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Este documento analisa o processo de crescimento econômico, quantificando a importância relativa dos diferentes fatores que contribuem para a taxa de crescimento do produto real, identificando a contribuição da acumulação de capital físico, do crescimento da mão-de-obra, dos investimentos em educação, das mudanças na composição setorial e na distribuição sexo-idade da força de trabalho. Ao todo, cerca de 75% do crescimento do produto real é explicado pelas variações desses fatores.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
**Carlós G eraldo L a^n g o n i ****
A fim de analisar corretamente o processo de crescimento eco nômico é fundamental quantificar a importância relativa dos dife rentes fatores que contribuem para a taxa de crescimento do pro duto real. Neste trabalho, üm modelo teórico é desenvolvido e depois estimado para ó caso brasileiro, que. permite identificar a contribuição da acumulação do capital físico, do crescimento da mão-de-obra, dos investimentos em educação de mudanças na composição setorial e na distribuição sexo-idade da fòrça de tra balho. Ao todo, cerca de 75% do crescimento do produto real é totalmente explicado pelas variações desses fatores.
sões dos modelos do tipo Harrod-Dommar, em que a totalidade do crescimento era atribuída ao aapital físico, a contribuição deste fator para a taxa de cresdmento do produto real no Brasil no período 1950-69 foi apenas de 30%. Por contraste, apesar de não ter sido objeto explícito de políticas, a contribuição dos in vestimentos não convencionais, e particularmente educação — cerca de 20% — foi substancial.
Nosso objetivo é construir um modelo que permita separar e identificar a contribuição dos diferentes fatores para o crescimento do produto real, de modo a minimizar a parcela inexplicada ou o resíduo.
() Esse trabalho é um resumo dos capítulos II, III, e IV da minha tese doutorai à Universidade de Chicago “A Study in Economic Growth: the Brazilian Case”, agosto de 1970 a ser publicado brevemente pela APEC com o título “As Causas do Crescimento Econômico do Brasil” Agradecemos aos professores Arnold Harberger, Larry Sjaastad e Mary Jean Bowman da Univers'dade de Chicago, por valiosas crítiaas e sugestões. No Brasil, um agradecimento especial ao professor Og Leme que, como diretor do CENDEC, me deu o apoio financeiro para a realização da pesquisa. (*) O autor é PhD em Economia pela Universidade de Chicago e professor da Escola de Pós-Graduação para Economistas (EPGE) da FGV e do Instituto de Pesquisas Econômicas da USP
Começaremos com a identidade contábil básica entre o valor
do produto e o valor dos fatores de produção
pY = wtj Lu + Si Nu onde l * ' p = preço do produto. Y = produto real bruto (ou seja, incluindo a depreciação). wu = salário nominal correspondente a i-ésima qualidade de trabalho na j-ésima indústria. Lu = quantidade da i-ésima qualidade de trabalho na j-ésima indústria. _rji_* j = preço nominal dos serviços da 1-ésima qualidade de capital ( “user costs” ou “rental price” em inglês) na j-ésima indústria. Nij = 1 quantidade da 1-ésima qualidade de capital na j-ésima indústria A variação absoluta no produto nominal é então (desprezando os termos de interação): A (p Y ) = A(Jj £ w* i; j L ± j + £ J n p. Y + A Y .p
=?? w*.. AL.. + £? t i . AN.+? £ L.. Aw.. +
à pesquisa científica) e finalmente a contribuição do fluxo de fatores de setores de baixa para os de alta produtividade. Vamos chamar AYi a contribuição da força de trabalho nas va riações absolutas do produto real. É intuitivamente claro que pode mos dividir A Yj em vários componentes, usando sucessivamente a idéia de “ceteris paribus” O primeiro elemento seria o ganho no produto real devido ao aumento da força de trabalho, supondo que a alocação da mão-de-obra entre setores e a sua qualidade tenham per manecido as mesmas. Isto poderia ser escrito como:
A i o aumento absoluto da força de trabalho. Mas ganhos no produ to também existem porque mão-de-obra de qualidade equivalente ten de a sair de setores onde os salários são relativamente baixos para outros onde eles são relativamente maiores, e em qualquer ponto do tempo estas transferências estarão ocorrendo devido ao custo extre mamente elevado de um ajustamento instantâneo. Este segundo com ponente pode ser escrito como o ganho total devido ao aumento da força de trabalho entre sètores — mantendo constante a composição de sua qualidade, mas permitindo mudanças na alocação dos fatores — menos, o que teria sido ganho se a alocação setorial tivesse permane cido a mesma, isto é:
e L.j = 2i Ltj é o total da força de trabalho no j-ésimo setor Finalmente, temos os ganhos no produto real devido a variações na qualidade da força de trabalho (principalmente através da educação), mantendo constante a sua distribuição setorial. Por analogia isto po de ser escrito como:
Wu Lu w Ai, onde w = 2i é o salário médio e
.. A L. - J
L
L
A L
onde w.j = (^) Wjj é o salário da mão-de-obra no j-ésimo Li setor
wtj é o salário médio da f-ésima qualidade
de trabalho
Lj. = Sj Lu é o total da força de trabalho da i-ésima qua lidade
É importante perceber que estamos perdendo' nesta decomposição um termo do tipo interação que corresponde à contribuição para o produto real de variações simultâneas na qualidade e alocação seto rial da força de trabalho. Este termo permanecerá incorporado no resíduo. Podemos, portanto, escrever: j V • * • ‘ fi
5 • > multiplicando e dividindo por L 1
onde «i é a participação relativa do trabalho. Temos agora explicitamente todos os três componentes: da esquer da para a direita a contribuição do trabalho “bruto”, da realocação de fluxos de trabalho de qualidade equivalente e de variações na qualidade. Fazendo exatamente o mesmo para a contribuição do capita) obtemos:
, r 4. Este resultado é bastante semelhante ao que Marcelo Selowsky chegou trabalhando com a função de produção. Veja sua dissertação doutorai inédita, “Education and Èconomic ' G row th: $om e International Comparisons'' (Departamento de Economia, Universidade de Chicago, 1967), principalmente o Capítulo I I. A análise acima pode ser considerada como generalização de seu$ resultados já que os ganhos de realocação, e os termos de interação somen te ágdra foram considerados,' assim como a extensão da decomposição para o capital físico.
Considere agora que não existam diferenças nas remunerações de uma dada qualidade de fatores entre os diversos setores. Neste caso não seria possível obter ganhos no produto real por uma simples realocação. Isto é demonstrado no Apêndix Matemático, onde os termos de interação são também derivados. Além do mais, em geral no trabalho empírico não é possível isolar a componente qualidade do estoque de capital
( a = S r fc. ) K *% - z r - ** a * 7 ' r e o máximo que se pode conseguir é incorporá-la dentro da medida ; A K do valor do capital, isto é, no térmo ak ------- — usando um índice K de preço apropriado quando do deflacionamento5 Neste trabalho, mu danças na qualidade do capital só serão consideradas na medida em que elas forem captadas pelo deflator. Portanto, eliminando o termo referente à contribuição de variações na qualidade do capital e res- A K I crevendo ------ como r. ------ onde I é o investimento líquido K Y obtemos:
w AY AL r
onde it
a? A b. + u 1 — 1. W (sem barra) é agorâ a média simples da taxa de retomo ao capital físico no j-ésimo
Kj. e r = ------ rj é a média ponderada das taxas de retõmo K setoriais onde os pesos são agora a parti cipação relativa de cada setor no estoque de capital total.
Finalmente, a contribuição da realocação do capital pode ainda ser escrita como:
a E —Í Aa - r — ^ ^ A a. = (*§—) ^ r. A a..
Substituindo acima obtemos a expressão na forma que iremos utilizar em nosso trabalho empírico, (vii)
Y := L L~ + r - Y- + a T. -5 A b ,-
Para estimar a equação (vii) foi preciso gerar uma série de da dos intermediários. Em primeiro lugar, construímos a distribuição funcional da renda a partir dos dados das Contas Nacionais. Esses resultados nos dão diretamente os pesos que serão utilizados na me dida da contribuição dos diferentes fatores ao crescimento e, indire tamente, nos permitem chegar à renda real total atribuída ao capital. As estimativas das participações relativas do trabalho, do capi tal e da terra na renda interna bruta, aparecem resumidas na coluna 1 da Tabela 1. Elas indicam claramente uma tendência para a redução na participação relativa do capital e da terra — que passam de 47% e 2,6%, respectivamente, em 1947/49 para 43% e 1,6% em 1967/69 e um aumento na participação do trabalho, (de 50% para 55%) Em seguida, combinando a série do fluxo de renda atribuída ao capital com uma estimativa do estoque de capital físico (ambos em termos reais), foi possível calcular a taxa agregada de retomo aos investimentos em capital físico que também aparece na Tabela 1. O estoque real de capital foi obtido utilizando o método do “inventário perpétuo” Em outras palavras, para cada ano adicionamos às estimativas iniciais do estoque de capital, os nossos dados de investi mento líquido deflacionado, calculando separadamente o estoque de ca-
w.
