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Uma abordagem histórica e teórica da avaliação educacional no brasil, discutindo as transformações que os conceitos e funções da avaliação passaram por meio de autores importantes no campo. Além disso, o texto discute as concepções de avaliação somativa e formativa, e procura encontrar práticas inovadoras de avaliação formativa. O documento também analisa a avaliação externa no brasil, discutindo as leis que normatizam a avaliação da aprendizagem, e os sistemas de avaliação externa existentes atualmente no país.
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Abordagens históricas e teóricas da avaliação Convidamos você a iniciar o estudo da avaliação educacional abordando sua trajetória histórica, conhecendo alguns teóricos importantes e compreendendo a função que a avaliação cumpre na escola e na sociedade. Tanto como futuro pedagogo quanto como professor da educação básica ou ocupando postos na gestão escolar, você já pensou sobre a importância da avaliação para sua prática profissional? Já refletiu sobre o poder que a avaliação lhe dará sobre o destino dos estudantes e sobre como você poderá usá-la tanto para ajudá-los a aprender mais quanto para favorecer o fracasso escolar? Para compreender as implicações da avaliação educacional na sala de aula, na escola e no sistema de ensino, é importante resgatar e compreender suas origens históricas e sua fundamentação teórica. Como a avaliação é parte do processo educacional, não podemos esquecer que ela também se relaciona com a função social que a escola deve cumprir e que, portanto, o conceito de avaliação é historicamente construído. Você conhece o desenvolvimento histórico da avaliação educacional e os meandros desse processo? Para ajudá-lo a refletir e responder a essas e outras inquietações, durante nosso estudo você conhecerá um pouco o cotidiano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cecília Meireles. Essa escola está situada em um bairro de classe média baixa composto por famílias trabalhadoras e também frequentam a escola alunos de comunidades circunvizinhas que vivem em condições bastante difíceis. O diretor da Escola Cecília Meireles é o João Alberto, que é bem experiente e conhecedor da gestão escolar, e é auxiliado pela coordenadora pedagógica Maria do Carmo. A escola atende alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental e o corpo docente é constituído por 13 professores. O grupo é bastante variado com relação às concepções e práticas avaliativas e constituído por professores com mais experiência, outros com um tempo médio de atuação no magistério e alguns mais novatos. A escola atende em dois turnos. Pela manhã funcionam os 3°, 4° e 5° anos e à tarde os 1° e 2° anos. Os professores, tanto os mais experientes quanto os menos experientes e novatos, distribuem-se
nos dois períodos. É nesse cenário que analisaremos as concepções e práticas da avaliação dentro e fora da escola. Estudaremos as principais ideias e os principais pensamentos de alguns teóricos da avaliação educacional e como as concepções de sociedade e educação estão intimamente relacionadas à de avaliação, com ênfase na sua função ideológica. Objetivos da Unidade Ao longo desta Unidade, você irá:
Qual é o foco da aula? Nesta aula estudaremos os principais aspectos da abordagem histórica e teórica da avaliação educacional. Objetivos gerais de aprendizagem Ao longo desta aula, você irá:
A avaliação é um ato inerente à vida de todo ser humano. Estamos o tempo todo avaliando. Quando saímos de casa pela manhã, para passar o dia todo fora, escolhemos uma roupa, um sapato, decidimos se levamos, de acordo com o clima, um abrigo ou um guarda-chuva. Na maioria das vezes, essas decisões são tomadas sem muita reflexão. Simplesmente abrimos o guarda-roupa e tomamos o vestuário mais à mão ou o sapato que encontramos primeiro. Outras vezes, essas decisões são pautadas por algumas informações, como o clima ou o conforto. Para saber se levo o guarda-chuva ou uma blusa, vejo a previsão do tempo; se vou passar o dia caminhando de um lugar a outro, escolho um sapato mais adequado e confortável; se tenho uma reunião mais formal, escolho uma roupa mais social. De qualquer modo, escolhemos em função de algum critério e decidimos o que vestir ou levar. Em algumas profissões a avaliação também está presente de um modo mais estruturado. O médico, por exemplo, para ajudar um paciente a sentir-se melhor ou curar uma doença utiliza uma série de procedimentos e instrumentos para fazer um diagnóstico claro, identificar o problema e indicar o medicamento mais eficaz. Dependendo dos sintomas, daquilo que o paciente diz ao médico ou do que alguns sinais, como pressão arterial, ritmo cardíaco, dores, o médico tem uma ideia do problema. Porém, na maioria das vezes, ele necessita pedir exames de laboratório ou mais específicos para confirmar o diagnóstico e receitar o remédio adequado e mais eficaz. Quando consultamos a previsão do tempo para ver o clima estamos buscando uma informação técnica que nos ajude a tomar uma decisão: levar ou não o guarda-chuva. Quando o médico atende o paciente e utiliza determinados aparelhos para medir a pressão arterial ou solicita exames laboratoriais, está lançando mão de procedimentos, técnicas e instrumentos que o ajudam a diagnosticar e escolher o medicamento mais indicado. Da ação mais simples à mais complexa, vemos que sempre necessitamos de alguma informação, procedimento, técnica ou instrumento que nos ajude a tomar uma decisão para realizar uma ação posterior: que roupa vestir, levar o guarda-chuva, receitar um antibiótico.
