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Reflexão sobre Ética no campo da Docência
Tipologia: Exercícios
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Não perca as partes importantes!
*Graduado em Engenharia Mecânica pelo Instituto de Tecnologia da Amazônia, aluno de pós- graduação do cursos Docência do Ensino Profissional e Tecnológico do Centro Federal Tecnológico do Amazonas.
Alcemir Cordeiro Campelo* .
RESUMO: Nesses novos tempos, quando se necessita que a escola se construa como um espaço democrático em sua ação pedagógica, posicionar-se como educador crítico, competente, responsável, utilizando o diálogo como forma de mediar os conhecimentos, percebendo-se como agente na transformação real da sociedade, é ter uma atitude ética, posto que é a ética que norteia e exige de todos – da escola e dos educadores em particular – propostas e iniciativas que visem à superação das condições que oprimem, que garantem privilégios para uns poucos. Nesta linha de abordagem, este artigo tem como centro de reflexão a atitude ética como necessidade do professor em seu campo de atuação, discutindo também a importância deste profissional buscar continuamente a valorização de sua formação para o seu aperfeiçoamento. O professor, de acordo com este artigo, tem um papel na sociedade: cabe a ele, como agente pedagógico, ter sensibilidade para entender o mundo dos que o rodeiam, escutar as pessoas que buscam conhecimento e com elas, delinear perspectivas, projetos e propostas que venham responder, efetivamente, às necessidades sociais. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, com o estudo concebido dentro de um amplo marco teórico fornecido pela literatura, tendo como base o pensamento de vários autores que escreveram sobre o assunto e que deram subsídios para o alcance do objetivo proposto.
Palavras-Chave : Educadores; ética; agente pedagógico.
INTRODUÇÃO
A escola não é uma entidade abstrata, irreal, solta no espaço social. A escola é uma instituição existente concretamente no seio de uma sociedade determinada, padecendo e sofrendo todas as influências, e tendo que atender às suas exigências imediatas.
Na dinâmica da vida moderna, escola, alunos e professores ganharam novos papéis. Na escola está o aluno, que não é visto mais como aquela “página em branco”, onde se gravava – por meio de um cem números de cópias e exercícios repetitivos – as letras do saber; e o professor, que não é mais o detentor do conhecimento, mas o parceiro entusiasta que, com inteligência e competência, deve ajudar as pessoas a realizarem-se como cidadãos, como sujeitos do próprio conhecimento.
Se o professor é consciente de que o seu papel é ajudar os alunos a transformarem a informação em conhecimento prazeroso e produtivo, ele já está contribuindo para que a educação melhore. Mas, para que atinja a excelência em
sala de aula, precisa ter comportamento ético, e está bem preparado profissionalmente. Para está bem preparado profissionalmente, certamente precisa investir em si mesmo, na sua capacitação e no seu aprimoramento, de forma contínua e permanente.
Este estudo entende que a presença dos valores e da ética na ação do professor e o aperfeiçoamento da prática pedagógica, enquanto uma necessidade para a garantia de um ensino de qualidade, é uma conquista de muitas ajudas, mas que é algo que pertence ao próprio professor, pois só ele é responsável por suas atitudes, comportamento e formação.
A despeito da importância da busca por uma melhor formação e da aprendizagem continuada, sempre que se pensa num professor, se imagina esse profissional tentando ensinar alguma coisa a uma turma de alunos. Nunca se imagina um professor aprendendo. Mas na verdade, o professor também aprende e isso nunca foi tão importante quanto o é hoje, quando as pessoas se dedicam e buscam realização profissional em qualquer área do conhecimento humano.
É neste contexto que se delineia o presente artigo, o qual se constitui de duas partes. A primeira é dedicada à discussão sobre a ética em seus conceitos clássicos e no campo da educação, contemplando uma análise dos diferentes posicionamentos teóricos que tratam do assunto, através de uma abordagem conceitual.
A segunda parte contém uma visão geral sobre a educação, a escola e seus desafios; a profissão professor e suas dimensões, privilegiando informações sobre a busca da formação profissional que deve ser contínua, para a melhor qualidade do ensino.
Tendo-se em conta que todo trabalho científico necessita de um método que o oriente, a metodologia utilizada é a bibliográfica, por incorporar uma revisão de literatura sobre o tema, onde a coleta e análise dos dados foram feitas por meio de artigos de livros e revistas especializadas.
