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Efeitos do Atraso de Troca em Escolhas de Reforços em Crianças, Exercícios de Psicologia

Os resultados de um estudo que investigou os efeitos do atraso de troca de reforços condicionados (fichas) pelo reforço final (prêmios) em crianças, manipulando o atraso de pontos e o atraso de troca, em escolhas entre reforços de maior magnitude atrasada (autocontrole) e menor magnitude imediata (impulsividade). O estudo mostrou que o atraso de troca pode influenciar as preferências dos participantes em relação aos reforços de maior magnitude atrasados e menores magnitude imediatas.

O que você vai aprender

  • Como os resultados deste estudo se relacionam com os resultados obtidos em estudos anteriores?
  • Como o atraso de troca influenciou as preferências dos participantes?

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Salamaleque
Salamaleque 🇧🇷

4.5

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Não perca as partes importantes!

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POTIFÍCIA UIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Luciana Júlio Martins
Autocontrole e Impulsividade: um estudo do efeito de atraso de
pontos e do atraso de troca em crianças.
MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMETAL:
AÁLISE DO COMPORTAMETO
São Paulo
2009
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POTIFÍCIA UIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Luciana Júlio Martins

Autocontrole e Impulsividade: um estudo do efeito de atraso de

pontos e do atraso de troca em crianças.

MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMETAL:

AÁLISE DO COMPORTAMETO

São Paulo 2009

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POTIFÍCIA UIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Luciana Júlio Martins

Autocontrole e Impulsividade: um estudo do efeito de atraso de

pontos e do atraso de troca em crianças.

MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMETAL:

AÁLISE DO COMPORTAMETO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência para obtenção do título de MESTRE em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, sob a orientação da Profa. Dra. Tereza Maria de Azevedo Pires Sério.

São Paulo 2009

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Local e data: ___________________________________________

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Luciana Júlio Martins

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AGRADECIMETOS

A Deus, por ser tão gracioso para comigo e por tanto me abençoar.

Aos meus pais, Lúcio e Ângela, como agradecer tudo o que vocês fizeram e fazem por mim... o carinho, o cuidado, o amor sem medida... vocês me ensinam todos os dias a ser uma pessoa melhor... não há palavras para expressar o que sinto por vocês! Amo muito vocês!

Ao César, que me faz acreditar que o amor vale a pena... que sempre me desperta com um sorriso, que caminha ao meu lado, que se entristece com minhas tristezas, que se alegra com minhas alegrias... e sempre acredita em mim! Guardo você no meu coração... e quero continuar ao seu lado pelo resto de nossas vidas...

À Lucimara, minha irmã tão querida... um dia você me disse que tinha o privilégio de ser minha irmã, mas você estava enganada, o privilégio é meu... obrigada por fazer ser tão gostoso ser sua irmã, e claro, não posso esquecer do meu “cunhadinho” que tem cuidado e feito minha irmã feliz! Amo vocês!

À Téia, orientadora que escolhi para mim muito antes de ingressar no mestrado... Encantei-me pela sua paixão pela Análise do Comportamento. Muito obrigada pela dedicação, pela paciência, pela disponibilidade, pelo entusiasmo e por sempre ter acreditado em mim e no meu trabalho... Espero que este não seja um adeus, mas um até breve!

À Tatu, muito obrigada por ter feito parte da minha banca! Obrigada por toda sua solicitude! As contribuições dadas na qualificação foram muito importantes no resultado deste trabalho. Fiquei honrada com sua participação...

A todos os professores do programa: Nilza, Banaco, Maria Amália, Paula, Maria do Carmo, Maria Eliza, Ziza e Paola, muito obrigada pelas aulas, pela amizade, pelo incentivo, cada um de vocês tem uma participação especial no meu trabalho. Vocês formam um time e tanto...

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Di e Tati, como foi importante dividir com vocês o tema das nossas dissertações, é claro que, por vezes o “autocontrole” quase nos faltou, mas uma sempre assumia a função de “resposta controladora” na vida da outra! Muito obrigada por tudo!