Essas avaliações, instintivas no caso do nosso cotidiano, ou mais sistematizadas e estruturadas, no caso do médico, envolvem processos de obtenção de informação para tomar uma determinada decisão, que implica realizar uma nova ação. Para Paro (2001, p. 34): “o homem precisa averiguar permanentemente se o processo está de acordo com os objetivos que pretende atingir. É nisso que consiste a avaliação, que assim, se mostra ao mesmo tempo como algo específico do ser humano e como processo imprescindível à realização do projeto de existência do mesmo.”
Até agora estudamos o processo de avaliação mas, o que a avaliação educacional tem a ver com isso? Tem tudo a ver! Assim como o ato de avaliar é inerente ao nosso cotidiano e ao ser humano, avaliar também é um ato inerente ao processo de ensino-aprendizagem. Você pode dizer a qualquer pessoa o que o termo avaliação lembra, que, certamente, ela vai relacionar a avaliação com a escola. Na escola, geralmente, relacionamos a avaliação com a aprendizagem, tanto que sempre todos sabemos que a avaliação que o professor realiza em diferentes momentos, ao final de uma unidade, bimestre, semestre ou ano é conhecida como a avaliação da aprendizagem. Alguns estudiosos da avaliação remontam suas origens ao império chinês. Segundo Barriga (2000) y Depresbiteris (2008), a avaliação foi um procedimento criado pela burocracia para que membros das castas inferiores pudessem ocupar cargos na administração. Além disso, o imperador chinês utilizava alguns procedimentos para demitir ou promover oficiais. Esses autores evidenciam que nesse momento a avaliação cumpria um papel de classificação e seleção de funcionários e oficiais e tinha determinada consequência ou resultado: ser contratado, promovido ou demitido. E como a avaliação chegou até nós? Perrenoud (1999) localiza o surgimento da avaliação escolar por volta do século XVII e aponta a expansão do seu uso no século XIX, com o crescimento da obrigatoriedade da escolarização nos países europeus. Segundo esse autor, a avaliação “é uma invenção nascida com os colégios por volta do século XVII e tornada como indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX” (PERRENOUD, 1999, p. 9).
coloca a ênfase no aluno como o responsável pela aprendizagem e usa os resultados da avaliação para classificar e decidir se o aluno será promovido para o ano seguinte ou não.
📝 Exemplificando A dicotomia entre ensino-aprendizagem e avaliação pode ser identificada no cotidiano das escolas quando, durante uma aula, os alunos perguntam ao professor se o que ele está ensinando cai na prova. Isso demonstra que o aluno somente se preocupa em aprender aquilo que será cobrado na avaliação. Por outro lado, também conhecemos casos em que professores, diante da dificuldade de controlar a disciplina dos alunos ou de conseguir sua atenção durante as aulas, terminam chamando a atenção dizendo que a matéria que ele está trabalhando “cai” na prova. Quando operamos nessa lógica demonstramos que a pedagogia que desenvolvemos é a que predominou no século XIX e em boa parte do século XX.
