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Neste documento, o espiritismo ensina a importância de respeitar todas as religiões, pois em cada uma delas existe algo sublime que leva seus praticantes ao conhecimento e observância da lei natural. O autor cita a existência de profetas inspirados por deus em todas as épocas e lugares, e que em nenhum sistema antigo de filosofia, tradição ou religião há coisa despicienda. O espiritismo coordena essas verdades dispersas, revelando sua realidade irrecusável.
O que você vai aprender
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
Rodolfo Calligaris
Kardec 4 NOTA DO AUTOR
CAPÍTULO 1 = As Leis Divinas CAPÍTULO 2 = O Conhecimento da Lei Natural CAPÍTULO 3 = A Progressividade da Revelação Divina – 1º CAPÍTULO 4 = A Progressividade da Revelação Divina – 2º CAPÍTULO 5 = A Progressividade da Revelação Divina – 3º CAPÍTULO 6 = A Progressividade da Revelação Divina – 4º CAPÍTULO 7 = O Problema do Mal CAPÍTULO 8 = A Responsabilidade do Mal CAPÍTULO 9 = Os Espíritos Podem Retrogradar? CAPÍTULO 10 = Como Adorar a Deus? CAPÍTULO 11 = A Prece CAPÍTULO 12 = Sacrifícios CAPÍTULO 13 = A Lei de Trabalho CAPÍTULO 14 = Limite do Trabalho CAPÍTULO 15 = O Repouso CAPÍTULO 16 = A Lei de Reprodução CAPÍTULO 17 = O Aborto CAPÍTULO 18 = Celibato, Poligamia e Casamento Monogâmico CAPÍTULO 19 = A Lei de Conservação CAPÍTULO 20 = A Procura do Bem-Estar CAPÍTULO 21 = A Lei de Destruição CAPÍTULO 22 = O Assassínio CAPÍTULO 23 = Heliotropismo Espiritual CAPÍTULO 24 = A Pena de Talião CAPÍTULO 25 = Sociabilidade CAPÍTULO 26 = A Missão dos Pais CAPÍTULO 27 = A Família CAPÍTULO 28 = A Lei de Progresso CAPÍTULO 29 = Terra — Instituto Educacional CAPÍTULO 30 = A Evolução da Humanidade CAPÍTULO 31 = Influência do Espiritismo no Progresso da Humanidade CAPÍTULO 32 = A Lei de Igualdade CAPÍTULO 33 = A Igualdade de Direitos do Homem e da Mulher CAPÍTULO 34 = A Lei de Liberdade CAPÍTULO 35 = O Livre Arbítrio CAPÍTULO 36 = Fatalidade e Destino CAPÍTULO 37 = Como Conquistar a Prosperidade CAPÍTULO 38 = Conhecimento do Futuro CAPÍTULO 39 = Direito e Justiça CAPÍTULO 40 = O Direito de Propriedade CAPÍTULO 41 = Esmola e Caridade – 1º CAPÍTULO 42 = Esmola e Caridade – 2º CAPÍTULO 43 = As Paixões CAPÍTULO 44 = O Egoísmo CAPÍTULO 45 = Conhece-te a ti Mesmo
Os assuntos desenvolvidos nesta obra apóian-se em “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, parte 3ª, ou foram por ele inspirados.
