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Saiba como a ideia de um deus único e poderoso mudou a história do mundo, desde zurvan, o deus do tempo na pérsia, até javé, o deus bíblico, e alá, o deus do islã. Explore como esses deuses se diferem e como eles superaram os deuses dos maiores impérios da antiguidade.
Tipologia: Esquemas
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https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-origem-deus.phtml
Há aproximadamente 4 mil anos, a ideia de um Deus único e poderoso mudou a história do mundo. Saiba, enfim, como foi criada a imagem do criador
quinta 25 outubro, 2018
Representação de Deus em A Criação de Adão, de Michelangelo
Representação de Deus em A Criação de Adão, de Michelangelo Foto:Reprodução
O todo-poderoso deus do Sol Amon-Rá, um dos criadores do mundo no antigo Egito, não passa hoje de mera curiosidade arqueológica. O mesmo fim levaram outros deuses egípcios, como Osíris e sua mulher Ísis. Tiamat e Apsu, deuses da criação na Mesopotâmia, também foram relegados ao ostracismo. Zurvan, o deus do tempo na Pérsia antiga, não conseguiu acompanhar o passar dos séculos com a mesma força. E os grandes deuses gregos e romanos, como Zeus (Júpiter, para os romanos), Afrodite (Vênus) e Apolo (Marte), apesar de gozarem ainda de status literário e mitológico no Ocidente, não são levados mais a sério como divindades – a não ser em episódios de desenhos animados
como Os Superamigos, onde ainda são invocados por personagens como o Super- Homem, a Mulher-Maravilha e outros membros da Sala de Justiça.
Esse, definitivamente, não é o caso de Javé. O deus bíblico criador do céu e da terra segundo o Gênesis continua reinando absoluto para judeus, cristãos e muçulmanos (ainda que estes últimos o chamem de Alá). Mesmo que você seja ateu, Javé continua moldando boa parte de sua vida. Afinal, a imagem de um ser todo-poderoso, masculino, onipotente, pai, permeia a cultura, o comportamento e a ética do Ocidente. Mas como a ideia de um único deus, cultuado inicialmente por pequenas tribos do Oriente Médio, viria a mudar a história do planeta? Como Javé superou os deuses dos maiores impérios da Antiguidade?
Seita africana acreditava que Churchill era Deus
quarta 11 outubro, 2017
Qual é a árvore genealógica dos deuses gregos?
sábado 1 dezembro, 2007
Alcorão: E Deus falou sua língua
domingo 1 janeiro, 2006
Deuses e Deus
Apesar de ninguém saber ao certo o momento em que os homens passaram a cultuar deuses, a maioria dos arqueólogos e antropólogos concorda que esse é um traço comum de todas as civilizações. Como escreveu a historiadora das religiões Karen Armstrong em seu livro Uma História de Deus, “parece que criar deuses é uma coisa que os seres humanos sempre fizeram. E, quando uma ideia religiosa deixa de funcionar para eles, simplesmente a substituem”.
As primeiras imagens de deuses esculpidas em pedras há mais de 10 mil anos na Europa, no Oriente Médio e na Índia em nada se parecem, contudo, com o velho barbudo e
Representação de Afrodite, deusa grega do amor e da beleza Reprodução
E, por estarem mais próximos dos homens, a relação dos gregos com os deuses era semelhante à relação de alguns católicos com seus santos de preferência. Cada um deles tinha um papel bem definido e as oferendas seguiam a lógica das promessas: em troca de ofertas ao seu deus predileto, os devotos esperavam que sua parte no pacto fosse cumprida. Quando isso não acontecia, era comum que os deuses fossem criticados abertamente – assim como um empregado critica seu patrão por não ter retribuído seu esforço.
Adotados pelos romanos com outros nomes, esses deuses da Grécia logo se tornaram parte do ritual cívico do novo império que não parava de se expandir. Como os deuses não eram entidades imaculadas – e sim um tipo de homens superpotentes – , era comum atribuir a alguns imperadores (as pessoas mais poderosas à época) uma origem divina. Na prática, os rituais da administração pública costumavam se mesclar às cerimônias religiosas.