Quanto às razões que levaram ao desenvolvimento do estudo, pode-se destacar um motivo de ordem pessoal, ou seja, o interesse pelo tema decorre da experiência própria deste pesquisador que vivenciou a profissão de professor e em muitos momentos deparou-se inseguro e sem direito de atuar como educador, por
percepção crítica do mundo, a fim de não se deixar enganar, massificar, a moral exige ordem e disciplina; seu domínio é o do previsível, do simplificado e do controlável.
Na concepção de Santosi (2006, p. 2), pode-se considerar a ética como uma área do saber á qual corresponde o estudo dos juízos de valor referente à conduta humana vigente numa determinada sociedade. “A ética, em sua acepção mais usual pode ser entendida como relativa à moralidade, como avaliação dos costumes, deveres e modos de proceder dos homens para com os seus semelhantes”, assinala esta autora.
Tais conceitos sugerem, portanto, que moral e ética são termos freqüentemente empregados como sinônimos, sendo também princípios ou padrões de conduta, discursos de justificação, poderosos mecanismos de hábitos virtuosos, porque definem o que é permitido e proibido, o que lícito e ilícito, certo e errado.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), a etimologia dos termos ( mores , no latim, e ethos , no grego), é indicativa de um significado comum: ambos os termos remetem à idéia de costume, que são os primeiro conteúdo da cultura, são maneiras de viver ‘inventadas’ pelos seres humanos.
Entretanto, segundo ainda este documento, embora os vocábulos ( more s e ethos ) tenham o mesmo significado, os conceitos de ética e moral incorporam, em seu percurso histórico, definições diferenciadas.
Deste modo é importante ressaltar que, ao se estabelecer distinção, procura-se apontar de modo preciso a estreita relação que mantêm e que diz respeito exatamente ao terreno dos valores, presentes na prática e na reflexão teórica de homens e mulheres nas sociedades (BRASIL, 1998, p. 50). Seja definido-se como conjunto de crenças, princípios, regras que norteiam o comportamento humano, o fato é que a moral e a ética é, como destacam os estudiosos, o campo em que dominam os valores relacionados ao bem e ao mal. A moralidade, por exemplo, é componente de todas as culturas, e sua dimensão está presente no comportamento de cada pessoa em relação com as outras, e se modifica, conforme mudam as sociedades.
Apresentando aspectos históricos da questão, Aranha (1996, p. 113) lembra que na Grécia antiga, por exemplo, os valores morais e políticos eram idênticos. As pessoas deveriam viver em conformidade com a natureza cósmica e com a ordem social, política e familiar. Seguir os preceitos da moral significava ter sempre comportamento virtuoso, “viver moralmente era a felicidade naquele momento”, salienta esta autora.
Na atualidade, discutem-se questões éticas e morais como sendo a atenção à igualdade, o respeito aos direitos dos outros seres humanos, o não preconceito, a não violência, embora ainda se enfrente situações em que tais valores são negados, em que direitos são desrespeitados, com domínio dos preconceitos, da violência, entre outras situações.
Mas a despeito disso, a verdade é que a dimensão moral e ética das ações implica em um posicionamento em relação aos valores, aos deveres. Como coloca os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 51):
Por se caracterizarem como seres livres, com capacidade de superar, de alguma maneira, o determinismo da natureza, os seres humanos têm possibilidade de escolha, que implica comparar e valorar. Assim torna-se necessária a elaboração de critérios que classifiquem as ações como boas ou más, corretas ou inadequadas, e que orientem e justifiquem a escolha, que se configura como uma resposta diante das prescrições da sociedade. Com efeito, cada sujeito deve posiciona-se diante de um conjunto de valores que certamente não foram criados isoladamente para ele e por ele, mas no contexto das relações com outros seres humanos, do qual faz parte.
Todas as instâncias da vida social têm uma dimensão moral e ética. É preciso possuir critérios, valores e, mais ainda, estabelecer relações e hierarquia entre esses valores para viver em sociedade. O cotidiano coloca clara e constantemente essa necessidade (BRASIL, 1998, p. 52).
