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AVANÇOS E DESAFIOS DO SUS EM TRÊS DÉCADAS DE EVOLUÇÃO: REVISÃO
INTEGRATIVA DA LITERATURA
1. INTRODUÇÃO
Carolina Rezende Garcia ALVES;
Discente da União das Faculdades dos Grandes Lagos – UNILAGO
Lucas Vedovato NICOLA
Discente da União das Faculdades dos Grandes Lagos – UNILAGO
Profa. Daniela Comelis BERTOLIN
Orientadora Docente da União das Faculdades dos Grandes Lagos - UNILAGO
Dra. Bruna S. de AGUIAR
AUTORES
Objetivo: verificar na literatura o conhecimento produzido nos últimos dez anos acerca dos avanços e
desafios do Sistema Único de Saúde. Método: Desenvolveu-se um estudo de revisão integrativa da literatura,
cuja amostra foi composta por 12 estudos selecionados mediante critérios. Resultados: o SUS conquistou
muitos avanços como a universalidade, o Programa Nacional de Imunicações, o Programa de Saúde da
Família, fornecimento de medicações, o aumento da expectativa de vida e redução da morbimortalidade
infantil. Os desfios a serem enfrentados pelo SUS são: fiananciamento deficiente; infraestrutura precária; falta
de recursos materiais e humanos; grande número de pessoas para serem atendidas; serviços de alta
complexidade distantes do local de origem; fragilidades na atenção primária; ameças sobre o desmonte do
SUS diante da crise política. Considerações finais: O SUS é uma política de saúde que tem apresentado
bons resultados e minimiza as desigualdades sociais, entretanto ainda existem muitos desafios.
RESUMO
ABSTRACT
Palavras-chave:
PALAVRAS-CHAVE
A construção das políticas de saúde no Brasil acompanha a evolução política, social e econômica do
país. E nesse processo evolutivo pode-se dizer que a conquista dos direitos a saúde resultam do poder de luta e
reivindicação dos trabalhadores brasileiros (REIS; ARAUJO; CECÍLIO, 2010).
No início do século XX, quando as principais causas de morbimortalidade eram as doenças
transmissíveis, a saúde pública brasileira se resumia a um modelo denominado “sanitarista campanhista”, imposto
por meio dos guardas sanitários e voltado ao controle de doença transmissíveis endêmicas, como varíola, malária
e febre amarela. Esse período foi marcado pela revolta das vacinas, em 1904, devido a medida proposta por Oswaldo
Cruz, que tornava obrigatória a vacinação contra a varíola. Não havia direito constitucional a saúde, a acessibilidade aos
serviços de saúde existentes era restrita as classes econômicamente favorecidas e a medicina se consolidava na figura
do médico de família com critérios mais empíricos do que baseados em evidências (ALBUQUERQUE, 2018).
Os primeiros indícios de um sistema de saúde emergiram em 1920, quando as reivindicações dos
trabalhadores por melhores condições e garantias no trabalho, culminaram com a Lei Elói Chaves, que instituia a criação
das Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP). As CAP foram um marco inicial da previdência social e do sistema de
saúde brasileiro pois as pessoas que trabalhavam em empresas que tinham uma CAP passavam a ter direito a
assistência à saúde, aposentadoria e pensão para seus herdeiros (PEMPSK; BORBA, 2009).
Na década de 30 a CAP se uniram e constituíram os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP), cujo
montante de recursos financeiros arrecadados dos trabalhadores e empresas era muito maior, o que gerou margem para
especulações acerca da aplicação desse dinheiro no financiamento do processo de industrialização no Brasil (REIS;
ARAUJO; CECÍLIO, 2010).
Os IAP foram unificados na década de 60, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS), o qual foi o primeiro sistema de saúde e previdência unificado em todo o país. Nesse período a saúde vivia sua
fase hospitalocêntrica e especializada desde a década de 50, seguindo os padrões americanos com a construção de
grandes hospitais, em regiões metropolitanas e distantes da maioria da população, os quais foram custeados pelo
dinheiro público e mais tarde se capitalizaram e deixaram de atender a saúde pública (PEMPSK; BORBA, 2009).
