Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Assistência ao Puerpério: Rotinas e Manifestações, Manuais, Projetos, Pesquisas de Evolução

As rotinas assistenciales durante o puerpério, um período que inicia após o nascimento e a saída da placenta, e dura aproximadamente seis a oito semanas. O texto descreve as alterações anatômicas e fisiológicas do organismo materno, incluindo o dextrodesvio, consistência uterina, regeneração endometrial, alongamento do colo uterino, crise vaginal pós-parto, temperatura, dor abdominal, lóquios, aparelho urinário, aparelho digestivo e alterações psíquicas. Além disso, o documento aborda as manifestações clínicas, exames laboratoriais e medicamentos utilizados no puerpério.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Wanderlei
Wanderlei 🇧🇷

4.5

(185)

214 documentos

1 / 4

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
OBSTETRÍCIA
ASSISTÊNCIA AO
PUERPÉRIO
Rotinas Assistenciais da Maternidade-Escola
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
O período pós-parto, também conhecido como puerpério, inicia-se após o nascimento do concepto e a
saída da placenta.
O final do puerpério não é tão bem definido, sendo muitas vezes descrito como seis a oito semanas
após o parto, período em que as modificações anatômicas e fisiológicas do organismo materno, em
especial do seu aparelho reprodutor, são marcadamente notadas:
o Dextrodesvio.
o Consistência firme e gradual involução uterina.
o Regeneração endometrial.
o Alongamento do colo uterino com retomada gradativa de imperviedade.
o Crise vaginal pós-parto (descamação atrófica de seu epitélio) acompanhada por processo de
ressurgimento de pregueamento e tônus de suas paredes.
Didaticamente, o puerpério se divide em três etapas:
o Do 1º ao 10º dia – puerpério imediato
o Do 10º ao 45º dia – puerpério tardio
o Além do 45º dia – puerpério remoto
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Temperatura: fenômenos fisiológicos como ingurgitamento mamário (relacionado à apojadura) e
proliferação com ascensão de bactérias vaginais à cavidade uterina justificam discreta elevação de
temperatura por volta do 3º dia, cuja duração não excede 48 h.
Dor abdominal: tipo cólica, exacerbada durante as mamadas, de maior intensidade durante a
semana. Decorre de contrações uterinas por ação local da ocitocina, liberada na hipófise posterior pelo
reflexo de sucção mamilar.
Lóquios: secreção vaginal pós-parto composta por sangue, fragmentos deciduais, bactérias, exsudatos
e transudatos vaginais. Apresenta odor forte e característico, com volume e aspecto influenciados por
gradual redução do conteúdo hemático.
Aparelho urinário: edema e lesões traumáticas do trígono vesical e uretra podem acarretar retenção
urinária. A esta, soma-se a maior capacidade vesical e eventual cateterismo para justificar predisposição
à ocorrência de ITU.
Aparelho digestivo: comum o retardo na primeira evacuação, pelo relaxamento da musculatura
abdominal e perineal, assim como pelo desconforto em caso de episiorrafia e hemorróidas.
Alterações psíquicas: breves crises de choro por instabilidade emocional, com marcantes mudanças
de humor (disforia pós-parto ou blues puerperal) incidem em mais de 50% das pacientes nas duas
primeiras semanas do puerpério.
Mamas: o colostro já pode estar presente desde a 2ª metade da gravidez, ou no mais tardar, surge nos
primeiros dias pós-parto. Apojadura com ingurgitamento mamário por volta do 3º dia pós-parto.
pf3
pf4

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Assistência ao Puerpério: Rotinas e Manifestações e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Evolução, somente na Docsity!