Desde tempos imemoriais, a Ciência. vem-se dedicando exclusivamente ao estudo dos fenômenos do mundo físico, suscetíveis de serem examinados pela observação e experimentação, deixando a cargo da. Religião o trato das questões metafísicas ou espirituais. Com o avanço científico nos últimos séculos, principalmente no 19º, o divórcio entre a Ciência e a Religião transformou-se em beligerância. Apoiada na Razão, e superestimando os descobrimentos no campo da matéria, a Ciência passou a zombar da Religião, enquanto esta, desarvorada e ferida em seus alicerces — os dogmas sem prova —, revidava como podia, lançando anátemas às conquistas daquela, apontando-as como contrárias à Fé. Devido à posição extremada que tomaram e ao ponto de vista exclusivo que defendiam, Ciência e Religião deram à Humanidade a falsa impressão de serem irreconciliáveis e que os triunfos de uma haveriam de custar, necessàriamente, o enfraquecimento da outra. Não é assim, felizmente. O Espiritismo, embora ainda repelido e duramente atacado, tanto pela Ciência como pela Religião ditas oficiais, veio trazer, no momento oportuno, preciosa cota de conhecimentos novos, do interesse de ambas, oferecendo- lhes, com isso, o elo de ligação que lhes faltava, para que se ponham de acordo e se prestem mútua cooperação, porque, se é exato que a Religião não pode ignorar os fatos naturais comprovados pela Ciência, sem desacreditar-se, esta, igualmente, jamais chegaria a completar-se se continuasse a fazer tábua rasa do elemento espiritual. Graças ao Espiritismo, começa-se a reconhecer que o homem, criatura complexa que é, formada de corpo e alma, não sofre apenas as influências do meio físico em que vive, quais o clima, o solo, a alimentação, etc, mas tanto ou mais as influências da psicosf era terrena, ou seja, das entidades espirituais — boas ou mas — que coabitam este planeta (os chamados anjos ou demônios), as quais interferem em seu comportamento em muito maior escala do que ele queira admitir. Daí a recomendação do Cristo: “orai e vigiai para não cairdes em tentação.” Graças ainda ao Espiritismo, sabe-se, hoje, que o espírito (ou alma) não é mera “função” do sistema sensório-nervoso-cerebral, como apregoava a pseudo-ciência materialista, nem tão-pouco unta “centelha” informe, incapaz de subsistir por si mesma, como o imaginavam as religiões primevas ou primárias, mas sim um ser individualizado, revestido de uma substância quintessenciada, que, apesar de imperceptível aos nossos sentidos grosseiros, é passível de, enquanto encarnado, ser afetado pelas enfermidades ou pelos traumatismos orgânicos, mas que, por outro lado, também afeta o indumento (soma) de que se serve durante a existência humana, ocasionando-lhe, com suas emoções, distúrbios funcionais e até mesmo lesões graves, como o atesta a psiquiatria moderna ao fazer medicina psicossomática. Quanto mais o homem desenvolve suas faculdades intelectuais e aprimora suas percepções espirituais, tanto mais vai-se inteirando de que o mundo material, esfera de ação da Ciência, e a ordem moral, objeto especulativo da Religião, guardam íntimas e profundas relações entre si, concorrendo, um e
Depois de muitos séculos de desunião, ou, pior ainda, de estúpida e feroz hostilidade recíproca, eis que as Igrejas Cristãs começam a compreender a conveniência de colocarem em segunda plana as questiúnculas que as di- videm, para darem mais ênfase ao objetivo essencial que lhes é comum: a edificação das almas para o Bem, dispondo-se a envidar sérios esforços no sentido de extinguirem, em suas respectivas hostes, o malfadado sectarismo, responsável por tantos males, substituindo-o por um espírito de tolerância e de colaboração mútuas. Esse nobre movimento constitui, sem dúvida, uma excelente contribuição à causa da fraternidade universal. Não deve, entretanto, parar aí, mas sim evoluir até o reconhecimento de que as demais religiões, embora não cristãs, também são dignas de todo o respeito, pois na doutrina moral de cada uma delas existe algo de sublime, capaz de levar os seus profitentes ao conhecimento e à observância da Lei Natural estabelecida por Deus para a felicidade de todas as criaturas. Ninguém contesta ser absolutamente indispensável habituar-nos, pouco a pouco, com a intensidade da luz para que ela não nos deslumbre ou encegueça. A Verdade, do mesmo modo, para que seja útil, precisa ser revelada de conformidade com o grau de entendimento de cada um dé nós. Daí não ter sido posta, sempre, ao alcance de todos, igualmente dosada. Para os que já alcançaram apreciável desenvolvimento espiritual, muitas crenças e cerimônias religiosas vigentes aqui, ali e acolá, parecerão absurdas, ou mesmo risíveis. Todas têm, todavia, o seu valor, porqüanto satisfazem à necessidade de grande número de almas simples que a elas ainda se apegam e nelas encontram o seu caminho para. Deus. Essas almas simples não estão à margem da Lei do Progresso e, após uma série de novas existências, tempo virá em que também se libertarão de crendices e superstições para se nortearem por princípios filosóficos mais avançados. Por compreender isso foi que Paulo, em sua primeira Epístola aos Coríntios (13:11), se expressou desta forma: “Quando eu era menino, falava como menino, julgava como menino, discorria como menino; mas, depois que cheguei a ser homem feito, dei de mão às coisas que eram de menino.” Kardec, instruído pelas vozes do Alto, diz-nos que em todas as épocas e em todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem (profetas) inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da Humanidade. Destarte, “para o estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia, nenhuma tradição, nenhuma religião, que seja despicienda, pois em tudo há germes de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até agora se nos afiguravam sem razão alguma, e cuja realidade está irrecusàvelmente demonstrada”.