Na década de 70 foi instituído o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS), que mais tarde separou a previdência social da saúde. Essa fase foi marcada por um modelo de saúde com
administração centralizada no governo federal; ineficaz; pouco resolutivo; que priorizava a medicina curativa ao invés de
priorizar a prevenção de doenças e promoção da saúde; com acesso aos serviços de saúde ainda restrito às pessoas
que trabalhavam com carteira assinada, renegando grande parcela da população que trabalhava na informalidade,
desempregados e trabalhadores rurais aos atendimentos privados, ou nas Santas Casas de Misericórdia ou ainda à
caridade (PEMPSK; BORBA, 2009; REIS; ARAUJO; CECÍLIO, 2010; ALBUQUERQUE, 2018).
Nesse momento de insatisfação total com o sistema de saúde nasce o movimento de Reforma Sanitária
Brasileira, em decorrência das discussões levantadas na I Conferência sobre Cuidados Primários de Saúde, em Alma -
Ata, em 1978, com a proposta de “Saúde para todos no ano 2000” e “Participação popular na construção das políticas
de saúde”. Os principais objetivos da Reforma eram aumentar a acessibilidade e reorganizar a Atenção Primária de
Saúde (OPAS, 2018).
A Reforma Sanitária se fortaleceu em 1986, com a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, a
qual foi um marco de participação popular nas discussões sobre saúde no Brasil e consagrou o conceito ampliado de
saúde da Organização Mundial da Saúde, o qual “saúde é um estado de completo bem-estar físico mental e social e não
a mera ausência de doenças” (ALBUQUERQUE, 2018).
Os estudos foram escolhidos mediante os critérios de inclusão e leitura dos resumos. E após
seleção prévia realizou-se leitura atenta selecionando-se uma amostra final para esta revisão constituída
por 12 artigos. Para a coleta de dados dos artigos que foram incluídos na revisão integrativa, foi elaborado
um instrumento para catalogação dos artigos contendo autor (es), ano de publicação, objetivos,
delinemento do estudo e conclusão. Todos os artigos catalogados tiveram os dados analisados, segundo
seus conteúdos, por meio da estatística descritiva.
4. RESULTADOS
Esta subseção descreve uma síntese dos estudos selecionados para a análise, bem como os achados comuns na
amostra.
O quadro 1 abaixo apresenta os dados catalogados de cada estudo.
Quadro 1: Apresentação dos artigos e análise dos dados de acordo com os objetivos, ano de publicação, delineamento
e conclusão/considerações finais
Autor (es) e Título Objetivos Ano Delineamento do estudo Conclusão/Considerações Finais 1.PONTES et al. The principle of universal acess to health services: What do the users think? Análisar o conhecimento e percepções dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) pelos usuários. 2009 Estudo descritivo, qualitativo Os dados da entrevista permitiram saber que os usuários conhecem as leis do SUS, porém não citaram claramente em seus discursos, principalmente a universalidade, além de terem a consciência de ser um sistema democrático e igualitário. Evidenciou a existência de atitude positiva quanto ao SUS, relatando o acesso desde serviços básicos a avançados. São pontuadas algumas dificuldades: grande número de pessoas a serem atendidas, falta de materiais e profissionais, sucateamento, “filas”, serviços de alta complexidade distantes do local de origem, além de tratamento desigual de acordo com a condição social. Conclui que ainda são necessárias melhorias em relação a acessibilidade ao acesso e aos serviços do SUS, com maior compromisso dos profissionais a estabelecer uma assistência de qualidade. Necessária maior participação popular.
- SOUZA G.C.A.; COSTA I.C.C. Twenty years of SUS: reflections in a context of changes Descrever os avanços do SUS nos últimos 20 anos e desafios a ser alcançados. 2010 Revisão de Literatura O SUS representa conquistas e avanços no quesito saúde a população brasileira, possibilitando-a de contar com um serviço de atenção à saúde, porém apenas algumas barreiras já foram enfrentadas, ainda tem muitos desafios a serem resolvidos para que se alcance a proteção, promoção e recuperação da saúde da população. Para tal, tem-se que garantir uma melhoria nos tocantes a qualificação da gestão e do controle social, da qualificação e fortalecimento da Atenção Básica sendo está uma organizadora das redes de cuidado a saúde, nas dificuldades no acesso às ações e serviços de saúde, na fragmentação dos programas e políticas de saúde, na organização de uma rede hierarquizada e regionalizada de serviços e ações de saúde, o reconhecimento da autonomia dos entes federados, entre outros. O SUS ainda se encontra em processo de evolução e cabe a todos os envolvidos ter o comprometimento em prol dessa política que beneficia a tantos
brasileiros na busca pela sua qualidade de vida.Necessário maior conscientização e capacitação da população quanto seus direitos como controladores do SUS.
