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Uma pesquisa sobre as contribuições dos estudos de jean piaget para a prática docente na inclusão de crianças com deficiência intelectual na educação matemática. O autor busca resgatar os conceitos da epistemologia genética de piaget, reafirmar o direito de atendimento na rede regular de ensino para crianças com deficiência, e apresentar os instrumentos piagetianos, sua forma de aplicação e interpretação dos resultados. Palavras-chave: educação matemática, educação inclusiva, matemática inclusiva, diagnóstico, deficiência intellectual.
Tipologia: Provas
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As contribuições dos instrumentos piagetianos no diagnóstico e intervenção no ensino da Matemática em crianças com deficiência intelectual Barbara Cristina Mathias dos Santos^1
Resumo
Tendo em vista a grande dificuldade relatada nos discursos docentes em receber e incluir um aluno com deficiência, principalmente a intelectual, esta pesquisa surge com o objetivo principal de apontar as possíveis contribuições que os instrumentos piagetianos podem oferecer na prática diagnóstica desse público em particular. Para isso, sugere uma reflexão acerca da inclusão numa perspectiva pedagógica. Buscou-se resgatar os conceitos da Epistemologia Genética de Jean Piaget; reafirmar o direito de atendimento na rede regular de ensino a crianças com deficiência; e apresentar os instrumentos, sua forma de aplicação e a interpretação dos resultados.
Palavras-chave : Educação Matemática; Educação Inclusiva; Matemática Inclusiva; Diagnóstico; Deficiência Intelectual.
A Inclusão, hoje no Brasil, está acompanhada de muitas inquietações no que tange às práticas pedagógicas bem como a interação social. Esta última quase sempre nem representa a incógnita da problemática em questão, uma vez que já se percebe, por meio das mídias a da pressão social, em relação às diferenças e à acessibilidade. Nesse sentido, a prática pedagógica é que está sempre presente nos grupos de estudos e em qualquer ambiente de discussão docente. As dificuldades em entender as necessidades individuais do sujeito representam o grande desafio na atualidade dentro de uma instituição educacional. Argumentos que se fazem presentes são do tipo: “não me sinto preparado”, “não tive essa formação”, “não sei como ensinar”. Para apoiar a esses entraves, ou os “nãos”, propõe-se, neste artigo, as contribuições que os estudos de Jean Piaget podem oferecer à prática docente ,no desafio da inclusão em Matemática, cumprindo a Constituição Federal de 1988 que, em seu artigo Art. 205 trata do
(^1) UNIGRANRIO, email: barbara-cms@hotmail.com, Orientadora: Profª Drª Chang Kuo Rodrigues
direito, permanência e atendimento especializado, afirmando categoricamente que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Já no caso do art. 206, “O ensino será ministrado com base no seguinte princípio: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e, por fim, no Art. 208: “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores (sic) de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.” (BRASIL, 1988) Vale dizer que o termo “portadores” foi devidamente substituído por “pessoas com deficiência”, de acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Resolução nº 1, de 15 de outubro de 2010. A Matemática, popularmente, é vista como uma disciplina para poucos, somente os “inteligentes” conseguem entendê-la, sendo assim, não se incentiva a reflexão; tende-se a encaminhar os conceitos de forma mecânica, repetitiva e com somente uma resposta correta, ou seja, um único meio de se chegar ao resultado. Na ânsia de se concluir os conteúdos destinados ao ensino da Matemática em um ano letivo, o professor deixa de aproveitar o momento da aula para incentivar a reflexão dos alunos acerca da resolução de um problema. É de extrema importância que se dê tempo para que o aluno desenvolva suas estratégias de resoluções e, mais importante ainda, seria o momento em que esse aluno compartilha com o seu grupo, a sua reflexão, o caminho que desenvolveu para concluir aquele raciocínio. Nesse sentido, recorremos aos estudos de Jean Piaget. Suíço, nascido em 1896, Piaget sempre demonstrou interesse pela observação do desenvolvimento humano, através da observação da natureza humana. Caminhou pela Biologia e Filosofia, perpassando pela Psicologia da Inteligência. Sua principal atuação debruçou-se na observação do raciocínio infantil. Piaget (1978b) elaborou um método próprio de pesquisa, conhecido como método clínico, e iniciou sistematicamente suas investigações sobre a construção da inteligência e o desenvolvimento infantil. De acordo com Moro (2002, p. 117) a teoria piagetiana preocupa-se em compreender a gênese (origem) e a evolução do conhecimento humano, procurando identificar os mecanismos utilizados pela criança para conhecer o mundo. Piaget (1978b) afirma que há uma diferença qualitativa entre a lógica infantil (mais simples) e a lógica do adulto (mais complexa), pois os processos de construção da cognição humana se tornam complexos com o passar do tempo. Em sua Teoria Epistemológica Genética, Piaget (1978b) explica que o desenvolvimento da inteligência na criança é resultado de sua ação com o meio, a partir dessas
Segundo Mendes (2010), a Educação Especial brasileira, recebe, na década de noventa, especial atenção no que tange à inserção da rede regular de ensino; o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 1990, privilegia o direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito; e também o respeito aos educadores e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular; enquanto que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) dedica à modalidade de Educação Especial um capítulo à parte, descrevendo o papel da educação especial, reafirmando a importância da Educação Inclusiva e propondo que serviços de especializados. Um dos temas que esta Lei não privilegia é a diretriz avaliativa para esse grupo em especial, citando a avaliação como instrumento em que os aspectos qualitativos devem prevalecer aos quantitativos. Com base nessas perspectivas, apresentamos, mais adiante, os instrumentos piagetianos que servem de instrumento avaliativo, possibilitando ao docente a checagem do nível cognitivo, independente da idade cronológica que esses sujeitos se encontram para, a partir do conhecimento prévio, desenhar melhor suas ações.