Mas, desde que os povos dominados pelos romanos que seguissem outras religiões pagassem seus impostos e não desafiassem o comando romano, seus cidadãos tinham o direito de seguir os deuses de sua preferência. Quando os romanos conquistaram a região que hoje faz parte de Israel, no século 1 a.C., eles inicialmente não fizeram muito caso com o culto dos judeus a um deus único no Templo de Jerusalém. Naquele tempo, ninguém podia ainda imaginar que o deus dos judeus seria levado, quatro séculos depois, para o centro do maior império do Ocidente.
Mas que deus era esse?
Deus tribal
Segundo as Escrituras, o pacto entre os judeus e Javé teria começado com um homem chamado Abraão, há cerca de 4 mil anos. Conta a tradição que ele foi chamado por Deus para deixar a cidade de Ur, na Mesopotâmia (atual Iraque), para fundar uma nova nação em uma terra desconhecida. Mais tarde, essa terra prometida seria chamada de Canaã. Ao obedecer e firmar uma aliança com esse deus único, Abraão recebeu a promessa de que sua “semente” iria prosperar por toda a Terra.
O deus que aparecera para Abraão é completamente diferente dos deuses gregos e romanos. Ele não compartilhava da condição humana e se colocava na posição onipotente de poder fazer qualquer exigência que quisesse. Qualquer uma mesmo. No caso de Abraão, por exemplo, Javé ordenou que seu filho Isaac fosse sacrificado pelo próprio pai como prova de sua fé. O resto da história é conhecida: no momento em que Abraão já
A partida de Abraão, por József Molnár Reprodução
Durante essa fase, Javé parece mais preocupado em ameaçar a raça humana para que ela não se desvie de suas instruções. Talvez seja por isso que o pacto de Abraão precisou ser reforçado por outros patriarcas. Caso de Moisés, para quem Deus preferiu escrever diretamente seus mandamentos nas tábuas do profeta, não deixando dúvidas sobre suas intenções.
O fato é que, quando os romanos chegaram a Israel, o deus do Templo de Jerusalém parecia muito mais rigoroso e cheio de exigências que os deuses gregos. Mesmo para os romanos, que admiravam a tradição judaica pela consistência de suas escrituras, a conversão àquele deus era uma tarefa nada fácil. “Como era necessário seguir uma série de regras, que iam da alimentação à circuncisão, poucos romanos eram atraídos para o
judaísmo”, afirma o historiador André Chevitarese, professor de História Antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Até que, no século 1, o advento de uma nova seita dentro do judaísmo iria tornar Javé popular muito além das fronteiras de Israel.
Deus cristão
A nova corrente judaica defendia que Jesus de Nazaré, o galileu que acabara de ser crucificado pelos romanos, era o messias enviado por Javé para cumprir as profecias das escrituras. Não seria exagero dizer que, inicialmente, o cristianismo não passava de uma corrente judaica – ou melhor, uma ala do judaísmo, assim como um partido político tem alas que nem sempre estão afinadas com a presidência. É então que surge uma questão decisiva para o futuro de Jesus e do deus Javé. A pergunta-chave era: os convertidos ao cristianismo que não seguiam os tradicionais rituais judaicos (como a circuncisão) poderiam ser salvos?
Esse foi um dos principais temas discutidos pelos cristãos numa assembléia realizada por volta do ano 49 d.C., mais tarde conhecida pelo nome de Concílio de Jerusalém. Como diz o historiador Paul Johnson em seu livro História do Cristianismo, o tal concílio foi o primeiro ato político da história da Igreja. É aí que surge uma figura decisiva para a expansão do cristianismo e, por tabela, da crença do deus único Javé.
O nome dele era Paulo de Tarso, um homem cosmopolita recém-convertido, para quem os traços judaicos do cristianismo estavam arruinando seu trabalho de arrebanhamento de novos cristãos. Como provavelmente falava grego muito bem e era um dos poucos cristãos que conheciam diversas províncias do Império Romano, ele devia ter consciência das dificuldades que seu trabalho teria caso tivesse que obrigar os gentios a seguirem as práticas judaicas, principalmente a circuncisão. Para a maioria dos historiadores da religião, se as ideias de Paulo fossem censuradas no Concílio de Jerusalém, talvez o cristianismo permanecesse apenas como mais uma seita judaica, sem conseguir jamais a autonomia responsável pela sua expansão.
