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Um estudo que avaliou 40 crianças com mau desempenho escolar, na percepção do professor, em escola pública e particular, em caratinga - mg. O estudo objetivou avaliar crianças com mau desempenho escolar, identificar o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (tda/h) e distinguir entre dificuldade escolar (de) e transtorno de aprendizagem (ta). Além disso, foram discutidos sinais e sintomas precoces de ta e tda/h, associações com outros transtornos e a importância de realizar avaliações clínico-neurológicas e neuropsicológicas.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Belo Horizonte 2011
Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Saúde da Criança e do Adolescente. Orientadora: Prof.a^ Dr.a^ Juliana Gurgel- Giannetti
Belo Horizonte 2011
Reitor : Prof. Clélio Campolina Diniz Vice-Reitora : Prof.a^ Rocksane de Carvalho Norton Pró-Reitor de Pós-Graduação : Prof. Ricardo Santiago Gomez Pró-Reitor de Pesquisa : Prof. Renato de Lima dos Santos
Diretor da Faculdade de Medicina : Prof. Francisco José Penna Vice-Diretor da Faculdade de Medicina : Prof. Tarcizo Afonso Nunes
Coordenador do Centro de Pós-Graduação: Prof. Manoel Otávio da Costa Rocha Subcoordenadora do Centro de Pós-Graduação : Prof.a^ Teresa Cristina de Abreu Ferrari
Chefe do Departamento de Pediatria : Prof.a^ Maria Aparecida Martins Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Saúde da Criança e do Adolescente : Prof.ª Ana Cristina Simões e Silva Subcoordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
- Saúde da Criança e do Adolescente : Prof. Eduardo Araújo Oliveira Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Saúde da Criança e do Adolescente : Prof.ª Ana Cristina Simões e Silva Prof. Cássio da Cunha Ibiapina Prof. Eduardo Araújo de Oliveira Prof. Francisco José Penna Prof. Jorge Andrade Pinto Prof.ª Ivani Novato Silva Prof. Marcos José Burle de Aguiar Prof.ª Maria Cândida Ferrarez Bouzada Viana Michelle Ralil da Costa (Representante Discente - Titular) Marcela Guimarães Cortes (Representante Discente - Suplente)
Às pessoas mais importantes da minha vida: Ao meu amor, companheiro e amigo de todas as horas, Daniel; À minha família, por ter me ajudado a construir o que sou. Aos meus pais, ao meu irmão e às minhas sobrinhas queridas, Cecília, Isabela e Luísa. Às minhas avós, Thamar e Catarina, por sempre estarem ao meu lado. Dedico especialmente à minha prima Mônica e à minha afilhada Mariana.
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." Francisco Xavier
Nesta dissertação, aborda-se um tema atual e de extrema importância: o mau desempenho escolar. A pesquisa avaliou 40 crianças de ambos os gêneros com mau desempenho escolar, na percepção do professor em escola pública e particular, entre 7 a 11 anos, em Caratinga - MG. Realizou-se um perfil da amostra por meio de anamnese dirigida, exame clínico-neurológico, exame neurológico tradicional e evolutivo, e bateria neuropsicológica. A bateria neuropsicológica constou de questionário semiestruturado para diagnóstico de TDA/H, Escala de Inteligência Wechsler para crianças – 3ª edição (WISC-III), teste visomotor gestáltico de Bender, desenho da figura humana (DFH) e teste neuropsicológico Luria-Nebraska adaptado (TNLN-C). Com base nas características gerais da amostra, apurou-se predomínio do gênero masculino (80%) e encontrou-se a mediana de idade de 9,70 + 2,9. Entre as crianças avaliadas, 55% frequentavam escola particular e 45% escola pública, sendo que 47,5% preencheram os critérios para TDA/H. Na avaliação intelectual, a maioria das crianças apresentou potencial para aprendizagem escolar, sendo 5% diagnosticada com retardo mental. Na avaliação de domínios específicos de aprendizagem, 75% apresentaram defasagem em leitura, 85% em escrita e 87,5% nas operações matemáticas. A percepção do desempenho escolar pelos professores foi adequada. A pesquisa foi avaliada em dois enfoques: 1°) grupo de escola pública e particular; 2°) grupo TDA/H e não TDA/H. A comparação entre os grupos de escola, na escola pública foram encontrados resultados inferiores em toda a bateria neuropsicológica realizada. Houve diferenças estatísticas significativas na avaliação do WISC-III (quociente de inteligência total, verbal, de execução, compreensão verbal, organização perceptual e velocidade de processamento) e do TNLN-C (leitura, escrita). Na comparação entre grupo TDA/H e não TDA/H, o primeiro obteve resultados inferiores com diferença estatística significativa nos resultados do WISC-III no quociente de inteligência total e compreensão verbal.
