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Guias e Dicas
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Tradução e Análise de Obras Medievais Femininas: Christine de Pizan e Hadewijch de Amberes, Slides de Construção

Este documento discute a importância de traduzir obras medievais de autoria feminina, com ênfase na tradução da poesia lírica de christine de pizan para o português brasileiro e na exploração do papel de mulheres na disseminação do conhecimento médico. Além disso, o texto apresenta reflexões sobre as biografias e autobiografias de mulheres da idade média, como hadewijch de amberes, e a importância de suas obras para a história. O documento também aborda a presença de mulheres na filosofia e na educação, especialmente na obra de christine de pizan, chamada de primeira utopista ocidental.

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Romar_88 🇧🇷

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CADERNO DE RESUMOS
03, 04, 05 de novembro de 2021
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CADERNO DE RESUMOS

03, 04, 05 de novembro de 2021

PPGL/UFPB

Universidade Federal da Paraíba – UFPB Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Prof. Dr. Rodrigo Freire de Carvalho e Silva- Diretor Coordenação do curso de Letras Profa. Dra María del Pilar Roca Escalante Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Prof. Hermano de França Rodrigues Programa de Pós-Graduação em Letras Profa. Dra. Daniela Segabinazi – Coordenadora INICIATIVA Grupo Christine de Pizan (CNPq/UFPB/UnB) Linha de Pesquisa Estudos Medievais- PPGL COLABORAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) Gradalis (CNPq/UFPB) Principium (CNPq/UEPB) Spatio Serti (CNPq/UPE) COMISSÃO ORGANIZADORA Prof.ª Dr.ª Luciana Calado Deplagne (UFPB) Prof. Dr. Guilherme Queiroz de Souza (UFPB) Prof. Dr. Juan Ignacio Jurado Centurion Lopez (UFPB) Prof.ª Dr.ª Marta Pragana Dantas (UFPB) Prof. Dr. Juan Pablo Martín Rodríguez (UFPE)

Sumário

  • APRESENTAÇÃO
  • EIXOS TEMÁTICOS:
    • Tradução de obras medievais de autoria feminina
    • Christine de Pizan e outras filósofas medievais
    • Estudos Medievais e Ensino: novas abordagens interdisciplinares
    • Tradução, Multimídias e Tecnologias
    • Imaginário Medieval e literatura; olhares poliédricos
  • RESUMOS DAS PALESTRAS E MESAS-REDONDAS
  • 03/11/2021
    • MESA DE ABERTURA.............................................................................................................
    • MESA 1: Tradução de obras de Christine de Pizan no Brasil
    • MESA 2 : Traduzir a literatura nórdica medieval para as línguas ibéricas................................
    • MESA 3: Para além da Europa: a Idade Média entre ensino e pesquisa
  • 04/11/2021
    • MESA 4: A Cidade das Damas: ensino e pesquisa no Brasil
    • MESA 5 : Tradução, Transculturalidade e circulação de saberes
    • MESA 6: Tradução e construções narrativas
  • 05/11/2021
    • MESA 7: Narrar a vida: biografias e autobiografias de mulheres da Idade Média
    • MESA 8: Dante Alighieri: Homenagem ao VII centenário da morte do poeta
  • RESUMOS DOS MINICURSOS E OFICINAS
    • MINICURSO
    • MINICURSO
    • OFICINA
  • RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES

APRESENTAÇÃO

O VI Seminário de Estudos Medievais da Paraíba tem como proposta de discussão “Tradução e Decolonialidade: Christine de Pizan no Brasil”. Por meio dessa temática pretendemos centrar o debate sobre o fenômeno da tradução, compreendida não apenas no sentido linguístico de transposição de uma língua a outra, mas no sentido mais amplo da tradução intersemiótica, interartes ou intermidiática, ou ainda no sentido de tradução cultural, em seu caráter multidisciplinar, a partir da Teoria da Tradução (Spivak, Bassnett, Lefevere, Simon, Benjamin), da crítica literária e filosófica (Homi Bhabha, Derrida, Butler). Portanto, o fenômeno tradutório será tratado sob essas três vertentes mencionadas: a linguística, a interarte e a cultural. A escritora Christine de Pizan, uma das maiores figuras do saber no século XV, será igualmente tema central nesta edição do SEMP. Por meio de discussões acerca de tradução, transculturalidade e metodologias decoloniais de ensino, serão buscadas identificar o estado da arte acerca do conjunto da obra da escritora no Brasil, os escritos traduzidos ou em tradução, os escritos de maior circulação no país, a diversidade de abordagens empregadas em pesquisas e ensino acerca da escritora medieval. Paralelamente às discussões acerca de tradução e dos estudos christinianos, poderão contribuir ao debate do Seminário temas em torno de novas abordagens e metodologias adotadas desde o Sul Global, incluindo revisões da Historiografia, Teoria do Medievalismo, Estudos Decoloniais, Arqueofeminismo, que vêm ganhando força na medievalística brasileira.

Tradução, Multimídias e Tecnologias Coordenador: Renan Marques Birro (Universidade de Pernambuco/Campus Mata Norte) Descrição : O presente eixo tem como objetivo incentivar o debate entre pesquisadores(as) que estão engajados(as) em atividades de Ensino, Pesquisa e/ou Extensão articuladas com o campo da tradução de maneira ampla, considerando as possibilidades de trabalho multimidiático e potencializados pelo emprego de Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC’s). Imaginário Medieval e literatura; olhares poliédricos Coodenadores: Juan Ignacio Jurado Centurión (UFPB) e Juan Pablo Martín Rodríguez (UFPE) Descrição : Segundo o professor e historiador Jaume Aurell (2018), atualmente resulta difícil empreender um estudo sobre a Idade Média que não seja tratado desde uma perspectiva poliédrica que se vai materializar através de uma convergência de saberes em um novo enfoque mais globalizante. E desde esse olhar multidisciplinar que se reduzem as distancias entre historiadores, críticos literários, filósofos, filólogos, entre muitos outros e assim se ampliam as possiblidades de uma abordagem mais abrangente que permita examinar o imaginário medieval com o objeto de revitalizar os estudos medievalistas e questionar o tradicional paradigma que, desde o século XV, foi sedimentando uma ideia distorcida desse período histórica e por consequência de seu rico legado cultural. Assim, o propósito deste eixo temático é, no seu caráter abrangente, trazer reflexões voltadas para os estudos medievais a partir de uma perspectiva multidisciplinar e inovadora que abra o espaço para diferentes reflexões e dabates.

RESUMOS DAS PALESTRAS E MESAS-REDONDAS

MESA 1: Tradução de obras de Christine de Pizan no Brasil Mediadora: Profa. Dra. Luciana Calado Deplagne Horário: 10h30 – 12h Traduzir a lírica de Christine de Pizan: conceder-lhe abrigo Profa. Dra. Carmem L. Druciak Instituto de Letras- UFBA A prática de tradução de obras medievais consolida o pensamento de que quanto mais traduzimos, melhor lemos os textos desse período e que a tradução, como leitura atenta, revela detalhes e garante a sobrevivência de textos não escritos no idioma de chegada e que estão distantes na linha do tempo. Nossa reflexão se dá a partir dos estudos de Antoine Berman, Henri Meschonnic, Paul Zumthor, Paul Ricoeur que, em linhas gerais, pensam a tradução como uma relação com o Outro, sua linguagem, sua cultura e sua história, ao mesmo tempo ligados e compreendidos pelo tradutor em sua própria língua-cultura-história. É nessa abordagem que a tradução da poesia lírica de Christine de Pizan enriquece o conhecimento sobre a autora, dando a conhecer um conjunto mais amplo de gêneros textuais, agora em português brasileiro, a que a mulher de letras se dedicou. Nesta intervenção, apresentaremos a tradução da Ballade C (100) de Cent Balades para mostrar de que forma os versos christinianos desafiam o tradutor a conceder “abrigo” (A. Berman), em sua língua, a uma obra que vem de muito longe no tempo. Palavras-chave: Christine de Pizan; Lírica medieval; Tradução literária; Tradução como relação. As traduções e a transcrição semidiplomática da obra Trois vertus para o português Profa. Dra. Lucimara Leite Pesquisadora independente No livro, Le livre des trois vertus , escrito entre 1405-6 é dedicado à jovem delfina da França, Marguerite de Bourgogne, Christine elabora um verdadeiro tratado sobre educação, dando conselhos a mulheres de todos os estamentos sociais sobre como comportar-se e sobre como deveriam ser educadas. A obra é dividida em três partes, cada parte é denominada Livro: o Livro I tem 26 capítulos, o Livro II tem 13, e o Livro III tem 14. O Livro I é endereçado às princesas, rainhas, duquesas e grandes senhoras; o Livro II tem por finalidade orientar as donas e donzelas que viviam na corte, e o Livro III é dedicado às senhoras de estado, burguesas e mulheres do povo. No prólogo, Christine descreve novamente a aparição das três senhoras, Razão, Retidão e Justiça, enviadas por Deus para auxiliá-la na tarefa de aumentar o número de mulheres sábias que pudessem povoar La cité des dames , lugar de refúgio para as mulheres. A autora esclarece que escolheu se endereçar primeiramente às grandes senhoras, devido à posição de prestígio que ocupam na sociedade, para que sirvam

