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Operações de Contrainsurgência na Rodésia: A Preferência por Matar, Notas de estudo de Direito

Uma análise detalhada da insurgência na antiga rodésia, atual zimbábue, durante os anos 70. Descreve a aliança entre o zanla e o frelimo, a estratégia militar utilizada pela rodésia para combater a insurgência e a importância dos prisioneiros na coleta de informações. Além disso, discute as operações militares realizadas na zâmbia e em moçambique.

O que você vai aprender

  • Qual foi a importância dos prisioneiros na coleta de informações para a Rodésia?
  • Qual foi a estratégia militar utilizada pela Rodésia para combater a insurgência ZAnLA?
  • Como a Rodésia organizou seu esforço de guerra contra a insurgência ZAnLA?
  • Quais foram as operações militares realizadas pela Rodésia na Zâmbia e em Moçambique?
  • Quais foram as principais fontes de informações utilizadas pela Rodésia para eliminar insurgentes?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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38 Janeiro-Fevereiro 2012 MILITARY REVIEW
Marno de Boer
Marno de Boer cursa, atualmente, o mestrado de Direito
Europeu (L.L.M.) em Direito Internacional Público, na
Utrecht University, na Holanda, após ter concluído mestrado
em História do Combate no Departamento de Estudos de
As Operações de Contrainsurgência na Rodésia
e a Preferência por Matar
Guerra, King’s College, Londres. Este artigo se baseia na
sua tese de bacharelado na University College, Utrecht,
Holanda.
NOs AnOs 70, houve uma sangrenta
insurgência na antiga Rodésia, atual
Zimbábue. Os insurgentes africanos
enfrentaram o Estado colonizador, que estava
determinado a conservar o poder nas mãos dos
brancos. O governo adotou uma estratégia de
contrainsurgência punitiva, centrada no inimigo.
Entre os militares rodesianos, muitos acabaram se
engajando nessa abordagem de tal modo que os
limites das regras de engajamento foram ultrapas-
sados. Embora a Guerra Civil da Rodésia tenha
ocorrido em um contexto histórico específico,
ela deve servir de alerta aos comandantes das
Unidades atualmente envolvidas em operações
“antiterrorismo” centradas no inimigo.
Visão Geral do Conflito
A Rodésia foi fundada em 1890 por Cecil
Rhodes, que buscava impor o domínio britânico
no sul da África. Em 1923, ela tornou-se um
território autônomo, ainda pertencente ao Império
Britânico. Ao término da segunda Guerra Mundial,
os brancos buscaram conservar o poder em suas
mãos nas ex-colônias britânicas, embora a Grã-
Bretanha lhes houvesse concedido independência
sob o princípio de governo da maioria. A
Rodésia, a Grã-Bretanha e os nacionalistas
africanos não conseguiram chegar a um acordo,
levando Ian smith, o então Primeiro-Ministro
da Rodésia, a aprovar a Declaração Unilateral
de Independência, em 11 nov 65. A declaração
manteve o poder político e econômico nas mãos
dos brancos, o que desencadeou uma resistência
africana dividida em dois grupos políticos: a
União Popular Africana do Zimbábue (Zimbabwe
African People’s Union — ZAPU), encabeçada
por Joshua nkomo; e a União nacional Africana
do Zimbábue (Zimbabwe African National
Union — ZANU), sob a liderança de ndabaningi
sithole. A União Popular Africana do Zimbábue
era apoiada pela tribo ndebele, que incluía cerca
de 19% dos 4,8 milhões de negros da Rodésia. A
União nacional Africana do Zimbábue contava
com o apoio da tribo shona, que representava
quase 80% da população negra. Havia, ainda,
cerca de 230 mil brancos, 9 mil asiáticos e 15 mil
pessoas de etnia mista vivendo no país1.
Quando smith adotou a Declaração Unilateral
de Independência, a ZAPU e a ZAnU partiram
para a ofensiva por meio de seus braços
armados, o Exército Revolucionário Popular do
Zimbábue (Zimbabwe People’s Revolutionary
Army — ZIPRA) e o Exército Africano de
Libertação nacional do Zimbábue (Zimbabwe
African National Liberation Army — ZANLA),
respectivamente. Eles infiltraram a Rodésia
pela Zâmbia, entre 1966 e 1968. O fato de o
fazerem em grandes grupos possibilitou que as
Forças de segurança rodesianas rapidamente os
detectassem e atacassem. no final de 1968, 160
insurgentes haviam sido mortos, em comparação
a 12 integrantes das Forças de segurança. Os
guerrilheiros não conseguiram estabelecer uma
base na Rodésia, e os sobreviventes fugiram de
volta para a Zâmbia2.
Como consequência, o ZAnLA passou a adotar
um enfoque maoísta, com o auxílio de assessores
chineses. Planejou evitar confrontos diretos com
as Forças de segurança e ampliar o controle sobre
o interior paulatinamente. Isso alterou o padrão da
guerra no início dos anos 70, quando o ZAnLA
começou a estabelecer controle sobre os africa-
nos nas áreas rurais. seu objetivo estratégico era
sobrecarregar as Forças de segurança de modo que
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38 Janeiro-Fevereiro 2012  MILITARY REVIEW

