Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

As redes sociais e o processo de ensino/aprendizagem da Língua Inglesa, Manuais, Projetos, Pesquisas de Literatura

Artigo publicado na Revista Interscience Place - Ano 3 - N º 13 Maio/Junho – 2010

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2014

Compartilhado em 04/01/2014

joyce-fettermann-12
joyce-fettermann-12 🇧🇷

4 documentos

1 / 11

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Ano 3 - N º 13 Maio/Junho – 2010
www.interscienceplace.org páginas 110--131
As redes sociais e o processo de ensino/aprendizagem da Língua Inglesa: uma
observação do uso da rede My English Club
Joyce Jacinto Vieira Pinto
1
Prof. Dr. Carlos Henrique Medeiros de Souza
2
RESUMO
O presente artigo pretende fazer uma ligação entre a rede social My English Club
(MyEC) e o processo de ensino/aprendizagem da Língua Inglesa, buscando aporte
teórico em pesquisadores desta área. Para tanto, é realizada uma observação de campo
envolvendo os participantes da rede em questão, com o objetivo de visualizar de
maneira concreta e prática como se dá esse aprendizado, além de identificar algumas
questões que podem tornar o aprimoramento do idioma mais difícil nesse ambiente de
interação.
Palavras-chave: redes sociais; aprendizagem; Língua Inglesa; My English Club.
1 – AS REDES SOCIAIS
Milhares de pessoas em todo o mundo estão conectadas todos os dias às redes
sociais com objetivos variados: falar com amigos, fazer novos ‘amigos’, passar o tempo,
manter contatos com quem compartilham os mesmos interesses, postar fotografias,
vídeos, links de sites, observar os perfis de seus contatos e dos contatos de seus
contatos, entre muitos outros.
A pesquisadora Raquel Recuero (2009) ressalta que o estudo das redes sociais,
ou comunidades sociais, não é algo novo. Em séculos anteriores, cientistas já estudavam
sobre elas, sendo que se preocupavam em detalhar cada fenômeno para que pudessem
entendê-lo em sua totalidade.
(...) O estudo da sociedade em rede a partir do conceito de rede
representa um dos focos de mudanças que permeia a ciência durante
todo o século XX. Durante todos os culos anteriores, uma parte
significativa dos cientistas preocupou-se em dissecar os fenômenos,
estudando cada uma de suas partes detalhadamente, na tentativa de
1
Licenciada em Letras – Português / Inglês; Pós-graduada em Língua Inglesa; Mestranda em Cognição e
Linguagem - UENF; E-mail: joycejvieira@gmail.com
2
Doutor em Comunicação (UFRJ); Coordenador do Mestrado em Cognição e Linguagem (UENF); E-
mail: chmsouza@uenf.br
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa

Pré-visualização parcial do texto

Baixe As redes sociais e o processo de ensino/aprendizagem da Língua Inglesa e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Literatura, somente na Docsity!

As redes sociais e o processo de ensino/aprendizagem da Língua Inglesa: uma observação do uso da rede My English Club Joyce Jacinto Vieira Pinto^1 Prof. Dr. Carlos Henrique Medeiros de Souza^2

RESUMO

O presente artigo pretende fazer uma ligação entre a rede social My English Club (MyEC) e o processo de ensino/aprendizagem da Língua Inglesa, buscando aporte teórico em pesquisadores desta área. Para tanto, é realizada uma observação de campo envolvendo os participantes da rede em questão, com o objetivo de visualizar de maneira concreta e prática como se dá esse aprendizado, além de identificar algumas questões que podem tornar o aprimoramento do idioma mais difícil nesse ambiente de interação.

Palavras-chave: redes sociais; aprendizagem; Língua Inglesa; My English Club.

1 – AS REDES SOCIAIS

Milhares de pessoas em todo o mundo estão conectadas todos os dias às redes sociais com objetivos variados: falar com amigos, fazer novos ‘amigos’, passar o tempo, manter contatos com quem compartilham os mesmos interesses, postar fotografias, vídeos, links de sites , observar os perfis de seus contatos e dos contatos de seus contatos, entre muitos outros. A pesquisadora Raquel Recuero (2009) ressalta que o estudo das redes sociais, ou comunidades sociais, não é algo novo. Em séculos anteriores, cientistas já estudavam sobre elas, sendo que se preocupavam em detalhar cada fenômeno para que pudessem entendê-lo em sua totalidade. (...) O estudo da sociedade em rede a partir do conceito de rede representa um dos focos de mudanças que permeia a ciência durante todo o século XX. Durante todos os séculos anteriores, uma parte significativa dos cientistas preocupou-se em dissecar os fenômenos, estudando cada uma de suas partes detalhadamente, na tentativa de