Na prática educativa, que nas sociedades de todos os tempos, mesmo que em caráter informal, tem tido papel de socialização da cultura, do conhecimento e dos valores, como acredita Imbert (2001, p. 22), a moral e a ética constituem a própria essência da empreitada pedagógica. “A escola continua sendo o espaço e o tempo da aquisição dos “bons hábitos”, dos quais dependem não só o surgimento de um
permeia as relações na educação; e ético – a partir do que diz respeito aos valores que subjazem à prática dos educadores.
No que se refere a esse último, nas ponderações de Habermas (1990), trazer a ética para o espaço escolar significa enfrentar o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento, uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização das ações e relações e dos valores e regras que os norteiam.
Configura-se assim, ainda segundo Habermas (1990), a proposta de realização de uma educação moral e ética que proporcione aos educandos condições para o desenvolvimento de sua autonomia, entendida como capacidade de posicionar-se diante da realidade, fazendo escolhas, estabelecendo critérios, participando da gestão de ações coletivas.
Neste sentido, acredita-se que a função docente exige do professor uma série de condutas éticas que o farão reconhecido como alguém que utiliza o seu saber como um recurso para o bem da coletividade com quem trabalha, exigindo também determinadas virtudes, qualidades, que poderão auxiliá-los no dia-a-dia como a humildade, a curiosidade, a coragem, a capacidade de decidir e de colocar limites, comprometendo-se na busca dos objetivos que se propõe.
Nas reflexões de Imbert (2001), o engajamento ético do professor o ajuda não só a modificar os seus enclausuramentos imaginários nos quais tomam forma as práticas de ensino, mas também a afirmar um além desse imaginário.
Em outros termos, o reconhecimento da dimensão ética pelo educador, introduz no âmago da problemática pedagógica conceitos objetivos (o sujeito, a autonomia e assim por diante), que transbordam as práticas propriamente ditas.
Destaca também Imbert (2001) que a questão ética substitui uma perspectiva fabricadora-manipuladora da educação, por uma perspectiva praxista, entendida em seu sentido mais profundo, portadora de um intuito de autonomia que reconhece o outro como agente de sua própria transformação.
O trabalho educativo equivale as coisas em referência a um Outro; não se trata de repetir o discurso e as práticas das regras instituídas, tampouco refletir as imagens talvez fascinantes de um fora-da-lei ,
mas garantir “o aberto” necessário à emergência de um sujeito (IMBERT, 2001, p. 140). A partir destas constatações, pressupõe-se que o conhecimento crítico da realidade em que desenvolve o trabalho pedagógico e dos valores que aí se encontram e que o norteiam é o ponto de partida para a organização do trabalho do professor.
Nos comentários de Santosi (2006), para que a fundamentação ética do trabalho docente seja pautada pela convicção íntima no valor absoluto da pessoa humana e não seja vivenciada de modo mecânico, será necessário que o professor seja impulsionado e estimulado a compreender a dimensão de seu trabalho e a assumir, também, um compromisso como colaborador no estabelecimento de relações sociais menos autoritárias e individualistas, mais voltadas para o desenvolvimento da empatia entre as pessoas, condição essencial para as ações pautadas pela ética.
Em suma, a verdade é que os valores existem e valorar é uma experiência fundamentalmente humana que se encontra no centro de toda escolha de vida, seja escolhendo o que é melhor, seja evitando o que é prejudicial para atingir os fins propostos. “A conseqüência de qualquer valoração é, sem dúvida, dar regras para a ação prática...Se a credibilidade é um valor, não podemos mentir o tempo todo, caso contrário as relações humanas ficam prejudicadas”, enfatiza Vázquez (1970, p.117).
Isso é válido também no âmbito escolar, pois no que se refere a ética e a ação do professor, a opinião é unânime: há um proximidade bem próxima entre ambas, pelo fato de haver uma influência mútua entre moral e educação. Como destaca Goergen (2007, p. 27), o ser humano não é um ser moral por natureza, mas precisa ser educado para a moralidade. Assim, diz este autor:
O homem busca por natureza a vantagem própria, ou seja, a satisfação de suas necessidades, instintos e desejos. Se a este estado natural não fosse contraposta a exigência moral do reconhecimento, em grau de igualdade, das necessidades dos outros seres humanos, instalar-se-ia aquela situação em que saem vencedores os mais fortes e hábeis. A função fundamental, portanto da ética e da moral é, entre outras coisas, dá ao ser humano limites em suas ações e comportamento, para assim ajudar na construção de uma sociedade melhor, mais digna e mais justa. Do ponto de vista da
uma atividade fundamentalmente social, porque contribui para a formação cultural e científica do povo, tarefa indispensável para outras conquistas democráticas ”, assinala este autor.
