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elaboração de sua teoria acerca do desenvolvimento do ser humano. ... sociais, ou seja, Piaget defende uma concepção biológica de indivíduo e sociedade; ...
Tipologia: Notas de aula
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“JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara - SP
AS RELAÇÕES SOCIAIS PARA JEAN PIAGET: implicações para a Educação Escolar
DissertaçãoPrograma de Pós-graduação em Educação de Mestrado apresentada ao Escolar da Faculdade de Ciências e Letras Unesp/Araraquara, como requisito para – obtenção do título de Mestre em EducaçãoEscolar. Linha de pesquisa: Trabalho Educativo e Sociedade. Teorias Pedagógicas, Orientador: Almeida Profº Dr. José Luís Vieira de Bolsa: Capes
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DissertaçãoPrograma de Pós-Graduação em Educação de Mestrado apresentada ao Escolar da Faculdade de Ciências e Letras UNESP/Araraquara, como requisito para – obtenção do título de Mestre em EducaçãoEscolar.
Linha de pesquisa: Trabalho Educativo e Sociedade. Teorias Pedagógicas, Orientador: Almeida Profº Dr. José Luís Vieira de Bolsa: Capes Data da defesa: 28/02/
MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA:
Presidente e Orientador: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Profº Dr. José Luís Vieira de Almeida-Faculdade de Ciências e Letras/Araraquara
Membro Titular: Universidade Estadual Paulista Profª Drª Maria Eliza Brefere Arnoni “Júlio de Mesquita Filho”-Faculdade de Ciências e Letras/Araraquara
Membro Titular: Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Carina Alves da Silva Darcoleto
Local Faculdade de Ciências e Letras: Universidade Estadual Paulista UNESP – Campus de Araraquara
Dedico este trabalho ao meu marido Maurício que sempre está ao meu lado; aos meus pais que me incentivam na continuidade dos estudos; ao meu irmãoe à equipe da E. E. Profª Maria Élyde Mônaco dos Santos da cidade de Terra Roxa-SP.
O único pressuposto do pensamento de Marx é o fato de que os homens, para poderem existir, devem transformar constantemente a natureza. Esta é a base ineliminávelSem a sua transformação, a reprodução do mundo dos homens. da sociedade não seria possível. Esta dependência da sociedade para com a natureza, contudo, não significa que o mundo dos homens esteja submetido àsmesmas leis e processos do mundo natural. Lessa e Tonet (2004, p. 09).
No presente estudo buscamos investigar as relações sociais para Piaget e as implicações dessa concepção para a educação escolar. É uma pesquisa de cunho teórico- bibliográfico, que partiu da hipótese de que Piaget naturalizou as relações sociais para aelaboração de sua teoria acerca do desenvolvimento do ser humano. Nosso referencial teórico sustenta que o homem é um ser social, isto é, são as relações sociais que definem suas dimensões biológica e psicológica. Assim, constatamos que Piaget tem uma concepção biológica de indivíduo, da sociedade e das relações sociais e, isso implica consequências para a área da educação escolar. No caso do Brasil alguns dosdocumentos oficiais sobre educação se baseiam no pensamento piagetiano sobre a formação do indivíduo. Dessa maneira, observamos que entre os principais problemas para a educação escolar está o fato que o aluno passa a aprender a aprender e, o professor tem sua função secundarizada, ele se transforma em um mero orientador no processo educativo. Palavras – chave: Relações sociais. Naturalização. Piaget. Educação escolar.
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior GEEMPA - Grupo de Estudos sobre Educação e Metodologia de Pesquisa e Ação PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais SEE – Secretaria Estadual de Educação
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como referencial, caso contrário, as referências sobre o pensamento desses três autores não teria a necessária profundidade. Desse modo, refiz o projeto delimitando que o estudo a ser realizado analisaria a concepção de Piaget a respeito das relações sociais e as implicações dessa concepção para a educação escolar. Com isso, as análises desenvolvidas teriam como referencial teórico-metodológico a compreensão do homem como um ser social, ou seja, são as relações sociais que definem as suas dimensões biológica e psicológica. O que caracteriza a condição humana do indivíduo só é explicado a partir das relações sociais de produção vividas por ele. Sendo assim, desenvolvi um trabalho de cunho bibliográfico e tive como problema de pesquisa o enfoque de Piaget para as relações sociais e as implicações dessa concepção para a educação escolar. Para tanto, formulei a hipótese de que Piaget naturalizou as relações sociais e, frente a isso realizei as análises para comprovar ou não essa hipótese acerca da teoria de Piaget. É importante destacar nesse momento que o objetivo do estudo realizado não foi o de desenvolver uma análise marxista da obra de Piaget, pois Marx e Piaget apresentam abordagens incompatíveis sobre a concepção de indivíduo, de sociedade e das relações sociais. Assim, o que apresentarei é a crítica da concepção de relações sociais na obra de Piaget bem como as implicações dessa concepção para a educação escolar. Essa crítica tem por base a Ontologia do Ser Social. Para o desenvolvimento do trabalho, fiz uma revisão bibliográfica a partir de um levantamento no Banco de Teses da Capes sem delimitar um período específico com o intuito de encontrar pesquisas que haviam enfocado temáticas semelhantes. Sendo assim, elegi as seguintes palavras ou expressões-chave: relações sociais para Piaget; social para Piaget; sociedade para Piaget; indivíduo para Piaget. Encontrei cinco