Marno de Boer

Marno de Boer cursa, atualmente, o mestrado de Direito Europeu (L.L.M.) em Direito Internacional Público, na Utrecht University, na Holanda, após ter concluído mestrado em História do Combate no Departamento de Estudos de

As Operações de Contrainsurgência na Rodésia

e a Preferência por Matar

Guerra, King’s College, Londres. Este artigo se baseia na sua tese de bacharelado na University College, Utrecht, Holanda.

N

Os AnOs 70, houve uma sangrenta insurgência na antiga Rodésia, atual Zimbábue. Os insurgentes africanos enfrentaram o Estado colonizador, que estava determinado a conservar o poder nas mãos dos brancos. O governo adotou uma estratégia de contrainsurgência punitiva, centrada no inimigo. Entre os militares rodesianos, muitos acabaram se engajando nessa abordagem de tal modo que os limites das regras de engajamento foram ultrapas- sados. Embora a Guerra Civil da Rodésia tenha ocorrido em um contexto histórico específico, ela deve servir de alerta aos comandantes das Unidades atualmente envolvidas em operações “antiterrorismo” centradas no inimigo.

Visão Geral do Conflito

A Rodésia foi fundada em 1890 por Cecil Rhodes, que buscava impor o domínio britânico no sul da África. Em 1923, ela tornou-se um território autônomo, ainda pertencente ao Império Britânico. Ao término da segunda Guerra Mundial, os brancos buscaram conservar o poder em suas mãos nas ex-colônias britânicas, embora a Grã- Bretanha lhes houvesse concedido independência sob o princípio de governo da maioria. A Rodésia, a Grã-Bretanha e os nacionalistas africanos não conseguiram chegar a um acordo, levando Ian smith, o então Primeiro-Ministro da Rodésia, a aprovar a Declaração Unilateral de Independência, em 11 nov 65. A declaração manteve o poder político e econômico nas mãos dos brancos, o que desencadeou uma resistência africana dividida em dois grupos políticos: a União Popular Africana do Zimbábue ( Zimbabwe African People’s Union — ZAPU ), encabeçada por Joshua nkomo; e a União nacional Africana

