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As principais visões da criação e evolução, Notas de estudo de Teologia

O presente artigo tem como objetivo descrever as três principais teorias da criação da terra e o posicionamento Adventista. Para tanto, se baseará em pesquisa bibliográfica contendo a literatura de renomados teóricos da área das ciências descrevendo suas ideias a respeito da criação recente e antiga da terra, teísmo evolutivo e Teólogos e documentos representativos da Igreja Adventista do Sétimo sintetizando sua posição. Na teoria da criação recente da terra os principais autores são Nelson e Re

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 27/05/2014

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AS PRINCIPAIS VISÕES DA CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO: UM ESTUDO BASEADO
NAS TEORIAS DA TERRA NOVA, TERRA ANTIGA, CRIAÇÃO EVOLUTIVA E O
POSICIONAMENTO ADVENTISTA
Eliabe Neves
1
Wellington Silva
2
Gilberto G. Theiss
3
Vânia Hirle
4
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo descrever as três principais teorias da criação da
terra e o posicionamento Adventista. Para tanto, se baseará em pesquisa bibliográfica
contendo a literatura de renomados teóricos da área das ciências descrevendo suas ideias a
respeito da criação recente e antiga da terra, teísmo evolutivo e Teólogos e documentos
representativos da Igreja Adventista do Sétimo sintetizando sua posição. Na teoria da criação
recente da terra os principais autores são Nelson e Reynolds (2006), Ken Ham (2011) e John
MacArthur (2004). Para a teoria da criação antiga da terra os principais autores são Newman
(2006) e Hugh Ross (2004) e na teoria do Teísmo evolutivo os principais são Van Till (2006)
Collins (2000) e Asa Gray (2000). Nas referências oficiais da igreja as principais literaturas
são, o Comentário bíblico Adventista (2011), Tradado de Teologia Adventista (2011), Práxis
teológica (2011), e Richard Davidson (1994). Por fim será apresentado os resultados mais
significativos levando em consideração a fundamentação adventista.
Palavras-chave: Criacionismo. Evolucionismo. Criação recente. Criação antiga, Teísmo
Evolucionista. Adventista.
ABSTRACT
The present article aims to describe the three main theories of the creation of the earth
and the Adventist positioning. Therefore, will be based on bibliographical research containing
the literature of renowned theoreticians of the area of sciences describing their ideas about the
recent and ancient creation of the earth, evolutive theism and representative Theologians and
documents of the Seventh-day Adventist Church synthesizing its position. In the theory of
recent creation of the earth the main authors are Nelson and Reynolds (2006), Ken Ham
(2011) and John MacArthur (2004). To the ancient theory of creation of the earth the main
authors are Newman (2006) and Hugh Ross (2004) and in the theory of evolutive theism the
main are Van Till (2006) Collins (2000) and Asa Gray (2000). In the officials references of
the church the main literatures are, the Adventist Bible Commentary (2011), Treaty of
Adventist Theology (2011), Theological Praxis (2011), and Richard Davidson (1994). Finally
1
Bacharelando em Teologia pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia Cachoeira BA
2
Dr. Em Genética Humana pela UnB. Professor de Ciência e Religião do SALT e FADBA. Orientador
especifico.
3
Bacharel em teologia, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia Cachoeira BA, orientador
associado.
4
Doutora em Educação e sociedade pela Universidade de Barcelona, professora do SALT e FADBA
Orientadora Metodológica.
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AS PRINCIPAIS VISÕES DA CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO: UM ESTUDO BASEADO

NAS TEORIAS DA TERRA NOVA, TERRA ANTIGA, CRIAÇÃO EVOLUTIVA E O

POSICIONAMENTO ADVENTISTA

Eliabe Neves^1 Wellington Silva^2 Gilberto G. Theiss^3 Vânia Hirle^4

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo descrever as três principais teorias da criação da terra e o posicionamento Adventista. Para tanto, se baseará em pesquisa bibliográfica contendo a literatura de renomados teóricos da área das ciências descrevendo suas ideias a respeito da criação recente e antiga da terra, teísmo evolutivo e Teólogos e documentos representativos da Igreja Adventista do Sétimo sintetizando sua posição. Na teoria da criação recente da terra os principais autores são Nelson e Reynolds (2006), Ken Ham (2011) e John MacArthur (2004). Para a teoria da criação antiga da terra os principais autores são Newman (2006) e Hugh Ross (2004) e na teoria do Teísmo evolutivo os principais são Van Till (2006) Collins (2000) e Asa Gray (2000). Nas referências oficiais da igreja as principais literaturas são, o Comentário bíblico Adventista (2011), Tradado de Teologia Adventista (2011), Práxis teológica (2011), e Richard Davidson (1994). Por fim será apresentado os resultados mais significativos levando em consideração a fundamentação adventista.

Palavras-chave : Criacionismo. Evolucionismo. Criação recente. Criação antiga, Teísmo Evolucionista. Adventista.

