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Entrevistas com enfermeiros em hospitais de São Paulo revelam que a limpeza de unidades de pacientes não segue as normas da literatura, resultando em baixa confiabilidade na desinfecção. A infecção hospitalar é um desafio para a equipe de saúde. A limpeza é crucial, mas a maioria dos enfermeiros não sabe qual produto usar. O fenol sintético é o mais utilizado. A limpeza terminal é valorizada em relação à concorrente. É necessário investimento técnico-científico na limpeza de unidades.
Tipologia: Notas de estudo
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Denise de A ndrade I Branca Maria de Oliveira Santos 1 Adriana Serafim Bispo.
RESUMO :Este estudo objetiva avaliar o procedimento da limpeza de unidade do paciente assim como detectar, apon~r e alertar sobre as possiveis falhas nesse processo de limpeza. Os ~esuttados obtidos por entrevistas com os enfermeiros responsáveis pelo Serviço de Enfermagem revelam que o procedimento realizado nos hospitais em estudo não vem atendendo és normas preconizadas pela literatura o que acarreta um produto final com pouca confiabilidade do ponto de vista da desinfecção.
PALAVRAS-CHAVE: limpeza de unidade do paciente, desinfecção. infecção hospitalar
INTRODUÇÃO
Com o avanço científico e tecnológico dos últimos anos na área da saúde é visível a preocupaçao com a proclução de serviços que têm por finalidade o diagnóstico e a terapêutica , através da reunião de saberes, tecnologias e de profissionais capacitados. Na s relações com a clientela, esses elementos podem desencadear resultados terapêuticos ou iatrogênicos, dependendo da instrumentalização e do encam inham ento das ações, assim como de uma série de fatores r elac ionados ao ambiente , aos recursos hum anos e materiais e ao emprego
Uma das possiveis complicações adv inda sdessas re lações é a infecção hospitalar qu e tem se constituido num de safio para a equipe multiprofissional de saúd e, uma vez que vem se de stacando ca da vez mais nos últim os anos dentr e as causas m ais fre qü entes de m orbi· m ortalidade, com conseqüente ampliação do tempo de permanência do paciente no hospital , aum ento do custo de tratamento e m enor utilização dos leitos hospitalares. Embora as principais causas de Infecção Hospitalar estej am relacionadas com o doente
deixar de consider ar a parcela de respon sa bilidade relacionada aos padrões de higiene do amb iente hospitalar, que tem levado a uma preocupação com a sua manut enção terapêutica. Esta preocupação tem sido continua e diligente e tem estado sob responsabilidade da en fennagem desde a atuaçao de Flore nce Nightingale, no século XIX, que já enfatizava a necessidade de se diminuir os efeitos negativos que o hospital causava aos pacientes, através do próprio uso do ar,
'P rofessor Doutor ao Departamento de Enfermagem Geral e Especializ ada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. 'Bolsista de Iniciação Cientifica do Conselho Nacional CientificO e Tecnológ ico· CNPq.
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Avaliaçêo da limp eza ..
R. Bras. Enferm., Brasília, v. 52, n.4 , p. 504-513, out./dez. 1999 505
Avaliaçao da limpe za ...
de Limpeza, o qual nao é da responsabilidade da enfermagem , em 25 ,0% deles o referido
Em relação à questao orientadora como é feita a Limpeza de Un idade e que produto
ANDRADE, Denise de et aI.
na maioria da vezes a "técnica tradicional"(segundo eles, aquela recomendada pela literatura) não tem sido cumprida fielmente, justificando ser trabalhosa, demorada e extremamente cheia de detalhes. Por outro lado reconheceram que o ideal seria a realização do procedimento segundo as normas preconizadas pela literatura. Pelo levantamento das referências bibliográficas relacionadas ao procedimento e a sua execução, constatamos que na literatura norte-americana o assunto é pouco abordado, talvez por não recomendarem a aplicação rotineira da desinfecção de superfícies e por não encontrarem um evidência direta correlacionando o grau de contaminação ambiental com o risco de se contrair uma infecção (Dauschner; Fahlberg, 1982). Já em nossa realidade, apesar de ainda se colocar muita ênfase na desinfecção de superfícies, como uma medida efetiva na redução das taxas de infecções nos hospitais, a literatura de enfermagem parece demonstrar um certo descaso em relação ao assunto, uma vez que o mesmo tem sido pouco mencionado nas publicações mais recentes. Vale considerar ainda que o assunto demonstre uma estagnação no conhecimento este tem sido o referencial utilizado na atualidade para o ensino de enfermagem, nos seus diferentes níveis (Souza, 1976, Teixeira, 1962). Analisando algumas das padronizações do procedimento na literatura, observa-se que existe uma preocupação em detalhar todos os passos a serem desenvolvidos, visando sempre a eficiência, a eficácia e a diminuição do desgaste físico. Esses passos da técnica geralmente são acompanhados apenas do material necessário para sua execução, que em alguns casos extrapola o que tem sido recomendado (ex: sapólio), não especificando a natureza da solução desinfetante e nem os princípios científicos a serem considerados durante o desenvolvimento do procedimento. O depoimento abaixo, ilustra as colocações supracitadas: Sabemos que compete ao enfermeiro, de forma direta, observar e manter a qualidade da Limpeza de Unidade do paciente, entretanto, devido a vários fatores da realidade hospitalar, é comum a realização da técnica e o uso de materiais de forma inadequados. Em resposta à pergunta orientadora sobre o produto utilizado para realização da de Unidade Limpeza, deparou-se com uma diversidade de alternativas, conforme a Tabela2.