A avaliação passa ser utilizada como forma de controlar a disciplina e motivar os estudantes para que estudem, premiando os que se esforçam e punindo, com a reprovação, aqueles que não aprendem. Essa concepção chegou até nossos dias e ficou conhecida como pedagogia do exame: “A característica que de imediato se evidenciava na nossa prática é de que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por ‘uma pedagogia do exame’ [...] pais, sistema de ensino, profissionais da educação, todos têm suas atenções centradas na promoção, ou não, do estudante de uma série de escolaridade para outra.” (LUCKESI, 1999, p. 17-18) A partir do século XIX, a revolução industrial vai se expandindo pelos países europeus e chega aos Estados Unidos. O capitalismo vai se consolidando como sistema econômico no mundo ocidental e o papel da educação das massas se fortalece. O desenvolvimento das ciências naturais, principalmente da teoria evolucionista de Charles Darwin (1809-1882), assim como a transposição dos seus conceitos quase de forma mecânica para as ciências sociais e o surgimento da psicologia, influenciarão a educação e a avaliação. Nesse contexto e a partir do pensamento positivista, criado por Augusto Comte (1798-1857) na França, prevalece a ideia de que o conhecimento é constituído basicamente pelos fatos, pelos dados empíricos, como algo externo e alheio ao sujeito. Segundo Álvarez Méndez (2002, p. 30) nessa concepção “o ensino consiste em modificar ou mudar a conduta do aluno, não a sua forma de racionar, o seu pensamento e, inclusive, os seus sentimentos e suas atitudes”.
Em contraposição à pedagogia tradicional, que teve suas origens na ação pedagógica dos jesuítas, e ao modelo objetivista, desenvolve-se, também em fins do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, o modelo subjetivista Suas origens relacionam-se aos estudos da psicologia e ao pensamento pedagógico escolanovista. Ambos colocam o aluno no centro do processo de ensino-aprendizagem. O ato pedagógico deveria estar fundamentado na atividade da criança, o ensino deveria se adaptar ao educando e os métodos deveriam ser mais atrativos. Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos desenvolveram-se propostas e métodos para colocar tais ideias em prática, entre eles podemos citar as propostas de Adolphe Ferrière (1890-1960), Wiliam H. Kilpatrick (1871-1965), Ovide Decroly (1871-1932); Maria Montessori (1870-1952). Da psicologia, é importante destacar a importância de John Dewey (1859-1952) e de Jean Piaget (1896-1980). Segundo Gadotti (2004, p. 148), “o papel do educador é intervir, posicionar-se, mostrar um caminho”. Quanto à avaliação, enquanto no modelo objetivista a ênfase está naquilo que se pode observar, medir; no modelo subjetivista, relacionado às pedagogias citadas no parágrafo anterior, a avaliação volta-se para a apreensão das habilidades já adquiridas e que estão em desenvolvimento. Busca-se identificar os aspectos subjetivos, aquilo que não é demonstrável. Nesse sentido ganha relevância a necessidade de respeitar os ritmos individuais de aprendizagem, passa-se a valorizar a autoavaliação e a interferência dos aspectos afetivos e emocionais nos processos de aprendizagem. Enquanto o modelo objetivista se fundamentava na aplicação de testes padronizados, o modelo subjetivista, com relação aos instrumentos de avaliação, passa a valorizar a elaboração de questões abertas, nas quais o sujeito elabora sua própria resposta.
