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ASPECTOS GRAMATICAIS DA LIBRAS: FONÉTICA, FONOLOGIA E MORFOLOGIA. METAS. Apresentar a fonética e fonologia da LIBRAS; mostrar os aspectos morfológicos da ...
Tipologia: Notas de estudo
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Apresentar a fonética e fonologia da LIBRAS; mostrar os aspectos morfológicos da LIBRAS OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: Explicar duas importantes áreas de estudo de uma língua: a fonética e fonologia e a morfologia; Apresentar uma introdução aos aspectos estruturais da gramática da LIBRAS. PRÉ-REQUISITOS Aula 05 - Mitos relacionados ao surdo Aula 06 - Mitos relacionados à LIBRAS
Língua Brasileira de Sinais
Como já vimos a LIBRAS é uma língua de modalidade gestual-visual, ou espaço-visual. Ela é assim denominada pois a comunicação é recebida pela visão e produzida pelas mãos e outras partes do corpo. Vários estudos já foram realizados sobres os elementos que fazem parte da LIBRAS e foi comprovado que ela possui “os mesmos princípios subjacentes de construção que as línguas orais” (QUADROS e KARNOPP, 2007, p.48) tendo um léxico e uma gramática. Na aula anterior você já estudou como é utilizado o alfabeto manual da LIBRAS, como é o seu sistema numeral e em quais situações usamos a datilologia para nos comunicar. Nesta aula iremos explorar alguns elementos da gramática da LIBRAS: sua fonética e fonologia e sua morfologia. A sintaxe, outro elemento extremamente importante de uma língua, será estudada na Aula 8. De forma bem simplificada podemos dizer que a fonética e fonologia é a parte da linguística que estuda as unidades mínimas que compõem uma língua. A fonética tem como foco os elementos físicos da produção dos fones, ou seja, quais partes do corpo são necessários para produzirem a articulação de um som (no português) ou a configuração de mão/ movimento/expressões não manuais etc. na LIBRAS. A fonética irá descrever e analisar esses fones separadamente. A fonologia estuda como essas unidades isoladas identificadas pela fonética funcionam como componentes de contraste na língua. Ou seja, a fonologia investiga as possíveis combinações de fones de uma língua em unidades sonoras/gestuais-corpóreas capazes de distinguir significado. Essas unidades são chamadas de fonemas. Por exemplo, vagarosamente diga “faca” e “vaca”, observando o movimento que a sua boca, língua e dentes fazem. Figura 01 – “Faca”versus“Vaca” Fonte: https://images.unsplash.com/photo-1544965838-54ef8406f868?ixid=MXwxMjA3fDB8MHx waG90by1wYWdlfHx8fGVufDB8fHw%3D&ixlib=rb-1.2.1&auto=format&fit=crop&w=750&q= https://images.unsplash.com/photo-1502590464431-3b66d77494d7?ixid=MXwxMjA3fDB8MHxw aG90by1wYWdlfHx8fGVufDB8fHw%3D&ixlib=rb-1.2.1&auto=format&fit=crop&w=667&q=
Língua Brasileira de Sinais Há três morfemas nela, dois gramaticais (IN- e -MENTE) e um lexical (FELIZ). De maneira simples podemos dizer que os morfemas lexicais, também chamados de radical, carregam a ideia/significado (no exemplo acima, FELIZ) enquanto os morfemas gramaticais agregam informações tais como negação (IN-), processo/modo (-MENTE), entre outras. Veremos que processos similares ocorrem na LIBRAS. Com relação à classificação, geralmente as palavras são agrupadas em: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Nem todas as línguas possuem todas essas classificações, e outras apresentam elementos específicos, como as partículas, no caso do japonês, e os classificadores, no caso da LIBRAS. Figura 03 – Morfemas. Fonte: Ana Flora Schlindwein.
O primeiro parâmetro que iremos estudar é a configuração de mão (CM) que é a forma que a mão e os dedos podem assumir. Vejamos a configuração de mão número 53 (também chamada de CM em “d”) da tabela proposta pelo Grupo de pesquisa do Grupo de LIBRAS do Instituto Nacional de Educação de Surdos (mostrada a seguir) Figura 04 – CM [D]. Fonte – Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Essa CM é um dos elementos que faz parte da formação do sinal das palavras “Deus”, “dia”, dentre outros sinais. O que irá diferenciar o sinal dessas palavras – como veremos mais adiante – é a união da CM com os outros elementos citados anteriormente, ou seja, o movimento, o ponto de articulação, a orientação e a expressão facial e/ou corporal.