- PAIM J. et al. The Brazilian health system: history, advances and challenges. Examinar o desenvolviment o histórico e os componentes do sistema de saúde brasileiro, com foco no processo de reforma dos últimos quarenta anos, incluindo a criação do Sistema Único de Saúde. 2011 Revisão de Literatura O SUS é um sistema de saúde em desenvolvimento que continua a lutar para garantir a cobertura universal e equitativa. À medida que a participação do setor privado no mercado aumenta, as interações entre os setores público e privado criam contradições e injusta competição, levando a ideologias e objetivos opostos (acesso universal vs. segmentação do mercado), que geram resultados negativos na equidade, no acesso aos serviços de saúde e nas condições de saúde. Outros desafios surgem por conta de transformações nas características demográficas e epidemiológicas da população brasileira, o que obriga a transição de um modelo de atenção centrado nas doenças agudas para um modelo baseado na promoção intersetorial da saúde e na integração dos serviços de saúde.para superar os desafios enfrentados pelo sistema de saúde brasileiro, será necessária uma nova estrutura financeira e uma revisão profunda das relações público- privadas. Portanto, o maior desafio enfrentado pelo SUS é político. Questões como o financiamento, a articulação público-privada e as desigualdades persistentes não poderão ser resolvidas unicamente na esfera técnica. As bases legais e normativas já foram estabelecidas e já se adquiriu bastante experiência operacional. Agora é preciso garantir ao SUS sua sustentabilidade política, econômica, científica e tecnológica.
- NORONHA J.C.; PEREIRA P.R. Principles of the brazilian health system Discutir aspectos jurídicos, éticos e sociais dos princípios do sistema de saúde brasileiro 2013 Revisão de Literatura Muitas são as desigualdades evidenciadas na saúde: cobertura ineficiente, acesso inequanime, má distribuição de recursos de saúde. Desde a promulgação da Constituição Federal, houve muitos avanços porém alguns impasses ainda devem ser combatidos, como o financiamento setorial e relações público- privadas. O princípio da universalidade vem sendo afetado principalmente por interferência do setor privado, principalmente quando envolvem incentivos políticos diretos e indiretos para o desenvolvimento deste tipo de serviço. A gestão dos gastos deve ser melhor distribuída e as formas de tributação melhor analisadas para que favoreçam maiores investimentos em saúde. São necessários atores que garant]am o sucesso da implementação da equidade e da universalidade contidas no texto constitucional. Os pontos principais para a melhoria estariam fundamentados em maior proteção social e menor desigualdade, além de aumentar os recursos para o financiamento do SUS. Deve direcionar esforços para maior cooperativização entre os setores administrativos responsáveis para otimização de recursos e garantir integralidade e equidade.
- MENDES E. 25 anos do Sistema Único de Saúde: resultados e desafios Descrever os desafios e os resultados da implementação do SUS. 2013 Revisão de Literatura O SUS é uma política pública ainda considerada recente e, claramente tem muitos resultados a se comemorados, entretanto ainda se encontram enormes desafios a serem superados. Tal política é responsável pela assistência à saúde de cerca de 140 milhões de brasileiros, sendo assim a maior política de
concluir que o SUS seria algo muito menor do ideal dos reformistas, com medidas que necessitariam ir além do que envolve o financiamento, gestão e pactuação política, criando um sistema que seguisse em caminho conjunto com a renovação social.