ABSTRACT

The present article aims to describe the three main theories of the creation of the earth and the Adventist positioning. Therefore, will be based on bibliographical research containing the literature of renowned theoreticians of the area of sciences describing their ideas about the recent and ancient creation of the earth, evolutive theism and representative Theologians and documents of the Seventh-day Adventist Church synthesizing its position. In the theory of recent creation of the earth the main authors are Nelson and Reynolds (2006), Ken Ham (2011) and John MacArthur (2004). To the ancient theory of creation of the earth the main authors are Newman (2006) and Hugh Ross (2004) and in the theory of evolutive theism the main are Van Till (2006) Collins (2000) and Asa Gray (2000). In the officials references of the church the main literatures are, the Adventist Bible Commentary (2011), Treaty of Adventist Theology (2011), Theological Praxis (2011), and Richard Davidson (1994). Finally

(^1) Bacharelando em Teologia pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia – Cachoeira – BA

(^2) Dr. Em Genética Humana pela UnB. Professor de Ciência e Religião do SALT e FADBA. Orientador especifico. (^3) Bacharel em teologia, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia – Cachoeira – BA, orientador associado. (^4) Doutora em Educação e sociedade pela Universidade de Barcelona, professora do SALT e FADBA – Orientadora Metodológica.

will be presented the most significant results taking into consideration the Adventist foundation.

Keywords : Creationism. Evolutionism. Recent creation. Ancient creation. Evolutionary Theism. Adventist.

1 INTRODUÇÃO

Hoje existem varias teorias sobre a criação, mas em qual realmente cremos como adventistas? Ha dois polos distintos: Criacionismo x Evolucionismo? Ou há uma integração entre eles? Qual é a nossa real compreensão dessas teorias e qual a posição que nós adventistas defendemos? Em meio a tantas teorias sobre a criação, o criacionismo e evolucionismo é que ocupa o centro desse debate que têm geralmente sido vistas como inimigas empenhadas num combate mortal pela mente do público. As relações entre ciência e religião geralmente tendem a ser percebidas através de uma dicotomia, tendemos a construir nossa visão de mundo através de princípios científicos ou religiosos. Depois principalmente da publicação do livro “Origens das Espécies” em 1859, cientistas e religiosos têm disputado uma luta que envolve não só o amor ao progresso da ciência ou o amor ao progresso do evangelho com sua mensagem de Deus como criador e salvador da humanidade, envolve também relações de poder, poder de definição, de nomeação sobre os próprios conceitos do que seja ciência legítima e do que seja religião, poder para definir as fronteiras entre essas visões de mundo e para legitimá-las e deslegitimá-las conforme os interesses dos grupos que as mantém. (RODRIGUES; MOTTA, 2011). No entanto, a partir dos últimos 50 anos vários teóricos de vertentes científicas e religiosas têm se empenhando em aproximar essas duas áreas visando com isso oferecer um quadro mais amplo de explicações e tentando se beneficiar das análises desses campos até então vistos como competidores ou incomunicáveis. Por um lado temos os religiosos fundamentalistas que não aceitam a teoria da evolução como explicação legítima para a origem do homem e por outro lado os cientistas ateus consideram a teoria da evolução como a prova da inexistência de Deus, pintando dessa forma o quadro de conflito que caracteriza esse tipo de relação entre ciência e religião. Neste conflito ainda aparece às teorias que também são intituladas como criacionistas, que defendem o surgimento da vida, a teoria da criação da terra recente, teoria da criação terra antiga e evolucionismos teísta. Em meio a tantas teorias qual nos como adventistas de sétimo

corretas ocorressem, a seleção natural seria superficial”. (PEARCEY; THAXTON, 2005, p. 131). Darwin rejeita com ênfase quaisquer teorias adicionais à evolução, segundo Darwin:

Se eu fosse convencido de que necessitaria de tais adições à teoria da seleção natural, eu a rejeitaria como tola. Não daria nada pela teoria da seleção natural, se ela exigisse adições milagrosas em qualquer etapa de descendência. (apud JOHNSON, 2008, p. 44).

A adaptação ao ambiente substituiria a criação propositada para explicar a consonância perfeita das estruturas de organismos com suas necessidades. “Essa negação de propósito”, observar Jacques Barzun, “é a argumentação distintiva de Darwin [...] A soma total dos acidentes da vida que age sobre a soma total dos acidentes de variação forneceu, assim, um sistema inteiramente mecânico e material que explica as mudanças nos seres vivos”. Barzun prossegue dizendo:

Promover a seleção natural como meio pela qual se dava a evolução significativa que forças puramente físicas, seres irracionais lutando contra outros seres irracionais, poderia justificar as formas e os poderes presentes dos seres vivos. A matéria e a força [...] explicavam toda a nossa história passada e, suspostamente, moldaria o nosso futuro. (1981, apud PEARCEY; THAXTON, 2005, p. 132).

