


Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Bronquiolite Viral Aguda, introdução, epidemiologia, patogênese, diagnóstico, tratamento, medidas preventivas e complicações
Tipologia: Resumos
1 / 4
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
A bronquiolite viral aguda (BVA) é uma inflamação inespecífica que afeta as pequenas vias aéreas, caracterizada por inflamação, edema e necrose das células epiteliais respiratórias, com impactação de muco causada por vírus, sendo o mais comum o vírus sincicial respiratório (VSR). A BVA geralmente ocorre no primeiro episódio de sibilância em lactentes menores de 12 meses. A infecção por VSR é frequente no primeiro ano de vida, com exposição quase universal nos primeiros 2 anos, mas sem gerar imunidade duradoura, permitindo reinfecções ao longo da vida. A primoinfecção tende a ser mais grave e a doença é uma das principais causas de morbidade e internação hospitalar no primeiro ano de vida, mesmo em países desenvolvidos. Anticorpos maternos, que protegem contra infecções respiratórias, diminuem após o sexto mês, deixando os lactentes mais vulneráveis, especialmente os prematuros. Não há tratamento efetivo para BVA, apenas medidas de suporte. A profilaxia medicamentosa eficaz disponível é o palivizumabe, um anticorpo monoclonal contra o VSR, que reduz a gravidade da doença e o risco de internação.
O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal patógeno causador da bronquiolite viral aguda (BVA), responsável por 50-80% dos casos, seguido pelo rinovírus humano. A maioria das crianças é infectada nos primeiros 2 anos de vida, com pico entre 2-3 meses devido à redução dos anticorpos maternos. Lactentes prematuros têm maior risco de morbimortalidade por não receberem adequadamente os anticorpos via placentária. Fatores de risco adicionais incluem displasia broncopulmonar, idade menor que 12 meses, sexo masculino, aglomeração, ausência de aleitamento materno, cardiopatia congênita e imunodeficiência. Outros vírus como parainfluenza, metapneumovírus, coronavírus, adenovírus, influenza e enterovírus também podem causar BVA, e coinfecções ocorrem em mais de 30% dos casos. O VSR segue um padrão sazonal, predominando em climas frios ou períodos chuvosos. Infecções subsequentes são comuns devido à falta de imunidade duradoura. Nos primeiros 2 anos de vida, a gravidade é maior devido ao calibre menor das vias aéreas e resposta imunológica imatura. Um estudo do Datasus (2008-2015) mostrou um aumento de 49% nas taxas de hospitalização por BVA, com uma diminuição em 2014 devido à introdução do palivizumabe, mas voltando a aumentar posteriormente.
A transmissão do vírus sincicial respiratório (VSR) ocorre através do contato com secreções respiratórias infectadas ou pela inalação de partículas respiratórias. O vírus adere às células- alvo do hospedeiro pelas proteínas F e G, com a proteína F facilitando a fusão do envelope viral com a membrana plasmática da célula hospedeira, iniciando a replicação viral no epitélio nasal. O VSR rapidamente se espalha para as vias aéreas inferiores, atingindo as células epiteliais ciliadas dos bronquíolos e pneumócitos dos alvéolos.
A replicação viral nos bronquíolos causa lesão direta no epitélio respiratório, necrose e exposição de fibras nervosas que estimulam a tosse. A necrose desencadeia uma resposta inflamatória, com migração de neutrófilos seguida por infiltração linfocítica, aumento da permeabilidade vascular e edema. A função ciliar é prejudicada, causando impactação de muco e formação de plugs que obstruem os bronquíolos, levando ao aprisionamento aéreo e colapso lobar. A regeneração do epitélio bronquiolar começa 3-4 dias após a resolução dos sintomas.
A bronquiolite viral aguda (BVA) geralmente começa como uma infecção das vias aéreas superiores após um período de incubação de 4-6 dias, apresentando coriza, espirros e obstrução nasal, e febre em cerca de 1/3 dos casos. A obstrução nasal pode levar à recusa alimentar e desidratação. Após 2-3 dias, os sintomas evoluem para afetar as vias aéreas inferiores, com tosse, taquipneia, dispneia, uso de musculatura acessória, gemência, batimento de aleta nasal e hipoxemia. Os sintomas podem durar até 2 semanas. Em lactentes muito jovens ou prematuros, a BVA pode se manifestar como apneia sem pródromos. A ausculta respiratória pode revelar sibilos, estertores e aumento do tempo expiratório. Em imunocomprometidos, os sintomas típicos podem estar ausentes, sendo substituídos por infiltrados pulmonares e síndrome da angústia respiratória aguda. Sinais de desidratação, como perfusão capilar lenta, mucosas secas, depressão da fontanela anterior e pele com turgor reduzido, podem aparecer nos casos graves. A gravidade da doença depende da idade, comorbidades, exposição ambiental e imunodepressão. O exame físico pode variar devido à mobilidade dos plugs bronquiolares com tosse, sono e agitação.
O diagnóstico da bronquiolite viral aguda (BVA) é feito principalmente com base na história clínica e no exame físico, sem necessidade de exames laboratoriais ou radiográficos. Testes de detecção viral, como a reação em cadeia de polimerase (PCR), não são essenciais durante picos sazonais do VSR ou no primeiro ano de vida, mas podem ser úteis em casos suspeitos de influenza, formas graves, ou pacientes imunocomprometidos. Para lactentes recebendo palivizumabe, a imunização deve ser descontinuada se houver confirmação de BVA por VSR. Radiografias torácicas são geralmente desnecessárias, a menos que haja agravamento, complicações, ou suspeita de outro diagnóstico, para evitar o uso excessivo de antibióticos. Hemogramas não são indicados rotineiramente, pois anormalidades nos glóbulos brancos raramente preveem infecções bacterianas concomitantes. Análises gasométricas arteriais também não são rotineiras, sendo indicadas apenas em casos graves com falência respiratória.
O tratamento da BVA é principalmente sintomático, focando no controle da febre, hidratação e nutrição adequadas, além do monitoramento respiratório. A maioria dos casos pode ser tratada em casa, mas a hospitalização é necessária em casos graves, especialmente em lactentes menores de 1 ano.
Complicações
Fonte: Tratado de pediatria (volume 2) - Sociedade Brasileira de Pediatria