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trabalhos, a saber: Uma análise crítica: Piaget e Vygotsky são compatíveis? (BAKER, 1994); Uma leitura de Piaget sob a perspectiva histórica (KLEIN, 1996); Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky : a relevância do social numa perspectiva interacionista (PALANGANA, 2001); A relação sujeito-objeto em Jean Piaget : uma análise à luz do ser social (FRAGA, 2005); O ideário construtivista e a formação do pedagogo : uma análise na perspectiva da crítica marxista (BARROSO, 2009). Estes trabalhos contribuíram com a minha análise, embora, não tivessem discutido especificamente a categoria das relações sociais em Piaget. Após a leitura dos resumos dos trabalhos optei por ler na íntegra as pesquisas de KLEIN (1998), PALANGANA (2001) e FRAGA (2005), pois elas apresentaram discussões que seriam importantes para a condução da minha pesquisa. A revisão bibliográfica foi fundamental para o conhecimento do que foi produzido pela área. Tanto é que essa revisão permitiu-me observar que não havia qualquer pesquisa que trabalhasse a categoria das relações sociais em Jean Piaget e as implicações dessa concepção para a educação escolar, o que corroborou a justificativa da necessidade de se desenvolver pesquisas nessa temática. Além disso, teorias educacionais vigentes na escola básica brasileira têm apresentado como principal fundamento as formulações de Piaget em que pese aparecerem, em muitos casos, de forma difusa e associada ao pensamento de Vygotsky (PCN, 1997; PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). Além do mais, percebi que conhecia pouco a obra de Piaget, pois o que realmente sabia conhecia era a interpretação de autores que leram as suas obras. Por isso, optei por ler seus textos originais, buscando respaldar a análise nas próprias ideias de Piaget, ou seja, não apenas ler os textos de Piaget, mas procurar compreender criticamente aspectos da teoria desse pensador que o levaram a defender um sujeito
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liderança de Esther Pillar Grossi, realizou vários encontros em torno de estudos com fundamentos construtivistas. Quando Grossi assumiu a Secretaria de Educação desse município no período de 1989 a 1992 houve a junção de Piaget a teóricos como Vygotsky, Wallon, Gerárd Vergnaud e Sara Pain. O trabalho do Geeempa ganhou destaque e passou a fazer parte do ideário de muitos professores brasileiros. Esse grupo, posteriormente, foi fortalecido pela pesquisadora Emília Ferreiro, orientanda de Piaget, que publicou sua tese de doutorado sob título de “Psicogênese da Língua Escrita”. Vale salientar que Emília Ferreiro é referência na América Latina como doutora em alfabetização e defensora das ideias piagetianas (SOARES, 1997). Nos anos 1990, de acordo com Vasconcelos (1997) as ideias de Piaget adquiriram dimensão em áreas antes não alcançadas. São desenvolvidas pesquisas na temática de desenvolvimento moral, desenvolvimento cognitivo, informática, epistemologia, ensino, comunicação, mídia e interdisciplinaridade. Tais pesquisas são articuladas às ideias de adaptação e equilibração, apresentadas nas teses piagetianas. Não poderia deixar de citar aqui um documento que serve como base da educação brasileira até os dias de hoje, os Parâmetros Curriculares Nacionais^3 , que foram publicados em 1997 e, apresentam uma síntese das ideias piagetianas assim como de autores propagadores de Piaget^4. Trechos do documento apontam nessa direção: “Nesse sentido, (...), ao consolidar os Parâmetros, é apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo” (PCN, 1997, p. 04). Quanto à função do professor, as indicações são
(^3) Os Parâmetros Curriculares Nacionais se constituem em um referencial para a educação em todo o país, tendopesquisas, subsidiar a participação de professores, principalmente dos que possuem menor contato, com a como finalidade orientar e assegurar os investimentos educacionais, socializar discussões, produção pedagógica (PCN, 1997). (^4) Isso pode ser constatado, especialmente, a partir das referências bibliográficas utilizadas para a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
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bastante claras: “identificar, produzir ou solicitar novos materiais que possibilitem contextos mais significativos de aprendizagem” (PCN, 1997, p. 06). Essas ideias fazem alusão ao pensamento de Piaget à medida que defendem um ambiente escolar ordenado com práticas pedagógicas que permitem a liberdade de aprendizagem por parte do aluno, de acordo com as suas necessidades e desejos para que, dessa maneira, reconstrua suas verdades. O professor é o colaborador no processo de aprendizagem do estudante. Outro exemplo a ser citado sobre a forte influência das ideias de Piaget em tempo hodierno é a Proposta Curricular do Estado de São Paulo implantada no ano de 2008, que é o currículo oficial de todas as escolas públicas de educação básica (ensino fundamental II e ensino médio) desde então. Excertos da proposta mostram e comprovam a influência piagetiana em sua elaboração^5 : “A autonomia para gerenciar a própria aprendizagem (aprender a aprender) e o resultado dela em intervenções solidárias (aprender a fazer e a conviver) deve ser a base da educação das crianças, jovens e dos adultos (...)” (PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008, p. 06). É interessante notar que a proposta não fala em ensino, mas sim em aprendizagem, pois o aluno é o responsável por aprender, ele deve ser protagonista em seu processo de aprendizagem. E mais uma vez, o professor é quem orienta, colabora a partir das necessidades do aluno. Dessa maneira, acredito que o enfoque dado por Piaget às relações sociais resulta em implicações para a educação escolar no sentido de “secundarizar” a função do professor e defender que o aluno deva aprender a aprender, como destaco em citações dos PCNs e na Proposta Curricular do Estado de São Paulo.