- MACEDO et al. Análise do Desempenho do Sistema Único de Saúde (SUS) dos municípios das regiões brasileiras Analisar o desempenho do sistema único de saúde dos municípios nas regiões brasileiras. 2015 Estudo descritivo Para analisar o desempenho do sistema único de saúde, foram verificados 24 indicadores, cujos dados foram coletados no portal do Ministério da Saúde e referem-se ao ano base de 2011. Em relação aos três Indicadores da primeira dimensão denominada Atenção Básica - Acesso potencial ou obtido, os resultados demonstraram que a região Sul obteve destaque, pois dentre os 5. municípios das 5 regiões brasileiras 1. municípios apresentaram o maior índice médio em dois dos três indicadores. Por outro lado, os municípios da região Norte apresentaram os piores índices médios nos três indicadores. Já com relação aos quatro indicadores da segunda dimensão denominada Atenção Ambulatorial e Hospitalar de Média Complexidade, evidenciou que os municípios da região Sul novamente foram melhores, porém os resultados retratam sérias deficiência e baixíssimo desempenho do Sistema Único da Saúde no tocante a este indicador em qualquer região do país. Com relação aos sete indicadores da terceira dimensão denominada Atenção Ambulatorial e Hospitalar de Alta Complexidade, Referência de Média e Alta Complexidade e Urgência e Emergência, verificou-se que os indicadores médios, de forma geral, foram baixíssimos, por sua vez apresentou os menores indicadores médios, em comparação com as outras dimensões e, portanto merecem maior atenção, pois retratam que a atenção hospitalar e ambulatorial de alta complexidade não se encontram em níveis satisfatórios. Sendo a região Sul a que obteve bom desempenho em 6 indicadores desta dimensão. No que se refere aos sete indicadores da quarta dimensão denominada Atenção Básica – Efetividade, os resultados demonstraram que a região Sudeste se destacou na maioria dos indicadores com as melhores médias. Vale ressaltar que esse é o indicador que revela a proporção de pessoas que tiveram acesso a um profissional de saúde bucal para orientar/supervisionar a escovação e apresentou resultados muito mais abaixos do ideal, portanto merece maior atenção. De acordo com a quinta dimensão, denominada Média e Alta Complexidade, Urgência e Emergência, verificou-se que no primeiro indicador, destacaram-se os municípios da região Nordeste e negativamente os municípios da região Sul. No segundo indicador tem-se a inversão. Com relação ao terceiro indicador destacou-se positivamente a região Norte e negativamente a Região Centro-Oeste. Verifica- se que o desempenho do SUS ocorre de maneira irregular, ou seja, não há uma atenção em todas as dimensões de maneira igual para todos os Estados brasileiros, o que prejudica a assistência à saúde da população em geral.
- MACHADO V.V.; LIMA L.D.; BAPTISTA T.W.F. Health Análisar o gerenciamento da política de saúde no Brasil 2017 Revisão de Literatura Sob análise política ao decorrer de 26 anos, pode-se estabelecer alguns avanços como o fornecimento de medicação antirretroviral para pacientes com AIDS, criação de programas de
policies in Brazil in times of contradiction: paths and pitfalss in the construction of a universal system de 1990 a 2016. Agentes Comunitários, expansão de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e programa Mais Médicos. A diminuição da mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida foram grandes marcos de evolução da saúde pública brasileira. Evidenciou-se que mesmo com a criação de novos programas, problemas estruturais ainda continuam. A consolidação do SUS foi barrada principalmente por relações Estado-mercado e desigualdade social. Sobre o financiamento, o gasto per capta ainda se mantém aquém daqueles observados em outros países. Conclui-se que a influência política foi fundamental para a expansão de programas e serviços públicos; porém nenhum governo assumiu a responsabilidade de consolidação de um sistema de saúde universal como prioridade política.