Dani, Carolzinha, e Tati, terei muita saudade das “resenhas”, das noites no hotel, das escapadinhas, tão raras, mas tão necessárias às segundas, à noite, enfim, tudo com vocês foi sempre muito divertido... obrigada pela amizade e pelo carinho!

Às meninas de Campinas: Marcela, Ana Paula, Carol Couto, Lígia, Carolzinha, Dani e Tati foram tantas as idas e vindas entre São Paulo e Campinas, e, como elas foram divertidas... muito obrigada pela amizade!

À minha turma do mestrado... analistas do comportamento de primeira qualidade! Aprendi muito junto com vocês, tive momentos divertidíssimos, conheci pessoas de todos os cantos do Brasil e foi bom demais!

Aos amigos de tantos anos... Vane e Jessé, Lê e Fer, Luís e Caren, Carol e Rô, Ângela, Iara, Camila, Bíola e Felipe, a vida é mais gostosa de ser vivida quando se tem amigos como vocês! Adoro vocês! Em especial gostaria de agradecer ao meu “amigo gêmeo”, Felipe, você realmente faz coisas que só um irmão poderia fazer! Muito obrigada pela ajuda com os gráficos, muito obrigada mesmo!

Aos amigos do ITCR, pelas palavras de incentivo e pela preocupação para comigo... em especial gostaria de agradecer à Mari Olívia pelo apoio e ao César, amigo de faculdade, com quem divido sala de atendimento no ITCR, muito obrigada pela ajuda no quesito “internacional”.

À Noreen, pelo o apoio e carinho de sempre! Sinto-me muito acolhida por você e já perdi as contas dos seus créditos para comigo... Gosto muito de você!

Ao Hélio Guilhardi, profissional que eu respeito e admiro muito! Nestes dois anos pude mensurar quão importantes são suas contribuições para a Análise do Comportamento! Muito obrigada por ter me apresentado este conhecimento tão apaixonante!

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Dedico esta dissertação, aos meus pais e ao César: Os maiores amores da minha vida!

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diagrama da tela apresentada no experimento............................................ 18

Figura 2. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de avaliação da sensibilidade ao atraso do reforço, pelos participantes 1 e 3......................

Figura 3. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de avaliação da sensibilidade ao atraso do reforço, pelos participantes 2, 4B e 6................

Figura 4. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de avaliação da sensibilidade ao atraso do reforço, pelos participantes 4A e 5....................

Figura 5. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de avaliação da sensibilidade à magnitude do reforço, por todos os participantes...............

Figura 6. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de pontos e atraso de troca, pelo participante 1...............................................

Figura 7. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de troca e atraso de pontos, pelo participante 4B.............................................

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Figura 8. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de troca, pela participante 4A..........................................................................

Figura 9. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de pontos, pela participante 4A........................................................................

Figura 10. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de troca, pelo participante 6.............................................................................

Figura 11. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de pontos, pelo participante 6..........................................................................

Figura 12. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de pontos e atraso de troca, pelo participante 2...............................................

Figura 13. Número de respostas emitidas em cada componente e o período de tempo entre a apresentação dos componentes e a primeira resposta emitida (PTPR), em cada tentativa, nas sessões de condição de atraso de pontos e atraso de troca, pela participante 3................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Identificação dos participantes 17

Tabela 2. Sequência de condições de atraso de troca e atraso de pontos e duração dos atrasos

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MARTINS, Luciana Júlio. Autocontrole e Impulsividade: um estudo do efeito de atraso de pontos e do atraso de troca em crianças. São Paulo, 2009. Dissertação de Mestrado. PUC/SP.