ADHD (^) Attention deficit hyperactivity disorder B - SPG (^) Bender – sistema de pontuação gradual de Sisto, Noronha e Santos
CID (^) Classificação internacional de doenças CIF (^) Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde CV (^) Compreensão verbal DCD (^) Developmental coordination disorder
DE (^) Dificuldades escolares DFH (^) Desenho da figura humana DM (^) Deficiência mental
DSM-IV (^) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – 4ª edição
ENE (^) Exame neurológico evolutivo
ENT (^) Exame neurológico tradicional FDA Food and drug administration FE Funções executivas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICF International classification of functioning, disability and health
MDE Mau desempenho escolar OP Organização perceptual P-ChIPS Children’s interview for psychiatric syndromes QI Quociente de inteligência QIE Quociente de inteligência de execução QIT Quociente de inteligência total
QIV Quociente de inteligência verbal RD Resistência a distração SAEB Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica SNS Sinais neurológicos sutis TA Transtornos de aprendizagem
TC Transtorno de conduta TDA/H Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
TDC Transtorno de desenvolvimento de coordenação
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
TNLN-C Teste neuropsicológico de Luria-Nebraska – bateria C VP Velocidade de processamento WISC-III Escala de inteligência Wechsler para crianças, 3 edição
Desde o início do século, já havia a preocupação em se entender por que certas crianças tinham dificuldades em aprender. Vários pesquisadores se dedicaram a este tema, em diversas partes do mundo. Nas últimas décadas, grandes avanços ocorreram na área de conhecimento sobre o funcionamento cerebral e os ―mistérios do cérebro‖. Na prática, o que mudou para as nossas crianças, principalmente aquelas que têm alguma dificuldade em aprender? Nesta dissertação abordam-se os conceitos mais atuais sobre o funcionamento cerebral da criança e a aprendizagem (escolar) e sua aplicabilidade na prática clínica. No mundo moderno, a educação formal possui importante valor sociocultural. O bom desempenho escolar é indicativo de sucesso pessoal e social, não existindo inclusão social sem educação de qualidade. Nos últimos anos, nota-se um movimento em nível mundial para o acesso universal à educação formal. No Brasil, a gratuidade da educação fundamental é garantida por lei, por meio de instituições públicas, entre 6 a 14 anos. Desde a última década, a grande maioria das crianças brasileiras está matriculada no ensino fundamental. O acesso à escola deixou de ser deficiente, porém a ―qualidade de educação‖ e a evasão escolar ainda são problemas a serem superados. A solução depende tanto de políticas públicas de educação quanto de saúde. O atual acesso universal à escolarização e a maior exigência educacional fizeram do mau desempenho escolar e da dificuldade em aprender queixas muito frequentes nos consultórios médicos. Tal situação torna premente a necessidade de atualizar e de aperfeiçoar os profissionais de saúde e educação para melhor identificação e abordagem destas crianças. Nas últimas décadas, grandes avanços ocorreram na área do conhecimento sobre funcionamento cerebral e dos ―mistérios do cérebro‖. Na prática, porém, o que mudou para as nossas crianças, principalmente aquelas que têm alguma dificuldade em aprender? Nesta dissertação, abordam-se os conceitos mais atuais sobre o funcionamento cerebral da criança e a aprendizagem (escolar) e sua aplicabilidade na prática clínica.
II.A Objetivo Geral Avaliar crianças com mau desempenho escolar, na percepção do professor, em escola particular e pública, a partir da semiologia clínico- neurológica e de testes neuropsicológicos, além de rastrear sinais e sintomas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDA/H).
II.B Objetivos específicos Identificar se as queixas dos professores são compatíveis com a avaliação da população estudada;
Traçar o perfil sociodemográfico e neuropsicológico dos alunos com mau desempenho escolar, na percepção do professor, procedentes do grupo de escola particular e pública; Identificar com base em questionário semiestruturado, a presença de sinais e sintomas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDA/H); Correlacionar os achados do exame neurológico tradicional e evolutivo com os resultados da avaliação neuropsicológica (WISC-III, Bender, desenho da figura humana e teste neuropsicológico Luria-Nebraska adaptado) nas populações estudadas.
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This study aims at developing a comprehensive review on the issue of poor school performance for professionals in both health and educational areas. It discusses current aspects of education, learning and the main conditions involved in underachievement. It also presents updated data on key aspects of neurobiology, epidemiology, etiology, clinical presentation, comorbidities, and the diagnosis, early intervention and treatment of the major pathologies involved. It is a comprehensive, non-systematic literature review on learning, school performance, learning disorders (dyslexia, dyscalculia and dysgraphia), attention deficit/hyperactivity disorder (ADHD), and developmental coordination disorder (DCD). Poor school performance is a frequent problem our children face, causing serious emotional, social and economic issues. An updated view of the subject facilitates clinical reasoning, accurate diagnosis and appropriate treatment.
Keywords: Learning. Learning disorder. Dyslexia. Attention. Reading. Attention deficit/hyperactivity disorder (ADHD). Poor academic performance.
