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Importância das Redes Sociais na Mobilização Social, Notas de estudo de Comunicação

Este documento discute o papel das redes sociais na organização de mobilizações sociais na sociedade em rede. Ele explica como a internet, especialmente redes sociais como facebook e twitter, tem permitido que ativistas alcançem um maior número de pessoas para organizar manifestações sociais e criar mudanças políticas. O texto também aborda as características das mobilizações sociais produzidas pela sociedade em rede e como um internauta pode se transformar em um ativista através dessas plataformas.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Gisele
Gisele 🇧🇷

4.5

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Adriele Machado Cassiano
Ativismo a partir das redes sociais
CELACC / ECA - USP
2011
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Adriele Machado Cassiano

Ativismo a partir das redes sociais

CELACC / ECA - USP

Adriele Machado Cassiano

Ativismo a partir das redes sociais

Artigo científico apresentado para a conclusão do Curso de Pós-Graduação em Mídia, Informação e Cultura do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Dennis de Oliveira.

CELACC / ECA – USP

ATIVISMO A PARTIR DAS REDES SOCIAIS

Adriele Machado Cassiano^1

Resumo: Apesar de vários pensadores considerarem a internet um meio que isola

o indivíduo, nos últimos anos, este meio de comunicação foi utilizado para unir as pessoas em prol de um mesmo ideal através das mobilizações sociais. Na sociedade em rede, que utiliza como ferramenta principal a internet para se comunicar e se organizar, a informação é produzida e disseminada democraticamente. Aparelhos móveis, como notebooks , celulares e tablets , e redes sociais, como Facebook e Twitter , são instrumentos que facilitam a ação de ativismos, ao atingirem de forma instantânea e simultânea um grande número de internautas. Na Era da Tecnologia da Informação, as redes sociais são pontos iniciais para as mobilizações sociais.

Palavras-chave: Ativismo; mobilização; redes sociais; sociedade em rede.

Abstract: Although many thinkers consider internet something which isolates

people, this means of communication has been used lately to join people with the same ideals with social mobilization. In the network society, which uses the internet as the main tool to communicate and organize themselves, information is produced and disseminated democratically. Mobile apparatus, such as laptops, cell phones and tablets, and social networks, like Facebook and Twitter, are instruments which facilitate the deeds of activists by reaching a great number of internet users instantly and simultaneously. In this Age of Information Technology, the social networks are the starting points for social mobilizations.

Keywords: Activism; mobilization; social networks; network society.

(^1) Graduada em Rádio e TV pela Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Alvares Penteado, pós-graduando em Mídia, Informação e Cultura pelo Centro de Estudos Latino- Americanos sobre Cultura e Comunicação da Universidade de São Paulo sob orientação do Prof. Dr. Dennis de Oliveira. E-mail: adrielecassiano@hotmail.com.

Resumen: Aunque muchos pensadores consideran que el Internet es una forma

que aísla al individuo, en los últimos años, este medio se utilizó para unir a la gente hacia el mismo objetivo con los movimientos a partir de las redes sociales. En la sociedad en red, como la principal herramienta que utiliza el internet para comunicarse y organizarse, la información se elabora y difunde democráticamente. Los dispositivos móviles como portátiles, teléfonos celulares y tablets , y las redes sociales, como Facebook y Twitter , son instrumentos que facilitan la acción de activismo para alcanzar instantáneamente y simultáneamente un gran número de usuarios de internet. En la Edad de la Tecnología de la Información, las redes sociales son puntos de partida para las movilizaciones sociales.

Palabras clave: Activismo; movilización; redes sociales; sociedad en red.