Orientadora: Profa. Dra. Tereza Maria de Azevedo Pires Sério Linha de pesquisa: Processos Básicos

Resumo

O presente estudo foi realizado com o objetivo de examinar os efeitos do atraso de troca de reforço condicionado (fichas) pelo reforço final (prêmios), em crianças, manipulando atraso de pontos e atraso de troca em escolhas entre reforço de maior magnitude atrasado (autocontrole) e reforço de menor magnitude imediato (impulsividade), escolhas comumente apresentadas em estudos experimentais de autocontrole. Para tanto, sete crianças com idade de 8 a 10 anos foram submetidas a um esquema concorrente encadeado com três períodos em um notebook. No primeiro período, período de escolha, estava programado esquema concorrente VI10-VI10 para os componentes apresentados na tela do computador. A escolha de um dos componentes produzia como conseqüência o período do atraso do reforço (FT), caracterizado pela cor preta em toda tela do computador. Após o FT, iniciava- se o período disponível para obtenção de fichas (reforço condicionado). Todos os participantes foram submetidos a quatro condições experimentais. As duas primeiras consistiram em avaliar o controle das dimensões atraso e magnitude do reforço sobre o responder e foram denominadas de avaliação da sensibilidade ao atraso do reforço e avaliação da sensibilidade à magnitude do reforço. As outras duas condições foram chamadas de atraso de pontos e atraso de troca. A condição de atraso de pontos consistiu em submeter os participantes a três valores de atrasos (30”, 75” e 120”) entre a emissão das respostas no período de escolha (concorrente VI10-VI10) e o período de obtenção do reforço condicionado (fichas que eram apresentadas na tela do notebook ). Ao final da sessão experimental, aparecia na tela a quantidade de fichas recebidas e estas eram trocadas pelo reforço final (prêmios). A condição de atraso de troca consistiu em submeter os participantes a três valores de atraso (1, 7, 14 dias) para a troca do reforço condicionado pelos prêmios. O período de atraso, após o período de escolha foi sempre 1 segundo, nesta condição, e as fichas eram disponibilizadas após este atraso, porém eram trocadas pelos reforços finais nos dias estipulados pela contingência em vigor e não necessariamente ao final da sessão, como na condição de atraso de pontos. Os resultados mostraram que todos os participantes foram sensíveis às dimensões atraso e magnitude do reforço nas avaliações da sensibilidade de tais dimensões. Considerando as condições de atraso de pontos e de atraso de troca, de uma forma geral, quatro, dos sete participantes apresentaram preferência pela alternativa de autocontrole e três apresentaram preferência pela alternativa de impulsividade, em ambas as condições. Assim, não foi observado um efeito da variável de atraso de troca diferente da variável de atraso de pontos sobre o responder dos participantes. Ressalta-se também que as seqüências de atrasos que tinham seus valores gradativamente aumentados ( fading ) produziram preferência pela alternativa de autocontrole em praticamente todas as ocorrências.

Palavras chave : autocontrole, impulsividade, atraso de troca, atraso de pontos.

Autocontrole é um termo que faz referência a um conjunto de relações entre o indivíduo e seu ambiente, envolvendo uma gama de variáveis das quais estas relações são função. Devido às inúmeras possibilidades de relações e à complexidade dada pelo número de variáveis de controle envolvidas, existem muitas controvérsias com relação à definição; o ponto crítico de divergência parece ser onde ( lócus ) se encontram os determinantes do autocontrole (Hanna e Todorov, 2002; Andrade, 2005). Nico (2001), ao resumir os diferentes determinantes atribuídos a este conjunto de relações entre indivíduo-ambiente, em perspectivas mais comumentes difundidas na psicologia, afirma que “um conjunto de valores nobres constitui a fonte do autocontrole não apenas porque por meio do autocontrole estes valores são alcançados, mas também porque é a partir deles que um homem se autocontrola” (p. 45). Hanna e Ribeiro (2005), ao se referirem a essas mesmas perspectivas, propõem que autocontrole é “...muitas vezes, relacionado com traços de personalidade, com características inatas dos indivíduos ou com uma força interior que possibilita o controle de suas próprias ações” (p. 175). Desta forma, pode-se entender que, em muitas perspectivas da psicologia, são atribuídas causas internas para o que denominam autocontrole. Skinner (2000) ressaltou que, devido à dificuldade de se compreender o homem e suas ações, é atribuída ao homem interior a função de fornecer uma explicação, como se ele fosse um centro de onde se origina o comportamento; porém, como destaca o autor, atribuir causas internas aos comportamentos não explica o comportamento humano (inclusive o comportamento de autocontrole). Skinner (1974) apresentou a filosofia do behaviorismo radical como uma alternativa promissora na tentativa de melhorar a compreensão do comportamento humano. A ciência do comportamento, que tem como base filosófica o behaviorismo radical, entende por comportamento a interação entre as ações do organismo e seu ambiente (de Rose, 2001) e uma melhor compreensão desta interação necessitará da descrição das relações entre as ações do indivíduo com seu ambiente e também, segundo Skinner (1981), do entendimento de como estas relações foram construídas historicamente. Na concepção skinerianna, “quando o homem se controla... está se comportando” (Skinner, 2003), e, para que haja um melhor entendimento do conjunto de interações entre organismo-ambiente denominadas autocontrole se faz necessário, primeiro, entender o termo controle.