T ABELA 2 - Distribuição dos produtos utilizados na Limpeza de Unidade do paciente, segundo a classificação dos hospitais.
.......^ PROOUTOS ....... ... ....... ... ........^ ••••....^.^ TIPO oe HOSPITAl LJl'lº�.o� < PlJEit.ICO • PRIVADO.. •. .•. •. ••. .TOTAL
.. GERAL <ESPECIAUZADO GERAL ESPECIALIZADO N° <% Fenol sintético 4 2 7 30, Não sabia 9 10 43, informar Agua + sabão
2 4 4
3
14
4 17,
2 8, 23 100,
Numa primeira avaliação observa-se que do total de hospitais, 43,5% dos enfermeiros entrevistados não souberam informar o produto utilizado para a realização da Limpeza de Unidade do paciente. É importante considerar que todos os respondentes eram oriundos de hospitais privados, dos quais 90,0% ofereciam assistência geral e que nesta alternativa foram incluídas as respostas em que os enfermeiros , embora com dúvida, referiram ao hipoclorito de sódio, álcool etílico, fenol sintético ou então, alegaram que seguiam as recomendações do Ministério da Saúde, sem especificar qual o produto utilizado. Um aspecto que merece consideração nesta análise é o fato de que 34,8% dos
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ANDRADE, Denise de et ai.
utilizado (43,5%), assim como de uso de produtos inadequados em unidades de internação (apenas água e sabão). Achamos oportuno destacar os resultados microbiológicos obtidos por Angelo (1998) que evidenciou que a limpeza de unidade com fenol ao invés de diminuir a carga microbiana provoca o deslocamento dessa para outros pontos, resultando na manutenção da quantidade de microorganismo que existia anteriormente à limpeza. Neste sentido, outros autores também mostraram que o fenol foi menos eficaz em comparação com outros produtos químicos desinfetantes (Navajas; Díaz; Castilho; Marin, 1992). Em resposta à pergunta quando é realizada a Limpeza de Unidade, observa-se pelos dados da Tabela 3 que a maioria dos enfermeiros (56,5%) referiu que realiza apenas a limpeza terminal.
TABELA 3 - Distribuição das respostas emitidas pelos enfermeiros em relação a quando é feita a Limpeza de Unidade do paciente, segundo a classificação dos hospitais
3 3 3 7
Vale considerar que 30,4% dos enfermeiros responderam de forma completa uma vez que referiram a limpeza de unidade terminal e a concorrente da unidade do paciente. Isso sugere, de certa forma, que esses enfermeiros tinham conhecimento das diferenças entre os dois procedimentos e dos momentos de suas realizações. Lembramos aqui que a limpeza concorrente é aquela realizada diariamente, após a arrumação da cama e que consiste na limpeza de parte do mobiliário da unidade do paciente que, basicamente, é composta por: cama, colchão, mesa de cabeceira equipada com material de uso pessoal, cadeira, escada e campainha. Já a limpeza terminal tem sido considerada como a realizada quando o paciente desocupa o leito por motivo de alta, óbito, transferência ou em casos de hospitalização prolongada (Sordi; Nunes, 1988, Souza, 1976, Torres; Lisboa, 1999). É importante considerar que apesar de serem definidas de forma a existir uma diferenciação entre ambas, na maioria das referências relativas ao assunto, não se observa uma descrição detalhada de procedimentos distintos que permita ratificar esta diferenciação. Geralmente é feita a diferenciação conceituai, acompanhada da descrição de apenas um procedimento, hipervalorizando a limpeza terminal. Outra consideração a ser feita é que normalmente não definem a periodicidade da realização da limpeza terminal, nas situações em que o paciente permanece no leito por tempo prolongado, o que demostra a necessidade da realização de estudos para melhor definição deste intervalo, garantindo maior segurança para o paciente e para o responsável pela execução do procedimento. Do total de respostas em relação a quando é feita a Limpeza de Unidade, 12,9% dos enfermeiros não citaram nenhum dos tipos de limpeza recomendados, protegendo-se em
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T e r m i n a l C o n c o r r e n t e T e r m i n a l e C o n c o r r e n t e Segue recomendação da literatura Não s o u b e informar Só em casos de contaminação T O T A L
GERAL 1 - 3 - - - 4
T I P O D E H O S P I T A L P Ú B L I C O E S P E C I A L I Z A D O 2 - 1 - - 1 4
G E R A L 9 - 3 1 1 -
14
P R I V A D O E S P E C I A L I Z A D O 1 - 3 - - - 1
T O T A L N° % 13 56,
- - (^7) 30,
1 4,
1 4,
1 4, 23 100,
T I P O D E L I M P E Z A
Avaliaçáo da limpeza ..
No que se refere à maneira de execução do procedimento observa-se que a maioria dos
Avaliação da limpeza ...
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