de Y, o que nos permitirá, mais tarde, testar a sensibilidade do esto que de capital ou das taxas de retorno com respeito a variações nes ses parâmetros.
Na coluna 2 da Tabela 1 a primeira série “r”, corresponde à taxa de retorno antes dos impostos diretos, sem porém incluir a parcela dos tri butos indiretos que recaem sobre o capital. Esse é o valor relevan te para comparação com as taxas de rentabilidade de outras formas alternativas de investimento, tais como, os investimentos em educa ção. Sua média po período foi de 14,2%6- Já as estimativas “r’ ” e “r” estão bem mais próximas do conceito de taxa social — a não ser pela existência de externalidades ou possíveis divergências entre o sa lário e o custo de oportunidade da mão-de-obra — uma vez que o fluxo de renda foi ajustado pela parcela dos impostos indiretos que recaem sobre o capital. A série “r’ ” corresponde à taxa líquida de retorno (isto é, excluindo a depreciação) e é a medida relevante para o custo social de oportunidade do capital na economia brasileira. O seu valor médio é de 17,6%. Já a série “r” — cuja média é de 20% — corresponde à estimativa bruta da taxa de retorno que será uti lizada no cálculo da contribuição do capital físico para a taxa de crescimento do produto7.
Finalmente, a fim de estimar a contribuição do capital, necessi tamos apenas da relação entre o investimento líquido e o produto total, que é derivada na coluna 3 da Tabela 1. A relação média no Brasil nos últimos 23 anos foi de aproximadamente 9 por cento. Se observarmos os períodos relevantes para a nossa análise de crescimento, não encon traremos diferença significativa, ou seja, no período 1950/60 â rela ção foi de 8,5 por cento e entre 1960 e 1969, tivemos 8,9 por cento. A partir da relação investimento líquido — produto computado na Tabela 3 e das estimativas da taxa de retorno social bruto do ca pital físico, “r*”, podemos agora estimar a contribuição do ca pital (sem qualquer ajustamento para possíveis variações na sua qua lidade), para o crescimento passado do Brasil, utilizando a equação (v ii). ;
mada, “rb” ) usando o limite superior de a k,a — cerca de 48%. O valor médio de “ rb,” é de 22%. O objetivo do cálculo desta série é poder testar a sensibilidade das estimativas da contribuição do capital físico para variações em alguns pa râmetros críticos.
Uma análise desses resultados chama a atenção para algu mas características interessantes da força de trabalho brasileira
A idade média, por exemplo, aumentou de 1940 para 1969, mas apesar disto, 57 por cento dos trabalhadores ainda tinham me nos de 34 anos de idade, em 1969 (tabela 2) A participação das mulheres na força de trabalho cresceu de 15 por cento em 1940 para 25 por cento em 1969, sendo os ganhos mais importantes nos últimos dez anos (tabela 3 ). Se olharmos para a composição seto rial da força de trabalho, veremos que, a despeito do lento processo da modernização da agricultura brasileira, a emigração dos homens do campo foi suficientemente grande para reduzir a parcela da agri cultura no total, de 64 por cento em 1940, para 43 por cento em 1969 A tabela 4 mostra também que os trabalhadores que se trans feriram foram, na sua maior parte, absorvidos pelo setor Serviços, principalmente pelo subsetor Governo, enquanto que o secundário apresentou uma taxa de crescimento bastante pequena. Em particular, é interessante observar a lenta mudança do setor secundário durante o período 1950-60, quando as políticas de proteção à industrializa ção foram intensamente empregadas. Finalmente, a tabela 5 mos tra as modificações estruturais que vêm ocorrendo na qualidade da força de trabalho. Em ambos os extremos do “spectrum”, ocorre ram melhorias substanciais no nível de educação: a taxa de analfabe tos caiu de 53 por cento em 1940 para 28 por cento em 1969, en quanto que a participação relativa das pessoas com nível de educação universitária cresceu de 0,03 por cento para 1,45 por cento, no mes mo período. As implicações econômicas dessas variações ficarão claras quando compararmos os dados de salário relativos com a taxa de retorno da educação; neste ponto, estamos interessados apenas em dar uma visão global da composição da força de trabalho no Brasil.
