





Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Colisões no contexto da relatividade especial
Tipologia: Notas de estudo
1 / 9
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Inicialmente, destaca-se que, embora a estrutura espa¸co-tempo newtoniana tenha sido substitu´ıda por uma concep¸c˜ao relativ´ıstica mais geral e compat´ıvel com os postulados de Einstein, a an´alise das leis f´ısicas existentes revelou a necessidade de modificar aquelas que n˜ao s˜ao invariantes por transforma¸c˜oes de Lorentz, como a equa¸c˜ao fundamental F = ma. A mecˆanica de Newton ´e invariante sob transforma¸c˜oes de Galileu, mas n˜ao sob as de Lorentz, tornando-se logicamente necess´ario o desenvolvimento de uma nova mecˆanica — a relativ´ıstica. Apesar de seu nome, a mecˆanica newtoniana tamb´em ´e relativ´ıstica, mas sob o grupo de Galileu. Historicamente, a mecˆanica de Newton serviu com grande precis˜ao para aplica¸c˜oes astronˆomicas e tecnol´ogicas, com sua primeira falha significativa iden- tificada apenas no avan¸co anˆomalo do peri´elio de Merc´urio. A partir do s´eculo XX, com o advento de aceleradores de part´ıculas, discrepˆancias relevantes sur- giram, enquanto a mecˆanica relativ´ıstica mostrou-se consistente. Importante ressaltar que a nova mecˆanica coincide com a antiga em situa¸c˜oes de baixas velocidades, delineando assim o dom´ınio de validade suficiente da mecˆanica cl´assica, de acordo com a precis˜ao desejada. Em termos gerais, a mecˆanica de Newton torna-se inadequada a medida que os fatores de Lorentz (γ) se afastam da unidade. Em colis˜oes laboratoriais de part´ıculas elementares, valores de γ da ordem de 10^4 s˜ao comuns, e at´e 10^11 para pr´otons de raios c´osmicos na atmosfera terrestre. Apesar dessas limita¸c˜oes, a mecˆanica newtoniana continuar´a a ser utilizada em seu dom´ınio de validade devido
a sua simplicidade conceitual e conveniˆencia t´ecnica, permanecendo como uma constru¸c˜ao l´ogica perfeita, tal como a geome- tria euclidiana, mas sem se extrapolar indevidamente como modelo da natureza. Embora existam diferentes abordagens para essa nova mecˆanica, todas con- vergem para o mesmo resultado, desde que a teoria newtoniana se mantenha v´alida no limite de baixas velocidades. A mecˆanica relativ´ıstica proposta ´e el- egantemente consistente e experimentalmente validada em situa¸c˜oes de altas velocidades, onde a mecˆanica de Newton falha. O conceito central da nova teoria ´e a conserva¸c˜ao do 4-momento P = m 0 U , onde m 0 ´e a massa de repouso e U a 4-velocidade. Assume-se como axioma b´asico a conserva¸c˜ao do 4-momento em colis˜oes pontuais, expressa por:
X Pn = 0
com termos pr´e-colis˜ao positivos e p´os-colis˜ao negativos, garantindo automati-
camente a invariˆancia de Lorentz. Utilizando a forma componente de U , obt´em-se: P = m 0 U = m 0 γ(u)(u, c) = (p, mc)
onde: m = γ(u)m 0 p = mu A conserva¸c˜ao do 4-momento desdobra-se ent˜ao nas leis de conserva¸c˜ao do momento relativ´ıstico: (^) X p = 0
e da massa relativ´ıstica: (^) X m = 0 No limite de baixas velocidades (u ≪ c), essas leis se reduzem as conserva¸c˜oes newtonianas, assegurando conformidade com a mecˆanica cl´assica. No limite formal c → ∞, as equa¸c˜oes relativ´ısticas tamb´em retornam
as leis de Newton, oferecendo um crit´erio adicional de valida¸c˜ao. Al´em disso, argumenta-se que a massa relativ´ıstica m deve variar conforme m = γ(u)m 0 para que a conserva¸c˜ao do momento se mantenha v´alida em to- dos os referenciais inerciais, fato corroborado tanto por simetrias quanto por experimentos de colis˜ao idealizados. Esse conjunto de postulados fundamenta a mecˆanica relativ´ıstica das part´ıculas, assegurando simplicidade, conformidade newtoniana no limite apropriado e in- variˆancia de Lorentz — os trˆes crit´erios essenciais para a consistˆencia da nova teoria.
Para descrever corretamente o movimento de part´ıculas relativ´ısticas, substitu´ımos o vetor momento cl´assico pelo 4-momento, definido como:
P μ^ = m 0 U μ^ (1)
onde:
A massa relativ´ıstica ´e dada por:
m = γm 0 (3)
e o momentum relativ´ıstico: p = γm 0 u (4) Obs.: Para velocidades baixas (u ≪ c), recupera-se a dinˆamica cl´assica.