do Zimbábue ( Zimbabwe African National Union — ZANU ), sob a liderança de ndabaningi sithole. A União Popular Africana do Zimbábue era apoiada pela tribo ndebele, que incluía cerca de 19% dos 4,8 milhões de negros da Rodésia. A União nacional Africana do Zimbábue contava com o apoio da tribo shona, que representava quase 80% da população negra. Havia, ainda, cerca de 230 mil brancos, 9 mil asiáticos e 15 mil pessoas de etnia mista vivendo no país^1. Quando smith adotou a Declaração Unilateral de Independência, a ZAPU e a ZAnU partiram para a ofensiva por meio de seus braços armados, o Exército Revolucionário Popular do Zimbábue ( Zimbabwe People’s Revolutionary Army — ZIPRA ) e o Exército Africano de Libertação nacional do Zimbábue ( Zimbabwe African National Liberation Army — ZANLA ), respectivamente. Eles infiltraram a Rodésia pela Zâmbia, entre 1966 e 1968. O fato de o fazerem em grandes grupos possibilitou que as Forças de segurança rodesianas rapidamente os detectassem e atacassem. no final de 1968, 160 insurgentes haviam sido mortos, em comparação a 12 integrantes das Forças de segurança. Os guerrilheiros não conseguiram estabelecer uma base na Rodésia, e os sobreviventes fugiram de volta para a Zâmbia^2. Como consequência, o ZAnLA passou a adotar um enfoque maoísta, com o auxílio de assessores chineses. Planejou evitar confrontos diretos com as Forças de segurança e ampliar o controle sobre o interior paulatinamente. Isso alterou o padrão da guerra no início dos anos 70, quando o ZAnLA começou a estabelecer controle sobre os africa- nos nas áreas rurais. seu objetivo estratégico era sobrecarregar as Forças de segurança de modo que

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INSURGÊNCIA SANGRENTA

a economia dos brancos entrasse em colapso, à medida que fossem mobilizados grandes contin- gentes de reservistas. Uma aliança com o grupo guerrilheiro FRELIMO, de Moçambique, permi- tiu que o ZAnLA utilizasse o território vizinho para infiltrar a Rodésia, especialmente depois que aquela organização tornou-se o governo de direito, em 1975, quando seu país conquistou a independência de Portugal^3. O ZAnLA passou, então, a “inundar” a Rodésia com guerrilheiros. Estima-se que seu efetivo no país passou de 1.600, em janeiro de 1976, para 6 mil, em meados de

  1. Perto do fim da guerra, o ZAnLA empre- gava cerca de 10 mil combatentes no país, man- tendo 3.500 no exterior, como sua reserva. A essa altura, o ZIPRA tinha cerca de 4 mil homens infiltrados, com 16 mil combatentes trei- nados, na reserva^4. Diferindo do enfoque maoísta adotado pelo ZAnLA, o braço militar da ZAPU optou pelo assessoramento e assistência da União soviética, esperando travar uma batalha decisiva^5. no final, a estratégia do ZAnLA mostrou-se vitoriosa. As Forças de segurança perderam o controle sobre vastas extensões do país. A extensiva mobilização e o aumento dos gastos com defesa debilitaram a economia, levando um número considerável de brancos a emigrar. no final de 1979, a Rodésia estava à beira do colapso^6.

nem mesmo um acordo interno, segundo o qual os brancos compartilhariam o poder com o bispo africano Muzorewa, de orientação não marxista, foi capaz de estabelecer a paz. nem os grupos insurgentes nem a comunidade internacional reconheceram esse governo. Em dezembro de

1979, a realização de eleições com base na maioria foi acordada em Londres, entre os governos da Grã-Bretanha e da Rodésia e os grupos ZAPU e ZAnU. Em março de 1980, Robert Mugabe, então o líder deste último, venceu as eleições.

Uma Estratégia Punitiva

As Forças de segurança rodesianas adotaram uma abordagem de contrainsurgência punitiva. Fora algumas tentativas de controle da população, não havia um programa para conquistar o povo africano com medidas positivas. O Exército concentrou-se em alcançar uma elevada “taxa de eliminação” de insurgentes^7. E superou-se, nesse mister. Mesmo com equipamentos antiquados, o Exército rodesiano eliminou mais de 10 mil guerrilheiros no país e outros milhares no exterior, sofrendo apenas 1.361 baixas entre dezembro de 1972 e dezembro de 1979^8. Este artigo demonstra que os militares rodesianos inicialmente adotaram uma estratégia baseada na eliminação da insurgência e, mais tarde, acabaram extrapolando os limites, o suficiente para prejudicar a forma pela qual o alto comando e os dirigentes políticos desejavam conduzir a guerra. Estudos sobre os antecedentes dessa abordagem punitiva explicam que sua principal razão foi o fato de a Declaração Unilateral de Independência ter como objetivo conservar uma posição privilegiada para os brancos. Estes nunca se dispuseram a renunciar aos privilégios, ainda que apenas o suficiente para conquistar os negros 9.