Ainda segundo Libâneo (1992), o professor precisa adquirir sólida cultura geral, capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de aula, habilidade comunicativa, capacidade de assumir o ensino como mediação, ou seja, a aprendizagem ativa do aluno com a ajuda pedagógica do professor; conhecer estratégias do ensinar a pensar, persistindo no empenho de auxiliar os alunos a buscarem uma perspectiva crítica dos conteúdos, habilitando-os a aprender as realidade enfocadas nos conteúdos escolares de forma crítico-reflexiva, respeitando as diferenças no contexto da escola e sala de aula; integrar no exercício da docência a dimensão afetiva, desenvolvendo comportamento ético e sabendo orientar os alunos a respeito dos valores e atitudes em relação á vida, ao ambiente, às relações humanas e a si próprios.
Na proposta dos Parâmetros Curriculares (1998, p. 40), o professor deve ser visto como o facilitador no processo de busca de conhecimento que deve partir dos alunos. “Cabe ao professor organizar e coordenar as situações de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais dos alunos, para desenvolver suas capacidades e habilidades intelectuais.”, enfatiza este documento.
Niskier (2006, p. 2), por sua vez, lembra que, com a complexidade da relação ensino-aprendizagem, o professor tornou-se não apenas o transmissor de conhecimento, mas o executor de atividades extra-educacionais.
Assim, o professor quase ideal deve ter uma série de qualidades: compromisso com o ensinar, saber contar histórias, promover situações significativas de aprendizagem, mediar problemas e conflitos, servir de exemplo, enxergar o conhecimento de forma não fragmentada, saber trabalhar em equipe; ampliar o próprio repertório cultural; ter conhecimento teórico sobre grandes áreas do saber, para além da didática e da pedagogia, entender o aluno, estar aberto ao novo, mas com critério; estar preparado para ser o elo de comunicação entre famílias e escola, saber gerenciar a sala de aula. Estes são, portanto, os muitos desafios que se colocam para o professor neste novo século. Portanto, o professor precisa ter uma formação acadêmica sólida, que lhe proporcione, além de tecnicamente, uma preparação psicologia e emocional para enfrentar esses desafios, que entre outras coisas, requer segurança e tranqüilidade
para construir caminhos para a transformação da nova realidade, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.
Nos comentários de Boufleuer (1993, p. 97), vencer desafios, viver a realidade pedagógica, por vezes não é fácil.
Em meio à labuta diária, nós, educadores, deparamo-nos com a complexidade de todo e qualquer processo educativo. A percepção que temos do nosso trabalho não constitui uma constante de nitidez, uma visão clara dos inúmeros aspectos que envolvem o nosso dia-a- dia. Nosso estado de ânimo costuma ser variado por causa dos êxitos e fracassos inesperados. Por vezes cansamos e somos tentados a negar a historicidade de nossa práxis. Vamos atrás de algo que nos dê segurança, de uma receita ou orientação que nos prever tudo exatamente e distinguir o “bem” e o “mal”, o “certo” e o “errado”. Quer dizer, mesmo sabendo que nenhum professor duvidará que sua missão consiste em auxiliar seus alunos a completar sua natureza humana, ele pode ser mais ou menos limitado quando solicitado por alguma coisa que o transcende, a qual lhe proporciona, ao mesmo tempo, desejo de oferecer o melhor, angústia, medo e insegurança. Essa situação, como afirma Boufleuer (1993, p. 97), levando-o a seguir trilhas de algum teórico ou intelectual que aparentemente tem a resposta a todos os seus problemas. “Receita fácil é tudo o que se apresenta como claro, sem mistério, bastando seguir os passos indicados”, argumenta este autor.
Com esta mesma visão crítica da atuação do professor, mas acreditando que o educador deve caminhar, porque caminhar significa assumir a educação como um processo histórico, significa encarar a situação dialética da educação, Moreira (1990) alega que, não raro, o âmbito da atuação educadores-educandos, costuma se apresentar como carente de uma iluminação capaz de definir nitidamente seus contornos, de desvendar exatamente seu sentido e de expor com clareza as tarefas que importa realizar.