O 4-momento de uma part´ıcula de massa de repouso m 0 pode ser expresso de diferentes formas equivalentes:
P μ^ = m 0 U μ^ =
p,
c
onde:
O quadrado do 4-momento ´e um invariante relativ´ıstico:
P μPμ = m^20 c^2 = m^2 c^2 − p^2 =
c^2
− p^2 (13)
Obs.: Para part´ıculas de massa de repouso nula (m 0 = 0), como o f´oton, temos: P μPμ = 0 (14)
Ou seja, o 4-momento ´e um vetor nulo (null vector ).
A equa¸c˜ao:
E^2 = p^2 c^2 + m^20 c^4 (15) Para part´ıculas de massa nula:
E = pc (16)
Para duas part´ıculas com 4-momentos P 1 e P 2 e massas de repouso m 01 e m 02 :
P 1 · P 2 = m 01 E 2 = m 02 E 1 = c^2 γ(v 12 )m 01 m 02 (17)
Onde:
Em uma colis˜ao el´astica, com 4-momentos iniciais P, Q e finais P ′, Q′:
P + Q = P ′^ + Q′^ (18)
Elevando ambos os lados ao quadrado:
(P + Q)^2 = (P ′^ + Q′)^2 (19)
Como o quadrado do 4-momento total se conserva, temos:
P · Q = P ′^ · Q′^ (20)
Isso implica que a velocidade relativa entre as part´ıculas se conserva durante a colis˜ao — um resultado v´alido tanto na relatividade quanto na teoria cl´assica de Newton, pois ´e independente de c. Mesmo na mecˆanica cl´assica, a velocidade relativa entre part´ıculas se con- serva em colis˜oes el´asticas — a Relatividade apenas generaliza esse conceito para velocidades pr´oximas a c.
Como primeiro exemplo de aplica¸c˜ao da nova mecˆanica relativ´ıstica, consider- amos a analogia de uma colis˜ao el´astica entre duas part´ıculas de massas de re- pouso iguais, sendo uma inicialmente em repouso. Esse problema tem aplica¸c˜oes importantes em experimentos desde a d´ecada de 1930, incluindo cˆamaras de nu- vens e modernos aceleradores de part´ıculas.
Multiplicando as duas express˜oes:
tan θ′^ tan ϕ′^ = sin^2 θ γ^2 (v)(1 − cos^2 θ)
γ^2 (v)
Como 1 − cos^2 θ = sin^2 θ, a rela¸c˜ao se reduz a:
tan θ′^ tan ϕ′^ =
γ^2 (v)
No limite cl´assico c → ∞, temos γ(v) → 1, e a equa¸c˜ao eq:relacaoangulossetorna :tan θ′^ tan ϕ′^ = 1(24) o que implica: θ′^ + ϕ′^ = 90◦^ (25) Na relatividade, no entanto:
Esse desvio angular reduzido nas colis˜oes relativ´ısticas foi uma das primeiras confirma¸c˜oes experimentais da Relatividade Especial. Um referencial inercial onde o momento total de um sistema de part´ıculas ´e nulo ´e chamado de referencial de momento nulo, ou SZM (do inglˆes zero- momentum frame). Esse referencial corresponde ao referencial do centro de massa na mecˆanica cl´assica e ´e especialmente ´util para an´alise de colis˜oes e decaimentos relativ´ısticos.
Considere um sistema de part´ıculas colidindo ocasionalmente, movendo-se livre- mente entre colis˜oes. No referencial S, definimos:
i
mi
i
pi
i
Pi = (¯p, mc¯ )
Cada uma dessas grandezas se conserva no tempo em sistemas isolados.
Apesar de a soma de 4-vetores depender do instante considerado em cada ref- erencial (devido `a relatividade da simultaneidade), pode-se provar que P¯ ´e de fato um 4-vetor. A conserva¸c˜ao do 4-momento em colis˜oes garante que a soma total permanece inalterada durante o deslocamento da hipersuperf´ıcie de integra¸c˜ao no diagrama espa¸co-tempo.
Mesmo que algumas part´ıculas tenham massa de repouso nula, enquanto n˜ao forem todas e n˜ao se moverem paralelamente, a soma P¯ ser´a timelike e future- pointing. Assim, sempre existe um referencial onde:
p¯ = 0
Esse ´e o SZM.
No SZM, temos: P¯ = (0, 0 , 0 , m¯ZM c)
e P¯ = ¯mZM UZM
onde:
Se no referencial S o SZM move-se com velocidade uZM , ent˜ao:
P¯ = (¯p, mc¯ ) = ¯mZM γ(uZM ) (uZM , c)