de espelho a seus servos e a todos que vivem sob sua guarda. Para avaliar a importância dessa obra, lembramos que ela foi traduzida para o português, entre 1447 e 1455, a pedido da rainha D. Isabel, o manuscrito dessa versão encontra-se na Biblioteca Nacional de Madri. Tal versão difere do texto impresso na oficina de Herman de Campos, utilizado neste trabalho, de 1518, dedicado à rainha D. Leonor, com o título de O espelho de Cristina. Dessa segunda tradução há três testemunhos: o da Biblioteca Nacional de Lisboa, o da Biblioteca do Palácio Ducal de Vila Viçosa (BDVV) e o da Biblioteca Nacional de Madri (BNE). A palavra espelho aqui é muito sugestiva, pois metaforiza um comportamento a ser seguido fielmente por outras mulheres. Este manual de instrução moral para as mulheres, por se destinar principalmente às grandes senhoras, tinha o significado de um espelho para as outras mulheres, como se pode observar no próprio título da tradução portuguesa: O espelho de Cristina. A autora acreditava (e este era um conceito vigente na época) que a postura das grandes senhoras seria imitada pelas outras mulheres e que seus grandes feitos, uma vez contados em vários lugares, ampliariam a força educativa das ações virtuosas. No tocante à edição semidiplomática do livro O Espelho de Cristina , a partir do Impresso de Lisboa (IL). Com isso nosso objetivo foi: a. fornecer uma lição do texto, IL; b. apresentar as intervenções do editor, as lições divergentes e, quando necessário, as lições em língua original para aclarar o texto ou dar conta dos problemas de tradução; c. indícios do uso de mais de uma fonte para a tradução:

  • A Tauoa das rubricas apresenta duas divergências: I. No Livro II, cap. 13, título do capítulo está diferente na Tauoa e no texto; II. No Livro III, os capítulos do 9-13 possuem temas diferentes dos apresentados no texto.
  • E, no Livro II, cap. 2, há uma referência ao cap. 18 do Livro I, mas o tema refere- se ao cap. 17. Fazer a edição de um texto antigo, com quase 500 anos, significa estar aberta para perceber e ouvir o texto, as palavras; ler tão somente as palavras, sem fazer associações, dando o devido valor a cada um dos elementos de composição. Este é um trabalho minucioso, delicado e atencioso. Não podemos nos descuidar dos detalhes de cada letra e sua importância na composição das palavras, frases e sentido. Por isso, o trabalho do crítico textual é de tal responsabilidade e importância: recuperar o texto o mais próximo possível do seu original. Transformação de fortuna: desafios de uma tradução filosoficamente orientada Profa. Dra. Ana Rieger Schmidt Departamento de Filosofia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Procurarei debater as principais dificuldades encontradas durante a tradução parcial da primeira parte do Livro da Transformação de Fortuna , de Christine de Pizan, sublinhando as passagens de maior interesse filosófico, tais como: os sentidos de transformação, a manutenção da identidade da personagem em sua trajetória, a distinção entre as noções de justiça e costume.