“Na busca de sintetizar a contribuição de Piaget, utilizaremos os apontamentos de Chiarottino (1984; 1988) em “Em Busca do Sentido da Obra de Jean Piaget” e " Psicologia e Epistemologia Genética de Jean Piaget” em que as inquietações iniciais de Piaget são apontadas para o sentido de como seria possível alcançar o conhecimento, que na opinião do autor, tem um sentido claro: o fato de o sujeito organizar, estruturar e explicar o mundo onde está inserido. Neste sentido, Chiarottino (1988, p.3) esclarece que: “ Conhecer não é somente explicar; e não é somente viver: conhecer é algo que se dá a partir da vivência (ou seja, da ação sobre o objeto do conhecimento) para que este objeto seja imerso em um sistema de relações .” Em sua obra, Piaget propõe, então, uma teoria do conhecimento, em que busca de fundamentá-las por meio de critérios especificamente definidos, cujo objetivo, segundo o autor: [...] levar a psicologia a sério e fornecer verificações em todas as questões de fato que cada epistemologia suscita necessariamente; mas substituindo a psicologia especulativa ou implícita, com a qual em geral se contentam, por meio de análises controláveis. (PIAGET, 1973, p. 13) As observações realizadas por Piaget, durante anos, ocorreram com sujeitos, da infância até a adolescência, seguiu com o uso de métodos específicos desenvolvidos pelo
próprio autor. A epistemologia de Piaget, na sua própria definição, destaca que não se trata de uma visão positivista e sim naturalista, diante das relações do sujeito com o objeto, na medida em que esse objeto, durante a observação, passa a ter significados diferentes, de acordo com o desenvolvimento do sujeito. Nessa perspectiva, podemos considerar que Piaget apresenta o sujeito em um dinamismo cognitivo em constante aquisição e transformação das estruturas mentais, para isso, ele apresenta dois conceitos, a saber: assimilação e acomodação. A assimilação, conforme Piaget (1966), seria a absorção de novos conceitos oferecidos pelo meio aos mecanismos já construídos pelo sujeito, ao passo que acomodação, por sua vez, representa as alterações que o sujeito faz intrinsecamente nos esquemas mentais após uma nova informação, ou seja, um processamento que se comprova por meio de mudança da prática. Logo, podemos aqui fazer inferências aos estudos que afirmam a necessidade de se partir do conhecimento que a criança tem construído, neste sentido, verificamos a importância do diagnóstico inicial, na tentativa de verificar os conceitos já adquiridos pelo sujeito, de maneira a determinar um ponto de partida. Geralmente, na escola, parte-se do princípio de que o grupo é homogêneo e que, portanto, o conhecimento de todos os conceitos ensinados na série anterior, sem um diagnóstico apropriado da situação real, pode incorrer no comprometimento da aprendizagem de conhecimentos advindos do ponto de partida.