Manifestantes comemoram o fim do colonialismo açoitando a estátua do fundador da Rodésia, Cecil John Rhodes, 31 Jul 80.

Associated Press/Louis Gubb

Fora algumas tentativas de

controle da população, não

havia um programa para

conquistar o povo africano

com medidas positivas.

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INSURGÊNCIA SANGRENTA

a Rodésia organizou seu esforço de guerra. A maioria das patrulhas era conduzida por pequenas frações com quatro integrantes (denominadas stick ) ou por grupos de oito homens, sempre sob o comando de um soldado ou cabo. Essas pequenas frações tinham de cuidar das relações civis-militares, executar as detenções e fazer a coleta e a busca de informações no terreno. Apesar da importância dada a esses aspectos no manual, o treinamento dos soldados se concentrava nos aspectos de COIn voltados à eliminação de insurgentes.

Emprego em Combate Punitivo:

A Força de Fogo e os Ataques de

Surpresa Externos

O emprego da tropa em combate reforçava ainda mais sua experiência centrada no inimigo. O exemplo emblemático disso era a “força de fogo” ( fire force ), uma invenção rodesiana para empregar seus escassos efetivos de forma mais agressiva. Quando guerrilheiros eram localizados — geralmente pelos integrantes do multirracial Regimento de Forças Especiais Selous Scouts , que se passavam por insurgentes

— helicópteros Alouette e, mais tarde, aviões Dakota , traziam tropas para cercar o inimigo^23. A princípio, tropas regulares do Regimento de Infantaria Leve da Rodésia (constituídas somente por brancos) compunham as forças de fogo. Com a ampliação das áreas atingidas pelos combates, soldados negros, sob o comando de oficiais brancos da Infantaria Africana da Rodésia ( Rhodesian African Rifles ), e reservistas brancos dos Regimentos rodesianos também passaram a integrá-las. O fato de a Inteligência ter atribuído 68% das mortes dos insurgentes em território rodesiano aos Selous Scouts , que geralmente deixavam a tarefa de eliminação para a força de fogo, indica o importante papel desse conceito de emprego^24. O diário de um comandante de companhia da Infantaria Africana da Rodésia, o Capitão André Dennison, indica, claramente, como a força de fogo alterou a experiência de guerra dos soldados. De 11 Jul a 22 Ago 78, sua companhia conduziu patrulhas regulares, eliminando três insurgentes e capturando um. sua missão anterior, entre 16 de maio e 27 de junho, integrando uma força de fogo, resultou na eliminação de 37 guerrilheiros

Guerrilheiros comemoram o fim de uma longa guerra ao deixarem o estádio onde foram realizadas as celebrações da independência, Salisbury, Rodésia, 18 Abr 80.

Associated Press/Matt Franjola

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e na captura de 4. na missão seguinte, novamente como força de fogo, entre 05 set e 17 Out 78, 72 guerrilheiros foram eliminados e 6, capturados^25. Os integrantes da força de fogo possuíam a iniciativa tática e conduziram combate agressivo contra o inimigo. Isso era importante porque, como descreveu um militar, “quanto maior o número de engajamentos, mais o moral aumen- tava, pois havia resultados tangíveis para todo o esforço feito e sentia-se, então, que algo constru- tivo estava sendo alcançado”. Quando estava tudo quieto, a tropa ficava entediada e irritada com as normas do Exército, e o moral diminuía^26. Os ataques de surpresa através da fronteira constituíam a segunda forma de emprego do combate centrado no inimigo. Quando a guerra se intensificou, a Rodésia organizou operações na Zâmbia e em Moçambique, com o intuito de atacar as bases dos insurgentes e inquietá- los em suas vias de infiltração. no início, o serviço Especial de Aviação, os Selous Scouts e a Infantaria Leve da Rodésia conduziram os ataques, mas, depois, os Regimentos rodesianos também participaram. Um reservista chegou a descrever uma patrulha com duração de dez dias, que adentrou 70 quilômetros em Moçambique^27.