A presente comunicação pretende estabelecer uma série de considerações gerais sobre a maneira em que poderia ser confrontado um estudo da Idade Média desde uma perspectiva global. Para isso, propor-se-á a teoria historiográfica (que combina conceitos e metodologias de várias ciências sociais como a antropologia, a sociologia e a psicologia) como solução para salvar as distâncias geográficas e culturais entre as diferentes regiões da Terra e tentar uma verdadeira história medieval global. Após uma introdução sobre as diferentes tentativas que os historiadores têm desenhado para falar numa história global, irão ser identificados os fatores de coesão social que poderiam caracterizar uma época medieval global (religião, burocracia, economia e sociedade), concluindo com algumas reflexões e propostas para o ensino da Idade Média sem eurocentrismos nem barreiras ideológicas. A reinvenção de uma toponímia sagrada: A Via Dolorosa no interior do Brasil Prof. Dr. Renata Cristina de Sousa Nascimento Universidade Federal de Goiás Universidade Estadual de Goiás Pontifícia Universidade Católica de Goiás A constituição dos lugares-memória do cristianismo fortaleceu os chamados espaços de recordação. Pelo desejo de aproximação a uma sacralidade palpável reinos e cidades recriaram em seu território uma toponímia espiritual, tendo Jerusalém como modelo. Esta ampla transposição dos passos da Paixão de Cristo, delimitou a tradição e identidade cristã. A Via Dolorosa foi teatralizada e inserida nas rememorações da Semana Santa em todos os lugares de devoção cristã. No Estado de Goiás (Brasil) duas importantes representações da Via Sacra são objeto desta investigação: 1º- A Via- Sacra- 14 criações de Frei Nazareno Confaloni, que foram pintadas em 1965; 2º- A Via Dolorosa de Trindade- Conjunto de obras de arte, em tamanho real feitas pelo artista plástico Elias Santos, na Cidade de Trindade (Goiás-Brasil) inauguradas em 2002. Estas representações artísticas contribuem para o fortalecimento do patrimônio cultural goiano, e são elementos fundamentais na reinvenção de uma toponímia sagrada. Coleção Idade Média Didática: uma experiência de articulação entre ensino e pesquisa Profa. Dra. Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva UFRJ/CNPq/Faperj Como atividades vinculadas a projetos coletivos de pesquisa desenvolvidos junto ao Programa de Estudos Medievais e ao Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ com o financiamento da Faperj por meio do Programa Cientista do Nosso Estado, coordenei a produção de dois volumes intitulados “Atividades Didáticas para o Ensino Básico”. O principal escopo das pesquisas é o estudo da construção medieval da memória de santos venerados no Rio de Janeiro. O primeiro projeto, realizado de 2015 a 2019, priorizou a análise das questões de gênero, e o

segundo, iniciado em 2019 e ainda em curso, os temas da violência e (in)tolerância. No desenrolar dos projetos, busca-se articular as atividades de ensino, pesquisa e extensão, envolvendo alunos em diferentes níveis de formação, egressos e participantes externos. Para delinear tais projetos, dentre outros pressupostos, parti da ideia de que como os santos fazem parte da cultura carioca, possuem grande potencialidade didática. Como destacado na apresentação do primeiro volume da Coleção Idade Média Didática, defendo que “por meio da desnaturalização e desconstrução de memórias de santidade é possível desenvolver estratégias de ensino e de divulgação acadêmica, a fim de abordar aspectos da sociedade medieval e propiciar a análise crítica sobre os saberes que buscam constituir e dar sentido à nossa organização social ainda hoje”. Em minha exposição farei uma apresentação dos desafios e do processo de elaboração das fichas didáticas que compõem os materiais, que foram organizados em duas conjunturas bem diversas.