- PAIM J.S. Thirty years of the Unified Health System (SUS) Dialogar com alguns estudos e perguntas acerca do SUS, ao completar 30 anos. 2018 Revisão de Literatura Realizar um balanço sobre os vetores positivos, obstáculos e ameaças ao longo dos anos que o SUS foi implementado significa questionar os equívocos ocorridos e qual a melhor maneira de refutá-los. Fortalecer a motivação em defender os direitos primordiais do sistema de saúde, realizar estudos e análises poderá reforçar certas estratégias e dar possibilidade de criar novas medidas para que o SUS seja preservado no país. O fato concreto é que o SUS foi implantado, mas não se encontra consolidado, não há como negar que com essa política o país avançou no desenvolvimento de sistemas de informação em saúde, a exemplo dos referentes à mortalidade, às internações hospitalares e aos agravos de notificação, importantes para o monitoramento e avaliação de políticas, planos e programas, em contra partida com os insuficientes recursos os SUS encontra problemas na remuneração de seus trabalhadores e rede de serviços, limitando assim os investimentos para melhoria da sua infraestrutura. Nota-se que o proselitismo em defesa do SUS e a prática ideológica do movimento sanitário por si só não é suficiente para gerar grandes mudanças, agravado pelas limitadas bases sociais e políticas do SUS que não conta com a força de partidos, nem com o apoio de trabalhadores organizados em sindicatos e centrais para a defesa do direito à saúde. É imprescindível haver reuniões periódicas do Fórum da Reforma Sanitária Brasileira e as articulações progressiva com os conselhos nacional, estaduais e municipais de saúde para formular estratégias e maneiras mais adequadas à conjuntura, a despeito da participação limitada de partidos políticos. No tocante as estratégias, tem-se três pilares: o legislativo - parlamentar, o técnico-institucional e o sociocomunitário. Se o Estado não se comprometer ao SUS, resta à sociedade civil lutar pela Reforma Sanitária e por um sistema de saúde universal.
- OLIVEIRA A.; KRÜGER T.R. Trinta anos da Constituição Federal e a participação popular no SUS Descrever as bases teórico- políticas da participação popular em saúde, após a Constituição Federal do Brasil de 1988 2018 Revisão de Literatura Buscou-se analisar o processo de participação institucionalizada no SUS, em um contexto de desmonte do sistema público universal de saúde, observando o sentido corriqueiro assumido pela participação nas políticas públicas, e devido a isso atribuir grande peso às responsabilidades da sociedade civil e desobrigar o Estado da garantia dos direitos sociais. Tem-se o reconhecimento de certa
De acordo com o quadro acima, verificou-se que entre os 12 estudos analisados 33,3% foram publicados
em 2018 e 16,6% em 2013.
Quanto aos objetivos, pode-se classificá-los em três categorias distintas: 33,3% objetivaram discutir os
avanços e desafios dos SUS; 33,3% analisaram os aspectos históricos e políticos ao longo da construção do SUS
e 33,3% objetivaram discutir sobre a gestão do SUS.
Em relação ao delineamento dos estudos, 83,3% são estudos de revisão de literatura e 16,7% estudos
descritivos.
Sobre a conclusão/considerações finais dos estudos analisados, observou-se que as diferenças sociais
foram discutidas em 66,7% dos estudos, como uma barreira para melhoria das condições de saúde e que a
solução seriam os avanços nas políticas intersetoriais. A gestão e financiamento do SUS foram discutidos em
58,3% dos estudos, que se referiram a necessidade de redução e controle dos gastos e melhor distribuição dos
tributos para que favoreçam melhores investimentos em saúde.
A universalidade/acessibilidade apareceu em 50,0% dos estudos como uma grande conquista nas
políticas de saúde, que minimiza as diferenças sociais. Além da universalidade, 50,0% dos estudos consideraram
que o SUS conquistou outros grandes avanços como o Programa Nacional de Imunicações, o Programa de Saúde
da Família e outros programas de Saúde, fornecimento de antirretrovirais para os infectados por HIV e outras
medicações, bem como o aumento da expectativa de vida e redução da morbimortalidade infantil.
Os desfios a serem enfrentados pelo SUS foram citados em 33,3% dos estudos e são: fiananciamento
deficiente; infraestrutura precária; falta de recursos materiais e humanos; grande número de pessoas para serem
atendidas, o que gera filas; serviços de alta complexidade localizados em poucos centros e distantes do local de
origem de grande parcela da população; fragilidades na atenção primária; ameças sobre o desmonte do SUS
diante da crise política.
A participação popular na cosntrução das políticas de saúde foi destaque em 41,7% dos estudos, que
enfatizaram a necessidade de melhorar essa participação e conquistar o apoio de partidos políticos que tenham
como foco o fortalecimento das políticas de saúde.
5. Discussão
Diante dos resultados apresentados verifica-se que em 2018 houve maior produção de estudos que
analisassem os resultados do SUS, ano no qual o SUS completou 30 anos de implantação, momento relevante
para alavancar as discussões acerca dos seus avanços e desafios (PAIM, 2018).