Os soldados eram, de modo geral, favoráveis à condução de operações transfronteiriças. Assim como nas missões da força de fogo, as operações tinham como objetivo uma alta taxa de eliminação e produziam resultados tangíveis. Os ataques através da fronteira correspondiam, assim, à percepção rodesiana em relação à guerra. Em discussões informais nos acampamentos, os soldados rodesianos frequentemente defendiam a necessidade de atacar bases estrangeiras. Ficavam frustrados quando essas atividades eram suspensas por medo de reações negativas por parte da comunidade internacional 28. A Infantaria Leve da Rodésia também apreciava os ataques transfronteiriços, pois eles confirmavam seu status como tropa de elite. Ouviam relatos da “velha guarda”, que havia combatido com os portugueses em Moçambique, e ansiavam por participar de ações semelhantes. Os integrantes da Infantaria Leve da Rodésia se sentiram honrados por receberem seus briefings preparatórios junto com os militares do serviço Especial de Aviação^29.

Outras Operações Internas

As operações executadas quando as tropas não estavam empregadas como força de fogo

Combatentes a cavalo detêm um rodesiano negro para interrogatório, Lupane, sul da Rodésia, Set 77.

Associated Press/J. Ross Baughman

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estadunidenses no Vietnã, ao se referirem aos adversários^45. Além disso, uma rede de itinerários de infiltração frequentemente utilizada pelo ZAnLA era chamada de “Trilha Ho Chi Minh”, nome da rota usada pelos norte-vietnamitas para infiltrar o sul^46.

Intensificação da Abordagem

Punitiva: a Execução de

Prisioneiros

A preferência dos soldados pela eliminação de insurgentes não prejudicou o esforço de guerra. A taxa de eliminação talvez não fosse um método produtivo para vencer a guerra, mas era uma estratégia que havia sido concebida pelos próprios dirigentes da Rodésia. sendo assim, a preferência dos soldados por ações punitivas nada mais era que a execução da estratégia nacional no nível tático. Entretanto, na área de operações, os soldados adotaram a abordagem punitiva com tal entusiasmo que ela passou a ser um fim em si, prejudicando os planos da alta liderança. A frequente execução dos insurgentes feridos ou que haviam se rendido é o mais claro exemplo disso. segundo Thompson, a coleta de informações é de extrema importância na contrainsurgência. Permite que as Forças de segurança desfaçam a rede clandestina de insurgentes e obtenham uma elevada taxa de eliminação. As principais fontes de informações são os agentes, os informantes e os adversários e documentos capturados 47. na Rodésia dos anos 60, foi, de fato, a rede de informantes do Quadro Especial de Polícia que detectou a maioria dos guerrilheiros infiltrados 48. Entretanto, em 1972, o ZAnLA havia politizado a população a tal ponto que conseguiu destruir a rede de informantes no nordeste do país^49. A reativação dessa rede durante a guerra mostrou-se difícil^50. Em consequência, a captura de prisioneiros tornou-se vital para o esforço de guerra. Juntamente com os documentos apreendidos, constituía o principal meio de obtenção de informações. O fato de que insurgentes frequentemente revelavam informações depois da captura ajudara os britânicos na Malásia 51. Isso também parece ter ocorrido na Rodésia 52. As informações extraídas dos prisioneiros foram realmente vitais para o planejamento de ataques aos acampamentos de insurgentes 53. O

problema com esse procedimento era que os prisioneiros e os documentos capturados somente revelavam informações desatualizadas. Para obter informações mais recentes, que pudessem levar à eliminação de insurgentes dentro da