MESA 4: A Cidade das Damas: ensino e pesquisa no Brasil Mediadora: Ana Miriam Wuensch (UnB) Horário: 10h30-12h Mapeamento dos estudos sobre Christine de Pizan no Brasil Profa. Dra. Aline Cunha de Andrade Silva Pesquisadora do Grupo Christine de Pizan alinecunhaa@gmail.com Os estudos sobre Christine de Pizan intensificaram-se no Brasil nas últimas décadas. Nosso trabalho vem evidenciar a expansão e articulação das pesquisas sobre Christine de Pizan no formato de artigos em periódicos, capítulos de livros, eventos acadêmicos, traduções e trabalhos de conclusão de cursos no âmbito da graduação e da pós-graduação nas áreas de Letras, Filosofia e História. Nosso levantamento considerou informações oriundas do Grupo Christine de Pizan, vinculado ao CNPq, e do artigo da pesquisadora Luciana Deplagne (2020). Descobertas utópicas: pedagogias e práticas coletivas pela mão de Pizan Prof.ª Dr.ª Janyne Sattler UFSC janynesattler@yahoo.com.br A Cidade das Damas compôs a bibliografia de uma disciplina devotada à pesquisa de utopias e distopias políticas feministas no de 2019. Christine de Pizan foi lida como a primeira utopista (de que temos conhecimento) no contexto da filosofia ocidental, ao lado de figuras anglófonas da modernidade (Margaret Cavendish) e do século XX,

cristão, depurando seus conteúdos, para um discurso cristão e canônico. Fez assim o uso do “corpo”, mas inserindo uma alma, mais cristã, sem a carnalidade do paganismo. Nossa apresentação pretende dirigir o olhar para a releitura cristã do Judaísmo, na sua vertente bíblica, através da exegese do assim denominado Antigo Testamento (AT), tal como se fosse apenas uma prévia ou um anúncio do Novo Testamento (NT). Assim faz uso de alegorias, e cria figuras de forma a conectar trechos do AT, com trechos do NT. Tradução e circulação dos conhecimentos médicos na Idade Média e no Renascimento: presenças e ausências das mulheres Profa. Dra Karine Simoni UFSC Os saberes médicos do medievo construíram-se a partir de complexas relações de transferências culturais, cuja reconstrução histórica ainda é bastante enigmática. Alguns registros, tais quais os de Hipócrates ( 460 - 370 a.C), Galeno ( 129 - 201), Avicena (980-1037), Averróes (1126-1198) e Maimônides (1138-1204) mostram as tentativas de desenvolver, aprimorar e sistematizar os conhecimentos através de compêndios escritos que convidavam a uma reflexão filosófica da saúde e da doença. Mostram também como a “contaminação cultural” advinda da tradução entre gregos, latinos e árabes teve como principal consequência o desenvolvimento de várias áreas, como astronomia, matemática, medicina, línguas. Por outro lado, a exclusiva canonização de nomes masculinos nesse campo do conhecimento faz pensar, muitas vezes, que as mulheres não participaram da história como sujeitas ativas na produção/ tradução do conhecimento. Santa Fabiola (séc. IV), Metrodora (aprox. séc. VI-VI), Trotula e Hildegarda (séc. XI), Jacqueline Félicie di Almania e Alexandra Giulliani (séc. XIV) são alguns nomes que atestam a presença das mulheres na história da medicina, embora, especialmente a partir do ano mil, as mulheres tenham sido cada vez mais excluídas do círculo profissional e seus saberes colocados a duras provas. (MADERNA, 2017, p. 36-37). A junção do feminino e das chamadas "práticas mágicas" da cura passa a (re)produzir e a acentuar uma significativa e misógina leitura sobre o mundo das mulheres, destinada a marcar os rumos da sua importância e reputação. Este estudo apresenta algumas reflexões sobre a disseminação do conhecimento médico no medievo em perspectiva de gênero, de modo a enfatizar o conhecimento das mulheres e os mecanismos de sua exclusão da história. Palavras-chave: Trotula. Medicina. Idade Média. Renascimento O Espaço Social, Cultural e Simbólico das Traduções do Scriptorium Afonsino: entrelaçamentos transculturais da translatio studiorum Profª. Drª Aline Dias UFSC/Meridianum