Em Ciência e Comportamento Humano (2003), Skinner inicia o capítulo “Autocontrole” afirmando que:

“A noção de controle está implícita em uma análise funcional. Quando descobrimos uma variável independente que possa ser controlada, encontramos um meio de controlar o comportamento que for função dela.” (p. 249)

Assim, a noção de controle é entendida como a manipulação de variáveis ambientais que alteram determinada resposta e a análise funcional seria a demonstração da relação de interdependência entre a resposta de um organismo e as variáveis ambientais (Matos, 1999). Hunziker (2003) ressalta que, dentro da perspectiva behaviorista, “tecnicamente, controle é caracterizado por relações probabilísticas de ocorrência de um evento em função de outros que o antecederam...” (p. 2). Hunziker explica que havendo uma seqüência simples de dois eventos (evento 1 e evento 2), é possível analisar a probabilidade de ocorrência do evento 2 em função da presença ou ausência do evento

  1. Quando a presença do evento 1 modifica (“controla”) a probabilidade de ocorrência do evento 2, tem-se uma condição de controle. Quando os eventos ocorrem de forma independente um do outro, tem-se uma condição em que um evento não controla o outro. Assim, controle é entendido como a modificação que um evento produz em outro. A autora explica também que estudos na análise do comportamento consideram vários “níveis” de controle estabelecidos na interação do organismo com o ambiente: “nesses estudos, a palavra controle pode ser utilizada em dois sentidos: pode-se falar do controle que o ambiente exerce sobre o comportamento do indivíduo e também do controle que o indivíduo exerce sobre o seu ambiente” (p. 3). Desta forma, entende-se que o organismo modifica o ambiente e é modificado por ele e, que assim, “são indissociáveis ambos os controles, o do sujeito sobre seu meio e o do meio sobre o sujeito” (p.3). Skinner (2003), no capítulo citado, considera a possibilidade de o indivíduo controlar seu próprio comportamento: “[o indivíduo] se controla precisamente como controlaria o comportamento de qualquer outro, através da manipulação de variáveis das quais o comportamento é função” (pp. 250-251). Assim, falamos em autocontrole,