Lista de Figuras

Figura 1: Jovens dão mais valor a internet que a namoro, moradia e carro 10

Lista de Tabelas

Tabela 1: Redes sociais 16

sistema “ world wide web ”, conhecido como “www”, uma teia global infinita que forma uma rede de informações on-line e conecta o mundo. É nesse ciberespaço, a partir de redes sociais como Facebook e Twitter , que ativistas encontraram uma forma de alcançar, instantaneamente, o maior número de pessoas para organizar uma mobilização social. Muitas manifestações que, atualmente, começam em páginas virtuais se estendem para as ruas, e esse tem sido o grande tormento das autoridades mundiais. Em 2011, por exemplo, a Primavera Árabe mostrou que as manifestações através das redes sociais são essenciais para a criação de uma situação política em questionamento aos ditadores. Diante de um regime autoritário, cidadãos do Egito e da Líbia encontraram na internet um espaço para discutir e se unir contra o governo. Tais mobilizações colocaram em xeque ditadores que estavam há décadas no poder. A eficácia desses ativismos, que começaram na internet, existe graças ao território on-line democrático e livre, em que as pessoas podem se expressar e criar debates. Na Era da Tecnologia da Informação, usuários ativos não são apenas meros receptores de informações, eles são também produtores de conteúdo e dissipadores de ideias. Neste novo milênio, lutas, questionamentos, assentimentos ou ainda dissensões, podem ser feitos a partir dessa ferramenta universal, a internet. Como define Castells (2003: p. 114): “o ciberespaço tornou-se uma ágora eletrônica global em que a diversidade da divergência humana explode numa cacofonia de sotaques”.

II. Sociedade em Rede

Em qualquer lugar em que uma pessoa esteja é possível que ela fique conectada ao mundo, seja com o trabalho, com as relações afetivas, com as economias, com as notícias nacionais e internacionais. Tudo isso só é exequível graças à criação de uma tecnologia que age sobre a informação — a internet — e também ao desenvolvimento dos aparelhos tecnológicos móveis multifuncionais que permitem essa conexão imediata. Esse meio de comunicação foi totalmente acoplado pela sociedade do século XXI que, atualmente, não consegue viver sem ela.

Uma pesquisa com jovens de até 30 anos de 14 países, realizada recentemente pela empresa de tecnologia Cisco e divulgada no site do jornal Folha de S. Paulo , mostrou que a internet é tão importante quanto água, comida e moradia; essa foi a afirmação de três em cada cinco estudantes e jovens profissionais do Brasil. Eles afirmaram, ainda, que, entre ter acesso à rede ou ter um carro próprio, a maioria prefere a opção da navegação on-line. Quanto à comparação com outras atividades, 72% dos universitários brasileiros preferem acessar a internet a sair com os amigos, ouvir música ou namorar.

Figura 1: Jovens dão mais valor a internet que a namoro, moradia e carro^2.

A organização Internet World Stats, responsável pelo monitoramento do crescimento da internet em todo o planeta, registrou um aumento de 450% de uso em onze anos, já que, no final do ano 2000, havia cerca de 360 milhões de acessos, e, em março de 2011, foram mais de 2 bilhões de usuários, o que equivale a 30,2%

(^2) FOLHA DE S. PAULO. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/978270-jovens-dao- mais-valor-a-internet-que-a-namoro-moradia-e-carro.shtml.

internet foram e continuam sendo códigos abertos, para que essa seja uma tecnologia em constante inovação, um instrumento de comunicação livre. Nesse contexto, a internet pode ter potencial para se tornar uma “mídia radical”, como define o sociólogo especialista em comunicação John D. H. Downing (2001: p. 33). Essa mídia alternativa oferece a expansão da informação, da reflexão e da troca, diferente da mídia convencional hegemônica, que impõe e manipula tudo isso, depende apenas de como ela é usada. Sendo assim, como toda a informação está na rede e qualquer cidadão pode utilizá-la para se expressar, os ativistas se apropriaram dessa nova mídia para disseminar informação, organizar e mobilizar a população, mas Castells (2003: p.

  1. levanta uma questão pertinente: O ciberespaço torna-se um terreno disputado. No entanto, será puramente instrumental o papel da Internet na expressão de protestos sociais e conflitos políticos? Ou ocorre no ciberespaço uma transformação das regras do jogo político-social que acaba por afetar o próprio jogo — isto é, as formas e objetivos dos movimentos e dos atores políticos?

Afinal, quais são as características das mobilizações sociais produzidas pela sociedade em rede? Como os ativistas utilizam a internet para informar, organizar e recrutar? Como um internauta pode se transformar em um ativista a partir das redes sociais?