Embora a visão de Darwin acerca da natureza fosse mecanicista^5 , era bastante distinta da filosofia mecanicista da física clássica. Para Darwin a máquina tornou-se autogeradora e auto-operadora. Assim o historiador Carl Becker explica, “A natureza não era considerada uma máquina pronta, mas um processo inacabável, um processo mecanicista, por certo, mas que gerava sua própria energia”, eliminando a necessidade de um engenheiro ou criador externo. (1932, apud PEARCEY; THAXTON, 2005, p. 134). Por volta do fim do século 19, a filosofia mecanicista havia se tornado radicalmente materialista ou reducionista. Ela via os seres vivos como autônomos num mundo governado por leis rigidamente deterministas, sem qualquer propósito, sem Deus, sem significado para a vida humana. Para Bertrand Russell:

O homem é produto de causas que não possuíam previsão alguma do fim que estavam atingindo. Sua origem, seu crescimento, suas esperanças e seus medos, seus amores e suas crenças não passavam do resultado de arranjos acidentais de átomos. Somente dentro da estrutura dessas verdades, somente na fundação firme do desespero inexorável é que a habitação da alma pode, então, ser construída com segurança. (PEARCEY; THAXTON, 2005, p. 135). Do ponto de vista Evolucionista, o que o publico precisa saber é principalmente que a evolução ocorreu e que esta é um processo puramente natural, dirigido pela seleção natural, e (^5) O mecanicismo é uma teoria filosófica determinista segundo a qual todos os fenômenos se explicam pela causalidade mecânica ou em analogia à causalidade mecânica, causalidade linear ou, instrumentalmente, como meio para uma causa final.

não por Deus. Alguns Darwinistas chegam a ponto de argumentar que sua teoria pode ser estabelecida simplesmente pela lógica e, assim, a evidência não é realmente necessária. (JOHNSON, 2004). Já Alister McGrath, questiona essa afirmação dizendo que: Na próxima ocasião em que alguém lhe disser que algo é verdadeiro, por que não lhe responder: “Que tipo de evidencias disso existem?” E se não houver uma boa resposta, espero que você pense com muito cuidado antes de acreditar numa só palavra do que está ouvindo. (apud LENNOX, 2011, p. 22). O filósofo Karl Popper escreveu certa vez que o darwinismo não é realmente uma teoria científica porque a “seleção natural é uma explicação para todos os propósitos que pode explicar qualquer coisa, e que por isso não explica nada”, Popper continua afirmando que: “Alguns dos maiores darwinistas^6 contemporâneos formularam a teoria de tal modo que equivale à tautologia^7 dos organismos que deixam mais descendência são os que deixam mais descendência.” (apud JOHNSON, 2008, p. 33). Na tentativa de fazer sentido à teoria da seleção natural C. H. Waddington contrapõe dizendo:

A maior contribuição de Darwin foi, certamente, a sugestão de que a evolução pode ser explicada pela seleção natural de variação aleatória. A seleção natural, que a principio foi considerada como se fosse hipótese que precisava de confirmações experimentais ou observacionais, numa inspeção mais minuciosa resulta ser em uma tautologia, uma afirmação de relação inevitável, mas previamente não reconhecida. Afirma que os indivíduos mais aptos em uma população (definidos como os que deixam mais descendência) deixarão mais descendência. Esse fato de modo algum reduz a magnitude do feito de Darwin. Somente depois que foi claramente formulado, os biólogos puderam perceber o enorme poder do princípio como uma arma de explanação. (apud Johnson, 2008, p. 33).

Segundo Johnson (2008), aquela não foi uma declaração impensada, mas um juízo ponderado publicado em um artigo apresentado à grande convocação na Universidade de Chicago, em 1956, celebrando o centenário da publicação da Origem das Espécies. “aparentemente, nenhuma das distintas autoridades presentes disse a Waddington que uma tautologia não explica nada”. Quando quero saber como um peixe pode se tornar em um ser humano, não sou bem esclarecido ao ser informado que os organismos que deixam mais descendentes são os que deixam mais descendentes. Para Allan Sandage, conhecido como o maior cosmólogo vivo:

(^6) Karl Popper se referia aos darwinistas Fisher, Haldane, Simpson, C. H. Waddington.

(^7) A tautologia (do grego ταὐτολογία "dizer o mesmo") é, na retórica, um termo ou texto que expressa à mesma ideia de formas diferentes. Como um vício de linguagem pode ser considerado um sinônimo de pleonasmo ou redundância. Em filosofia e outras áreas das ciências humanas, diz-se que um argumento é tautológico quando se explica por ele próprio, às vezes redundante ou falaciosamente. Por exemplo, dizer que "o mar é azul porque reflete a cor do céu e o céu é azul por causa do mar" é uma afirmativa tautológica. Um sistema é caracterizado como tautológico quando não apresenta saídas à sua própria lógica interna.

(5) Adão e Eva existiram, foram criados por uma intervenção direta de Deus, e deles se origina toda a humanidade. Os defensores da teoria da criação recente da terra se mostram bastante inclinados a entender que a maldição de Gênesis 3:14-19 marcou uma mudança radical na ordem natural, afetando não somente os seres humanos, mas também todos os organismos. A morte chegou ao mundo por intermédio de Adão. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Nosso pecado ocasionou a dor ao mundo e de suas criaturas. O cientista naturalista, seja teísta, seja de outra orientação, não tem como se livrar disso. Se a morte e a extinção aconteceram antes do pecado do mundo, não podemos ser responsabilizados pelos milhões de anos de sofrimento brutal de incontáveis seres. Se a cronologia aceita pela ciência for verdade, então Deus quis que as coisas acontecessem dessa forma em um mundo sem a queda. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Segundo Nelson e Mark, há dois motivos muito bons para continuar afirmando a teoria da criação recente da terra: Primeiro. A teoria da criação recente da terra é estimulada em termos intelectuais. O rigor e a investigação aumentaram nesses últimos vinte anos. Segundo. Uma teoria da criação recente da terra que seja coerente será uma grande benção para a crença religiosa. É mais estimulante em termos intelectuais e religiosos, porque é mais radical e seus projetos possuem uma abrangência ambiciosa. (MORELAND; REYNOLDS, 2006).