Os dados de renda disponíveis por educação, idade, sexo e se tor referem-se a 1960 (amostra de 1,27% do Censo Demográfico) e a 1969 (Pesquisa Nacional de Domicílios do IBGE)10 As estatísti cas sobre salários dizem respeito apenas a 1969 daí termos utiliza do os dados da renda, a fim de tomar comparável a análise dos fato res determinantes de crescimento nos dois períodos considerados.
— 15 —
Grupos de
Idade 1940
Anos
10 a 14 [ 0, 0,2374 ^ 0,2048^ / 15 a 19 0,2695 0,1641 (^1) 20 a 24 [0, 0,2907 J 25 a 29 0,2713 (^) [0, 0,
r . 30 a 34 0, 35 a 39 0,1899 (^) 0, 0,1812 r 40 â 44 0, 45 a 49 0,1364 (^) 0, 0,
1
50 a 54 0, r 55 a 59 0,0792 (^) 0, 0,
60 a 64 0, 65 a 69 0,0375 (^) 0, J
70 a 79 0,0119 (^) [ 0, 0,0120 «j
s
80/e mais 0,0031 (^) [0,
a = refere-se ao grupo de idade de 14 a 19. b = refere-se ao grupo de 70 e mais c •= refere-se ao girupo de 64 e mais
0,2052a 0,
Fontes: Censos Demográficos de 1940, 1950 e 1960 IBGE 1969 Pesquisa Nacional de Domicílios
— 18 —
Anos Sexo 1940a 1950a 1960a 1969b Masculino 0,8547 0,8562 0,8223 0, Feminino 0,1462 0,1470 0,1777 0, a = Fonte: Censo Demográfico (IB G E ) b = Fonte: Pesquisa Nacional de Domicílios, IBG E.
Anos Setores 1940a 1950a 1960a 1969b Primário 0,6423 0,6010 0,4656 0, Secundário 0,1015 0,1375 0,1524 0, Terciário 0,2571 0,2647 0,3820 0, a = Censo Demográfico (IBGE) a = Pesquisa Nacional de Domicílios, IBG E.
N ível de Anos Educação 1940 1950 1960 1969 Analfabetos 0,5330^ 0,4832^ 0,4146^ 0, Primário Incompleto 0-3 anos 0,3693 0,2766 0,3079 0, Completo 4 anos 0,0568 0,1625 0,1967 0, Ginásio
Incompleto 5-8 anos 0,0266 0,0185 0, Completo 9 anos 0,0213 0,0267 0, Colegial Incompleto 10-11 anos (^) 0,0168a 0,0315a 0,0032 0, Completo 12 anos (^) 0,0158b 0,0344b 0,0199 0, Universitário (^) 0, Incompleto 13-16 anos 0,0013 (^) 0,0033 0,0015 0, Completo 17 anos (^) 0,0003 (^) 0,0085 0,0110 0, a = refere-se a secundário incompleto b r= refere-se a secundário Fontes: 1940, 1950 e 1960 Censos do IBGE 1969: Pesquisa Nacional de Domicílios, IBG E.
Combinando os dados de renda com a distribuição da força de trabalho, conseguimos estimar a contribuição do trabalho (desagrega da pelas diferentes categorias) para a taxa de crescimento observada
do Produto Interno Bruto.