Rodésia, o Exército organizou seu Regimento Selous Scouts , em 1974. Eles fingiam ser insurgentes para obter informações da população rural sobre a presença de guerrilheiros e para conduzir reconhecimento sem que os mujibas dessem o alerta. Em seguida, eles capturavam os insurgentes por conta própria ou chamavam a força de fogo. Para funcionar, o conceito exigia um fluxo constante de informações sobre os hábitos, senhas, treinamento e organização dos insurgentes 54. Os prisioneiros passaram, assim, a ser fundamentais para o esforço de obtenção de informações da Rodésia. Entretanto, os soldados regulares rodesianos frequentemente executavam os guerrilheiros feridos ou que haviam se rendido. A Infantaria Leve e a Infantaria Africana da Rodésia foram as principais envolvidas nesse tipo de atividade, já que, como forças de fogo, elas tiveram o maior número de contatos. na Infantaria Leve, a execução de inimigos feridos era praticamente um procedimento operacional padrão. Dennis Croukamp, que serviu nesse Regimento antes e depois de uma missão com os Selous Scouts , afirma que os comandantes de pelotão normalmente atiravam nos guerrilheiros feridos ou que haviam se rendido. A maioria sabia que os superiores queriam e precisavam de prisioneiros, mas simplesmente decidiu ignorar isso^55. A execução de prisioneiros também ocorreu em outras Unidades. Em 45 meses, a Companhia de Infantaria Africana de Dennison eliminou 364 insurgentes, capturando apenas 39 56. O

…os soldados adotaram a

abordagem punitiva com tal

entusiasmo que ela passou a

ser um fim em si, prejudicando

os planos da alta liderança.

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INSURGÊNCIA SANGRENTA

motivo mais provável para essa discrepância é que os soldados não estavam inclinados a fazer prisioneiros. É improvável a explicação de que os insurgentes teriam levado seus feridos depois do combate. A principal medida contra as forças de fogo era fugir em todas as direções 57. Ademais, o número de armas capturadas normalmente coincidia com o número aproximado de mortos e prisioneiros 58. Ao fugirem, os guerrilheiros provavelmente não levavam nada a não ser os próprios equipamentos, porque a força de fogo atirava nos feridos. Houve um reservista que chegou a mencionar que um capitão incentivava a execução de prisioneiros 59. Além de considerações pessoais, havia alguns motivos gerais por trás de tudo isso. Embora, sem dúvida, o racismo tenha sido um fator, é bem verdade que um forte compromisso ideológico com a causa rodesiana não era uma precondição para nenhum deles. Alguns dos soldados da Infantaria Leve citados anteriormente não eram fortes partidários ideológicos da causa rodesiana^60. Isso fica ainda mais evidente no caso dos soldados da Infantaria Africana, que haviam ingressado no Exército principalmente pela oportunidade financeira. Contudo, é provável que o prisma geral pelo qual os rodesianos enxergavam a guerra tenha preparado o terreno para as execuções. sua visão era de que o inimigo consistia em “terroristas comunistas” vindos do exterior, que haviam se infiltrado na pacífica Rodésia, lar dos “negros mais felizes da África”. Disparar contra alguém considerado um “terrorista” era provavelmente mais fácil para os soldados do que atirar em um camponês insatisfeito com as injustiças raciais e sociais do país. O adestramento, com seu foco no acirrado combate na selva, fortalecia essa visão. A intensificação dos combates reforçou tais atitudes. no final dos anos 60 e início dos anos 70, os soldados da Infantaria Leve da Rodésia haviam acompanhado o Exército Português em Moçambique. Um desses homens contou que o hábito português de executar os prisioneiros chocou os rodesianos, que, no entanto, acabariam fazendo exatamente o mesmo, mais tarde 61. Outro soldado, ao reclamar de uma ordem de prestar primeiros socorros a guerrilheiros feridos, disse que seu sargento provavelmente ainda não sabia que a guerra era suja e que