Aspectos Gramaticais da Libras: Fonética, Fonologia e Morfologia Aula^7 Figura 05 – Sinal de DEUS. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Figura 06 – Configurações de Mãos. Fonte: Grupo de pesquisa do Grupo de LIBRAS do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.
Aspectos Gramaticais da Libras: Fonética, Fonologia e Morfologia Aula^7 O sinal de DOMINGO apresenta um movimento circular contínuo, enquanto o movimento do sinal DIA é uma parábola da esquerda para a direita. O terceiro parâmetro que vamos aprender é o ponto de articulação (PA). O PA é o espaço de articulação neutro (sem contato com partes do corpo) onde o sinal é feito ou então a área do corpo que faz parte do sinal (testa, pescoço, ombro etc.). Segundo Quadros e Karnopp (2007, p.57) “o espaço de enunciação é uma área que contém todos os pontos dentro do raio de alcance das mãos em que os sinais são articulados”. Observem a imagem a seguir: Figura 08 – Sinal de Domingo e de DIA, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Figura 09 – Espaço de Enunciação. Fonte: Ana Flora Schlindwein
Língua Brasileira de Sinais É importante comentar que embora o espaço de enunciação seja delimitado pelas extremidades das mãos, a grande maioria dos sinais é realizada na área acima do umbigo e abaixo do topo da cabeça. Algumas exceções são o sinal de “culpa” e “chuveiro”, feitos no topo da cabeça. O quarto parâmetro que iremos estudar é a orientação da mão (O), também chamada de direcionalidade. Para entender este parâmetro, observemos a palma da mão: ela pode estar voltada para cima (com se segurasse uma bandeja), para baixo, voltada em direção ao corpo, para a frente (como se fosse afastar algo ou alguém), para a direita ou para a esquerda (BRITO, 1995) ou ainda em diagonal. Figura 10 – Orientação da palma da mão. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva.
Língua Brasileira de Sinais Você pode ver essa sinalização e dos demais pronomes no vídeo disponível neste endereço: https://www.youtube.com/watch?v=MRswhAtQk3M No plural há uma modificação na configuração de mão, dependendo da quantidade de pessoas envolvidas. Confira no vídeo acima indicado. Figura 12 – Dedo indicador. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Com relação à marcação de gênero, tanto em substantivos como em adjetivos, ela ocorrerá de forma diferente do português. A LIBRAS não possui um elemento que é adicionado aos sinais com a função de marcar o gênero, ou seja, adjetivos como “bonito” e “bonita” são traduzidos pelo mesmo sinal, visto abaixo. Figura 13 – Dual, trial e quatrial. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva.
Aspectos Gramaticais da Libras: Fonética, Fonologia e Morfologia Aula^7 A marcação do gênero da pessoa é feita pelo contexto estabelecido no início da comunicação através de sinais como “homem” ou “mulher”, “menino” ou “menina” e etc.
O plural em LIBRAS é realizado de várias formas. Nesta aula iremos estudar três delas, através: √ da indicação da quantidade antes de sinalizar o substantivo, √ da repetição do sinal que se pretende pluralizar ou √ do uso da expressão “vários”. No primeiro caso basta sinalizar a quantidade (1, 2, 3 etc.) antes de sinalizar o substantivo. No segundo caso repetimos o sinal (com movimento sequenciado), como mostrado abaixo com o exemplo de árvore e árvores: Figura 14 – Sinal de BONITO/A. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Figura 15 – Sinais de ÁRVORE e ÁRVORES, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva.
Aspectos Gramaticais da Libras: Fonética, Fonologia e Morfologia Aula^7
Na LIBRAS é possível usar numerais de 1 até 4 em conjunto com um sinal que indique “tempo”. Isso ocorrerá quando estamos nos referindo à quantidade de dias, semanas, meses etc. Veja no exemplo abaixo a diferença do sinal de mês para o sinal de dois meses e três meses. Figura 17 – Sinais de BONITO/A e MUITO BONITO/A, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Figura 18 – sinal de MÊS, DOIS MESES, TRÊS MESES, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva.