A partir da análise do scriptorium de Afonso X, este trabalho apresenta algumas possibilidades de estudos sobre o espaço de tradução medieval pela perspectiva da “virada espacial” nas ciências humanas. De acordo com esta proposta, entende-se que a experiência social não pode ser amplamente compreendida, se for dissociada da experiência espaço-temporal que a constitui. Por este caminho, o espaço seria o meio interativo e integrativo dos entrelaçamentos transculturais onde se manifesta o movimento da translatio studiorum. Especificamente, serão abordados os espaços onde eram feitas as traduções, os espaços possíveis de circulações e os espaços manifestos nas cosmovisões compartilhadas e reatualizadas no fenômeno transcultural. MESA 6: Tradução e construções narrativas Mediador: Prof. Dr. Luciano J. Vianna (UPE) Horário: 15h30-17h Evangelização franciscana na Nova Espanha: entre a tradução e a interpretação Prof. Dr. Juan Ignacio Jurado Centurión Lopez UFPB – CCHLA juanig@terra.com.br Décadas após a chegada dos primeiros religiosos ao Novo Mundo, num projeto mais próximo da compilação lexical do que do próprio estudo das línguas, os irmãos da Ordem de São Francisco, principais protagonistas do processo de evangelização nos territórios do atual México mostrarão que só o conhecimento lexical, a tradução literal, palavra por palavra, não seriam suficientes para chegar ao coração de quem se quer catequizar. Seria necessária uma abordagem diferente. Esta realidade, embora não seja novidade para os missionários, vai estimular, com uma formação entre medieval e humanista, entre os primeiros religiosos, o estudo sistemático das culturas indígenas como a melhor forma de aproximação aos valores da comunidade local e de uma melhor compreensão do mundo indígena. A abordagem dos valores locais através da linguística passará a ter como novo condicionante, entre os irmãos regulares, que é o fato da convivência com o povo comum. Este trabalho visa centrar a sua atenção em quais foram os métodos utilizados pelos padres franciscanos na tentativa de abordar estes valores locais através da linguagem da convivência e como forma de abordar esta metodologia centraremos a nossa atenção na utilização de três conceitos sobre linguagem e espiritualidade que servirão de paradigma em nossa argumentação. Num primeiro momento nos aproximaremos do olhar, entre a surpresa e a necessidade de narrar o que foi difícil de conseguir o que tinham pela frente, protagonizado pelos primeiros europeus que chegaram às margens do Novo Mundo. Mais tarde, já no período peninsular. seja o tempo da visão dos primeiros religiosos e as consequências da incompreensão entre estes e os indígenas. De um lado e de outro, o resultado foi a necessidade de compreender o outro a partir de um processo hermenêutico mais próximo da tradução, da lexicologia ou da

