções determinadas por fatores ambientais, econômicos e sociais.

Favela, 1957 Pintura a óleo/tela 45 x 53,5cm

Meninos com Carneiro, 1959 Pintura a óleo/madeira 172 x 112cm

O professor poderá ajudar os alunos, desenvolvendo com eles os seguintes assuntos: a no campo: diminuição da população rural; escassez da mão de obra; redução da produção agrícola com elevação do custo de vida; entre outros; a nas cidades grandes: desemprego e subemprego, falta de habitação, favelização, problemas de saneamento básico (acúmulo de lixo e esgoto no ambien- te, contaminação do solo, da água, dos alimentos, doenças decorrentes, etc.); desaparecimento do cinturão verde devido à especulação imobiliária; crises de abastecimento no mercado urbano, com falta de gêneros alimentícios e outros produtos; marginalidade social; entre outros.

  1. l seleção, entre os problemas do campo e da cidade, daquele que você considera mais grave. redação de carta a uma autoridade, denunciando esse problema, sugerindo soluções e solicitando providências.
  2. l Leitura do texto a seguir.

Em todas as cidades brasileiras, encontramos a cidade informal. A pobreza e a exclusão social são desequilíbrios que compro-

metem a existência de um ecossistema urbano sadio. Porém nem toda cidade informal é miserável. Há uma certa mobilidade

social que dá acesso a novos bens de consumo e espaços de moradia mais amplos (...). Ao lado disso, persiste a precariedade no

saneamento básico, na coleta de lixo e, em muitos casos, os riscos de desabamento ou inundação. Algumas medidas são fun-

damentais, e a primeira delas é estabelecer políticas públicas que levem à integração com a cidade formal, à transformação da

favela em bairro, o que implica urbanizá-la.(4)^ (Alfredo Sirkis, adaptação)

  1. l Levantamento de problemas das cidades informais (favelas), além dos mencionados nesse texto.
  2. l debate e apresentação de propostas para solução dos problemas das favelas.

e) Brincadeiras artesanais

  1. l Confecção de maquete de uma favela: habitações, moradores, cenas do cotidiano (trabalho, festa, rotina), animais domésticos, comércio, vielas, vegetação, etc. Usar preferencialmente materiais descartá- veis (caixas de fósforo vazias, palitos, jornais velhos, retalhos, etc.), evitando ao máximo materiais que possam agredir o meio ambiente como plástico, isopor, etc.
  2. l Confecção de maquete de um bairro da cidade formal, com utilização também de materiais descartáveis.

a Chamar a atenção do grupo para as diferentes ações que aconte- cem em cada um dos planos (puxando a rede, separando os peixes, carregando o cesto de peixes e preparando a rede). a Convidar uma pessoa do grupo para ler a legenda do quadro.

Comentar sobre o cuidado que os pescadores precisam ter com o tipo de pesca que realizam.

Pedir que os alunos relacionem uma série de medidas que podem ser tomadas pelos frequentadores a fim de que as praias se mantenham limpas como a retratada pelo artista naquela época.

II – AtIvIdAdes IntegrAdAs

a) reflexão e ação

  1. l Leitura do seguinte fragmento do texto “Existe uma única água no mundo”, de Roberto Otsu:

“A água que hoje alimenta e beneficia tudo que existe na Terra é a mesma desde a sua formação.

Em maior ou menor quantidade, a água está presente em todos os cantos da Terra. O gelo do Polo Norte é água, as nuvens do

céu do Deserto de Atacama são água. Todos os seres vivos têm água na sua composição bioquímica. Existe água no sangue do

ser humano e no sangue do beija-flor. Na pétala da rosa e no pé do jatobá. (...) Toda essa água circula na Terra sem cessar,

desde a sua formação, há bilhões de anos. Tudo é ciclo. E é sempre a mesma água.

Ao beber um copo de água, não se bebe apenas água. Bebem-se todas as memórias da água e toda a história do planeta. (...) Por-

que, como diziam os sábios, existe uma única água no mundo.

A percepção do ciclo da água levou os chineses à ideia de unicidade e, como consequência, a um sentimento de reverência. (...)

Para os sábios, assim como a água é uma só, tudo no mundo é uma coisa só. (...) quando se toca uma parte, toca-se o todo.

Tocar a folha é tocar a árvore. (...) Quando se toca a gota de orvalho, toca-se toda a água do planeta. (...)