3.2 Outras autores em favor da criação recente

Segundo Terry Mortenson há uma controvérsia mais intensa na igreja de todo o mundo a respeito da idade da terra. Nos primeiros dezoito séculos de história da igreja, a crença quase universal dos cristãos foi de que Deus criou o mundo em seis dias literais e que Ele destruiu o mundo com um dilúvio global no tempo de Noé. Mas, a partir do século XIX, cientistas desenvolveram novas teorias sobre a história da terra e do universo como tendo milhões de anos. (HAM, 2011). Para Mortenson, a Bíblia ensina claramente que Deus criou a terra em seis dias literais, pois, a palavra hebraica usada para dia é Yom (Gênesis 1) que tem seu maior uso no Antigo Testamento como dia literal de 24 horas. Também acrescenta que Êxodo 20:9-11 bloqueia todas as tentativas de encaixar milhões de anos em Gênesis 1. Ele afirma que o dilúvio também elimina os milhões de anos da terra, sendo uma catástrofe global e esmagadora, pois se o diluvio fosse local, pessoas, animais, e aves migrariam temporariamente da região do

diluvio antes que ele ocorresse ou a região seria povoada com criaturas de fora da zona do dilúvio. (HAM, 2011). Outra declaração interessante de Mortenson é que Jesus era criacionista e acreditava que a terra fosse Jovem. Ele faz menção dos relatos do Antigo Testamento como narrativas históricas verdadeiras^9 , e afirma ainda que a ideia de longas eras foi desenvolvida no final do século XVIII e inicio do XIX por geólogos deístas e ateístas usando pressuposições filosóficas e religiosas contra a Bíblia. Ainda aparece o uso da datação radiométrica no século XX, época em que praticamente todo o mundo já aceitava a teoria dos milhões de anos como evidência de uma terra antiga. (HAM, 2011). Porém, em anos recentes, criacionistas do projeto RATE^10 têm feito pesquisas mostrando que os cristãos não devem ter medo dos métodos radiométricos da datação. A datação por carbono-14 é realmente uma amiga dos cristãos e apoia a terra jovem. À este respeito, D. DeYoung Afirma:

A interpretação da datação do carbono-14 é que a terra experimentou a catástrofe de um diluvio global que depositou a maioria das camadas de rochas e de fósseis... Seja qual for à fonte do carbono-14, a presença dele em quase todas as amostras testadas no mundo inteiro é um firme desafio à idade antiga da terra. Agora, a datação por carbono-14 está do lado da percepção da historia da terra jovem. (2005, apud HAM 2011, p. 93). Segundo Pearcey e Thaxton (2005), as escrituras e a tradição da igreja dão pelo menos cinco bons motivos importantes a respeito do ser humano e do cosmo: (1) O mundo foi criado por um ser inteligente dotado de mente, e nós fomos criados a imagem desse ser. (2) Nosso conhecimento é incompleto. Até a ideia humana que aparenta ter todo o suporte possível pode estar errado. (3) Deus é absoluto e livre. Isso nos leva a uma atitude receptiva para todas as possíveis modalidades de causa. Deus pode ter permitido que o Universo funcione com base nas capacidades de suas criaturas, ou pode ter interferido ativamente. (4) A Bíblia é verdadeira. Se a Bíblia descreve um acontecimento e afirma que ocorreu, então acorreu.

(^9) Jesus fez menção às narrativas Históricas do Antigo Testamento exemplo, a criação de Adão (Marcos 10:6; 13:19), Noé e o dilúvio (Mateus 24:38-39), Moises e o mana (João 6:32), Ló e sua esposa em Sodoma (Lucas 17:28-32), Jonas no peixe (Mateus 12:40). (^10) Radioisotopes and the Age of the Earth [Radioisótopos e a Idade da Terra])

Quanto à teoria da criação antiga da terra, há evidências científicas, fortes e numerosas, e algumas indicações bíblicas^11 mostrando que a terra e o Universo são muito antigos. O exemplo da luz, quando olhamos para o céu noturno, vemos objetos que parecem estar a muitos anos-luz de distância. Isso indica que a luz emitida por tais objetos começou a viajar há muitos anos. A brilhante estrela Sirius, por exemplo, está a uma distância de cerca 12 anos-luz, de modo que a luz que vemos hoje tem 12 anos. A galáxia de Andrômeda parece estar à distância de 12 milhões de anos-luz, por isso a luz que emite teria partido de lá há 2 milhões de anos. As galáxias e os quasares mais distantes que conseguimos distinguir estão a mais de 10 bilhões de anos-luz. Isso sugere que o universo tenha no mínimo essa idade. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Para evitar essa conclusão, os defensores da criação recente da terra adotam muitos artifícios diferentes. Alguns acham que o Universo é bem pequeno, e, portanto, a luz leva pequenos anos para cruzá-lo. Outros afirmam que a velocidade da luz era bem maior na época da criação do que é agora. Ainda há quem afirme que a luz emitida por objetos distantes foi criada já no meio do caminho, de modo que, na verdade, nunca tenhamos visto a luz emitida dos objetos a mais de 10 mil anos-luz de distância. Todas essas respostas parecem enfrentar problemas quase insuperáveis. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Em seu livro^12 , Kenneth Miller afirma que para essas alegações serem verdadeiras, Deus teria de se empenhar em uma evasiva de grandes proporções. Por exemplo, uma vez que muitas das estrelas e galáxias visíveis no universo encontram-se há mais de 10 mil anos-luz de distância, uma perspectiva da criação recente da terra exigiria que nossa capacidade para observá-las só surgisse “se Deus tivesse ajustado todos aqueles prótons para que chegassem aqui arrumadinhos”, ainda que representassem objetos completamente fictícios. (apud COLLINS, 2000, p. 182). Segundo Collins: Essa imagem de Deus como um trapaceiro cósmico parece o reconhecimento definitivo da derrota da perspectiva criacionista. Seria Deus, o grande impostor, uma entidade que alguém gostaria de adorar? Teria isso alguma coerência com tudo o mais que conhecemos acerca dele, da Bíblia, da Lei Moral e de todas as outras fontes — ou seja, com o fato de que Ele é um Deus amoroso, lógico e consistente? Assim, de acordo com uma lógica racional, o Criacionismo da Terra Jovem chegou a um ponto de falência intelectual, tanto em sua ciência quanto em sua teologia. Sua insistência é,