(Capítulo 1º, questão 619 e seguintes.)
Há uma opinião generalizada de que, sen do a Bíblia, um livro de inspiração divina, tudo o que nela se contém, “de capa. a capa”, forma um bloco indiviso, uma unidade indecomponível, um repositório de verdades eternas, e que, rejeitar-lhe uma palavra que seja, seria negar aquele seu caráter transcendente. É preciso, entretanto, dar-nos conta de que entre a época em que foi escrito o pentateuco de Moisés e aquela em que João escreveu o Apocalipse, decorreram séculos e séculos, durante os quais a Humanidade progrediu, civilizou-se e sensibilizou-se, devendo ter ocorrido, paralelamente com esse desenvolvimento, um acréscimo correspondente nos valores morais da Revelação Divina, como de fato ocorreu. Por outro lado, sendo o progresso constante e infinito, essa revelação, necessàriamente, também deve ser ininterrupta e eterna, não podendo haver cessado, por conseguinte (como alguns o supõem), com o último livro do Novo Testamento. Certo, sendo Deus a perfeição absoluta, desde a eternidade, “sempre revelou o que é perfeito — como lembra um renomado pensador contemporâneo —, mas os recipientes humanos da antigüidade receberam imperfeitamente a perfeita revelação de Deus, devido à imperfeição desses humanos recipientes, porqüanto, o quer que é recebido, é recebido segundo o modo do recipiente. Se alguém mergulhar no oceano um dedal, vai tirar, não a plenitude do oceano, mas a diminuta fração correspondente ao pequenino recipiente do dedal. Se mergulhar no mesmo oceano um recipiente de litro, vai tirar da mesma imensidade medida maior de água. O recipiente não recebe segundo a medida do objeto, mas sim segundo a medida do sujeito. Na razão direta que o sujeito recipente ampliar o seu espaço, a sua receptividade, receberá maior quantidade do objeto”. Aos homens das primeiras idades, extremamente ignorantes e incapazes de sentir a menor consideração para com os semelhantes, entre os quais o único tipo de justiça vigente era o direito do mais forte, não poderia haver outro meio de sofrear-lhes os ímpetos brutais senão fazendo-os crer em deuses terríveis e vingativos, cujo desagrado se fazia sentir através de tempestades, erupções vulcânicas, terremotos, epidemias, etc, que tanto pavor lhes causavam. O sentimentto religioso dos homens teve, pois, como ponto de partida, o temor a um poder extraterreno, infinitamente superior ao seu. E foi apoiado nisso que Moisés pôde estabelecer a concepção de Jeová, uma espécie de amigo todo-poderoso, que, postando-se àfrente dos exércitos do povo judeu, ajudava-o em suas batalhas, dirigia-lhe os destinos, assistia-o diuturnamente, mas exigia dele a mais completa fidelidade e obediência, bem assim o sacrifício de gado, aves ou cereais, conforme as posses de cada um. Era como levar os homens à aceitação do monoteísmo e encaminhá-los a um princípio de desapego dos bens materiais, que tinham em grande apreço. O Velho-Testamento oferece-nos um relato minucioso dessa etapa da evolução humana. Vê-se, por ali, que “o Deus de Abraão e de Isaac” e uma
“... Surgiu o Cristo, proclamando: “Sede perfeitos, porque perfeito é o vosso Pai celestial.” Não fora nada fácil fazer que os homens, contrastando seu orgulho odiento, limitassem seu direito de vingança e, vencendo seu forte egoísmo, se dispusessem a levar seus melhores bens ao templo, para oferecê-los em sacrifício. Neste novo passo, entretanto, a dificuldade é bem maior: O Criato pede- lhes que renunciem a qualquer espécie de desforra; que, às ofensas recebidas, retribuam com o perdão e a prece pelos ofensores; e que se sacrifiquem a si mesmos em benefício dos outros, até mesmo dos inimigos! Para conduzi-lOS à realização de tal magnanimidade, dá-lhes então uma doutrina excelsa, em que Deus já não é aquele ser facciOSO, que faz dos israelitas “a porção escolhida” dentre todos os povos (Ex, 19:5), mas sim o Pai “nosso,” isto é, de todas as nações e de todas as raças, porque para Ele “não há acepção de pessoas” (Atos, 10:34; Rom., 2:11). Ante essa estupenda revelação, desmoronam, diluem-se todas as diferenças do antigo concerto. Já não há Judeus e gentios sacerdotes e plebeu senhores e escravos Todos são iguais, porque filhos do mesmo Pai justo e. bondoso, que nos criou por Amor e quer que todos sejamos partícipes de Sua glória. São freqüentes, no