os adversários nunca cogitariam tratar de um soldado rodesiano ferido 62. Considerando o fato de que a sociedade rodesiana também passou a ter uma postura mais insensível no período final da guerra, é provável que muitos reservistas convocados tenham sentido o mesmo que os militares de carreira 63. Outro motivo para a execução de prisioneiros foi o fato de os soldados rodesianos não terem grande respeito pela comunidade de Inteligência. O Quadro Especial era, em vários aspectos, uma organização policial de tempos de paz, que tinha dificuldade em fornecer as informações operacionais de que o Exército precisava 64. nas operações na Malásia, o emprego do Quadro Especial para colher informações havia funcionado bem para os britânicos, que, naquele caso, ele havia promovido o intercâmbio de oficiais de ligação qualificados com o Exército 65. na Rodésia, em contraste, o Exército muitas vezes utilizava os poucos cargos de Inteligência para se livrar de oficiais incompetentes 66. A situação só melhorou quando indivíduos das duas organizações passaram a cooperar estreitamente e com regularidade, como no caso dos Selous Scouts^67. Croukamp considerava as informações recebidas dos Selous Scouts bem melhores do que as colhidas pela Infantaria Leve. Vários soldados expressaram opiniões semelhantes 68. sem considerar os méritos do Quadro Especial, parece que a falta de ênfase nas atividades de Inteligência durante o adestramento também contribuiu para essa relutância em atender aos pedidos de busca de dados. Havia um motivo de cunho prático para as execuções. Os prisioneiros, feridos ou não, ainda podiam escapar ou resistir e, por isso, era preciso que os soldados os vigiassem. Como os rodesianos combatiam em pequenas frações de apenas quatro homens, seria praticamente impossível deixar alguém na função de vigia. Depois do contato, as tropas precisavam carregar os prisioneiros feridos para uma zona de pouso de helicópteros, o que tornava a pequena fração vulnerável a emboscadas. Era comum que os soldados preferissem executar os prisioneiros, pois estes tomavam precioso espaço no helicóptero Alouette , capaz de transportar apenas quatro homens. Transportá- los significaria que os soldados teriam de

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INSURGÊNCIA SANGRENTA

esse tipo de tratamento ilegal e normalmente ineficaz era repetido com frequência 78. Houve instrutor que orientasse os recrutas da Infantaria Leve a matar qualquer civil que os visse em uma operação transfronteiriça, para reduzir o risco de ter a missão comprometida. Ele nunca faria isso na Rodésia, porque, dentro do país “valia o Estado de Direito”^79. Considerando essa noção, comum entre os soldados, de que era ilegal matar civis, é impossível explicar o elevado número de pessoas mortas em fogo cruzado com base na política governamental. Foi, provavelmente, mais uma manifestação da adoção de uma abordagem punitiva de contrainsurgência por parte dos soldados rodesianos e de sua posterior extrapolação (segundo pensavam), com a demonstração de pouco respeito à vida de civis.

Tentativas de Destruir a Paz

Alguns soldados adotaram a abordagem punitiva com tanto entusiasmo que eles quiseram continuar a lutar depois da vitória eleitoral de Mugabe. A princípio, havia a Operação Quartz ,

um contragolpe concebido pelo alto comando das Forças de segurança, caso Mugabe perdesse as eleições e decidisse retomar o combate. Com o apoio da África do sul, a Força Aérea, o serviço Especial de Aviação, os Selous Scouts e a Infantaria Leve da Rodésia eliminariam os dirigentes da ZAnU e os guerrilheiros nas zonas de reunião de cessar-fogo. Isso, supostamente, faria o ZAnLA sofrer um retrocesso de 20 anos em seu esforço de guerra, e, em seguida, a ZAPU seria convidada a unir-se a um governo de coalizão. Muitos oficiais subalternos e sargentos que tinham ciência do plano esperavam ou desejavam que ele fosse um golpe “preventivo”. Ele não aconteceu porque tanto Muzorewa quanto o General Walls recusaram seu apoio quando surgiram as primeiras notícias sobre a vitória da Mugabe. Os dirigentes da Rodésia sabiam que o jogo havia terminado 80. no entanto, alguns soldados estavam tão determinados a lutar que queriam iniciar o golpe eles mesmos. Talvez não surpreenda o fato de que eles pertenciam à Infantaria Leve, uma vez

Crianças rodesianas em um abrigo improvisado no campo de refugiados de Harare, em Salisbury, Rodésia, 17 Abr 79.