Na segunda metade do século XX, o contexto internacional continuou sendo determinante nas mudanças na educação e na avaliação. Como marcos históricos desse momento, temos o fim da Segunda Guerra Mundial e a disputa entre Estados Unidos e a União Soviética, conhecida como Guerra Fria. Um aspecto da Guerra Fria estava relacionado com a corrida espacial. Os anos 1950, 1960 e 1970 foram marcados pelo desenvolvimento de tecnologia necessária para as viagens espaciais, culminando com a chegada do homem à Lua em 1969. Nos Estados Unidos cresceu a preocupação do governo com a qualidade da educação, principalmente com a aquisição dos conhecimentos nas áreas das ciências naturais e matemática, ambas imprescindíveis para o desenvolvimento tecnológico. Também surge nesse período, reflexo de uma grande preocupação com as desigualdades sociais na diferenciação das oportunidades educacionais e com o uso dos gastos públicos na oferta da educação, o conceito de responsabilidade em educação (accountability), fazendo ganhar força nesse país a avaliação dos programas e políticas educacionais. Ao longo do período que vai dos anos 1930 até a década de 1970, a avaliação foi transitando de uma concepção centrada na mensuração, na aplicação de testes, para uma concepção voltada para a dimensão tecnológica da avaliação, centrada em seus aspectos técnicos e que buscava a eficiência nos processos avaliativos. Esse é o contexto no qual se desenvolve a pedagogia tecnicista que dialoga com o modelo objetivista. Apesar da existência do modelo subjetivista, este não foi suficiente para explicar a realidade educacional. O verbete, elaborado por Demerval Saviani e extraído do glossário do site de História da Educação Brasileira da Universidade de Campinas (UNICAMP), assim define a pedagogia tecnicista:
Nos anos 1970, começa a crescer a crítica aos modelos objetivista e subjetivista, marcadas, em parte, pelo pessimismo resultante das teorias crítico-reprodutivistas que analisavam a educação como relacionada a determinantes estruturais mais amplos. Tais análises históricas, sociológicas e econômicas denunciavam que a escola servia para a manutenção das desigualdades sociais, pois impedia a transformação social na medida em que não permitia que os alunos das classes trabalhadoras, dominadas, conseguissem mudar seu status social, reproduzindo a desigualdade de classes. Um dos trabalhos que deu origem a essas teorias foi elaborado por Bourdier e Passeron, na França, quando analisaram o sistema educacional francês da década de 1970. A insatisfação com os modelos e as teorias até então predominantes leva ao desenvolvimento de análises que consideram o vínculo entre o indivíduo e a sociedade, enfatizando o caráter histórico e transitório dos fatos. O indivíduo é sujeito e objeto do conhecimento e deve ser visto como parte integrante da sociedade e da sua dinâmica. Essas análises consideram essencial conhecer a realidade social, compreender a dinâmica das relações sociais e o conflito de interesses nela inerentes para identificar as brechas que possibilitam mudanças e rupturas, portanto ressaltam o potencial transformador da educação e da escola. Para Franco (2008, p. 25-26), nesse modelo, a escola e os professores devem esclarecer: “[os] alunos a respeito da força das ideias, do pensamento e da linguagem, que constituem a expressão da prática social. Coloca-se ainda como meta um trabalho orientado para desmistificação das meias-verdades ideológicas, que, servindo ao poder, para a manutenção, escamoteiam as reais contradições sociais.” Esse “modelo” pode ser relacionado a uma concepção de ensino-aprendizagem socioconstrutivista. Fundamenta-se em conhecimentos de diferentes áreas e em teóricos como Karl Marx e Antônio Gramsci, apropriando-se do pensamento de Paulo Freire e de Moacir Gadotti, no Brasil, de uma pedagogia mais libertadora, e de concepções de desenvolvimento e aprendizagem de Piaget e Vygotsky. De certa forma, a ideia de uma educação e de uma escola transformadora vai se constituindo ao longo do tempo e se materializando em propostas e métodos que recuperam e
interpretam ideias anteriores, mas que dão outro significado para o ensino, a aprendizagem e para a avaliação.
🔁 Assimile Segundo Luckesi (1998), a avaliação envolve a necessidade de coletar informação sobre o objeto de avaliação, a fim de analisar essa informação a partir de determinados parâmetros. Também envolve a ideia de julgamento, quando indica a necessidade de se atribuir um valor ou qualidade. Porém, para que a avaliação não se restrinja apenas à medida, o resultado obtido exige uma tomada de decisão em relação ao objeto avaliado.
Segundo Abramowicz (1994, p. 87), o conceito de avaliação da aprendizagem caminhou “de uma concepção tecnicista, onde avaliar significava medir, atribuir nota, predizer, para uma concepção sociopolítica em que a avaliação é vista em um contexto mais amplo, sociocultural, historicamente situada, autoconstruída, transformadora e emancipadora”. A modo de síntese, o quadro procura sistematizar algumas ideias de cada um dos modelos apresentados.
Cecília Meireles tinha que preparar uma apresentação sobre a abordagem histórica e teórica da avaliação educacional? Na próxima aula, iremos ajudá-la nessa tarefa.