OBSTETRÍCIA

ASSISTÊNCIA AO

PUERPÉRIO

Rotinas Assistenciais da Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro  O período pós-parto, também conhecido como puerpério, inicia-se após o nascimento do concepto e a saída da placenta.  O final do puerpério não é tão bem definido, sendo muitas vezes descrito como seis a oito semanas após o parto, período em que as modificações anatômicas e fisiológicas do organismo materno, em especial do seu aparelho reprodutor, são marcadamente notadas: o Dextrodesvio. o Consistência firme e gradual involução uterina. o Regeneração endometrial. o Alongamento do colo uterino com retomada gradativa de imperviedade. o Crise vaginal pós-parto (descamação atrófica de seu epitélio) acompanhada por processo de ressurgimento de pregueamento e tônus de suas paredes.  Didaticamente, o puerpério se divide em três etapas: o Do 1º ao 10º dia – puerpério imediato o Do 10º ao 45º dia – puerpério tardio o Além do 45º dia – puerpério remoto MANIFESTAÇÕES CLÍNICASTemperatura: fenômenos fisiológicos como ingurgitamento mamário (relacionado à apojadura) e proliferação com ascensão de bactérias vaginais à cavidade uterina justificam discreta elevação de temperatura por volta do 3º dia, cuja duração não excede 48 h.  Dor abdominal: tipo cólica, exacerbada durante as mamadas, de maior intensidade durante a 1ª semana. Decorre de contrações uterinas por ação local da ocitocina, liberada na hipófise posterior pelo reflexo de sucção mamilar.  Lóquios: secreção vaginal pós-parto composta por sangue, fragmentos deciduais, bactérias, exsudatos e transudatos vaginais. Apresenta odor forte e característico, com volume e aspecto influenciados por gradual redução do conteúdo hemático.  Aparelho urinário: edema e lesões traumáticas do trígono vesical e uretra podem acarretar retenção urinária. A esta, soma-se a maior capacidade vesical e eventual cateterismo para justificar predisposição à ocorrência de ITU.  Aparelho digestivo: comum o retardo na primeira evacuação, pelo relaxamento da musculatura abdominal e perineal, assim como pelo desconforto em caso de episiorrafia e hemorróidas.  Alterações psíquicas: breves crises de choro por instabilidade emocional, com marcantes mudanças de humor (disforia pós-parto ou blues puerperal ) incidem em mais de 50% das pacientes nas duas primeiras semanas do puerpério.  Mamas: o colostro já pode estar presente desde a 2ª metade da gravidez, ou no mais tardar, surge nos primeiros dias pós-parto. Apojadura com ingurgitamento mamário por volta do 3º dia pós-parto.

ALTERAÇÕES LABORATORIAIS

 Ascensão dos níveis de hemoglobina e hematócrito em relação à gestação.  Manutenção, por até uma semana, da leucocitose do trabalho de parto, em especial à custa de granulócitos. Não há desvio para esquerda. Linfopenia relativa e eosinopenia absoluta são comuns.  Maior prevalência de complicações tromboembólicas é atribuída à associação de fatores clínicos (em especial limitação de mobilização) e alterações na coagulação sanguínea (elevação de fibrinogênio e plaquetas com manutenção do nível elevado de fator VIII em relação ao final da gravidez). CONDUTAS NO PUERPÉRIO FISIOLÓGICOExame físico: o verificação de sinais vitas (PA, frequência cardíaca, temperatura), avaliação de coloração da pele e mucosas. o exame das mamas. o palpação abdominal (importante que não ocorra manipulação voluntariosa do útero visando manutenção intra-cavitária dos coágulos imprescindíveis a trombotamponagem) e avaliação de peristalse. o perdas vaginais: de relevância clínica destacam-se as variações na duração dos lóquios (não deve exceder o final da 2ª semana), constatação de redução diária de seu volume e eventual evolução patológica para padrão fétido de odor. o inspeção perineal (se pós-parto vaginal). o membros inferiores: descartar empastamento de panturrilhas.  Orientações: o Deambulação: deve ser estimulada desde as primeiras horas do pós-parto e permitida, com supervisão (devido a ocorrência de lipotímias), desde que cessados os efeitos da anestesia. O desconforto causado pela flacidez abdominal nos primeiros dias de puerpério pode ser minimizado com o uso de faixas ou cintas apropriadas. o Alimentação: pode ser liberada logo após o parto transpélvico. Não há restrições alimentares. A dieta deve conter elevado teor de proteínas e calorias. Importante incentivar a ingesta hídrica. Após cesariana, ver capítulo específico. o Higiene: a vulva e o períneo devem ser lavados com água e sabão após cada micção e evacuação; orientar a higiene sempre na direção do ânus e evitar o uso de papel higiênico o Episiorrafia: desnecessária a prescrição rotineira de antissépticos e pomadas cicatrizantes; compressas de gelo na região perineal podem reduzir o edema e o desconforto da episiorrafia nas primeiras horas. o Aleitamento: manutenção das mamas limpas e elevadas, através de sutiã apropriado; ingurgitamento mamário por ocasião da apojadura deve ser abordado com esvaziamento manual, compressa gelada após amamentação e, eventualmente, uso de ocitócico, spray nasal antes da mamada. Em caso de ingurgitamento mamário na ocasião da apojadura:  Retirar o excesso de leite, após amamentação, por esvaziamento manual.  Bombas de sucção devem ser evitadas.  Compressa de gelo após amamentação por, no máximo, 10 minutos. o Alta obstétrica: salvo intercorrências, pode ser autorizada após 48 horas. Em se tratando de parto vaginal, admite-se antecipá-la quando, além de evolução puerperal fisiológica em parto eutócico, constata-se ausência de comorbidade materna. o Atividade sexual: liberada após 4 semanas do parto, respeitado o conforto e desejo da paciente. o Revisão: consulta obstétrica deverá ser rotineiramente agendada para 30 a 40 dias após o parto, ocasião em que, demais do exame ginecológico, reassegura-se manutenção da amamentação e procede-se orientação individualizada quanto à contracepção.

  • SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Saúde. Coordenadoria de Planejamento em Saúde. Assessoria Técnica em Saúde da Mulher. Atenção à gestante e à puérpera no SUS – SP : manual técnico do pré- natal e puerpério. São Paulo: SES/SP, 2010.