Reunião do Grupo Christine de Pizan Mediadoras: Profª Drª Luciana Calado Deplagne (UFPB) e Profª. Drª Cláudia Brochado (UnB) Integrantes confirmadas : Ria Lemaire (Université de Poitiers), Ana Miriam Wuensch(UnB), Mirtes Pinheiro ( Secretaria de Educação de Contagem-MG) Apresentação: Transgressão a caminho de Deus: a mística do amor em Hadewijch de Amberes Profª Drª Paloma Oliveira (SEECT-PB) palomaoliveira03@gmail.com Mais ou menos na metade século XIII, na zona de Brabante, atual Bélgica, uma Hadewijch de Amberes escrevia sobre Deus e Amor através de cartas e fragmentos poéticos. Ela fazia parte de um grupo de mulheres, criaturas de espírito livre que se uniam em comunidades religiosas sem representação institucional. Conhecidas como beguinas, foram alvo das instituições eclesiais por perpetuar na escrita seu maior propósito: documentar seus desejos e anseios no ato de união com Deus. Hadewijch de Amberes é considerada a primeira grande escritora em língua flamenca e é a partir de seus escritos que seguirá a fala proposta nesta mesa. Na exposição pretende-se apresentar alguns poemas da beguina, há muito guardados, e pensá-los a partir da mística do amor. Para tanto utilizo o aporte teórico de Teixeira (2014) e Maçaneiro (1995), assim como Paz (1994), Tabuyo (1999), Almeida (2011) e Cirlot & Garí (1999). Além dos textos, julgo importante apresentar o pouco que se sabe da vida de Hadewijch. Pretendo, portanto, dialogar com a escrita desta mulher ainda pouco conhecida no Brasil e disseminar seus versos, sua ousadia e transgressão entre os leitores. Palavras-chave: Mística; Mulher; Desejo; Beguinas; Hadewijch de Amberes. MESA 7: Narrar a vida: biografias e autobiografias de mulheres da Idade Média Mediadora: Maria Simone Marinho Nogueira Horário: 10h30 – 12h Isabel de Villena e a peculiar biografia de Jesus Cristo Profa. Dra. Cláudia Brochado UnB A valenciana Isabel de Villena (1430-1490) escreve sua obra Vita Christi no século XV, uma obra que ganha fama antes de ser publicada. Isabel, chamada a Católica

(1451-1504), é uma das pessoas que se interessa por ela, encomendando uma cópia e impulsionando sua publicação em 1497. O que há de especial na Vita Christi de Villena, além de sua grande qualidade, é a peculiaridade de apresentar, fundamentalmente, a relação de Jesus com as mulheres. Uma obra erudita, ao mesmo tempo com uma narrativa viva e pulsante, escrita em sua língua materna, o valenciano. Nesta comunicação, trataremos das prováveis razões que levaram a autora a se distanciar das tradicionais biografias de Jesus Cristo, tanto em sua forma quanto em seu conteúdo Entre o segredo da confissão e a publicidade da hagiografia: as santas mulheres italianas do período comunal sob o olhar dos confessores Prof. Dr. André Miatello UFMG Muitas santas mulheres da Itália comunal medieval (como Angela de Foligno, Margarida de Cortona ou Clara de Rímini) tiveram suas hagiografias redigidas por seus confessores, fato inusual ou desconhecido para épocas anteriores. Em alguns casos (como Clara de Rímini), as hagiografias de mulheres foram os únicos relatos contemporâneos que sobreviveram sobre elas. Se, por um lado, sabemos que hagiografia é um gênero textual codificado por usos e costumes ordenados pela sua finalidade laudatória e parenética ou exemplar, sabemos, por outro lado, que os confessores tinham acesso aos recantos profundos da intimidade de seus confessandos. A relação confessor/confessanda teria interferido nas práticas discursivas hagiográficas? Quais os desdobramentos da ambígua relação entre o segredo confessional e a publicidade hagiográfica? As Vitae femininas escritas por homens que se reconheciam discípulos e filhos espirituais de suas confessandas passavam por quais tipos de filtros? Esses são alguns dos problemas a serem investigados nessa apresentação. The Book of Margery Kempe : percursos de uma narrativa autobiográfica Profa. Ma. Fernanda Cardoso Nunes PPGL-UFPB/ UECE-FAFIDAM Esta pesquisa objetiva analisar a influência da espiritualidade beguina na obra The Book of Margery Kempe (c.1436), considerada a primeira autobiografia escrita em língua inglesa, de autoria da mística inglesa Margery Kempe (1343-c.1438). O texto relata as vivências da autora inglesa nascida em King’s Lynn na região de Norfolk: sua vida doméstica, sua peregrinação a lugares sagrados na Europa e na Terra Santa, as perseguições que sofrera, tendo sido mesmo acusada de heresia, bem como seus diálogos místicos com Deus, com Jesus Cristo, a Virgem Maria e sua vida devocional A obra de Margery Kempe rompe com os padrões de escrita da Idade Média inglesa ao utilizar a linguagem mística como meio de relato: uma linguagem que, mesmo implicitamente, fala de suas memórias e experiências enquanto mulher que vivencia