Os Instrumentos Piagetianos como Instrumento de Diagnóstico
Os instrumentos piagetianos são assim conhecidos por se tratarem de atividades desenvolvidas baseados no estudo de Jean Piaget sobre o desenvolvimento humano. Sua aplicação nos permite investigar o nível de desenvolvimento cognitivo em que a criança se encontra e qual seu descompasso cognitivo em relação à idade cronológica. Conforme Visca (1995, p. 11): “A aplicação das provas operatórias tem como objetivo determinar o nível de pensamento do sujeito realizando uma análise quantitativa, e reconhecer as diferenças funcionais realizando um estudo predominantemente qualitativo.” Entende-se que uma criança com deficiência intelectual poderá ter uma idade cognitiva diferente da idade cronológica. Essa criança, então, oferece uma dificuldade de aprendizagem matemática e, em se tratando da inclusão, percebe-se que, na maioria dos discursos dos professores, a falta de preparo para lidar nessas situações é recorrente. Diante disso, , ao se
d) Realizar sempre o retorno empírico antes da próxima modificação e) Fazer as contra argumentações f) Fazer contra argumentações com terceiros g) Proposta de verificação empírica
As aplicações de cada instrumento e as argumentações (SAMPAIO, 2009) encontram- se, na íntegra, na dissertação que está sendo desenvolvido. De acordo com Sampaio (2009), os resultados são melhores analisados se divididos em três níveis: Nível 1 : não há conservação, o sujeito não atinge o nível operatório nesse domínio; Nível 2 : as respostas apresentam oscilações, instabilidade ou são incompletas Nível 3 : as respostas apontam para a aquisição da noção, conceito. Cabe destacar ainda sobre os instrumentos piagetianos, que sua aplicação observará a faixa etária dos sujeitos com base nos estudos desse teórico. Seis anos: seriação; conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos. Sete anos: seriação; conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos; conservação de matéria; conservação de superfície; conservação de líquido; mudança de critério, inclusão de classes, espaço unidimensional. Oito a nove anos : conservação de peso; conservação de comprimento; conservação de superfície; conservação de líquido; mudança de critério, qualificação da inclusão de classes, interseção de classes, espaço bidimensional. Dez a onze anos : conservação de volume, peso, interseção. Durante o processo de atuação, o pesquisador utilizará de ferramentas de registro: gravações, imagens, relatórios, diário de campo e outros instrumentos de registro. Os instrumentos de Piaget avaliam a maturação do individuo em relação a conceitos matemáticos como, por exemplo: conservação da matéria, conservação de volume e conservação do peso.
A Educação Inclusiva ganha, na atualidade, amparo legal para a sua prática. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), além de outras Leis específicas, concede à Educação Especial um capítulo à parte, determinando, com base legal, a função desta modalidade da educação no Brasil.
A LDB, em seu artigo 58, concede ao educando o direito de acesso ao ensino, preferencialmente na rede regular: “Art. 58º. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.” (BRASIL, 1996). Na mesma lei, artigo 59, dispõe sobre as garantias didáticas diferenciadas, como currículos, métodos, técnicas e recursos educativos. (Ibidem) Apesar de todas as garantias em Lei, a Educação Inclusiva esbarra em entraves acerca da metodologia, currículo e avaliação desse grupo de sujeitos. A queixa principal no discurso docente é a falta de preparo para o atendimento especializado. Nessa perspectiva, esta pesquisa surge como forma de buscar nos estudos de Jean Piaget, um possível instrumento de diagnóstico e intervenção no ensino da matemática em crianças com deficiência intelectual, incrementando, assim, a prática inclusiva na rotina pedagógica do professor.
ALVARENGA, A.M. AND TELMO, B.B. Alunos Especiais na Contemporaneidade: Aprendizagens no Ensino da Matemática. Disponível em: http://w3.ufsm.br/ceem/eiemat/Anais_ed_3/arquivos/PO/PO_Alvarenga_Andre.pdf Acesso em: 07 JUN 2015 MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar : o que é? por quê? como fazer?. São Paulo: Moderna, 2003. MENDES, E.G. Breve histórico da Educação Especial no Brasil. Revista Educación y Pedagogia , v. 22, n. 57, p. 93-109, 2010. Disponível em: http://aprendeenlinea.udea.edu.co/revistas/index.php/revistaeyp/article/viewFile/9842/9041 Acesso em: 07 JUN 2015 MORO, C.S. Infância e Educação Infantil Pública : concepções maternas. Dissertação de Mestrado, Curitiba: UFPR, 2002. PIAGET, J. A Epistemologia Genética. RJ: Vozes, 1973. _____. O Nascimento da Inteligência na Criança. RJ: Zahar, 1978a. _____. Psicologia e Epistemologia : por uma teoria do conhecimento. Forense Universitária, 1978b. SAMPAIO, S. Manual prático o diagnóstico psicopegagógico clínico. Rio de Janeiro: WAK Ed. , 2009a