Com a expansão da nova fé, o deus “carrancudo” ganhou uma face completamente diferente, ao menos para os cristãos. De certa forma, a crucificação de Jesus foi vista como o momento em que Javé sentiu na pele o que é ser humano. Se, no passado, foi Deus que pediu a Abraão que sacrificasse seu filho como prova de sua fé, o cristianismo invertia essa lógica: agora era o próprio Javé que tivera o filho sacrificado como prova de amor. Mesmo as mensagens atribuídas a Jesus nos Evangelhos parecem ressaltar mais o amor divino que a lei divina. “Apesar de não ser correta a ideia de que o cristianismo promovera um rompimento total com a tradição judaica, é inegável que a figura de Cristo passa a imagem de um deus bem mais marcadamente amoroso que no passado”, diz Luiz Felipe Pondé, filósofo e professor de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Na tradição judaica, em que Jesus viveu, estava muito claro que o homem devia temer a Deus acima de tudo. Com Jesus, a mensagem passa a ser amar a Deus acima de tudo.”
Deus do Islã
Para os muçulmanos, o acordo firmado entre Javé e Abraão renovou-se e foi ampliado no século 7, quando o mercador Muhammad (em português, Maomé) teria recebido as revelações de Deus (agora, Alá) por meio do anjo Gabriel (para eles, Jibril) – desta feita, em língua árabe. Mais tarde, as revelações foram reunidas no livro sagrado do Islã: o Alcorão (ou recitação, em árabe).
A nova revelação do deus dos judeus e dos cristãos vinha preencher um vazio religioso que há muito perturbava os povos da Arábia. Até então, a região também era um centro de santuários de culto a diversas divindades. O mais importante desses locais sagrados, em Meca, era a Caaba (que significa “cubo”), e seu objeto especial de veneração era uma pedra preta, fragmento de um meteoro. “Pedras desse tipo eram adoradas pelos árabes nesse tempo em diversas regiões”, escreveu o francês Maxime Rodinson na biografia Mahomet. Ao lado da pedra, havia representações de diversas deusas, e o santuário era uma espécie de parada obrigatória entre os mercadores da região.
Mesmo assim, como escreveu a historiadora Karen Armstrong na biografia Maomé, boa parte dos árabes sentia-se um tanto renegada por nunca ter recebido uma mensagem direta e explícita de um único deus, como as revelações contidas nas sofisticadas escrituras judaicas e nos evangelhos. Por conhecerem as tradições tanto do judaísmo quanto do cristianismo, eles acreditavam que já era hora de Deus enviar um profeta com uma revelação exclusiva para os árabes. As mensagens recebidas por Maomé foram vistas como o momento em que isso aconteceu.
Para os muçulmanos, as mensagens de Deus contidas no Antigo e no Novo Testamento foram revistas e ampliadas com o Alcorão, que deve ser consultado no lugar das revelações anteriores. No livro sagrado do Islã, o deus de Abraão volta a ser bem mais específico nos seus mandamentos que as parábolas atribuídas a Jesus nos evangelhos. Nesse quesito, Alá se torna bem mais próximo do deus da Lei do Antigo Testamento (a Torá dos judeus). Entre os 6326 versículos do Alcorão, há desde instruções para o casamento até regras sobre como o governante deve agir na cobrança de impostos.
É provável que esse grau de detalhamento das instruções de Deus seja fruto do momento em que Maomé recebera as revelações. Alá, afinal, transmitiu seus novos mandamentos na época em que o profeta erguia um estado em Meca. A nova palavra de Deus, contudo, foi tão forte que os seguidores do Islã terminaram construindo um império. Pouco mais de 100 anos após a morte do profeta, seus seguidores levaram a mensagem do deus único para a África e para locais distantes no Oriente, como o Afeganistão e o Paquistão.
A expansão do Islã no último milênio – assim como a do cristianismo – fez com que o deus de Abraão não apenas vencesse a batalha com os outros deuses como também sobrevivesse a um poderoso inimigo: o mundo científico contemporâneo. Em um tempo em que a narrativa da criação está mais para a explosão caótica do Big Bang do que para o relato do Gênesis, ser ateu continua tão impopular que, como diz o cientista britânico (e ateu) Richard Dawkings, autor de Deus, um Delírio, os homossexuais parecem ter bem mais facilidade para “sair do armário” que os ateus. Quatro mil anos depois, o velho Javé continua em forma.