Associated Press/Eddie Adams

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que ela era empregada prioritariamente na força de fogo punitiva. na Argélia, os paraquedistas transportados por helicóptero para a zona de combate e utilizados de forma parecida com as forças de fogo se voltaram contra o governo francês em 1960 e 1961 81. Um comandante de pelotão da Infantaria Leve da Rodésia, que sabia que o golpe havia sido cancelado, orientou seus subordinados a provocar os africanos que estivessem celebrando. Disse-lhes que, se as pessoas reagissem e atacassem, eles deveriam atirar, com a esperança de que isso reiniciasse a guerra. Contudo, apesar das ações dos soldados, que cuspiram e urinaram na população, as pessoas não reagiram e as tropas retornaram ao aquartelamento^82. Tropas da Infantaria Leve, que prestavam segurança junto aos Estúdios de Transmissão da Rodésia, quase conseguiram provocar o reinício das hostilidades. Depois da vitória eleitoral, Mugabe chegou com alguns guarda-costas para fazer um discurso televisionado para a nação. Muitos dos jovens soldados expressaram o desejo de matá-lo, mas, no final, o comandante descartou essa opção. Receava que o comando do Exército não os apoiasse e os considerasse como traidores. Mais tarde, esse mesmo comandante descobriu que um de seus homens estava sumido. Encontrou-o dentro do complexo de estúdios com uma granada de mão, esperando pelo momento oportuno para matar Mugabe^83. Considerando o fato de que apenas uma dezena de veteranos rodesianos registrou suas experiências por escrito, é provável que tenham ocorrido outros eventos semelhantes. Um resultado ligeiramente diferente em qualquer um desses eventos poderia ter provocado uma reação violenta contra os brancos pelos simpatizantes de Mugabe. Isso teria obrigado Walls e outros comandantes das Forças de segurança a acionar a Operação Quartz , possivelmente fornecendo uma justificativa para a intervenção da África do sul. Depois da vitória de Mugabe, Pretória colocou um batalhão de combate perto da fronteira com o Zimbábue. O plano era que as Forças Especiais da África do sul e da Rodésia instalassem explosivos durante a cerimônia de posse. Isso teria matado o novo Primeiro-Ministro e o Príncipe Charles. Os simpatizantes do ZAnLA se voltariam, então, contra os brancos da Rodésia. Para evitar

um massacre, a África do sul poderia, então, intervir, sem protestos por parte do Reino Unido, que estaria em choque com a morte do herdeiro do trono britânico e temeroso pela segurança de muitos brancos rodesianos com passaportes britânicos. Depois de uma invasão, a África do sul tinha a esperança de unir forças com o ZIPRA, para eliminar o ZAnLA e colocar nkomo como o dirigente negro, que ficaria obrigado àquele país. O plano não se concretizou porque a Organização Central de Inteligência da Rodésia recebeu informações confiáveis e expulsou as tropas de Forças Especiais 84. Uma ação espontânea por qualquer um dos militares nos baixos escalões, como as tentativas de assassinato descritas anteriormente, teria sido igualmente eficaz em provocar a violência contra brancos e desencadear a guerra, provavelmente.

Reflexões sobre o Tema

A Rodésia conduziu uma contrainsurgência centrada no inimigo e de forte caráter punitivo. A estratégia se concentrou na taxa de eliminação, que os soldados acolheram com entusiasmo. De certo modo, isso funcionou bem porque as tropas permaneceram motivadas a eliminar insurgentes até o final da guerra, mesmo sob a liderança de um primeiro-ministro negro e contra uma enorme onda de insurgentes infiltrados. O aspecto negativo do foco na eliminação foi o fato de os soldados rodesianos o terem adotado tão plenamente a ponto de passar a empregá-lo independentemente das ordens dos superiores. Assim, a violência na área de operações adquiriu sua própria dinâmica e, de fato, tornou-se um processo independente, controlado apenas em parte pela alta liderança. A inclinação em matar resultou na frequente execução de prisioneiros, o que dificultou o esforço de coleta de informações da Rodésia, algo que os estudos existentes sobre essa guerra muitas vezes ignoram^85. Ela também ficou aparente nas tentativas de destruir a paz, que, caso houvessem obtido êxito, teriam prejudicado os planos da elite política e militar da Rodésia para pôr fim à guerra. O comportamento dos soldados rodesianos contribui para o entendimento das ações de soldados em guerras de guerrilha. Várias obras recentes analisaram o que motiva os atores em tais guerras a escolher um lado. stathis Kalyvas,

50 Janeiro-Fevereiro 2012  MILITARY REVIEW

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