1. Ativismo na sociedade em rede

Na Era da Informação, da globalização e do desenvolvimento tecnológico, a sociedade em rede se organiza de uma nova forma, luta por diferentes conflitos e objetivos e possui novas demandas, se comparada a épocas anteriores, quando não havia a presença, principalmente, da internet. Nas últimas décadas, os movimentos sociais não se limitaram apenas à política, à religião ou às questões socioeconômicas e trabalhistas, como no passado. No novo milênio, a sociedade em rede luta por reconhecimento, identidade cultural, inclusão social, além dos movimentos sociais globais. Mesmo as lutas sociais tidas como tradicionais ainda estão presentes, mas elas ressurgem reconfiguradas, com novas propostas e objetivos, como, por exemplo, o movimento social indígena, que assume não apenas um caráter de resistência, mas também luta por direitos, como o reconhecimento e respeito às suas culturas e escolarização da própria língua.

Movimentos de camadas populares agora dividem espaço com movimentos sociais de outras camadas, como a dos ambientalistas, das mulheres, dos gays. Tais movimentos não lutam por resultados tão calculados, como o dos operários; os movimentos da sociedade em rede são, essencialmente, de valores culturais e não têm um objetivo concreto em que o Estado possa intervir. São mobilizações que buscam maior visibilidade, identidade social e respeito perante o resto da população. Os ativistas desses movimentos sociais utilizam a internet para expandir suas ideias e alcançar mais adeptos às manifestações. Neste contexto, os movimentos discutidos na nova mídia acabam ultrapassando as fronteiras do país de origem pelo alcance ilimitado da informação. Diferente das mídias hierárquicas, que manipulam informações de acordo com os próprios interesses, nessa mídia alternativa qualquer pessoa pode se expressar igualmente. Assim, apesar dos movimentos sociais agirem localmente, eles têm alcance e impacto globais. Um exemplo de manifestação de grande impacto foi um movimento criado, em setembro de 2011, contra a corrupção no Brasil. A população se organizou por meio de redes sociais e, com data e hora marcadas, saiu às ruas para protestar contra esse ato presente no cenário político — a corrupção. Outro exemplo, agora de impacto internacional, foi a manifestação contra a crise econômica global, conhecida como “ Ocupe Wall Street ”. As mobilizações também começaram através de redes sociais como Facebook , Twitter e blogs , também em setembro de 2011, e os protestos dos chamados indignados foram aderidos por diversos países da Europa e da Ásia, os “organizadores das marchas” acreditavam “que manifestações sejam realizadas em até 951 cidades de 82 países^3 ”. Sendo assim, a internet é mais do que um mero instrumento tecnológico dos movimentos sociais: Ela [internet] se ajusta às características básicas do tipo de movimento social que está surgindo na Era da Informação. E como encontraram nela seu meio apropriado de organização, esses movimentos abriram e desenvolveram novas avenidas de troca social, que, por sua vez, aumentaram o papel da Internet como sua mídia privilegiada. (CASTELLS, 2003: p. 115)

A internet é um meio de comunicação e também a infraestrutura de uma organização que se tornou indispensável para o tipo de movimento social que

(^3) G1. “Indignados” se mobilizam para realizar protestos em 82 países. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/10/indignados-se-mobilizam-para-realizar-protestos-em-82- paises.html.

chama de “sociedade líquida”, em que tudo é efêmero, passageiro, líquido. Muitas das mobilizações da Era da Tecnologia da Informação não têm bases fortalecidas e, por isso, são aderidas com facilidade e também descartadas com rapidez, mas nem por esse motivo elas deixam de alcançar os próprios objetivos. Afinal, tanto a internet quanto muitas das propostas ativistas são assim: líquidas. É, principalmente, a partir das redes sociais, que é permitido que esses ativismos espontâneos aconteçam.