(^1) Licenciada em Letras – Português / Inglês; Pós-graduada em Língua Inglesa; Mestranda em Cognição e Linguagem - UENF; E-mail : joycejvieira@gmail.com (^2) Doutor em Comunicação (UFRJ); Coordenador do Mestrado em Cognição e Linguagem (UENF); E- mail : chmsouza@uenf.br

compreender o todo, paradigma frequentemente referenciado como analítico-cartesiano (...), (RECUERO, 2009, p.17).

Entretanto, no século passado, novos estudos começaram a despontar com o foco voltado às interações entre as partes. Redes sociais, ainda segundo Recuero (2001), são um grupo de pessoas que estabelecem entre si relações sociais por meio da Comunicação Mediada por Computador (CMC). As redes surgem a cada dia, aumentando as possibilidades de pessoas se relacionarem por meio da Internet. Essas relações, de acordo com Primo (2000), são construídas por interações mútuas e reativas. Além destas, é possível identificar outras características das comunidades, como a utilização dos virtual settlements , lugar, segundo Recuero (2003), onde seus membros se associam; a permanência, ou seja, o tempo de frequência dos membros em uma comunidade no espaço; o pertencimento, que Recuero (2003) define como o sentido de ligação entre os frequentadores da comunidade; e a moral da reciprocidade, na qual Lévy (1999) diz que os participantes sentem a necessidade de expressar seus conhecimentos quando se deparam com algum acontecimento ou formulação de questionamentos. Portanto, falar sobre essas redes na contemporaneidade não é uma tarefa tão difícil, visto que a temática vem sendo discutida de forma cada vez mais abrangente, em um campo onde sempre surge uma novidade e, com isso, atrai cada vez mais internautas. Severo (2007) diz que as redes sociais representam os graus de contato entre indivíduos que se relacionam informalmente, mediante duas propriedades: densidade e multiplicidade. Dessa forma, observa-se que quanto mais cadastros forem feitos nas redes, mais densidade e, quanto mais contatos os usuários tiverem, mais múltiplas elas se tornam. Estas são características visíveis na rede My English Club , objeto de pesquisa deste estudo, visto que ela possui mais de 20.000 membros, segundo informações do site http://my.englishclub.com (acesso em 08/05/10), que se multiplicam a cada dia e que mantêm contatos constantes entre si.

2 - O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA

Consideramos relevante a interação social no processo de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira, assim como da língua materna. Dessa maneira, La Taille

Em 1977, Stephen Krashen e Tracy Terrel^3 criam o Natural Approach (Abordagem Natural)^4 , trazendo uma vasta contribuição ao ensino de línguas estrangeiras. Em seu livro Principles and Practice in Second Language Acquisition (1982), Krashen estabelece uma distinção entre estudo formal e assimilação natural de idiomas e conclui que o ensino de línguas eficiente não é aquele que depende de receitas didáticas em pacote, de prática oral repetitiva, ou que busca apoio de equipamentos, mas sim, aquele que explora a habilidade do instrutor em criar situações de comunicação autêntica, não necessariamente dentro de uma sala de aula, que enfatiza o intercâmbio entre pessoas de diferentes culturas, e que dissocia as atividades de ensino e aprendizado do plano técnico-didático, colocando-as num plano pessoal-psicológico. Para Vygotsky (1988), a aprendizagem sempre inclui relações entre pessoas. Ele defende a idéia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós, que vai se atualizando conforme o tempo passa. Assim sendo, o desenvolvimento é pensado como um processo, em que estão presentes a maturação do organismo, o contato com a cultura produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem a aprendizagem. Portanto, partindo do pressuposto de que a Internet hoje se constitui como um lugar de interação, que acontece de várias formas, acredita-se que no momento em que um estudante entra em contato com novas culturas e pessoas que falam uma linguagem diferente da sua, através de uma rede social online , ele passa a assimilar novas informações de forma autêntica, uma vez que estará em contato direto com um falante nativo, podendo, então, relacionar-se com ele e colocar em prática e aprimorar seu conhecimento da língua inglesa, anteriormente construído. Além disso, ele é exposto a um leque de possibilidades culturais, estando, assim, inserido no contexto lingüístico do