A percepção de que estamos a andar sem que lá na frente haja uma luz a nos indicar o caminho significa que estamos a assumir nossa historicidade. A única luz com a qual podemos contar é aquela que emerge da nossa práxis, aquela que sempre sujeita aos percalços de uma busca constante e que, por isso, nos obriga a um quase tatear, a um hesitar volta e meia frente aos desafios que se nos apresentam (MOREIRA, 1990, 110). Verifica-se, portanto, que para assumir e vencer desafios, o professor trilha campos conflitantes. Numa perspectiva mais geral, significa que muitos educadores,
participação. Entretanto, atualmente está sendo dado destaque especial aos estilos pessoais de ensinar e de aprender tanto por parte de professores como de alunos. Isso leva, obviamente à questão da formação do professor, a revalorização da profissão, que tem tudo a ver com os novos tempos de mercados mais abertos, de emprego mais difícil e concorrência mais feroz.
Como afirma Marcolin (1999, p. 60): A imagem do docente como um missionário do saber, que existia nos tempos de nossos avós, ou do eterno militante por melhores salários, de um passado tão distante, ficou para trás. Hoje predomina a idéia do professor eficiente, que ensina melhor e consegue bons resultados por alunos.
De fato, sendo uma das funções essenciais do professor ajudar o aluno a se desenvolver, só poderá fazê-lo se tiver condições para se desenvolver pessoal e profissionalmente, conhecendo a si mesmo, lutando pela sua auto-realização, uma vez que na atividade docente diária, enfrenta situações difíceis, sendo, muitas vezes, obrigado a fazer opções, a tomar decisões, a se responsabilizar por suas conseqüências e a contornar limitações pessoais. A seguir, refletiremos sobre a formação continuada do professor.
2.2 O professor e a formação profissional continuada
Segundo Ramalho (2001, p. 18), faltava mexer no personagem principal, o professor. Faltava, porque hoje, o que está em jogo é brigar por uma qualificação melhor, lutar para que o educador tenha acesso à informação às tecnologias e garantir o aperfeiçoamento contínuo do seu trabalho. “ Agora só se fala numa coisa: a formação, porque a prioridade daqui para frente é a melhoria da qualidade de ensino, o que exige mais investimento dos e nos docentes", salienta esta autora.
Nos relatos de Aranha (1996), no decorrer da história da educação, tem variado a imagem do professor a partir da expectativa a respeito do papel por ele assumido em cada sociedade. Na explicação desta autora, essa oscilação vai desde sua supervalorização na educação tradicional magistrocêntrica até a extrema não- diretividade, onde sua atuação é sobremaneira minimizada.
Segundo ainda Aranha (1996), qualquer que tenham sido as funções reservadas ao professor e as que ainda lhe caberão, não se pode deixar de insistir na valorização de uma boa formação ao mesmo, criando boas escolas de magistério
e pedagogia, implementando plano de carreira e promovendo a reciclagem constante do corpo docente.
Mas já sobram motivos para festejar mudanças com os protagonistas dessa história. “A cada novo dia o professor brasileiro tem encontro marcado com o conhecimento”, salienta Ferrari (2003, p. 8), comentando que nas mais populosas ou remotas regiões do país, em salas de aula improvisada ou diante de modernos equipamentos, sozinhos ou com colegas, o professor tem apostado na educação como um processo permanente, ou seja, com ou menor apoio, muitos os profissionais de educação estão marcando presença em cursos de aperfeiçoamento, graduação e pós-graduação, procurando fazer sua parte na melhoria do processo de ensino. “ Mesmo diante de uma realidade às vezes pouco generosa, os professores estão dispostos a dar sua contribuição”, afirma Ferrari (2003, p. 8).
Conquanto, é sabido que para crescer e fazer diferença na profissão, o professor precisa estar interessado, e envolvido com as mudanças propostas para o roteiro da educação brasileira, e ter, entre seus principais objetivos, a reflexão sobre o trabalho pedagógico na escola.
Ao analisar os critérios que o professor deve considerar ao buscar formas para qualificar-se melhor, Nóvoa (1992), alega que há dois pólos essenciais: o professor como agente e a escola como a organização. Segundo este autor, a preocupação com a pessoa do professor é central na reflexão educacional e pedagógico, mas a formação depende do trabalho de cada um e que mais importante do que formar é formar-se, que todo conhecimento é autoconhecimento, e que toda formação é autoformação. Por isso, argumenta Novoa (2001, p. 113): "A prática pedagógica inclui o indivíduo com suas singularidades e afetos".