2. Ativismo a partir das redes sociais

“Postar”, “twittar”, curtir, comentar, compartilhar, seguir! Essas são algumas das linguagens criadas e ações realizadas nas redes sociais existentes atualmente como o Facebook , o Twitter , o Orkut — as mais utilizadas pelos brasileiros. A rede social é um espaço virtual que não deixa de ser real, mas sim imaterial, um território estruturalmente descentralizado que transpõem as fronteiras da nação e atinge o global. Essas redes são tecidas pelos atores sociais, ou seja, é a partir da relação entre os usuários que elas se constroem. Apesar de cada rede social ter suas regras próprias, ela se torna apenas uma ferramenta, já que o conteúdo produzido nela depende completamente da participação dos usuários. Por isso, a rede é flexível, reversível, pode se modificar, trocar, reprogramar, é uma construção coletiva, horizontal, multifacetada, compartilhada. Isso a torna um local sem hierarquia, uma vez que todos têm os mesmos direitos no campo virtual da rede social e é, nesse local, que os ativistas encontram espaço para disseminar pensamentos livremente e atingir pessoas de diversos locais para transformar ideias em ações coletivas. A socióloga Gohn (2008: p. 445) lembra, em seu dossiê, que as “[...] redes sociais passam a ter, para vários pesquisadores, um papel até mais importante que o movimento social. Mas eles a redefinem como redes de mobilização social ”. Algumas das principais características das redes sociais, como destacam os jornalistas Osvaldo León, Sally Burch e Eduardo Tamayo, no livro Movimientos Sociales en la Red , feito a partir dos estudos de Manuel Castells são:

Tabela 1: Redes sociais. (LEÓN; BURCH; TAMAYO, 2001: p. 80, tradução minha)

Enquanto para os autores acima as redes sociais são instrumentos com qualidades para as mobilizações sociais, para o jornalista britânico Malcolm Gladwell (2010) “a revolução não será tuitada” — título de seu texto. Gladwell afirma que a falta de hierarquia nas redes sociais dificulta o desenvolvimento efetivo de uma mobilização social séria: As redes não são controladas por uma autoridade central e única. As decisões são tomadas por consenso, e os vínculos que unem as pessoas ao grupo são frouxos. [...] As redes sociais são eficazes para ampliar a participação — mas reduzindo o nível de motivação que a participação exige. (GLADWELL, 2010)

Para Gladwell, é importante que uma mobilização com objetivo de combater um sistema poderoso e organizado tenha uma hierarquia para pensar estrategicamente na ação, caso contrário, ela fica suscetível a conflitos e a erros. Ele acredita que as redes sociais podem até serem flexíveis, adaptáveis, fáceis e rápidas, mas os vínculos a partir das redes são fracos e raramente conduzem a um ativismo mais denso, longo, e não imediato. Para ele, a rede serve para um tipo específico de causa. Neste mundo sem hierarquia, tornar-se um ativista a partir das redes sociais parece ser fácil já que o campo virtual é livre e democrático, mas essa facilidade não implica que qualquer indivíduo possa ser atuante e condutor de uma

Redes sociais Atributos Características

Flexibilidade Tecidas por atores que as constituem. Construção desconstrução permanentes. -

Horizontalidade Descentralizadas, sem hierarquia.

Interconexão Fluxos multidirecionais de informação.

Articulação Possibilitam ações coletivas.

Multiplicação Impulsionam forças isoladas e dispersas.

Intercâmbio Fundamentam-se com valores compartilhados.

III. Pesquisa de Campo — A Mobilização do “Churrascão da

Gente Diferenciada”