(^11) Defensores da teoria da Criação antiga da terra como Alan Hayward, John Wiester, Robert Newman, defendem que textos bíblicos como (salmo 90:4 “Deus vê mil anos quando veríamos um dia”, I João 2:18 “nos diz, já no século I, que a ultima hora tinha chegado, mas essa ultima hora já dura quase 2 mil anos”, aludem a ideia de uma terra antiga. (^12) Finding Darwin's God [Encontrando o Deus de Darwin].

assim, um dos maiores enigmas e uma das maiores tragédias de nosso tempo. (COLLINS, 2000, 183).

Os defensores da criação recente da terra sustentam a afirmação que não houve nenhum tipo de morte, ou pelo menos, nenhuma morte animal, antes de Adão e Eva pecarem. Uma vez que o registro fóssil contém uma enormidade de animais mortos, esses devem ter morrido depois do pecado de Adão, talvez durante o Dilúvio. Para os defensores da criação antiga da terra, negar a morte dos animais antes da queda é outro exemplo de exagero interpretativo do relato bíblico. Um dos divisores de água entre os defensores da criação recente e os defensores da criação antiga da terra é a pergunta: em que momento ocorreu à morte do primeiro animal? (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Há uma diferença entre os defensores da criação antiga da terra quanto à extensão do diluvio de Noé. Alguns como James Montgomery Boice e Daniel Wonderly, acreditam que as águas cobriram toda a terra, mas que não foram responsáveis por depósitos significativos nos estratos geológicos. Outros com Frederick Filby e Robert C. Newman advogam um dilúvio de extensão muito grande, porém limitado, enchendo talvez uma das bacias do leste da Turquia. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Robert C. Newman afirma que, admitir que a criação da terra antiga não nos coloca nas mãos do ateísmo evolucionista. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Uma das características comum na cristandade para o conflito entre ciência e a teologia é a seguinte. Os que acreditam na bíblia tipicamente pensam que os fenômenos inexplicáveis foram causados por Deus. No entanto, vez após vez a ciência foi capaz de mostrar que esses eventos foram causados por alguma lei natural. Desse modo as lacunas onde Deus poderia operar diminuíam continuamente. “Por fim não sobrou nada para Deus fazer”. É essa a argumentação de Andrew Dickson White, Richard Dawkins e Stephen Hawking. (MORELAND; REYNOLDS, 2006, p. 145). Van Till, mostrando repetidas vezes que Deus está providencialmente ativo em todos os fenômenos. E os cristãos devem acautelar-se para não atribuir a Deus intervenções miraculosas em coisas que ele realizou mediante leis naturais.

4.2 Visão de Hugh Ross

A figura evangélica mais destacada nos esforços para harmonizar o Gênesis com as teorias cientifica vigente talvez seja Hugh Ross, defensor da teoria do criacionismo progressivo “terra antiga”. Ele afirma sem reservas à autoridade bíblica e a ausência de erro as