A gestão do SUS foi um tema que despertou preocupações dos autores não apenas como objetivo dos
estudos, mas também como destaque nos resultados encontrados para necessidade de melhoria. A gestão, assim
como, o modelo de atenção, o financiamento e a regulação são componentes fundamentais para o sucesso do
SUS diante dos desafios apresentados. Os modelos de gestão alternativos à Administração Direta são hoje
hegemônicos na maior parte das redes públicas municipais e estaduais de saúde, entre esses modelos destacam-
insustentável, visto a dimensão da população brasileira, demonstrando a dificuldade de repasse financeiro aos setores públicos, em prioridade aos setores não públicos. O crescimento do setor privado e filantrópico- privado estabeleceu um modelo de segregação social em saúde, impedindo a efetivação do SUS, tendo como ponto de vista a democratização do acesso.
se as Organizações Sociais de Saúde (OSS) e as Parcerias Público-Privadas (PPP), entretanto outros modelos
podem ainda ser encontrados tais como Fundação Estatal, Entidades Empresariais, Entidades Sem Fins
Lucrativos e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (RAVIOLI; SOÁREZ; SCHEFFER, 2018).
Uma questão decisiva para o futuro do SUS é que não há possibilidade de construir um sistema de fato
público e universal sem enfrentar interesses econômicos que reforçam os espaços dos mercados no setor e
padrões de consumo de serviços de saúde estratificados segundo a inserção das pessoas na economia e
desacolados das necessidades de saúde, esse enfrentamento requer atualização de projetos e ação política
coordenada (MACHADO, 2018).
Este fato se reflete inclusive na falta de recursos humanos qualificados para atuarem no SUS. O setor
privado promove uma ideologia individualista, em que o serviço público é considerado como apenas um emprego
mal remunerado, mas que oferece estabilidade, assumindo uma posição secundária com relação à iniciativa
privada ou aos empregos em empresas de saúde com fins lucrativos, supostamente mais gratificantes (ALMEIDA-
FILHO, 2011). Assim a força de trabalho ideal para atendimento no SUS, ou seja, profissionais qualificados,
orientados para evidência e bem treinados e comprometidos com a igualdade na saúde, não corresponde ao perfil
dos profissionais que operam o sistema (ALMEIDA-FILHO, 2011).
Os avanços do SUS nas últimas três décadas não foram triviais. A existência de um sistema de saúde de
desenho público e universal em um país populoso e economicamente relevante da América Latina tem importância
internacional (MACHADO, 2018).
A atuação dos sanitaristas em defesa do SUS é central, mas requer ampla articulação em torno de uma
agenda de luta pela democracia e por um modelo de desenvolvimento que assuma a plena efetivação do SUS
como pilar da concretização dos direitos, da justiça e do bem-estar social (PAIM, 2018; MACHADO, 2018).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O SUS é uma política de saúde que tem apresentado bons resultados e minimiza as desigualdades
sociais com a universalidade do acesso aos serviços de saúde. Entretanto para a permanência e adequação do
SUS enquanto política de saúde e da universalidade com equidade e integralidade é necessário que muitos
desafios sejam vencidos, cujas respostas apontam em direção da melhoria da gestão e financiamento dos SUS,
avanços nas políticas intersetoriais, além da valorização, qualificação e melhor formação dos profissionais para
atuarem no SUS.
A literatura é escassa acerca de estudos que avaliem o SUS, especialmente com metodologias
experimentais ou estudos descritivos mais amplos ou logitudinais. É necessário adotar outras abordagens
metodológicas na literatura sobre o tema, de forma que possam alcançar pesquisas avaliativas capazes de
comparar diferentes modelos de gestão utilizando-se de procedimentos, métodos ou instrumentos de pesquisa
pelos quais a modalidade de gestão possa ser julgada pelo seu desempenho e seus efeitos na qualidade da
assistência prestada, na saúde da população e na organização do sistema de saúde.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, M. Uma revisão sobre as Políticas Públicas de Saúde no Brasil. Recife : [s.n.], 2015.
ALMEIDA-FILHO, N.. Ensino superior e os serviços de saúde no Brasil. Lancet. 377(9781). 1898-1900. 2011.
TEMPSKI, P.; BORNAN, M. O SUS como Escola. Revista Brasileira de Educação Médica 33 (3) : 319 – 320 ;