Língua Brasileira de Sinais
Vocês já devem ter percebido que em português há palavras que são compostas, como guarda-chuva, matéria-prima, arco-íris e etc. O mesmo processo de composição ocorre em LIBRAS, quando dois ou mais sinais se juntam para formar um novo sinal, uma nova ideia. Por exemplo, o sinal para ESCOLA é a junção do sinal de “CASA” com o sinal de “ESTUDAR”: Figura 19 – Sinal de CASA + Sinal de ESTUDAR = Sinal de ESCOLA. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva.
Em LIBRAS podemos separar os verbos em dois grandes grupos: simples (sem concordância) e com concordância, com veremos a seguir. A) Verbos simples: segundo Quadros (2019) são verbos que não possuem em sua sinalização a indicação de pessoa e número, mas podem ter marcas aspectuais (ação pontual, repetitiva etc.) e locativas (ou seja, de movimento e posição no espaço). Esse tipo de verbo geralmente ocorre em estruturas Sujeito+Verbo+Objeto, como veremos mais adiante. Exemplos dessa categoria são CONHECER, AMAR, APRENDER, SABER, INVENTAR, GOSTAR.
Língua Brasileira de Sinais Se eu respondo para alguém, o sinal parte próximo ao meu corpo. Se alguém responde para mim, o sinal começa distante de mim e se aproxima do meu corpo, marcando, dessa forma, que a ação foi feita por outra pessoa e eu fui o receptor dela. Nos verbos com concordância você demonstra através de movimentos específicos quantas pessoas fazem parte da ação. Por exemplo: Figura 22 – Possíveis concordâncias do sinal para o verbo entregar. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Na primeira imagem a mensagem é: “Eu entrego a você”. Já na segunda imagem eu entrego algo para duas pessoas diferentes. E na terceira imagem eu entrego algo para várias pessoas. Dessa forma o sinal concorda com a pessoa que está entregando algo assim como com as pessoas que estão recebendo. Vejamos mais um exemplo. Figura 23 – Outras concordâncias do sinal para o verbo entregar. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Você consegue perceber a diferença? Neste caso na primeira imagem alguém me entrega algo e na segunda imagem uma terceira pessoa (ele ou ela) entrega algo para outra (ele ou ela).
Aspectos Gramaticais da Libras: Fonética, Fonologia e Morfologia Aula^7
Cada língua, seja ela oral ou sinalizada, possui a sua própria estrutura de marcação verbal. Você deve se lembrar dos exercícios de conjugação verbal em português, com todos os seus tempos e modos. Na LIBRAS o processo de marcação de tempo do verbo é feito de forma mais direta e menos complexa do que no português. Em primeiro lugar o tempo não é marcado na estrutura do verbo (com em estudei, estudo e estudarei), mas com elementos que determinam o recorte temporal. Ou seja, para marcar o tempo do verbo em LIBRAS você irá usar palavras que indiquem o tempo, como “passado”, “ontem”, “futuro”, “amanhã”, “hoje”, “sexta passada”, “dia 20”, “ano 1995” e etc. Figura 24 – Sinais de ONTEM e PASSADO, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Figura 25 – Sinais AMANHÃ e FUTURO, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal e imagens 3D-SW cedidas pelo surdo Carlos Magno Azevedo Silva. Nas imagens acima temos alguns exemplos de marcação de tempo.
Você já deve ter reparado que em português temos alguns verbos bem genéricos que precisam de complementação para serem plenamente compreendidos. Se você fala “eu peguei”, você é obrigado a complementar a frase, explicando o que é que você pegou! Na LIBRAS, quando vamos usar o verbo pegar, já incluímos na sinalização o tipo de objeto que pegamos:
Aspectos Gramaticais da Libras: Fonética, Fonologia e Morfologia Aula^7
No intuito de reforçar o conteúdo explorado nesta Aula, faça a atividade “ASSOCIANDO CONHECIMENTOS” disponível no AVA/Moodle.
Ao terminar esta aula eu sou capaz de identificar os parâmetros que constituem os sinais da LIBRAS? Compreendi como é feito o plural, a marcação de gênero e de tempo verbal? Entendi o que são classificadores?
Na Aula 8 iremos dar continuidade aos estudos da gramática da LIBRAS abordando os seus aspectos sintáticos.
FERREIRA-BRITO, Lucinda. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: tempoBrasileiro/UFRJ, 1995. QUADROS, Ronice; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais Brasileira