tanto em termos espirituais quanto intelectuais. As questões fundamentais referem-se ao resultado da ação criadora de Deus. (MORELAND; REYNOLDS, 2006, p. 182). Van Till afirma que parece que para um número grande de pessoas, pertencentes ou não a uma comunidade cristã, faz sentido envolver-se em um debate no qual se deve optar pela criação ou pela evolução. É claro, espera-se que os cristãos fiéis optem pela criação. Qualquer pessoa que escolher a evolução, teoricamente, esta do lado de fora da comunidade cristã. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Mas para muitos cristãos, em especial os que têm formação acadêmica nas ciências naturais, que se sentem fortemente chamados a oferecer uma perspectiva bem diferente das abordagens disponíveis. (MORELAND; REYNOLDS, 2006). Para Van Till, os termos “teísmo” e “naturalismo” funcionam nesse contexto como rótulos para cosmovisões. Teísmo é uma cosmovisão fundada sobre a convicção de que Deus existe. Naturalismo é uma cosmovisão sobre a convicção de que o mundo natural engloba toda a verdade, não existe necessidade de considerar a existência de Deus. (MORELAND; REYNOLDS, 2006, p. 185). Contudo, para Van Till, o teísmo e o naturalismo vêm em uma diversidade de formas especificas. “O teísmo teve ao longo da história diferentes definições”, o teísmo que mais se faz presente nos debates entre ciência e evolução é o teísmo do criacionismo especial cristão. (MORELAND; REYNOLDS, 2006, p. 186). Van Till crê em uma distinção entre “doutrina e descrição”. Doutrina cristã histórica da criação tem um foco teológico, não se preocupa com detalhes do que, ou quando, pode ter acontecido, chamando a atenção para diferença entre Criador e a criação. O criador é eterno e auto - existente, mas a criação não é eterna nem auto existente e só possui existência porque Deus a chamou à existência “No princípio”, e continua a sustentá-la. A Descrição da história formativa da criação, tem um diferente conceito sobre como a atividade criadora de Deus (sem os limites de tempo, que é um dos traços da criação) fez surgir (no curso do tempo percebido pelas criaturas) a notável diversidade de estruturas físicas (tais como átomos, moléculas, planetas e coisas semelhantes) e de formas de vida. (BARBOUR, 2004, p. 132). Para Van till, (apud MORELAND; REYNOLDS, 2006,) a descrição feita pelo defensor do criacionismo especial alega que a formação de algumas criaturas existiu por ato de criação especial, um ato realizado por Deus no decorrer do tempo, impôs uma nova forma às matérias-primas que ele mesmo criara formas que a matéria-prima não poderia alcançar. Ele ainda acrescenta que:

Deus criou um mundo prenhe de potencialidades que se converte em ato no devido tempo, sem nenhuma intervenção divina posterior. A natureza foi criada como uma economia de desenvolvimento, sem lacuna ou falhas que precisassem ser remediadas depois. (BARBOUR, 2004, p. 132).

Para Van til o naturalismo evolutivo tem uma cosmovisão evolutiva, apresentada e defendida de forma que o conceito científico de evolução biótica pareça capaz de angariar apoio convincente e rejeitar um Deus-Criador. O conceito da evolução biótica e de que todas as “formas de vida existentes compartilham um ancestral comum e os sistemas vivos possuem toda a capacidade para transformar-se no decorrer do tempo.” (MORELAND; REYNOLDS, 2006, p. 188). Ele ressalta também que há varias conotações dignas de nota, sobre o debate entre criação e evolução. (1) É um debate no qual criação raramente refere-se à histórica doutrina da criação, mas com muita frequência restringe-se ao significado de descrição do criacionismo especial para a ação criadora de Deus. (2) É um debate no qual evolução raramente limita-se exclusivamente ao conceito cientifico de evolução, mas que com muita frequência representa a cosmovisão proposta pelo naturalismo evolucionista. (3) O debate funcional, portanto, como uma obstrução para a discussão aberta e produtiva sobre as descrições evolutivas da história formativa da criação dentro da comunidade cristã. (MORELAND; REYNOLDS, 2006, p. 190). A evolução teísta é a posição dominante entre biólogos destacados que acreditam em Deus com a mesma seriedade que os criacionistas. Isso inclui Asa Gray, o maior defensor de Darwin nos Estados Unidos, e Theodosius Dobzhansky, que no século XX ajudou a construir a teoria sintética da evolução. Segundo Collins (COLLINS 2000, p. 206/207). Embora existam muitas variáveis sutis da evolução teísta, uma versão típica obedece às premissas a seguir: (1) O universo surgiu do nada, há aproximadamente 14 bilhões de anos. (2) Apesar das improbabilidades incomensuráveis, as propriedades do universo parecem ter sido ajustadas para a criação da vida. (3) Embora o mecanismo exato da origem da vida na Terra permaneça desconhecido, uma vez que a vida surgiu, o processo de evolução e de seleção natural permitiu o desenvolvimento da diversidade biológica e da complexidade durante espaços de tempo muito vastos.

testada pela lógica espiritual do coração, da mente e da alma. (COLLINS 2000, p. 210). Examinando os capítulos 1 e 2 do livro de Gênesis, Collins conclui que muitas interpretações foram, de forma honrosa, apresentadas por quem acredita em Deus de maneira sincera, e que esse documento impressionante pode ser entendido como poesia e alegoria, em vez de como uma descrição literal das origens. Levando em conta às palavras de Theodosius Dobzhansky (1900-1975), um destacado cientista que aceitou a fé russa ortodoxa e a evolução teísta declara que:

A criação não é um evento que ocorreu em 4004 a.C; é um processo que começou por volta de 10 bilhões de anos atrás e ainda continua. [...] Será que a doutrina evolucionária entra em atrito com a fé religiosa? Não. É um erro crasso confundir as Sagradas Escrituras com cadernos elementares de Astronomia, Geologia, Biologia e Antropologia. Somente quando são criados os símbolos para significar o que não pretendem é que podem nascer conflitos imaginários e insolúveis. (apud COLLINS 2000, p. 212).