Segundo Nico (2001), existem dois grandes conjuntos de condições sob as quais o grupo estabelece conseqüências aversivas para determinadas respostas que, combinadas com conseqüências reforçadoras produzidas por essas mesmas respostas, culminam no conflito que promove o autocontrole. No primeiro conjunto de condições, o grupo estabelece conseqüências aversivas para os comportamentos que produzem duas conseqüências entre si: uma reforçadora imediata e outra aversiva atrasada (como por exemplo, ingerir bebida alcoólica produz uma conseqüência reforçadora imediata: prazer e desinibição comportamental e uma conseqüência aversiva atrasada: ressaca). Se os estímulos aversivos não forem tão fortes a ponto de entrarem em conflito com os estímulos positivos imediatos, o indivíduo simplesmente emitirá a resposta controlada, então, não haveria conflito e, portanto, a ‘necessidade’ de autocontrole. Se os estímulo aversivos forem fortes eles “agudizam” o conflito até o ponto necessário para produzir autocontrole. No segundo conjunto de condições, a mesma resposta produz conseqüências reforçadoras para o indivíduo e aversivas para o grupo e, porque o autocontrole é importante para o outro, torna-se importante para o indivíduo. Rachlin, um pesquisador em análise do comportamento dos processos básicos do comportamento de escolha, na década de 70, destacou-se ao desenvolver um modelo para o estudo experimental de autocontrole. Neste modelo foi envolvida a manipulação de variáveis ambientais e o conflito de conseqüências explicitados nas análises de Skinner e autocontrole foi caracterizado pela preferência de reforçadores de maior magnitude atrasados, ao invés da preferência por reforçadores de menor magnitude imediatos, em situações de escolha. A preferência por reforçadores de menor magnitude imediatos foi chamada de impulsividade (Rachlin e Green, 1972; Catania, 1999). A razão para o conflito entre duas conseqüências, para Rachlin (1974), é que a conseqüência de maior magnitude é atrasada e a conseqüência de menor magnitude é imediata; sendo assim, o autor salienta que, ao se retirar a questão temporal, que parece ser crítica para o conflito entre conseqüências, a questão do autocontrole também seria retirada. De acordo com Hanna e Todorov (2002), podem-se destacar algumas semelhanças entre as propostas de Skinner e Rachlin para o autocontrole. Uma delas consiste no fato de que ambos consideram impróprio atribuir causas internas ao termo autocontrole, pois de acordo com Rachlin (1974), embora alguns padrões de comportamento possam vir de dentro de nós mesmos, no sentido de que eles foram adquiridos antes de nascermos ou logo depois, a causa de um comportamento está na

interação com o ambiente. Eles também deram ênfase às conseqüências que produzem conflitos; porém, uma importante diferença apontada por Hanna e Todorov (2002) consiste em que, para Skinner, “autocontrole não implica necessariamente em situação de escolha” e para Rachlin, “a escolha está sempre presente em situação de autocontrole”. (p.341) O fenômeno autocontrole, como visto anteriormente, foi considerado como produto de reforçamento social, o que o caracteriza como fenômeno tipicamente humano, porém aspectos básicos existentes neste conjunto de relações entre o indivíduo e seu ambiente podem ser investigados em laboratório com sujeitos infra-humanos, através de análogos experimentais. Um experimento clássico da área é o de Rachlin e Green (1972). Nesse estudo, cinco pombos foram submetidos, em sessões diárias, a esquema de reforçamento concorrente encadeado; cada sessão era composta de 50 tentativas, sendo 10 tentativas forçadas e 40 tentativas livres. A condição experimental tinha um elo inicial com duas alternativas de respostas, nas quais vigoravam um esquema de reforçamento FR25. As respostas (bicadas) poderiam ser distribuídas de qualquer maneira nas duas alternativas, e apenas a vigésima quinta resposta do sujeito levaria ao elo final. Quando a vigésima quinta resposta era emitida na chave da direita (alternativa A), as duas chaves eram apagadas por um período de tempo (T) e, em seguida, as chaves eram novamente iluminadas, uma com a cor verde e a outra com a cor vermelha, desta forma uma nova condição de escolha era iniciada. Resposta na chave vermelha produzia como conseqüência dois segundos de acesso ao alimento, e, logo em seguida, seis segundos de blackout, e, resposta na chave verde produzia como conseqüência quatro segundos de blackout , e, logo em seguida, quatro segundos de acesso ao alimento (alternativa de maior atraso e maior magnitude de reforço, que passou a ser chamada de autocontrole). Quando a vigésima quinta resposta era emitida na chave da esquerda (alternativa B), as duas chaves eram apagadas por um período de tempo (T) e, em seguida, apenas uma chave era iluminada com a cor verde e uma resposta nesta chave produzia como conseqüência quatro segundos de blackout , e, logo em seguida, quatro segundos de acesso ao alimento (alternativa de maior atraso e maior magnitude do reforço, que passou a ser chamada de impulsividade). Os valores de T foram manipulados pelos experimentadores, ao longo do experimento, e os resultados mostraram que para valores inferiores a quatro segundos os