A suposta e futura estação “Angélica Linha 6 – Laranja” do metrô em São Paulo causou muita polêmica e levantou muitos debates entre a população, principalmente quando o governo confirmou que iria estudar tecnicamente a mudança do local da estação na Av. Angélica. Na intenção de impedir que a obra fosse realizada naquele local, um abaixo-assinado elaborado pela Associação Defenda Higienópolis afirmava que, em um raio de 600 metros do local, já existiam mais quatro estações e que, se a construção ocorresse, deveria ser feita próximo à Avenida Pacaembu, e que a obra aumentaria o fluxo de pessoas “diferenciadas”, popularizando o bairro, como se referiu a moradora da região e psicóloga Guiomar Ferreira para a matéria da Folha de S. Paulo. Muitas pessoas, indignadas com o ocorrido, manifestaram nas redes sociais suas revoltas contra a possibilidade de cancelar a construção do metrô na região, pelo fato disso contribuir com o aumento de “diferenciados” no local. A notícia logo virou piada na internet e, o que começou com uma brincadeira na rede virtual contra o elitismo abusivo, tornou-se algo grandiosamente sério. O ativista e jornalista Danilo Saraiva teve, então, a ideia de criar uma mobilização no Facebook , denominada como “Churrascão da Gente Diferenciada”, a favor do metrô em Higienópolis e contra os moradores que defendiam que o transporte poderia popularizar o bairro. O convite na página do evento do Facebook era feito com bom humor: Como nosso bom senso não é o forte, promoveremos agora um churrascão em frente ao shopping Higienópolis para mostrar que os ricos não chegam aos pobres, mas os pobres, sim, facilmente chegam aos ricos. Leve farofa, carne de gato, cachorro, papagaio, som portátil, carro tunado e tudo o que sua consciência social permitir. Afinal a rua é pública, e o Higienópolis não está separado por muros. (SARAIVA, 2011)

Essa tal “brincadeira” foi logo ganhando grande proporção e muitos debates. Mais de 55 mil internautas do Facebook confirmaram, em menos de uma semana, a presença na mobilização marcada para o dia 14 de maio de 2011, entre as 14h e 22h30. Nos dois dias anteriores à data marcada para o evento, o ativista decidiu cancelar a mobilização, alegando que a Polícia Militar e a Companhia de Engenharia

de Tráfego estavam preocupadas, pois a grande quantidade de pessoas nas ruas iria obstruir a passagem de vias públicas. Porém, depois, de algumas horas e muitos pedidos, Saraiva remarcou o tal “Churrascão”. Na data marcada, cerca de 900 pessoas compareceram à mobilização nas ruas do bairro Higienópolis. O ativismo pacífico e livre de partidos não só conseguiu que a prefeitura de São Paulo retomasse a ideia de construir a estação de metrô Angélica, que agora ficará entre as Ruas Sergipe e Bahia, a uma quadra da Av. Angélica, como também o Ministério Público afirmou que vai investigar as intenções por trás do tão falado cancelamento da estação Angélica.

1. Análise de publicações midiáticas sobre o “Churrascão”

Sob a ótica de diversas mídias on-line , o “Churrascão da Gente Diferenciada” foi visto de diversos ângulos, com análises e publicações diversificadas sobre o evento. Para examinar como foi feita a cobertura e debate deste fato na blogosfera, foram escolhidos dois portais midiáticos com características e públicos diferentes: O Globo (mídia tradicional e conservadora) e Vi O Mundo (mídia alternativa e independente). O jornal impresso, e também eletrônico, O Globo , fundada no Rio de Janeiro em 1925 pela família Marinho (dona de diversas mídias como a TV Globo, Rádio Globo, Rádio CBN), não deixou de cobrir as notícias da capital paulista. Além das matérias que noticiavam o fato, colunistas e blogueiros de O Globo abordaram pautas diversificadas em suas páginas sobre o assunto. No blog do Ancelmo.com — a turma da coluna , o jornalista Aydano André Motta postou sobre o “Churrascão” no mesmo dia em que a polêmica da expressão “diferenciada”, utilizada pela moradora do bairro Higienópolis, atingia as redes sociais, se tornava no Twitter o tópico mais popular do dia no Brasil e virava mobilização no Facebook. Mas, com um olhar pessimista quanto às mobilizações nas redes sociais, o jornalista termina o texto com a seguinte frase: “a internet às vezes nos dá esperança. Às vezes” (MOTTA, 2011). Ainda no portal O Globo , no Blog da Maria Helena , o texto “Preconceito à flor da pele” (RAMIREZ, 2011), escrito por Elza Ramirez, teve um viés mais crítico ao ativista Danilo Saraiva, ao referi-lo como autor de uma brincadeira que não mediu as consequências ao fazer uma montagem fotográfica do tal churrasco, usando uma