Muitos que creem em Deus acham a história de Adão e Eva como obrigatoriamente literal, mas ninguém menos que C. S. Lewis, intelectual e acadêmico especializado em mitos e História, viu na narrativa de Adão e Eva algo que lembra mais uma lição de moral do que um livro científico ou uma biografia. Para Lewis durante longos séculos, Deus aperfeiçoou a forma animal que estava para se tornar o veículo da humanidade e a imagem dele. Então, na plenitude do tempo, Deus transmitiu a esse organismo, tanto na parte psicológica quanto na fisiológica, um novo tipo de consciência. “Porém algo ou alguém lhes cochichou que poderiam ser como deuses. Quiseram ser substantivos, mas eram meros adjetivos. Comeram o fruto proibido, mas essa questão não tem importância.” (apud COLLINS 2000, p. 214). Collins (2000), acredita que nesse contexto, a evolução teísta, ou o BioLogos, seja, das alternativas consideradas, a mais consistente, em termos científicos, e a mais satisfatória, do ponto de vista espiritual. Essa posição não sairá da moda nem será reprovada pelas futuras descobertas científicas. É rigorosa intelectualmente, fornece respostas a perguntas que de outro modo seriam enigmáticas e permite que a ciência e a fé fortaleçam uma à outra como dois pilares inabaláveis que sustentam um edifício chamado Verdade. Collins conclui que:

O Deus da Bíblia é também o Deus do genoma. Pode ser adorado na catedral ou no laboratório. Sua criação é majestosa, esplêndida, complexa e bela — e não pode guerrear consigo mesma. Só nós, humanos imperfeitos, podemos iniciar batalhas assim. E só nós podemos acabar com elas. (COLLINS 2000, p. 216).

6 A VISÃO ADVENTISTA

6.1 A interpretação Bíblica Adventista

Segundo o livro Nisto Cremos o relato bíblico da Criação é simples. Sob o comando criador de Deus, os “Céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há” (Êxo. 20:11) apareceram instantaneamente. O pequeno período de seis dias contemplou a mudança da Terra que era “sem forma e vazia” (Gên. 1:2), vindo a tornar-se um luxuriante planeta, fervilhante de criaturas plenamente maduras e as mais variadas formas de plantas. “No princípio, criou Deus os Céus e a Terra” (Gên. 1:1). A Terra achava-se envolvida em águas e escuridão. No primeiro dia, Deus separou a luz das trevas, chamando a parte clara “dia” e a parte escura “noite” (Gên. 1:5). No segundo dia, Deus dividiu as águas, separando a atmosfera das águas que se espalhavam sobre a Terra, criando assim condições para que outras formas de vida se desenvolvessem. No terceiro dia, Deus reuniu as águas terrestres num lugar específico, estabelecendo terra seca e mares. Então Deus vestiu as montanhas, praias e vales; “a Terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie” (Gên. 1:12). No quarto dia, Deus estabeleceu o Sol, a Lua e as estrelas, “para sinais, para estações, para dias e anos”. O Sol deveria governar o dia, enquanto a Lua governaria a noite (Gên. 1:14-16). Deus criou os pássaros e a vida marinha no quinto dia. Criou-os “segundo as suas espécies” (Gên. 1:21), o que indicava que as criaturas por Ele desenvolvidas deveriam reproduzir-se coerentemente, de acordo com suas próprias espécies. No sexto dia, Deus criou as formas superiores de vida animal. Disse Ele: “Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie” (Gên. 1:24). Depois disso, coroando a obra de Criação, Deus fez o homem “à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gên. 1:27). Deus contemplou “tudo quanto fizera”, e viu “que era muito bom” (Gên. 1:31). Depois disso, Deus “descansou” (Gên. 2:2), cessando Sua obra criadora a fim de celebrar e desfrutar. Seriam lembradas para sempre a beleza e majestade daqueles seis dias pelo fato de Ele parar para a celebração. Examinemos brevemente o relato bíblico no tocante à Criação. (NISTO CREMOS, 2008). Os “céus” de Gênesis 1 e 2 provavelmente se referem aos planetas e estrelas que se encontram mais próximos da Terra. “O mais provável é que a Terra, em vez de ter sido a primeira obra do Criador, tenha sido, na verdade, a última.” (NISTO CREMOS, 2008, p. 101).

Os adventistas do sétimo dia creem que os registros da criação de Gênesis 1 e 2 é literal e histórico. Encontramos em Gênesis 1 o registro dos atos poderosos de Deus na criação, mas esse registro é só o começo de sua obra em benéfico dos habitantes deste planeta. O relato da criação no inicio da Bíblia é, portanto, apenas uma introdução para a história do plano da salvação. (TRATADO DE TEOLOGIA, 2011). Segundo Elias Brasil, a doutrina bíblica da salvação pressupõe a queda do ser humano em pecado e a consequente entrada da morte nas esferas da criação.

O plano da salvação consiste na obra de Deus em restaurar e redimir os seres humanos e a natureza à sua condição original, culminando na erradicação da morte. Tal visão do plano salvífico de Deus é consistente com o relato de Gênesis, que retrata o mundo, conforme saiu das mãos do criador, como isento de morte, tanto de animais como de seres humanos. Note-se que a alimentação provida aos animais e seres humanos era vegetariana, indicando, com isso, que até mesmo o reino animal estava livre da morte. A intenção divina, portanto, revelada nas Escrituras é a restauração desta condição original. Em contraste, o criacionismo progressivo e o evolucionismo teísta adotam a pressuposição de que a morte - de criaturas inferiores ou seres humanos - é parte do próprio processo mediante o qual Deus, ou uma inteligência superior, trouxe o mundo à existência. (SOUZA, 2011, p. 75).