(^3) Stephen Krashen é um linguista renomado e respeitado por sua contribuição para a Linguística Aplicada, na área de aquisição de segunda língua, educação bilíngüe e compreensão de textos. É mais conhecido por sua Teoria da Aquisição da Segunda Língua - Second language acquisition - e por ter sido co-fundador (com Tracy D. Terrell) da chamada Abordagem Natural (Natural Approach) à aprendizagem de línguas estrangeiras. (^4) A Abordagem Natural busca a emergência espontânea nos estudantes do desenvolvimento de habilidades de comunicação quotidiana, como ir às compras ou estabelecer uma conversa em uma reunião social. (...) Sua proposta é coerente com o que ocorre quando estudantes de intercâmbio adquirem a língua estrangeira em sua interação com a comunidade que fala o idioma (VENTURELLA, 2010)

idioma pretendido, o que pode vir a ser uma contribuição para a aquisição espontânea e natural dessa segunda língua (KRASHEN, 1982). Assim sendo, cabe, neste sentido, alguns questionamentos: a aprendizagem da Língua Inglesa seria eficiente nesse ambiente de interação social? De que maneira isso aconteceria? A comunicação/ troca de informações na rede seria suficiente para que houvesse uma aprimoração da língua? Trata-se de uma discussão que não se encerra neste trabalho, mas merece ser mais explorada em outras ocasiões.

3 – A REDE MY ENGLISH CLUB

Segundo informações retiradas do site www.myenglishclub.com (acesso em 09.04.2010), o My English Club é uma rede social diferenciada, utilizada especificamente por falantes da língua inglesa de todo o mundo que se conectam a fim de se comunicarem e praticarem a linguagem por meio de mensagens instantâneas ou diretas, comentários nos perfis de seus contatos e conversas através do Skype. É facilmente comparado a um Orkut para professores e estudantes do inglês. Ao registrar- se, o usuário deve incluir, além de informações pessoais, seu status de conhecimento da língua (se é estudante, professor ou nativo), se fala outros idiomas, se usa o Skype e ainda tem que concordar em não copiar materiais de outras páginas para a sua. Nela, é possível blogar, adicionar fóruns de discussões, postar fotos, links , músicas, eventos (no calendário), vídeos. Além disso, as postagens deste ambiente podem ser publicadas também no Twitter e no Facebook, simultaneamente. Por fim, o membro do site também pode criar ou fazer parte de grupos, comunidades onde os participantes interagem com temáticas de seu interesse.

3.1 – OBSERVAÇÃO DE CAMPO

Buscando verificar a consciência dos participantes quanto ao uso da rede My English Club como ferramenta no aprendizado da Língua Inglesa, foram enviadas três perguntas através do site para 13 participantes, entre estudantes e professores ( estudantes brasileiros, 05 estudantes estrangeiros e 04 professores estrangeiros). As perguntas enviadas foram as seguintes: 1_. Do you think it is possible to LEARN_

EE 1. In EC we can improve our language even we haven't good english by using conversation us a mean of learning and share and discuss different idea (…). EE 2. Yes (…). PE 2. If you study and read, listening and chat, and writing letter you can learn englısh well (…). EE 3. I think that we can learn english in my english club (…). EB 1. I think is possible learn english because I learn (…). EE 4. I believe so, I means i think it's possible to learn english on My english club (…). EE 5 For my point of view it is very possible to LEARN English here in EC, because we can practice here anytime we want, all the information we needed we can find here. EB 2. teacher, I think we can learn English here because we talk with many people from different places (...). Entretanto, está claro na observação que, para ser um membro do MyEC é necessário cumprir um pré-requisito: ter domínio da Língua Inglesa. Ou seja, desde o momento em que o usuário se cadastra no site , já está ciente de que aquele é um meio em que o inglês é a língua que vai mediar a conversa entre ele e seus ‘amigos’. As trocas de informações e tudo o que for postado serão feitos por meio dela, apesar disso não impedir que cada um exiba, eventualmente, alguma coisa em sua língua-mãe, como uma música, um poema etc. No entanto, durante a observação no ambiente, foram encontradas muitas frases mal formuladas, erros gramaticais, erros de digitação e palavras mal empregadas. Com isso, acredita-se também que participar desta rede social não quer dizer, necessariamente, estar diante de usos empregados sempre corretamente. Percebe-se, ainda, que os demais envolvidos acham que não é possível aprender inglês nesse ambiente de interação, mas sim, aprimorá-lo por meio da prática da comunicação, principalmente de forma escrita, o que, para eles, não significa aprendizado. Como diz o participante número cinco, se uma pessoa não souber nem uma palavra, ela não terá como aprender ali, mas, se souber, poderá aprimorar o que já sabe: PE 3. I don't think a person can learn English just from English Club alone. It is a place to practice written English and in some cases a student can ask a teacher or an advanced student for information about English (…). EB 3. I don't think so, becose english is dificult to learn easy (…).