A unicidade da água mostra que nada está isolado, nada está fora do todo e tudo forma uma única realidade. Nada é impres-

tável ou sem função. A nuvem, o rio, a neve, a transpiração, a lágrima, a chuva, todas as manifestações da água têm função.

Em essência, nada e ninguém é melhor que outra coisa ou outra pessoa. Tudo e todos merecem o mesmo respeito, a mesma

reverência.” (6)

  1. l troca de ideias a respeito do trecho lido: Por que a água deveria ser reverenciada? O que significa o termo “unicidade” no texto lido? Alguma vez você já havia pensado na ideia de unicidade relativamente às coisas do mundo? Algum ser vive isoladamente na natureza? Para que e por que uns dependem dos outros? E em sociedade, essa interdependência existe? Em que medida? Podemos considerar que na natureza exista uma organização, que cada parte esteja engrenada às outras de forma que todas funcionem em conjunto? Há seres dispensáveis ou todos são indispensáveis?
  2. l reflexão: Por que “ecologia” recebeu esse nome? (oikos, em grego, quer dizer “casa”) Que cuidados devemos ter com a nossa própria casa? E com a grande casa de todos? Que movimentos podem ser realizados coletivamente para promover uma consciência ecológica em sua comunidade? Como passar da consciência à ação? Que ações podem ser deflagradas para resolver problemas ambientais, ou minimizá-los, no lugar em que você vive (casa, escola, rua,

“Olha o arrastão entrando no mar sem fim (...)

Nunca jamais se viu tanto peixe assim” (5)

(Edu Lobo e Vinicius de Moraes)

Prancha número 7: Praia de Ipanema

a Solicitar que alguém do grupo leia o título do quadro e a partir deste título observar com os alunos o que está representado no quadro.

Explicar aos alunos que a praia de Ipanema é um dos locais mais famosos da cidade do Rio de Janeiro. Encontra-se na Zona Sul, no bairro do mes- mo nome, com uma orla povoada de belos edifícios e hotéis elegantes. É frequentada pelos moradores da cidade e também por turistas nacionais e internacionais, que vêm para conferir a exuberância da natureza e das mu- lheres, conforme os versos do poeta Vinicius de Moraes na canção “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim.

a Comentar que o artista pintou esta paisagem em 1927, ainda na época em que era uma praia semideserta. Perguntar aos alunos como deve estar, 83 anos depois, esse mesmo lugar. a O que aparece no plano de fundo desta paisagem? (os dois mor- ros são chamados de Dois Irmãos). a Quais as cores predominantes? Essas cores contribuem para manter o realismo da composição feita por Portinari?

bairro, cidade)? Quais dessas ações são mais viáveis no momento? Como implementá-las?

“Necessitamos, em primeiro lugar, comunicar nossas ideias em linguagem mais

simples e direta, capaz de envolver mais gente. Achar maneiras de transformar o

conhecimento em fazeres (...) Temos que transformá-las [as ideias] em eventos,

em ´inventos´ coletivos que (...) nos renovem diariamente como militantes por um

mundo melhor.” (7)

(Marina Silva)

  1. l Promoção de algumas dessas ações com auxílio dos professores:

a solicitação de cursos, palestras, oficinas sobre reciclagem.

a realização de eventos comunitários, como por exemplo:

“Dia da Faxina Ecológica”

  • descartar baterias e pilhas em locais adequados;
  • separar o lixo e criar depósitos para seleção;
  • não jogar lixo no chão;
  • não deixar os cães sujarem as calçadas;
  • organizar mutirões de limpeza na escola, em praças, em ruas; etc. “Dia da Reciclagem”
  • reutilizar materiais em trabalhos artísticos e artesanais, em vez de jogá-los fora. “Dia da Preciclagem”
  • não comprar coisas, como embalagens de plástico, que não possam ser reutilizadas. “Dia da Economia de Energia”
  • apagar as luzes quando não houver necessidade delas;
  • acender menos lâmpadas;
  • usar lâmpadas mais econômicas;
  • usar menos água quente;
  • não usar carro em curtas distâncias; etc.

a Promoção de ações especificas quanto à questão da água:

  • confeccionar cartilhas de orientação quanto ao consumo consciente da água;
  • redigir folhetos destinados a turistas, com normas relativas à não poluição das praias, rios, córregos e cachoeiras locais (enfatizar o perigo do descarte de materiais perigosos à fauna marinha e fluvial, especial- mente isopor e plástico);
  • promover eventos: “Dia de Economizar Água”: monitorar vazamentos; fechar torneiras quando não estiver usando água; encurtar o tempo do banho; etc. “Sorrio com Rio Limpo”: não jogar detritos na água dos rios; colocar entulhos em sacos ou latas de lixo; etc. “Amar o Mar”: não jogar resíduos no mar e na areia; levar para a praia sacola grande para pôr seu próprio lixo; não levar animais à praia; não deixar restos de alimentos na areia; recolher o lixo encontrado, tomando cuidado para não manipular aquele que possa ser tóxico, cortante, perfurante...; etc.

b) diálogo entre linguagens

  1. l Leitura dos seguintes versos:

“Meu rio, meu Tietê, onde me levas?

Sarcástico rio que contradizes o curso das águas

E te afastas do mar e te adentras na terra dos homens,

Onde me queres levar?”

(Mario de Andrade, versos do poema “A meditação sobre o Tietê”)

a Interpretação: Que elementos do poema lido contribuem para a personificação do rio Tietê? Essa imagem do rio como se fosse uma pessoa produz em você que tipo de sentimento, de sensação? Observando o rio Tietê pintado por Candido Portinari (prancha número 5), por quais emoções e sentimentos você navega?

  1. l Pesquisa sobre rios em sua cidade: Há algum rio? Qual o nome? Quais as dimensões? Encontra-se dentro de alguma reserva ambiental ou corta a cidade? Há registro dele nos mapas? É conhecido nacionalmente? Pesca- -se nele? Pesca de subsistência? Pesca comercial? Pesca predatória? É navegável? Há cachoeiras? Serve ao esporte? Ao lazer? Qual a condição de suas águas? Limpas ou poluídas? Apresenta algum problema de outra natureza?
  1. l Levantamento de soluções para os problemas constatados nas praias em / para recuperação.

a redação das propostas de soluções num documento a ser encaminhado, por meio da escola, a algum órgão ligado às questões do meio ambiente local.

“No povoado sonhando

Viu o mar. Um dia o

Veria de verdade.

Passaram alguns dezembros.” (10)

(Candido Portinari)

  1. l Leitura e recitação do seguinte trecho do poema “Iemanjá”, de Sosígenes Costa:
    • Ô Iná marabô,

faça surgir um mar de Espanha,

Inaê ou Inaô,

um espinheiro e uma neblina,

ô Iná arauê

uma chuva de navalha

pra Orungã não te pear.

E Iemanjá já não podia

correr mais e desmaiou.

E caiu no chão de costas.

Porém antes que Orungã

alcançasse Iemanjá

e tocasse nos seus seios,

o seu corpo foi crescendo,

foi crescendo e agigantou-se

e os dois seios de Inaê

se tornaram do tamanho

de dois montes sem igual

e o céu estremeceu

e a terra se abalou

e o céu veio arriando

e queria desabar.

Quando os bicos dos seus peitos

se afundaram pelas nuvens,

sustentando o firmamento

que queria desabar,

o anjo tocou a trombeta

e os dois seios da sereia

começaram a jorrar água

com estrondo e num dilúvio

e dois rios se formaram

da água de cada um,

e a água lavou o mundo.

E o espírito de Deus vagou naquelas águas

e foi então o princípio

e a pomba do Divino bebeu das águas bentas.

E eu botei o joelho em terra

para pedir pelos filhos de Deus.

Ai a água lava tudo,

lava o que nos mancha as almas,

lava o que nos envergonha.

Quem apaga o fogo?

É a água.

Dos teus seios, Janaína

se formaram estes dois rios

que a Bahia estão lavando

para tirar o que nos mancha

e também nos envergonha.

Ora, um é o São Francisco

e o outro é o Jequitinhonha.

Quem apaga o fogo?

É a água. (...)”

d) Contação de História e de histórias

  1. l A sociedade e a cultura brasileiras receberam a contribuição lusitana, indígena e africana para sua formação. Pesquisa sobre algumas dessas contribuições no idioma, nos costumes, na culiná- ria, no vestuário, nas artes, na construção de habitações.
  2. l Pesquisa a respeito do significado de três figuras represen- tativas de nossa herança cultural africana (Iemanjá e Oxum) e in- dígena (Iara). Esclarecer a relação direta entre essas figuras e o elemento água.