Não é difícil notar o impacto desta visão sobre a doutrina bíblica da salvação e da redenção. Se a morte é o instrumento para os processos evolutivos empregados por Deus, é difícil entender como Paulo pôde declarar que a morte é o último inimigo a ser destruído ( Co 15:26). Ainda, como disse Baldwin, “se a morte existiu antes de Adão, então Cristo, em última instância, não redime ninguém de um destino que não era um aspecto da vida antes do pecado de Adão.” (apud BRASIL, 2011). Segundo Shea O Antigo Testamento não tem uma data precisa para os acontecimentos da semana da criação de Gênesis 1. No entanto, oferece alguns dados que podem ser usados para desenvolver uma data geral e aproximada para esses acontecimentos:

As datas mais bem conhecidas no Antigo Testamento são as dos Reis. Trabalhando na ordem inversa, obtemos uma data aproximada de 970 a.C. para o começo do reinado de Salomão. Somando-se aos 480 anos de 1 Reis 6:1 a 970 a.C. encontramos uma data aproximada para o êxodo: 1450 a.C. Até esse ponto, o quadro cronológico está razoavelmente claro, do Êxodo para trás a evidência é menos precisa. Dependendo do esquema cronológico usado, é possível calcular o nascimento de Abraão em fins de 1950 a.C. (utilizando os 400 anos de Gn 15:13; Gl 3:17) ou por volta de 2170 a.C. (somando os 430 anos de permanência no Egito [Êx 12:40] + 130 anos de idade de Jacó quando ele foi para o Egito [Gn 47:9] + 60 anos até o nascimento de Isaque [Gn 25:26] + 100 anos até o nascimento de Abraão [Gn 21:5]. Além dessas discrepâncias, de Abraão para trás a única informação cronológica disponível esta contida nas genealogias de Gênesis 5 e 11. Seguindo essa linha de hipótese de que não faltam gerações, é possível chegar a datas aproximadas para o dilúvio e para a criação. Entretanto, o texto hebraico diverge da Septuaginta em ambas as genealogias. Segundo o texto hebraico, o dilúvio de Noé teria acontecido entre 2300 e 2500 a.C.,

uns 1650 anos depois da criação. Segundo a LXX, o dilúvio teria ocorrido provavelmente em 3500 a.C., e a criação em 5600 a.C. (2011, p. 487). Dadas as dificuldades de usar as genealogias para computar a cronologia, os problemas de interpretação dos textos e as diferenças entre as versões grega e hebraica, pode- se apenas afirmar segundo Shea (2011), que a criação ocorreu muito mais recentemente do que propõe a teoria evolucionista. A história da Terra começou provavelmente no quinto milênio a.C. Shea (2011, 503), “É possível que tenha havido um planeta inerte aqui antes, mas a vida não foi criada senão na recente semana da criação de Gênesis 1”. Segundo Davidson (1994), os pontos estão claros na sequência do pensamento de Gênesis 1-2. Não obstante, há um aspecto crucial neste processo da Criação que o texto deixa aberto e ambíguo: Quando ocorreu o princípio absoluto dos céus e da Terra no verso l? Foi no começo dos sete dias da Criação ou algum tempo antes? É possível que a matéria bruta dos céus e da Terra em seu estado informe fosse criada muito tempo antes dos sete dias da semana da Criação. Esta é a teoria do "intervalo passivo". Também é possível que a matéria bruta descrita em Gênesis 1:1- 2 esteja incluída no primeiro dia da semana da Criação. Esta se chama a teoria do "não intervalo".

Esta ambiguidade no texto hebraico tem implicações na interpretação do Pré- cambriano da coluna geológica, se a gente equaciona o Pré-cambriano com a "matéria bruta" descrita em Gênesis 1:1-2 (naturalmente esta equação está sujeita a debate). Há a possibilidade de um Pré-cambriano recente, criado como parte da semana da Criação (talvez com a aparência de idade alta). Há também a possibilidade de que a "matéria bruta" fosse criada no princípio absoluto da Terra e das esferas celestes circundantes, talvez milhões ou bilhões de anos atrás. Este estado inicial informe e vazio é descrito no verso 2. O verso 3 e os versos seguintes então descrevem o processo de formar e encher durante a semana da Criação. (DAVIDSON, 1994, p. 10).

Davidson (1994), conclui que o texto bíblico de Gênesis l deixa margem tanto para (a) um Pré-cambriano recente (criado como parte dos sete dias da criação) ou (b) rochas muito mais antigas e sem fósseis, com um longo intervalo entre a criação da "matéria bruta" descrita em Gênesis 1:1-2 e os sete dias da semana da Criação descrita no verso 3 e nos versos seguintes. Mas tanto num caso como no outro, o texto bíblico requer uma cronologia breve para a vida na Terra. Não há margem para um intervalo de tempo na criação da vida na Terra: ela surgiu do terceiro ao sexto dias literais e consecutivos da semana da Criação. Entre os aspectos desse relato, concebidos como literais, acham-se referências de tempo. Tomando-se em conta a fórmula sobre os elementos temporais, fica claro e evidente