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A avaliação do fragmento de vegetação nativa foi conduzida no município de Itapetininga, interior de São Paulo, durante o período de Julho a Setembro de 2018 na Área de Preservação Permanente (APP) do Ribeirão do Chá.
Tipologia: Trabalhos
Compartilhado em 30/10/2019
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Bruna de Paula Santos Ruivo^1 , Cristiane R. G. Caldana^2 Bacharel em Engenharia Agronômica RESUMO
A avaliação do fragmento de vegetação nativa foi conduzida no município de Itapetininga, interior de São Paulo, durante o período de Julho a Setembro de 2018 na Área de Preservação Permanente (APP) do Ribeirão do Chá. Foram demarcadas cinco parcelas para a realização do estudo e avaliação do fragmento. Identificou-se 66 indivíduos florestais arbóreos, tendo sido distribuídos em 26 espécies e 17 famílias, destacando-se nas parcelas as espécies florestais Croton urucurana, Ceiba speciosa e Inga vera subsp. Affinis. O índice de diversidade de Shannon (H’) apresentou o valor de 2,811, ficando abaixo dos valores encontrados em outros estudos de fragmentos florestais da região, indicando menor diversidade florística em relação aos demais. Mediu-se ainda o Índice de valor de cobertura das parcelas resultando em valores considerados como cobertura crítica ou mínima, assim como os valores encontrados para os regenerantes, que foram considerados como densidade mínima. O fragmento apresentou ainda espécies exóticas como a Leucena e mato competição. Avaliou-se também os fatores de perturbação, tendo sido encontrados nas parcelas e, ao longo do fragmento, lixo doméstico e entulho, além disso observou-se que foram realizadas a capina e roçada do sub-bosque dos fragmentos, o que provavelmente vem interferindo na regeneração natural. Por fim, realizou-se uma avaliação temporal no trecho de APP através da utilização do Sistema Informatizado do Cadastro Ambiental Rural – SP (siCAR-SP), onde observou-se que, apesar da ação antrópica no fragmento, houve acréscimo significativo de vegetação nativa ao longo do percurso do Ribeirão. Embora o fragmento apresente áreas perturbadas, densidade de cobertura e de regenerantes inadequados, existe potencial para recuperação total da APP visto o acréscimo de vegetação observado em imagem de satélite em comparativo dos anos 2010/2011 a
Palavras-chave: Inventário florestal. Regenerantes. Ação antrópica. Mata ciliar. Recuperação.
ABSTRACT
The evaluation of the native vegetation fragment was conducted in the municipality of Itapetininga, interior of São Paulo, during the period from July to September 2018 in the Permanent Preservation Area (APP) of Ribeirão do Chá. Five plots were demarcated for the study and evaluation of the fragment. A total of 66 tree species were identified. They were distributed in 26 species and 17 families, with Croton urucurana, Ceiba speciosa and Inga vera subsp. Affinis. The diversity index of (^1) Bruna de Paula Santos Ruivo – Graduanda em Engenharia Agronômica FAESB Tatuí (^2) Prof. Esp.Cristiane R. G. Caldana – Engenheira Florestal, Professora da FAESB Tatuí.
Shannon (H ') presented a value of 2.811, being below the values found in other studies of forest fragments of the region, indicating a lower floristic diversity in relation to the others. The coverage value index of the plots was also measured, resulting in values considered as critical or minimum coverage, as well as the values found for the regenerants, which were considered as minimum density. The section also presented exotic species such as Leucena and bush competition. The disturbance factors were also found, and in the parcels, along the fragment, domestic garbage and rubble, in addition it was observed that the weeding and mowing of the sub-forest of the fragments were carried out, which led to the removal of many regenerating species. Finally, a temporal evaluation was carried out in the APP section through the use of the Sistema Informatizado do Cadastro Ambiental Rural SP (siCAR-SP), where it was observed that, in spite of the anthropic action in the fragment, there was a significant increase of native vegetation along the course of Ribeirão. Although the fragment presents disturbed areas, cover density and inadequate regenerants, there is potential for total recovery of the APP, due to the increase of vegetation observed in satellite image in comparison of the years 2010/2011 to 2018.