A avaliação tem, historicamente, desempenhado diferentes funções e, de acordo com sua prática e seu uso, pode servir para o sucesso ou o fracasso escolar. Quando os estudantes reprovam, abandonam a escola, não aprendem, estão fracassando, porém temos que compreender que esse fracasso não é do estudante, um fracasso individual do estudante, é um fracasso da escola que não está cumprindo com sua função. Vimos que a avaliação passou por várias transformações e, certamente, você como estudante deve ter vivenciado e sentido essas mudanças. No entanto, as mudanças que deveriam transformar as concepções e práticas avaliativas ainda estão em processo, pois nem todos os professores estão conscientes da necessidade da mudança. A tarefa da coordenadora Maria do Carmo é a de estruturar a apresentação para a reunião com os professores e, para ajudá-la, necessitaremos sistematizar as principais ideias para organizar a apresentação. Nesse sentido, o primeiro aspecto evidenciado foi como a prática da avaliação está intimamente relacionada ao nosso cotidiano e como a avaliação e, consequentemente a escola, foi se transformando influenciada pelo desenvolvimento da sociedade capitalista. Porém, apesar da grande transformação que a sociedade passou desde o século XVII, quando a escola foi se constituindo como instituição de ensino, ainda hoje podemos encontrar, nas escolas, práticas avaliativas com características de diferentes momentos do passado. Também é fundamental mostrar a avaliação como prática de controle e disciplinamento, central na pedagogia jesuítica e centrada na prática do exame e das provas, constituindo uma pedagogia do exame, nos dizeres de Luckesi, pode ser encontrada nas escolas atualmente. Outro aspecto que deve entrar na apresentação diz respeito à importância das provas objetivas e dos testes, indicando que muitos aspectos do modelo objetivista também estão presentes nas práticas avaliativas atuais e evidenciam a permanência da dicotomia entre ensino-aprendizagem e avaliação. Podemos identificar a herança do modelo subjetivista quando vemos a existência de avaliações que se utilizam de procedimentos de autoavaliação, de questões abertas e de observação, dos ritmos de aprendizagem e de considerar que as condições emocionais interferem na aprendizagem.
A avaliação hoje em dia demonstra avanços no sentido de estar articulada ao ensino- aprendizagem e de fazer uso de diferentes instrumentos para poder identificar as dificuldades dos estudantes e encontrar formas de poder superá-las. Isso demonstra que o aluno não é o único responsável pelos resultados da aprendizagem e que a avaliação deve servir como um mecanismo que auxilie o professor a pensar em formas de garantir a aprendizagem de todos os alunos. Outro aspecto que devemos destacar na apresentação do tema durante a reunião é como a avaliação foi deixando de ser uma ação exclusiva da sala de aula e foi se ampliando para avaliar o currículo, os programas, as políticas e como essa expansão da avaliação a outros aspectos da educação foi ocorrendo de acordo com os acontecimentos históricos e o desenvolvimento tecnológico. Um aspecto a ser destacado é a dimensão histórica da avaliação, ou seja, como ela foi assumindo funções variadas, ganhando importância e sendo influenciada pelo desenvolvimento de diferentes áreas do conhecimento. Como síntese da apresentação, a coordenadora poderá chamar a atenção sobre a importância de se repensar a avaliação em um contexto muito mais amplo. Avaliar não é só aplicar um instrumento e o professor não está somente aplicando uma técnica, um procedimento. A avaliação está carregada de sentidos e significados e, dependendo do sentido que ela assume, tem consequências e implicações para os alunos, para os professores, para as escolas, para a sociedade. Portanto, a avaliação não é neutra, ela está relacionada com uma concepção de educação e de sociedade. Com a finalidade de elaborar uma apresentação de PowerPoint, você poderia sintetizar as ideias que a coordenadora deveria abordar na sua apresentação e preparar os slides com os conteúdos da reunião.