Evangelho, as referênciaas do Cristo a essa irmandade universal tão em contraposição ao sectarismo estreito da legislação moisaica. Sirva-nos de exemplo apenas a seguinte: Certa ocasião, quando pregava foi interrompido por alguém que lhe disse: “Eis que estão, ali fora, tua mãe e teus irmãos, os quais desejam falar-te” Ao que ele respondeu: “Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos!” E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: “Eis aqui. minha, mãe e meus irmãos; Porque todo aquele que fizer a Vontade de meu Pai que está nos Céus, este é meu irmão, minha irmã, e mãe.” (Mat, 12: 46-50) Contrariamente ainda à expectativa dos judeus, que sonhavam com as delicias de um reino terrestre, de que teriam a hegemonia pois a isso se cingiam suas esperanças, o Crsto anuncia-lhes algo diferente — “o reino dos céus”, ou seja, uma vida de felicidade mais intensa e mais duradoura, nos planos espirituais, de cuja existência nem sequer suspeitavam! Esse reino, porém, não pode ser tomado de assalto, à força. Para merecê- lo, cada qual terá que, em contrapartida, edificar-se moralmente, o que vale dizer, pôr-se em condições de ser um de seus súditos. Então nos instrui, solícito, no maravilhoso Sermão da Montanha: Bem-aventurados os pobres de espírito —os humildes, os que têm a candura e a adorável simplicidade das crianças —, porque deles é o reino dos céus Bem-aventurados os brandos e pacíficos — os que tratam a todos com afabilidade, doçura e piedade, sem jamais usar de violência —, pois serão chamados filhos de Deus... Bem-aventurados os limpos de coração —os que, havendo vencido seus impulsos inf eriores, não se permitem qualquer ato, nem mesmo uma palavra,
ou o menor pensamento impuro, que possa ofender o próximo em sua honorabilidade —, pois eles verão a Deus. Bem-aventuradoS OS misericordiosos —os que perdoam e desculpam as ofensas recebidas e, sem guardar quaisquer ressentimentos, se mostram sempre dispostos a ajudar e a servir aqueles mesmos que os magoaram ou feriram —, pois, a seu turno, obterão misericórdia. “Não, resistais ao que Vos fizer mal; antes, se alguém te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra. Ao que quer demandar Contigo em juízo para tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa. E se qualquer te obrigar a ir Carregado mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.” Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol Sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os Publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os Vossos irmãos que fazeis nisto de especial? Não fazem também assim os gentios ?“ (Mat., capítulo 5) Ressaltando a superioridade do anunciado reino celestial sobre as Posses e os gozos materiais, acrescenta ainda: “Não queirais acumular tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam; mas formai Para Vós tesouros no céu, onde não os consome a ferrugem nem a traça, e onde os ladrões não os desenterram nem roubam.” (Mat., 6: 19-20)
ConquantO estas normas de ética datem de há quase dois milênios, “poucOS são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam”, dizem-nos os Espíritos do Senhor. (Capítulo 1, questão 627) E foi certamente prevendo isso que...
que as Escrituras não nos dão noticia, então deveriam ter ficado aptos a elucidar todos os pontos dúbios, obscuros ou omissos do Evangelho. Muito ao contrário disso, entretanto, o que se sabe é que a interpretação contraditória dos ensinos do Mestre, desde os primeiros séculos, dividiu o Cristianismo em numerosas seitas, cada uma delas se supondo proprietária exclusiva da. verdade, as quais, empenhando-se em lutas impiedosas e cruentas, im- puseram à Humanidade o sacrifício de milhões e milhões de vidas. Os cinquenta dias que decorreram da ressurreição ao Pentecostes, assim como não seriam suficientes para dar aos homens os conhecimentos que só podem ser adquiridos a longo prazo, seriam poucos, igualmente, para que houvessem esquecido as palavras do Mestre e se fizesse preciso “recordá-las”, tanto mais que, durante quarenta dias, permaneceu ele cá na Terra, manifestando-se aos discípulos, antes de ascender aos céus. Não sendo exato que o Consolador tenha sido enviado no dia de Pentecostes, conforme ficou demonstrado, é de perguntar-se: Teria ele aparecido em outra ocasião? Quando?