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A educação formal no mundo moderno tem importante valor sociocultural. O bom desempenho escolar é indicativo de futuro sucesso social. Desde o início do século, já havia a preocupação em se entender por que certas crianças tinham dificuldade em aprender. Nos últimos anos, o acesso à escola tornou-se universal. Em consequência, as queixas sobre mau desempenho escolar e dificuldade em aprender aumentaram nos consultórios médicos. No Brasil, a gratuidade da educação fundamental é garantida por lei para crianças de 6 a 14 anos, por meio de instituições públicas. Desde a última década, a grande maioria das crianças brasileiras está matriculada no ensino fundamental. O acesso à escola deixou de ser restrito, porém a ―qualidade de educação‖ e a evasão escolar ainda são problemas a serem superados. Vários estudos mostram que em torno de 15% a 20% das crianças no início da escolarização apresentam dificuldade em aprender e, em decorrência disto, mau desempenho escolar. Estas estimativas podem chegar a 30% a 50% se forem analisados os primeiros seis anos de escolaridade. 1 O pediatra é o profissional da área de saúde que primeiro tem contato com as queixas de mau desempenho escolar. Tais queixas devem ser valorizadas e adequadamente avaliadas visando a um diagnóstico e a intervenções precoces. O objetivo deste artigo é promover uma revisão sobre o tema e fornecer subsídios que permitam ao pediatra realizar uma abordagem inicial de crianças com mau desempenho escolar.
2. A APRENDIZAGEM DO PONTO DE VISTA NEUROBIOLÓGICO As diversas definições encontradas na literatura consideram a aprendizagem como um processo que ocorre mediante a integração de várias funções do sistema nervoso, promovendo a melhor adaptação do indivíduo ao meio. Na aprendizagem, ocorre a interação entre o indivíduo e o meio com base na experiência, promovendo mudanças. 2 O meio fornece as informações que deverão ser processadas pelo indivíduo. De forma didática, a aquisição e o processamento da informação
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complexos, sendo mediada pelo lobo pré-frontal. As praxias são consideradas por muitos autores como o produto final da cognição.^2 Ressalta-se que a aprendizagem apresenta peculiaridades na infância, relacionadas especialmente à neuroplasticidade e à maturação neurológica (sinaptogênese e mielinização). A neuroplasticidade, que é muito intensa nas crianças, consiste na capacidade do encéfalo de adaptar-se a modificações, sejam elas novas funções aprendidas ou reações a lesões encefálicas. À medida que a criança amadurece, áreas e funções perceptivas e motoras se tornam mais funcionais e capacitadas para a execução de habilidades cada vez mais complexas. Para aprender é necessário, portanto promover a maturação e a integração de diversas áreas cerebrais envolvidas no processo.1- Todos os profissionais envolvidos na educação e na saúde infantil devem ter o domínio das etapas de desenvolvimento da criança e de suas particularidades. O desenvolvimento ocorre passo a passo pela mediação entre a criança e um indivíduo competente, seja outra criança ou adulto. É um continuum de aquisições de atos mais simples até o aperfeiçoamento de funções cada vez mais complexas. Um bom exemplo é a escrita: inicia-se naturalmente com a garatuja (traçar linhas em todos os sentidos), depois são realizados desenhos de figuras geométricas (círculos, cruz...), até a escrita em caixa alta e cursiva. É esperado que uma criança de 5 a 6 anos escreva espelhado, pois está em fase de maturação de áreas visoespaciais. Já a escrita espelhada após 7 anos pode ter conotação patológica.
3. MAU DESEMPENHO ESCOLAR O mau desempenho escolar (MDE) pode ser definido como um rendimento escolar abaixo do esperado para determinada idade, habilidades cognitivas e escolaridade. 2, O MDE deve ser visto como um sintoma relacionado a várias etiologias. Independente da etiologia, o MDE resulta em problemas emocionais (baixo autoestima, desmotivação) e preocupação familiar, além de repercussão em diversas esferas: individuais, familiares, escolares e sociais.
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Diante da criança com MDE, é fundamental buscar a causa e traçar o melhor tratamento para cada indivíduo. As causas são variadas, destacando-se dois grupos: fatores extrínsecos (ambientais) e intrínsecos (individuais). Neste contexto, é importante distinguir entre dificuldade escolar (DE) e transtorno de aprendizagem (TA). A DE relaciona-se a problemas de origem pedagógica e/ou sociocultural. Não há qualquer envolvimento orgânico. É extrínseco ao indivíduo. O TA relaciona-se a problemas na aquisição e no desenvolvimento de funções cerebrais envolvidas no ato de aprender, tais como dislexia, discalculia e transtorno da escrita_._ Além dos transtornos específicos de aprendizagem, citam-se o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDA/H) e transtorno de desenvolvimento de coordenação (TDC) como entidades relacionadas ao mau desempenho escolar. Todas estas condições têm base neurobiológica; ou seja, são intrínsecas ao indivíduo.7- A seguir, desenvolve-se um algoritmo das principais causas de MDE.