(^5) Autores diretamente ligados à elaboração da Proposta como Lino de Macedo e Maria Inês Fini são propagadores brasileiros do ideário piagetiano.
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Jean Piaget (1896-1980) apresenta uma obra marcada por conhecimentos nos campos da Epistemologia, da Biologia, da Filosofia, da Psicologia e da Sociologia. Nesse primeiro capítulo discorreremos a respeito do conhecimento na obra de Piaget e apresentaremos a sua concepção de relação social. A evidência de que este autor dedicou-se ao estudo das relações sociais pode ser confirmada pela sua carreira acadêmica: entre 1925 e 1929, Piaget dava aulas de Filosofia, Psicologia e lecionava Sociologia em Neuchâtel. De 1932 a 1952, portanto, ao longo de duas décadas, dedicou-se à disciplina de Sociologia na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Genebra. O resultado das ideias de Piaget nesse campo científico está organizado nos Estudos Sociológicos (PIAGET, 1973a), mas ele também indicou, em outros estudos, como por exemplo, O juízo moral na criança (PIAGET, 1994), que o indivíduo é um sujeito que pensa em um contexto social. Piaget, na obra Sabedorias e Ilusões da Filosofia (1969), ainda estudou a história das ciências e ao analisar o valor que determinadas ideias ganham em detrimento de outras, ele necessariamente fez análises do mundo social. Entretanto, a leitura de algumas obras de Piaget, especialmente Seis Estudos de Psicologia (2003a), Biologia e Conhecimento (2003b), Epistemologia Genética, Sabedoria e Ilusões da Filosofia (1969), Estudos Sociológicos (1973a), possibilita afirmarmos que as análises piagetianas sobre as relações sociais remetem a questões da Biologia. Isso pode ser justificado pelo fato de sua primeira formação ser de biólogo^6 e
(^6) A trajetória acadêmica de Piaget desde o início quando estudava malacologia (curiosidade em compreender como ocorria a variabilidade de adaptação dos moluscos à altitude) até se tornar “umpsicólogo de profissão”, embora com interesses nos problemas da Epistemologia, o fez realizar estudos que estão além da Zoologia, entretanto, influenciados pela Biologia (PIAGET, 1969). Piaget estudou
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pela preocupação contínua em explicar a reprodução da vida material associada a uma ação do organismo (vida mental) sobre a natureza, a quem chama de “matéria inerte” (PIAGET, 1969). A trajetória acadêmica de Piaget sempre próxima da Biologia não aconteceu de forma arbitrária, tendo em vista que a Biologia como uma das Ciências da Natureza, na época em que Piaget desenvolveu sua teoria, também buscava explicações para os problemas do conhecimento humano. A Biologia, nesse período, disputava com a Filosofia suas teses, o que proporcionou debates que reportaram ao reconhecimento da Psicologia como ciência (FRAGA, 2005). A Biologia caracterizou correntes psicológicas no início do século XIX, pois na tentativa de mostrar o valor da Psicologia e de fundá-la enquanto ciência, as pesquisas neurofisiológicas buscavam argumentos nessa Ciência da Natureza. Quanto a Piaget, o livro Sabedorias e Ilusões da Filosofia (PIAGET, 1969) mostra como o pensador suíço se afasta do que ele identifica como uma psicologia filosófica e se aproxima da psicologia experimental para defender uma psicologia científica separada da filosofia, já que de acordo com ele a filosofia não ajuda na busca da objetividade e essa objetividade deve ser a marca das ciências. É importante esclarecermos a relação da Psicologia com as Ciências da Natureza, para compreendermos que realmente Piaget não se aproximou da Biologia ao acaso, já que existe na história das idéias psicológicas uma tendência que direciona as discussões a respeito do homem e seu organismo a partir das características do mundo animal, contraposta à outra tendência que busca compreender o mundo animal a partir do homem – a Psicologia tradicional (PIAGET; INHELDER, 2003).
Filosofia, Epistemologia, Lógica, Biometria e sob a orientação de Arnold Reymond, especializou-se emFilosofia biológica.