Se atentarmos bem para estas palavras de Jesus, ao anunciar o Consolador: “para que ele fique eternamente convosco, e estará em vós”, não há como deixar de reconhecer — di-lo Kardec — que isto não pode aplicar-se senão a uma doutrina que, quando assimilada, pode permanecer para sempre conosco, ou em nós. O Consolador, assim, personifica uma doutrina eminentemente consoladora, que, na época oportuna, viria trazer aos homens as consolações de que iriam precisar, pois não as encontrariam nas religiões materializadas erigidas à sombra da cruz. Com efeito, tais religiões, desvirtuando completamente os ensinamentos do Cristo, transformaram-nos num amontoado de dogmas esdrúxulos, incompreensíveis e falsos que, por não falarem à inteligência nem tocarem o coração dos homens, acabaram levando-os à descrença, ao materialismo e, consequentemente, ao desvario. Essa nova Doutrina só pode ser o Espiritismo, porque só ele, em seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, possui condições para realizar todas as promessas do Consolador. Ao mesmo tempo que explica e desenvolve tudo quanto Jesus ensinara por parábolas ou em linguagem velada, dá ao homem o conhecimento exato de si mesmo, “de onde vem, para onde vai e porque está na Terra”, coisas que não puderam ser reveladas antes, porque os tempos não eram chegados. Sim, “jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão completas e instrutivas como as que hoje lhe são dadas.” (Ibidem, questão
Às idéias vagas e imprecisas da vida futura, contidas no Evangelho, acrescenta agora o Espiritismo a demonstração palpável e inequívoca da existência do mundo espiritual; desvenda-nos “as leis que o regem, suas rela- ções com o mundo invisível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e, por conseguinte, o destino do homem depois da morte”, destino esse feliz ou desgraçado, não por se haver crido desta ou daquela forma, mas segundo o grau de pureza e perfeição adquirida. Com isso, aviva a crença, dá-lhes um seguro Ponto de apoio desfazendo a dúvida pungente que pairava em torno da sobrevivência. Por ele ficamos sabendo ainda, que todos os que se amam Podem reencontrar-se no Além, porqüanto não existem abismos intransponíveis a separar-nos definitivamente uns dos outros. Nem mesmo aqueles que se comprometeram seriamente com a Justiça Divina ficam esquecidos. Assim como aqui na Terra há criaturas abnegadas e generosas que se dedicam à tarefa de amparar os que se aviltaram nos chavascais do vicio e do crime, sal- vando-os da degradação, também no mundo esPiritual há seres bondosos e devotados Cuja missão é Socorrer as almas infelizes guiando-as no conhecimento de Deus. O Espiritismo veio revelar-nos, também, que não há culpas irremissíveis nem penas eternas; que o sofrimento Pode ser vencido pelo arrependimento SIncero e a devida reparação dos males cometidos por via da lei das vidas sucessivas, lei sublime esta, que esclarece, com uma lógica irretorquível, todas as aparentes anomalias da vida terrena, quais as diferenças de aptidões
Desde as mais priscas eras o homem tem observado que, a par das boas coisas que tornam a vida deleitável, outras existem ou acontecem que são o reverso da medalha, isto é, só causam aflições, dores e prejuízos. Foi, por isso, induzido a crer seja o governo do mundo partilhado por duas potestades rivais: — Deus, fonte do Bem, e Satanás, agente do Mal. Essa crença nos dois princípios antagônicos em luta pela hegemonia foi e continua sendo a base das doutrinas religiosas de todos os povos, inclusive católicos e reformistas. Entre estes, a idéia de que uns se salvam e outros se perdem para todo o sempre é geral, havendo até quem afirme que o número dos perdidos é muito maior do que a cifra dos bem-aventurados. Quer isso dizer que o Mal seria mais forte que o Bem, e que Satanás estaria conseguindo derrotar a Deus, frustrando-Lhe os desígnios de salvação universal. Em que pese à ancianidade de tais conceitos, são falsos e Insustentáveis, diríamos mesmo heréticos. Com efeito, admitir o triunfo do Maligno, a. dano da Humanidade, é o mesmo que negar ao Pai Celestial os atributos da onisciência e da onipotência sem os quais não poderia ser verdadeiramente, Deus. O Espiritismo, que é o Paracleto anunciado pelo Cristo, contrariando os ensinos da Teologia tradicional, esclarece-nos que o Bem é a única realidade eterna e absoluta em todo o universo, sendo O Mal apenas um estado transitório, tanto no Plano físico, no