como vilões da avaliação! Sempre a responsabilidade pelos problemas educacionais termina caindo nas nossas costas!”. Flávio, professor com menos experiência, mas mais aberto ao tema, diz: “Verdade que as mudanças na avaliação propostas pelos teóricos devem ser feitas pelos professores. Mas, não somos nós os responsáveis pela condução do processo de ensino-aprendizagem?”. Maria Tereza fala: eu me senti um pouco mal, porque alguns teóricos dizem que os professores terminam reproduzindo nas salas de aulas as práticas avaliativas que vivenciaram como estudantes. Diva pergunta: mas por que você se sentiu mal? Maria Tereza responde: eu me senti mal porque me identifiquei com essa fala. Às vezes utilizo a avaliação da mesma forma como utilizavam minhas professoras, como forma de garantir o controle da disciplina, ameaçando os estudantes em tirar pontos se eles não cooperarem! Diva diz: calma, não fique tão preocupada com isso! Todos nós usamos a avaliação como forma de estimular os alunos a estudarem, prestarem atenção e se comportarem. Além disso, lembro que os meus professores também usavam a avaliação para fazer com que estudássemos. Flávio intervém: mas, Diva, os teóricos dizem que não devemos usar a avaliação para punir e castigar, tampouco para classificar e excluir! Maria Tereza diz: na verdade essa reunião me deixou muito insegura e confusa! Os dois primeiros teóricos apresentados, os norte-americanos, pareceu-me que se preocupavam com os aspectos mais técnicos da avaliação, tanto que elaboraram propostas para medir e avaliar melhor. Porém, os autores brasileiros ficam mais centrados nos usos dos resultados das avaliações, e alguns, inclusive, destacam que a técnica, os instrumentos e procedimentos não são tão importantes. Diva completa: é verdade! Muito confuso isso! Além do mais questionam as notas, os conceitos, dizem que medimos, verificamos, mas não avaliamos! Mas, se não der notas, como fazer para que os alunos se interessem e estudem? Maria Tereza indaga: mas o que é avaliar então e como fazemos para mudar as práticas avaliativas? Após esse diálogo, Flávio fica pensativo e procura a coordenadora e o diretor para contar-lhes a conversa com suas colegas. A coordenadora sugere a Flávio que escreva um pequeno texto com as questões que surgiram no diálogo com Diva e Maria Tereza e que tente respondê-las. Na reunião seguinte, podiam iniciar a reunião com o seu texto e as respostas elaboradas por ele. Como os professores do relato, você será professor ou professora dos anos iniciais do ensino fundamental e também deverá avaliar seus alunos. Que tal se colocar no lugar do Flávio e elaborar o texto para a reunião como sugeriu a coordenadora? A seguir, apresentaremos os elementos teóricos necessários para responder as indagações surgidas no diálogo entre os docentes.
A avaliação educacional passou por profundas transformações durante o século XX e nas primeiras décadas do século XXI ainda tem sido o foco de importantes discussões no campo educacional. Apesar das transformações que a avaliação passou, a maioria dos autores ainda mostra em seus textos a dificuldade de mudar a avaliação na prática. Como em diversos aspectos da educação brasileira, as concepções e funções que a avaliação educacional tem assumido, em boa medida, dependem das contribuições de pesquisadores e estudiosos europeus e norte-americanos. Alguns desses teóricos da avaliação, por suas contribuições em diferentes aspectos da avaliação educacional, são fundamentais para compreender o papel da avaliação na educação atualmente. Para entender as concepções e funções da avaliação educacional na educação brasileira, devemos resgatar alguns autores que nos ajudam a entender as transformações pelas quais os conceitos e funções da avaliação passaram. É difícil selecionar esses autores, porém dois teóricos norte- americanos influenciaram de maneira preponderante as concepções e funções que hoje são centrais na educação e na avaliação em todo o mundo. Estamos falando de Ralph Tyler e de Benjamin Bloom. Também no Brasil esses teóricos são fundamentais e influenciaram os estudos e pesquisas de educadores brasileiros, dos quais iremos destacar: Cipriano Luckesi, Jussara Hoffmann, Ana Maria Saul, Benigna Maria de Freitas Villas Boas, Luiz Carlos de Freitas e Mara Regina Lemes de Sordi. Inúmeros são os teóricos da avaliação no Brasil e qualquer seleção pode parecer arbitrária e deixar de fora contribuições de importantes teóricos, mas a escolha desses estudiosos justifica-se pelas suas contribuições ao campo da avaliação e a importância de suas produções para a academia, para as políticas educacionais e para os profissionais da educação.
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