EB 4. I think it isn't possible. Because the people don't write in the formal form, and sometimes they use abbreviations (...). PE 4. No, I don't think it is possible to learn English here if you don't know a word of it but it is possible to improve it (…). Nesse sentido, nota-se que a maior dificuldade encontrada entre eles é que muitas pessoas cometem esses erros, principalmente os não-nativos de língua Inglesa, dificultando o entendimento do significado da mensagem enviada. Além desta, outros obstáculos foram observados: a pronúncia, a entonação, o sotaque (no caso de uma conversa pelo Skype ou do uso de palavras que mantenham um significado em outro país), abreviações de vocábulos, o uso de gírias, etc.: PE 1. (…) People who are from another country suffer poor pronunciation and intonation, they cannot use correct grammar and as I mentioned earlier if their command of English is bad, you can find lots of mistakes in their posts(…) EE 1. (…) the problem here is the pronunciation (phonetic) every one write with it way but in spite of the different culture and different countries of membre we can growing up our English. EE 2. (…) I have been leaning continue, the other country respond is very well. EE 3. (…)The difficulties consist of understanding people speaking english with many accents, American accent, english accent and many another countries. EB 1. (…) the difficult is the accent which is different from people to people. EE 4. (…) I believe is difficult because they have new words. EE 5. (…) Different difficulties I encountered while talking other members here because they used different word but one meaning, for me, it is hard to understand sometimes because I am not good in English, so I need to find in dictionary but right now I know I understand well because of my hobbies in reading and surfing.

EB 2. (…) For conversation, I have difficulty to read some words depending on the pronunciation (…). PE 3 (…) The main problem I can see when learners are communicating with each other is that each native language causes people to make mistakes that are related to their individual native languages grammar and pronunciation. So I think it must be difficult for people from different original languages to understand each other's English (…).

em que estiver interagindo com os demais através de comentários, postagens no blog, bate-papo etc. O assunto não se esgota neste trabalho, mas abre-se, como um leque, a muitas outras divagações e questionamentos que merecem atenção e devem ser desdobrados em outros estudos.

5 – REFERÊNCIAS

BROWN, H. D. Principles of language learning and teaching. New York. Longman,

HARMER, Jeremy. The Practice of English language teaching. London: Longman,

LA TAILLE, Yves de. Jean Piaget: o biólogo que pôs a aprendizagem no microscópio. REVISTA NOVA ESCOLA. Edição Grandes Pensadores, Julho/2008, Págs. 89 a 91.

LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky e Wallon: Psicologias Psicogenéticas em Discussão http://www.scribd.com/doc/14427478/PIAGET-VYGOTSKY-WALLON-TEORIAS- PSICOGENETICAS-EM-DISCUSSAO / - PDF completo do livro, acessado em 12/04/10.

KRASHEN, Stephen D. ( 1982 ). Principles and practice in second language acquisition. Oxford , Pergamon Press.

RECUERO, Raquel – Redes Sociais na Internet http://www.redessociais.net/ – PDF completo do livro, acessado em 10/04/10.

RECUERO, Raquel da Cunha. O Orkut como formador de novas identidades no Ciberespaço. In: Intercom û Sociedade Brasileira de Estudos Transdisciplinares em Comunicação û XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO. Santos, 2007.

SEVERO, Cristine Gorsky. A questão da identidade e o lócus da variação/mudança em diferentes abordagens sociolinguísticas. In: Revista Eletrônica de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e Literatura - Ano 04 n.07 – 2º Semestre de 2007.

SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de. GOMES, Maria Lúcia Moreira. Educação e Ciberespaço. Brasília: Usina de Letras, 2008.

VENTURELLA, Valéria Moura. Uma Breve História do Ensino de Línguas Estrangeiras http://www.scribd.com/doc/27065702/Uma-Breve-Historia-do-Ensino- de-Linguas-Estrangeiras. PDF completo do artigo, acessado em 08/05/10.

VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R. e LEONTIEV, A.N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo; Ícone, 1989.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.