Key words: Forest inventory. Regenerating. Anthropogenic action. Ciliary forest. Recovery.
O Código Florestal Brasileiro, Lei n° 4.771 de 15 de Setembro de 1965 estabeleceu limites das Áreas de Preservação Permanente (APP) com o intuito de disciplinar e limitar as interferências antrópicas negativas sobre o meio ambiente. Desde então, a lei 4.771/2015 foi alterada, conforme necessidade, para ajustes técnicos através das Medidas Provisórias até a atualização desta lei pela Lei n° 12.651 de 25 de maio de 2012. A partir da Lei n° 4.771/1965 proibiu-se o uso antrópico das margens dos rios e córregos em uma faixa de no mínimo 30 metros, o que pode ser ampliado de acordo com a largura do curso d'água (HULSMEYER; MACEDO, 2015), sendo que a Resolução n.º 303 de 2 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabeleceu os parâmetros, definições e limites referentes às APPs (COUTINHO et al. 2013). Nas áreas de APP se prioriza a manutenção da cobertura de vegetação nativa, para que esta desempenhe importantes funções ambientais, como por exemplo, a preservação dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade geológica, da biodiversidade e do fluxo gênico de fauna e flora, além de proteger o solo contra a ação do processo erosivo e assegurar o bem-estar das populações
áreas de preservação ambiental pressionam os sistemas ecológicos e põem em risco os recursos naturais (MUNIZ, 2016). Nas áreas de preservação permanente, em tese, não deveria haver ocupação, contudo, essa não é a realidade constatada em muitas cidades brasileiras (PINHEIRO; PROCÓPIO, 2008). A necessidade de proteger e manter espaços naturais nas cidades não está só relacionado com a conservação dos recursos ambientais, mas também com a diminuição dos desequilíbrios térmicos, prevenção de desastres e a melhoria da qualidade de vida da população. As Áreas de Preservação Permanentes (APPs) são definidas pela Lei n° 12. 651/2012 em seu art. 3º, inciso II, como áreas protegidas, que apresentam ou não vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a fauna, a flora, proteger o solo e garantir o bem-estar da população, constituindo espaços naturais importantes dentro das cidades (MUNIZ, 2016). Decorridos pouco mais de cinquenta anos desde a edição da Lei Federal 4771/1965 verifica-se que na grande maioria das cidades brasileiras, sejam estes grandes centros urbanos ou pequenas cidades, efetivamente não se reconheceu a existência das Áreas de Preservação Permanente (APP) (SEPE; PEREIRA; BELLENZAN, 2013). Corroborando com Pinheiro; Procópio (2008), quando afirmam que sobre as áreas de preservação permanente situadas em espaços urbanos devem incidir políticas públicas que garantam a efetividade da proteção especial atribuída por lei a estes espaços e que delimitem como será o uso destas áreas. A preservação destes fragmentos florestais em APP é de suma importância, pois:
“As áreas florestais desempenham papéis importantes, como o de direcionar a circulação dos ventos; participar no controle do ciclo hidrológico local; favorecer a absorção de água da chuva pelo solo, diminuindo o escoamento superficial; estruturar os solos, minimizando o processo de erosão, evitando perda de solo, assoreamento e contaminação de rios com resíduos químicos e orgânicos de lavouras; e manter a ciclagem de nutrientes, o que traz incalculável aporte à fertilidade, além de abrigar biodiversidade faunística e florística”. (PINA; COSTA; PISSARA; pag.01,
Desse modo, o objetivo deste trabalho é avaliar um fragmento de vegetação em Área de Preservação Permanente no perímetro urbano do município de Itapetininga e com isso reconhecer as espécies arbóreas nativas e o potencial de regenerantes na área de estudo, identificar possíveis pressões antrópicas e invasão
de exóticas, bem como analisar o crescimento ou decréscimo do fragmento ao longo do tempo.