O professor poderá orientar a pesquisa, entre outros recursos, com o Dicionário do folclore brasileiro, de Luis da Camara Cascudo.

a Contação de histórias que retratem, em detalhes, variados aspectos que envolvem essas figuras: Onde vivem? Quais as suas características? Quais os significados dos seus nomes? Têm outros nomes além desses? Como é sua relação com os humanos? Que poderes lhes são atribuídos? Há eventos que as homenageiam? São citadas em obras literárias? Já leu algum livro em que desempenham um papel expressivo? Aparecem em músicas?

Festa de Iemanjá, 1959 Pintura a óleo/papel 25.7 x 38.2cm

“(...) – Ê vai ê vai

a rainha do mar

rompendo mar e vento.

Orungã, não faça isto

que o mundo vai se acabar.

Não te dói a consciência?

Não desonre esta sereia,

não manche a estrela-do-mar.

Ê vai ê vai

rompendo mar e vento

rainha da Guiné.

Onde mora Santa Barb’a

que quero me esconder.

Vai haver um castigo,

o mundo vai se arrasar.

Já estive numa casa

e era a casa de Bará.

Onde mora Santa Barb’a?

Minha gente, me responda:

Onde mora Santa Barb’a?

  • Mora den’da lua

mora den’dum rochedo.

  • Ai quem me dera que eu pudesse

me esconder dentro da lua.

E Iemanjá de tão cansada

já não podia correr mais.

Ia cai não cai caindo.

  1. l Leitura em voz alta do cordel A falta d´ água no mundo, de João Batista Melo. O professor inicialmente deverá dar uma explicação sobre literatura de cordel. A seguir, orientar a leitura oral do texto, pelos alunos, aos poucos, em segmentos, de acordo com os vários assuntos abordados no texto do folheto. Levar a turma a desenvolver esses assuntos posteriormente, do ponto de vista não mais da literatura, mas sim da ciência: importância da água; sua utilidade; necessidade de economizá-la; poluição e consequências para a saúde; desperdício e escassez; ciclos da água; mananciais não explorados; problemas do rio São Francisco; papel de organismos internacio- nais em relação à preservação da água. a Pesquisa, em livros de Ciências, a respeito desses temas. Apresentação dos resultados da pesquisa. a releitura da penúltima estrofe do cordel:

“Temos de ser otimistas

em qualquer situação

só queremos que alguém

nos indique a direção

faça um cordel bem bonito

ilustrado e bem escrito

e mostre à população”

a Atendendo a esse apelo final do cordelista, criação, em grupo, de “um cordel bem bonito / ilustrado e bem escrito”, que aponte direções para solucionar os problemas ambientais citados pelo autor.

e) esporte, lazer, arte... ao ar livre!

Vamos aproveitar mais a vida pertinho da natureza?

  1. l Caminhada na praia, observando a natureza em seus mínimos detalhes; coleta de conchas furadi- nhas, descartadas pelo mar, para confecção de colares e pulseiras; banhos de mar, cachoeira, rio... Que delícia!
  2. l Criação de esculturas na areia da praia. As águas vão levar, mas só o prazer de ter feito... esse nem o mar nos tira!... Quem tem sensibilidade artística é capaz de trabalhar diretamente com os próprios elementos da natureza.
    1. l Leitura deste belo exemplo da integração harmoniosa de um artista com o ambiente em que vive:

No km 53 da estrada Friburgo-Teresópolis, reside o artista plástico cearense Geraldo Sim-

plício Nêgo, famoso por suas esculturas gigantescas, feitas com a terra de barrancos do

jardim de sua casa. A inspiração para essas obras vem das próprias formas dos barrancos.

Suas esculturas ficam expostas permanentemente no local, batizado de Jardim do Nêgo,

que passou a ser um ponto turístico dessa região do Estado do Rio de Janeiro. A primeira

dessas esculturas, feita por ele em 1981, foi a de uma mulher. Quando finalizou essa

obra, ele a protegeu com um plástico, por ter começado a chover. Sem que esperasse, uma

camada de musgo brotou na superfície da escultura, envolvendo-a e, assim, protegendo-a

contra a erosão. O efeito estético foi fantástico, com essa pequena e casual “colaboração”

da natureza!... Algumas de suas esculturas podem ser apreciadas também através de sites

na internet.

Conchas e Hipocampos, 1942 Painel de azulejos 990 x 1510cm