Complementando, Nóvoa (2001) acrescenta que o desenvolvimento pessoal e profissional depende muito do contexto em que se exerce uma atividade. Logo, todo professor deve ver a escola não somente como um lugar onde ele ensina, mas onde aprende, e que a atualização e a produção de novas práticas de ensino só surgem de uma reflexão partilhada entre os demais colegas de profissão. Além dos aspectos relacionados com a formação, com a qualificação e com o desempenho do professor, vale ressaltar, também, a sua própria realização pessoal pela escolha profissional. Nesse sentido, entende-se que para o sucesso do trabalho
ser professor é um ideal, para a maioria não é nada fácil, exige muita abnegação, e problemas gigantescos”, comenta Charlot (1990, p. 98).
Ainda assim, há que se admitir que a chamada "profissão mais importante do mundo", ainda que repleta de desafios – salários inadequados, salas de aulas desconfortáveis, classes numerosas, indiferença dos pais – ainda atrai milhares de homens e mulheres, porque ensinar, como acredita Libâneo (1990) é entendido como fator de construção do ser humano, porque através do ensino se faz e se constrói, e enquanto ensina e constrói, pela natureza de seu trabalho, o professor humaniza-se a si mesmo, construindo a história através de suas ações.
E assim é o profissional professor, sujeito, agente da educação, figura-chave na escola, em cuja pessoa está centrada a possibilidade de eficácia do processo educativo, que por sua vez centra-se em seus conhecimentos, em suas atitudes e relações com os alunos a quem deve motivar.
Assim é o professor, que deve ter olhar atento e sensível a todos os elementos que estão posto em uma sala de aula, principalmente com relação a forma como seus alunos ocupam este espaço e como interagem com ele – isso são características reveladoras de uma concepção pedagógica inovadora, acreditam muitos teóricos.
Assim é, enfim, este mestre que deve saber que em cada ato ou atitude do aluno, se percebe a existência de diferentes aspectos que formam sua personalidade.
Não resta dúvida de que não é fácil ser um facilitador de aprendizagem, um orientador de grupo, amplificador de conhecimentos, informador atualizado, agente de mudanças de atitudes, ou simplesmente professor, diante da atual complexidade social e tecnológica. Mas cabe ao educador estar preparado para tais desafios e exigências, procurando adaptar-se à realidade, pautando sua ação educativa com postura ética e com inesgotável interesse por uma boa formação profissional.
A prática pedagógica hoje implica ensino de qualidade que busca formar cidadãos capazes de interferir criticamente na realidade, sendo fundamental que a intervenção educativa do professor propicie um desenvolvimento em direção à disponibilidade exigida pela aprendizagem significativa, neste sentido, o grande desafio dos educadores é, sem dúvida investir fundamentalmente na busca de novos conhecimentos para o seu aperfeiçoamento, e que isso possa repercutir nas práticas concretas, sem esquecer os fundamentos da ética no desenvolvimento de um projeto de vida e de trabalho orientado para os diferentes valores que sustentam o convívio na escola e fora dela.
Entretanto, acredita-se, para que isso realmente aconteça, o professor, deve aprender a conviver com as suas emoções e os seus sentimentos, controlando-os. O professor de hoje, como se sabe vive sob tensão emocional forte, alguns sentindo-se até incapaz de organizar o trabalho em bases efetivas, haja vista a impaciência, o descontentamento, as frustrações advindas das tarefas mal feitas, da monotonia da atividade, da fadiga mental. Quando este profissional lida com uma classe de alunos que constantemente apresentam resistência a seu comando, à sua ação, ao seu trabalho de instrução, a situação é ainda mais difícil, mais frustradora, mais preocupante. Assim sentido-se, acaba comprometendo a missão de preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos, participantes na sociedade.
Finalmente, à luz das idéias bases submetidas à análise neste estudo, que permitiram também conhecimentos sobre o papel do professor no novo contexto social e seus desafios para oferecer uma educação com qualidade, ficou claro que, tendo-se em conta que o sinal mais indicativo da responsabilidade do professor é seu permanente empenho na instrução e educação dos alunos, dirigindo o ensino e
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