No Apêndix, mostramos que a contribuição do trabalho para a
taxa de crescimento ----- — poderia ser dividida entre a bohtribuição yL do crescimento da força de trabalho, mais a contribuição da variação na composição da força (por exemplo, por educação, realocação, etc.), e um termo interação:
( AX) ~ a A J d + a y L ” L L L
— 19 —
r L — w i. A b. 1. + r w. ]. _i s 2U- (^) ■■ A b ..3 + fí* 13 ----U1 ------- (^) J* (^3) — (^) — i
W W V/
Na aplicação prática desta relação deixaremos de lado o termo interação (devido à falta de dados estatísticos), mas incluiremos a contribuição de variações nas distribuições por idade e por sexo, e derivaremos, separadamente, a componente “manutenção” da con tribuição da educação12 A primeira modificação é uma extensão di reta do nosso modelo; a segunda exigirá o cálculo adicional da parti cipação relativa dos “inputs” educacionais (ae) Esta última pode ser derivada, admitindo-se que a produtividade marginal da “força bruta” seja igual ao salário dos analfabetos. Em outras palavras,
(w - w ) T a ------------ — • ** = 0 y
d - 7 * -) = <1 - - = - ) “ w y w L
Primário Secundário Serviços
Fonte: da Amostra do 1,27 por cento do Censo de 1960 ( I B G E ).
A Tabela 10 resume os resultados. O fator trabalho, sozinho, explicou 42 por cento do crescimento verificado no período 1950-60,
contra 38 por cento entre 1960 e 1969. Entre todas as suas dimen sões as variações no nível médio de qualidade, quando medidas por um índice de educação, foi a que apresentou a maior taxa de cres cimento anual: aproximadamente 1,0 por cento no primeiro período e 0,8 por cento no segundo. A participação da educação no cresci mento do produto, foi em média de 20%, entre 1950 e 1969. A maior parte da contribuição corresponde à educação necessária para simplesmente sustentar o nível já atingido em 1950 (ou seja, a “ma nutenção”) A participação dessa componente foi de 12% para todo o período, ao passo que a contribuição do aumento líquido de educa ção foi de 8 por cento13 Além disto é interessante observar que, a despeito de no segundo período as mudanças na composição educa cional da força de trabalho terem sido muito mais importantes do que no primeiro, a contribuição para a taxa de crescimento foi me nor devido à queda nas rendas relativas daquelas categorias onde as variações foram significantes (ver tabela 9) De fato, calculamos, a título de exercício, a taxa de crescimento dos “inputs” educacionais para o período 1960-69, mantendo as rendas relativas constantes do nível de 1960; o resultado foi um aumento de 0,8 por cento para 1,4 por cento. Da mesma forma, a contribuição líquida dos “inputs” educacionais passou de 8 por cento da taxa de crescimento, para 14%. A lição importante deste resultado, é que um aumento no nú mero de pessoas educadas pode ser largamente contrabalançado por um declínio nas respectivas produtividades, refletido pelos salários de mercado, de modo que o impacto final em termos de crescimento econômico é relativamente pequeno.
Os fluxos intersetoriais do fator trabalho confirmam que o primeiro período foi o mais dinâmico do nosso processo de crescimento. Em 1950-60, a realocaçao da mão-de-obra dos setores de baixa para os de alta produtividade contribuiu quase tanto quanto educação, ou seja, aproximadamente 8 por cento da taxa de crescimento do produto. Como já dissemos, anteriormente, a causa principal foi o fluxo de mão-de-obra que, saindo da agricultu ra, foi absorvido pelos outros setores. Já no segundo período, este
N ível de Educação 1960a 1969b Analfabetos 0,5529 0, Primário Incompleto (0-3 anos) 0,8413 0, Completo (4 anos) 1,3349 0, Ginásio Incompleto (5-8 anos) (^) 1,6519 1, Completo (9 anos) 2,5043 1, Colegial Incompleto (Í0-11 anos) (^) 1,9714 1, Completo (12 anos) (^) 2,6896 1, Universitário Incompleto (13-16 anos) (^) 3,1113 2, Completo <17 anos) 4,8025-.----f.,-. 4,
a = da amostra de 1,25 por cento do Censo de 1960 (IBGE), b = média dos três primeiros semestres de 1969, da Amostra Domiciliar do IBG E.
mesmo fluxo diminuiu consideravelmente, a ponto de deixar pratica mente constante a participação relativa do setor Serviços. Isto fez com que a contribuição da realocação do fator trabalho à taxa de crescimento, caísse para apenas 2%.
O comportamento dos salários relativos através do tempo suge re, entre outras coisas, que a elasticidade substituição entre diferentes categorias de trabalho, classificadas por educação, é certamente finita, embora provavelmente maior do que a unidade. Isto contrasta com o que se verifica nos Estados Unidos, onde se observa uma grande es-