2.1 A Área de Estudo
O município de Itapetininga está localizado na região sudoeste do Estado de São Paulo, tendo como referência as coordenadas geográficas em UTM Longitude Oeste 801202.88 m e Latitude Sul 7388160.17 m. Apresenta área territorial de aproximadamente 1.789,350 km² (IBGE, 2017). Segundo a classificação de Köeppen, o clima é do tipo Cwa, ou seja, trata-se de um clima subtropical de inverno seco e verão quente, com variação de temperatura de em média 9.8°C a 29.3°C ao longo do ano. A precipitação média anual está ao redor de 1.310,6mm (CEPAGRI, 2018). Os solos predominantes são latossolos vermelhos escuros distróficos, os latossolos amarelos, os solos hidromórficos e os solos litólicos. A topografia é caracterizada por pequenas ondulações e extensas várzeas. Altitude média do município é de 670 metros (Itapetininga, 2018). O município de Itapetininga está inserido predominantemente no Bioma Mata Atlântica, porém encontram-se no município algumas manchas de vegetação do Bioma Cerrado (IBGE, 2004). A vegetação predominante no município é a Floresta Estacional Semidecidual, com alguns trechos de Floresta Ombrófila Densa, Savana e de Savana Florestada (Instituto Florestal, 20 10 ). Os mananciais que abastecem o município de Itapetininga estão situados na bacia hidrográfica do Alto Paranapanema (SigRH, 2018). O fragmento de vegetação objeto deste estudo está localizado em Área de Preservação Permanente do Ribeirão do Chá no perímetro urbano do município de Itapetininga, tendo como referência as coordenadas geográficas UTM de Longitude 803206.89 m E e Latitude 7388130.51 m S em seu ponto inicial e Longitude 804230.50 m E e Latitude 7388814.49 m S em seu ponto final, totalizando uma extensão de 1 , 4 km. O ribeirão tem largura variável de 3 a 10 metros, aproximadamente, incorrendo em APP numa faixa de 30 metros de largura (Artigo 4° da Lei Federal n°. 12.651/2012).
de campo; a localização de cada parcela foi registrada pelo aplicativo de celular GPS status. Instaladas as parcelas, deu-se início a identificação das espécies arbóreas nativas. Para cada indivíduo arbóreo, ou seja, com Circunferência a Altura do Peito (CAP) maior ou igual a 15 cm, foi realizada a medição de altura em metros através da utilização do aplicativo de celular smartmeasure versão 1.6.10, sendo este considerado um substituto aos hipsômetros convencionais, conforme comprovado em estudos realizados por Neto et al (2016). Foi realizada a medição do CAP em centímetros numa altura pré-estabelecida de 1,30m com uma fita métrica sendo que o valor encontrado foi convertido posteriormente em DAP (Diâmetro a altura do peito), conforme orientação de Durigan (2003) que nos diz que o ideal é medir a 1,30m do nível do solo em comunidades arbustivas ou em estratos inferiores de florestas. Os dados coletados foram anotados em uma ficha de campo. Foi feito levantamento do nome popular das espécies mais conhecidas em campo e anotadas na ficha e, quando desconhecidas, foi coletado o material reprodutivo (frutos e flores) e material vegetativo (ramos e folhas) conforme orientação de Durigan ( 2003 ), sendo que o material coletado foi prensado em jornal e secado a pleno sol para evitar que embolore e queda das folhas. As espécies não identificadas em campo foram em seguida identificadas com a utilização de chave de identificação e dos livros “Árvores Brasileiras” volume I, 7ª edição de 1992, “Árvores Brasileiras” volume II edição de 1992 e “Árvores Brasileiras” volume III de 2009 de autoria de Harri Lorenzi. Para confirmação das espécies foi utilizado o herbário virtual da Reflora e os nomes científicos confirmados no site “www.trópicos.org”. Para a verificação da presença ou ausência de espécies lenhosas exóticas invasoras foi realizada amostragem da área utilizando-se das mesmas parcelas de 4x25 m. (CADERNOS DA MATA CILIAR, 2011) Os índices densidade relativa e absoluta, frequência relativa e absoluta, dominância relativa e absoluta também foram calculados para este estudo. A densidade é um parâmetro ecológico que revela a ocupação do espaço pelo indivíduo e, assim como a frequência, podem ser calculadas tanto as densidades absolutas quanto as relativas (FREITAS; MAGALHÃES, 2012). A densidade absoluta é um parâmetro que tem por objetivo representar o número total de indivíduos de uma determinada espécie em uma área ou volume total amostrada,
já a densidade relativa relaciona a abundância total de uma determinada espécie na amostra e a abundância total da amostra. A frequência é expressa em forma de porcentagem e é considerada um descritor do número de observações realizadas pelo pesquisador de seu objeto de estudo (FREITAS; MAGALHÃES, 2012) e pode ser absoluto ou relativo. A Frequência absoluta é calculada em função de uma área amostral pré-determinada; a Frequência relativa é obtida pela proporção entre a frequência absoluta de determinada espécie e a soma das frequências absolutas das demais espécies inventariadas. A dominância pode também ser relativa ou absoluta sendo que a absoluta mede a dominância absoluta da i-ésima espécie, em m²/ha e a relativa mede em porcentagem a dominância da i-ésima espécie (FREITAS; MAGALHÃES,2012). A estrutura horizontal de uma floresta, sucintamente, resulta das características e combinações entre as quantidades em que cada espécie ocorre por unidade de área (densidade), da maneira como estas espécies se distribuem na área (frequência) e do espaço que cada uma ocupa no terreno (dominância) (BARROS, 1980; LAMPRECHT, 1990 apud FREITAS; MAGALHÃES, 2012). Desse modo, com os dados de densidade relativa e absoluta, frequência relativa e absoluta e dominância relativa e absoluta em mãos foram possíveis o cálculo de mais dois índices de suma importância para o estudo: o Índice de Valor de Cobertura (IVC) e o Índice de Valor de Importância (IVI). O IVC deve ser obtido por meio da soma da densidade e dominâncias relativas (FREITAS; MAGALHÃES, 2012), sendo que este permite estabelecer a estrutura dos táxons na comunidade, bem como separar diferentes tipos de uma mesma formação e relacionar a distribuição de espécies em função de gradientes abióticos. O IVI é obtido somando-se, para cada espécie, os valores relativos de Densidade, Dominância e Frequência, obtendo-se um valor máximo de 300%.Este é a combinação dos valores fitossociológicos relativos de cada espécie, com finalidade de atribuir um valor para as espécies dentro da comunidade vegetal a que pertencem (MATTEUCCI; COLMA, 1982 apud FREITAS; MAGALHÃES, 2012). O Valor de Importância pode ser convertido em Porcentagem de Importância, ao ser dividido por três. Este índice classifica as espécies da comunidade em ordem de importância, com base na sua densidade, no porte dos indivíduos e na
Segundo a Resolução SMA 32 de 2014 os regenerantes são espécimes vegetais nativos oriundos de regeneração natural, ou seja, que não foram plantados ou semeados pelo restaurador. A regeneração natural reflete os processos dinâmi- cos da sucessão vegetacional, onde áreas com maior densidade de regenerantes apresentam maior composição de banco de sementes, resultado da maior germinação das espécies (RODRIGUES; BRANCALION; ISERNHAGEN, 2009). O indicador de densidade de indivíduos nativos regenerantes mede a quantidade de indivíduos de espécies lenhosas (arbóreas ou arbustivas) nativas por hectare. Os indivíduos contabilizados foram àqueles com altura igual ou maior que 50cm e Circunferência a altura do peito menor que 15 cm, segundo (Portaria CBRN 01/2015). Conforme portaria 01/2015 do CBRN não há necessidade de anotar a medida exata de cada indivíduo amostrado. Foram contados todos os exemplares lenhosos nativos dentro da parcela, sendo que ao final o número foi convertido para número de indivíduos por hectare (ind./ha). Para realizar a conversão foi dividido o número de indivíduos na parcela pela área da parcela em hectares, conforme fórmula abaixo (PORTARIA CBRN 01/2015):
Densidade na parcela (ind./ha) = n° de indivíduos encontrados na parcela 0, O indicador de densidade será dado pela média de todas as parcelas, sendo assim:
Indicador densidade (ind./ha) = dens.parc.1+dens.parc.2+dens.parc.3 + dens.parc.
Os cálculos foram realizados através do Microsoft Excel.
2.2.4 Número de espécies Nativas Regenerantes
Esse indicador tem como objetivo medir a quantidade total de espécies lenhosas (arbóreas ou arbustivas) de regenerantes nativos encontrados nas parcelas. Os indivíduos contabilizados foram àqueles com altura igual ou maior que 50 cm e Circunferência a altura do peito menor que 15 cm. Conforme portaria 01/2015 do CBRN não há necessidade de anotar a medida exata de cada indivíduo.
Cada espécie encontrada foi contabilizada apenas uma vez, tendo sido gerada ao final uma lista única de espécies nativas regenerantes.
2.2.5 Fatores de Perturbação
Durante a ida a área de estudo observou-se a presença de fatores alheios ao ecossistema natural, como: presença de formigas cortadeiras, fogo, secas prolongadas, e o controle de espécies com potencial de invasão. Verificou-se ainda existência de pressões antrópicas como: presença de lixo doméstico, resíduos sólidos e entulho.
2.2.6 Avaliação temporal por imagem de satélite
Para a avaliação temporal e comparativa foi utilizada uma imagem de satélite da área de estudo do ano de 2018 e outra ortofoto do ano de 2010/2011 retiradas do GoogleEarth, onde foi realizado o desenho visual aproximado do trecho percorrido pelo ribeirão através dos recursos fornecidos pelo sistema desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo para realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR), conhecido como SiCAR-SP (Sistema Informatizado do CAR- SP). Ao desenhar o ribeirão, o sistema delimita automaticamente os 30 metros da área de preservação permanente. Posteriormente foi desenhado em um polígono as áreas em hectares com vegetação nos anos de 2010/2011 e 2018. Após levantamento foi possível obter a porcentagem de cobertura de vegetação nativa e exótica na APP nos anos de 2010/2011 e 2018 possibilitando visualizar as alterações do fragmento ao longo dos anos.
3 RESULTADOS
3.1 Evolução temporal do fragmento
Após análise das imagens de satélite dos anos 2010/2011 e 2018 retiradas do GoogleEarth verificou-se que no ano de 2010/2011 a área total ocupada por vegetação em APP era de 5,08 hectares enquanto que no ano de 2018 a área total ocupada passou a ser de 6,5 hectares. Sendo assim observa-se um acréscimo de
Nas 5 parcelas foram inventariadas o total de 66 indivíduos arbóreos, tendo sido encontradas 26 espécies e 17 famílias diferentes, em um total de 5 amostras. Foram encontrados 11 indivíduos na parcela 1, 14 indivíduos na parcela 2, 14 indivíduos na parcela 3, 14 indivíduos na parcela 4 e 13 indivíduos na parcela 5. Nas parcelas supracitadas não foram identificadas espécies arbóreas exóticas, tendo sido identificada apenas a presença de Braquiaria decumbens na parcela 1 e grama esmeralda ( Zoysia japônica ) em grande parte da parcela 2 e entre as espécies arbóreas das parcelas 3 e 4. No fragmento como um todo, foi observada a presença de espécie exótica invasora popularmente conhecida como Leucena ( Leucaena leucocephala ) (Tabela 1).
Tabela 1 - Listagem das Espécies Florestais inventariadas por parcela. Parcela Indivíduo Nome Comum Espécie Família 1 1 Paineira Ceiba speciosa Malvaceae 1 2 Paineira Ceiba speciosa Malvaceae 1 3 Paineira Ceiba speciosa Malvaceae 1 4 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 1 5 Tamboril
Enterolobium contortisiliquum Fabaceae 1 6 Suinã Erythrina velutina Fabaceae 1 7 Ipê-roxo Handroanthus impetiginosus Bignoniaceae 1 8 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae 1 9 Timbó
Lonchocarpus muehlbergianus Fabaceae 1 10 Timbó
Lonchocarpus muehlbergianus Fabaceae 1 11 Timbó
Lonchocarpus muehlbergianus Fabaceae 2 12 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 13 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 14 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 15 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 16 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 17 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 18 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 19 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 2 20 Pau Jangada Heliocarpus popayanensis Malvaceae 2 21 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae 2 22 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae 2 23 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae
3 26 Pata-de-vaca Bauhinia forficata Fabaceae 3 27 Pata-de-vaca Bauhinia forficata Fabaceae 3 28 Canafístula Cassia grandis Fabaceae 3 29 Embaúba Cecropia pachystachya Urticaceae 3 30 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 3 31 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 3 32 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 3 33 Cambará Gochnatia polymorpha Asteraceae 3 34 Cambará Gochnatia polymorpha Asteraceae 3 35 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae 3 36 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae 3 37 ND3 ND3 ND 3 38 Aroeira-salsa Schinus molle Anacardiaceae 3 39 Paineira Ceiba speciosa Malvaceae 4 40 Pata-de-vaca Bauhinia forficata Fabaceae 4 41 Embaúba Cecropia pachystachya Urticaceae 4 42 Paineira Ceiba speciosa Malvaceae 4 43 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 4 44 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 4 45 Sangra D'água Croton urucurana Euphorbiaceae 4 46 Cambará Gonathia polymorpha Asteraceae 4 47 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae 4 48 Ingá Inga vera subsp. affinis Fabaceae 4 49 Amoreira Morus nigra Moraceae 4 50 ND4 ND4 ND 4 51 Aroeira-salsa Schinus molle Anacardiaceae 4 52 Aroeira-mansa Schinus terebinthifolius Anacardiaceae 5 53 Aroeira-mansa Schinus terebinthifolius Anacardiaceae 5 54 Araucária Araucaria angustifolia Araucariaceae
5 55
Sansão-do- campo Mimosa caesalpiniifolia Fabaceae
5 56
Sansão-do- campo Mimosa caesalpiniifolia Fabaceae
5 57
Sansão-do- campo Mimosa caesalpiniifolia Fabaceae
5 58
Sansão-do- campo Mimosa caesalpiniifolia Fabaceae
5 59
Sansão-do- campo Mimosa caesalpiniifolia Fabaceae
5 60
Sansão-do- campo Mimosa caesalpiniifolia Fabaceae 5 61 Amoreira Morus nigra Moraceae 5 62 Capororoquinha Myrsine coriacea Primulaceae
Como mais frequentes ocorrem as espécies Croton urucurana e Inga vera subsp. affinis , com frequência absoluta de 80% e frequência relativa de 10,53% Quanto à dominância absoluta, destacaram-se cinco espécies com maior valor, ou seja, as que possuem maior área basal por hectare: Croton urucurana, Ceiba speciosa, Bauhinia forficata, Mimosa caesalpiniifolia e Myrsine coriacea , contribuem com 22,25% da dominância absoluta total por hectare. Em relação à dominância relativa, temos um total de 33,77% para Croton urucurana , 17,08% para Ceiba speciosa , 13% para Bauhinia forficata , 7,78% para Myrsine coriacea e 6,50% para Mimosa caesalpiniifolia.
Tabela 2 - Levantamento dos dados fitossociológicos das espécies inventariadas.
Espécies
Número de Indivíduos
Densidade Absoluta
Densidade Relativa
Frequência Absoluta
Frequência Relativa
Dominância Absoluta
Dominância Relativa Croton urucurana^15 300 22,73^80 10,53^ 9,62^ 33, Ceiba speciosa 5 100 7,58 60 7,89 4,86 17, Inga vera subsp. affinis^8 160 12,12^80 10,53^ 0,53^ 1, Bauhinia forficata^3 60 4,55^40 5,26^ 3,7^13 Mimosa caesalpiniifolia^6 120 9,09^20 2,63^ 1,85^ 6, Lonchocarpus muehlbergianus^3 60 4,55^20 2,63^ 1,7^ 5, Myrsine coriacea^1 20 1,52^20 2,63^ 2,22^ 7, ND5 2 40 3,03 20 2,63 1,18 4, Morus nigra 2 40 3,03 40 5,26 0,11 0,3 8 Cecropia pachystachya^2 40 3,03^40 5,26^ 0,11^ 0, Schinus molle 2 40 3,03 40 5,26 0,06 0, Schinus terebinthifolius^2 40 3,03^20 2,63^ 0,74^ 2, Gochnatia polymorpha^2 40 3,03^20 2,63^ 0,44^ 1, Cassia grandis 1 20 1 ,52 20 2,63 0,26 0, ND1 1 20 1, 52 20 2,63 0,23 0, Handroanthus impetiginosus^1 20 1,52^20 2,63^ 0,18^ 0, Araucaria angustifolia^1 20 1,52^20 2,63^ 0,14^ 0, Enterolobium contortisiliquum^1 20 1,52^20 2,63^ 0,1^ 0,
Erythrina velutina^1 20 1,52^20 2,6^3 0,08^ 0, ND3 1 20 1,52 20 2,63 0,08 0, ND2 1 20 1,52 20 2,63 0,06 0, Eriobotrya japônica^1 20 1,52^20 2,63^ 0,05^ 0, Gonathia polymorpha^1 20 1,52^20 2,63^ 0,05^ 0, Heliocarpus popayanensis^1 20 1,52^20 2,63^ 0,04^ 0, ND6 1 20 1,52 20 2,63 0,04 0, ND4 1 20 1,52 20 2,63 0,02 0,
Em relação ao índice de valor de importância (IVI), determina-se como a principal espécie a Croton urucurana com 67,02% de IVI médio, seguido de Ceiba speciosa com 32,55 %, Inga vera subsp. Affinis com 24,52%, Bauhinia forficata com 22,81% e por fim , Mimosa caesalpiniifolia com 18,22%. Quanto ao índice de valor de cobertura (IVC), temos como destaque a espécie Croton urucurana com 56,5% de IVC médio, seguido de Ceiba speciosa com 24,65 %, Bauhinia forficata com 17,55%, Mimosa caesalpiniifolia com 15,59% e Inga vera subsp. affinis com 13,99% (Tabela 3).
Tabela 3 - Valores de IVI e IVC para as espécies identificadas nas parcelas.
Espécies IVI IVC Croton urucurana 67,02 56, Ceiba speciosa 32,55 24, Inga vera subsp. affinis 24,52 13, Bauhinia forficata 22,81 17, Mimosa caesalpiniifolia 18,22 15, Lonchocarpus muehlbergianus 13,13 10, Myrsine coriácea 11,93 9, ND5 9,81 7, Morus nigra 8,67 3, Cecropia pachystachya 8,67 3, Schinus molle 8,51 3, 25 Schinus terebinthifolius 8,27 5, Gochnatia polymorpha 7,22 4,
Em relação à quantidade total de espécies lenhosas de regenerantes nativos encontrados em cada parcela, temos: 4 indivíduos na parcela 1; 5 indivíduos na parcela 2; 6 indivíduos na parcela 3; 2 indivíduos na parcela 4; 6 indivíduos na parcela 5. No total, temos 23 indivíduos regenerantes. O indicador de densidade foi de 1,82 indivíduos por hectare. A densidade na parcela de indivíduos por hectare foi mais expressiva nas parcelas 3 e 6, com 600 indivíduos por hectare de densidade na parcela (Tabela 5).
Tabela 5 - Valores de Densidade na Parcela de Indivíduos regenerantes por hectares.
Amostras N° Indivíduos Densidade na Parcela (Ind/ha) Parcela 1 4 400 Parcela 2 5 500 Parcela 3 6 600 Parcela 4 2 200 Parcela 5 6 600 Total 23 -
Indicador de Densidade (Ind/ha) 1 ,
3.6 Fatores de perturbação
Na parcela 1 observou-se a presença de lixo doméstico, como sacolas, papel, plástico, sendo que nos arredores da parcela pôde-se notar a presença de entulho e até mesmo móveis usados. Nas parcelas 2,3, e 4 não houve presença de qualquer fator de perturbação, tendo sido notado apenas no entorno a presença de um pouco de entulho e pneu abandonado no corpo d’água. Na parcela 5 havia presença mínima de lixo doméstico, como papel, plástico. Em todas as parcelas observou-se a roçada e capina do sub-bosque.
4 DISCUSSÃO
Os resultados apontaram para um acréscimo de vegetação ao decorrer de 7 anos no entorno do Ribeirão, objeto do estudo. Tal acréscimo se deve provavelmente às exigências da legislação ambiental no código florestal para áreas
de preservação permanente, que exigiram o plantio de espécies nativas para recomposição, como ocorrido nas parcelas 1, em parte da parcela 2, e nas parcelas 3 e 4. O índice de diversidade de Shannon (H’) apresentou o valor de 2,811 e Equabilidade de 0,863. Ivanauskas; Rodrigues; Nave (1999) obtiveram o valor para índice de Shannon de 3,77 e a eqüabilidade de 0,82 ao avaliar um trecho de floresta estacional semidecidual em Itatinga-SP, Figueiredo (1993) obteve o resultado de H’=3,999 em uma área de estudo de Angatuba-SP, sendo que comparada as demais, o fragmento em Itapetininga-SP apresentou menor diversidade florística da população em estudo em relação aos demais fragmentos de vegetação das outras áreas citadas Conforme Anexo I da SMA n° 32 de 03 de Abril de 2014, os valores intermediários de referência para monitoramento dos projetos de restauração ecológica para florestas ombrófilas e estacionais, considerando um nível de adequação de 5 anos, enquadram as parcelas de 1, 3, 4 e 5 como índice de cobertura crítica e a parcela 2 como índice de cobertura mínimo. Considera-se crítico, conforme SMA n° 32/2014 as situações onde não foram atingidos os valores mínimos esperados no prazo determinado e será exigida a readequação do projeto por meio de ações corretivas. Como mínimo considera-se que os valores estão dentro da margem de tolerância para o prazo determinado e cumprem as exigências mínimas, porém os valores são inferiores ao esperado, o que indica a necessidade da realização de ações corretivas para não comprometer os resultados futuros. Por fim, como adequado considera-se quando foram atingidos os valores esperados para o prazo determinado. Desse modo, em relação ao Valor de Cobertura, obteve-se o resultado mais expressivo na parcela 2, com 51,52% de valor de cobertura. O resultado elevado em relação às demais parcelas se deve provavelmente à expressividade das árvores Croton urucurana , popularmente conhecida como Sangra D’água, tendo as árvores desta espécie valores altos de DAP, altura, área basal. Croton urucurana é reconhecida pela SMA 21 de 21 de Novembro de 2001 como espécie arbórea de ocorrência natural no Estado de São Paulo, sendo inclusive indicada para reflorestamento heterogêneo em áreas degradadas, principalmente em matas ciliares.