campo Social, como na esfera espiritual. Para, que se compreenda isto, é preciso, entretanto, considerar não as conseqüências imediatas de tudo quanto observamos, mas sim os seus efeitos mediatos futuros, porque só estes, ao longo dos anos, dos séculos ou dos milênios é que farão ressaltar nitidamente, a infalibilidade da Providência Divina frente aos destinos da, Criação. Certos fenômenos geológicos por exemplo, Podem ter sido considerados Catastróficos à época em que ocorreram; foram eles, porém, que compuseram os continentes e formaram os oceanos emprestando-lhes os aspectos maravilhosos que hoje nos extasiam, provocando-nos arroubos de admiração. Muitas guerras internacionais e outras tantas revoluções intestinas, embora se constituam, como de fato se constituem, dolorosos flagelos para as gerações que nelas são envolvidas, dão ensejo, por seu turno, à queda de tiranos e opresssores, à extinção de preconceitos e privilégios iníquos, à mudança de costumes arcaicos, ao progresso tecnológico e quejandos, resultando daí, em favor dos pósteros (que seremos nós mesmos, em novas reencarnações), a melhoria das instituições, maior liberdade de pensamento e de expressão, uma justiça mais perfeita, maior conforto nos sistemas de transportes, de comunicações, nos lares, etc. Quando não, é por meio delas que os maus se castigam reciprocamente, consoante o ensinamento: “quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Um dia, ainda que longínquo, cansadas de sofrer o choque de retorno de suas crueldades, ditadas pelo egoísmo, pelo orgulho e outros sentimentos tais, as nações aprenderão a valorizar a paz, buscando-a, então, sincera e
veementemente, através da fraternidade e do solidarismo cristão. Assim também acontece com as nossas almas. Criadas simples e ignorantes, mas dotadas de aptidões para o desenvolvimento de todas as virtudes e a aquisição de toda a sabedoria, hão mister de, vida, pós vida, neste orbe e em outros, passar por um processo de burilamento que muito as farão sofrer. É a luta pela subsistência. São as enfermidades. As insatisfações Os conflitos emocionais Os desenganos As imperfeições próprias e daqueles com os quais convivemos Enfim, as mil e uma Vicissitudes da existência. nesse autêntico entrevero usando e abusando do livre arbítrio, cada qual vai Colhendo Vitórias ou amargando derrotas, segundo o grau de experiência conquistada. Uns riem hoje, Para chorarem amanhã, e outros, que agora se exaltam serão humilhados depois. Tudo, Porém, concorre para enriquecer nossa Sensibilidade aprimorar nosso caráter, fazer que se nos desabrochem novas faculdades, o que vale dizer, se dilatem nossos gozos e aumente nossa felicidade. Bendito seja, pois, o Espiritismo pela revelação dessa verdade & luz da qual se nos patenteia, esplendorosamente, a Bondade infinita de Deus! (Capítulo 1, questão 634)
delinqüentes, pois isso equivale a aprovar o mal, solidarizando-Se com ele. Nas vezes em que desejamos fazer o mal, mas recuamos a tempo, embora oportunidade houvesse de levá-lo a cabo, demonstramos que o Bem já se está desenvolvendo em nossas almas. Se entretanto, deixamos de satisfazer àquele desejo, apenas porque nos faltasse ocasião propícia Para tal, então somos tão repreensíveis como se o houvéramos praticado.
A Doutrina Espírita nos ensina que, em sua origem, os Espíritos se assemelham a inocentes crianças, isto é, são simples, ignorantes e completamente inexperientes, carecendo adquirir, pouco a pouco, os conhecimentos que haverão de conduzi-los à plenitude da sabedoria e da bondade. (questão 634) Diz-nos, ainda, que todos possuem, latentes, as mesmas faculdades, cujo desenvolvimento mais ou menos rápido depende de seu livre arbítrio, o qual, por sua vez, vai-se ampliando e fortalecendo à medida que cada um toma. consciência de si mesmo nos embates da Vida. Nessa escalada, os Espíritos estão sujeitos a errar e permanecer estacionários por algum tempo; jamais, porém, poderão degenerar, tornando- se piores do que eram, nem. cristalizar-se definitivamente em determinado estágio evolutivo, contrapondo-se à ordem divina que os inipele para a frente e para o alto. Deus, se o quisesse, poderia tê-los criado já perfeitos e isentos de qualquer trabalho para gozarem os benefícios da perfeição. Em seus sábios desígnios, todavia, fê-los apenas perfectíveis, para que lhes pertencessem os méritos dessa glória e também porque só assim a saberiam apreciar devidamente. Perguntam alguns: