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A Criação de Sherlock Holmes: Realismo e Lógica em Ação, Resumos de Lógica

A história da criação do personagem sherlock holmes por sir arthur conan doyle, mostrando como ele foi influenciado pelo realismo e como essas ideias contribuíram para a confecção de um estudo em vermelho, o primeiro romance que apresentou a personagem ao público. O texto aborda a vida de conan doyle, suas inspirações e o sucesso que o personagem alcançou, além de destacar as características realistas presentes nas histórias de sherlock holmes.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Barros32
Barros32 🇧🇷

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAAT
LETRAS
JONATAS DE CAMPOS SILVA
AS CARACTERÍSTICAS REALISTAS EM: UM ESTUDO EM
VERMELHO DE SIR ARTHUR CONAN DOYLE
ATIBAIA
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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAAT

LETRAS

JONATAS DE CAMPOS SILVA

AS CARACTERÍSTICAS REALISTAS EM: UM ESTUDO EM

VERMELHO DE SIR ARTHUR CONAN DOYLE

ATIBAIA

CENTRO UNIVERSÍTARIO UNIFAAT

LETRAS

JONATAS DE CAMPOS SILVA

AS CARACTERÍSTICAS REALISTAS EM: UM ESTUDO EM

VERMELHO DE SIR ARTHUR CONAN DOYLE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Licenciado em Letras pelo Centro Universitário UNIFAAT, sob orientação da Pofa. Dra. Beatriz Teixeira Fiquer.

ATIBAIA

Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoia; a todos que me auxiliaram para tornar possível a conclusão desta monografia e estiveram comigo nessa trajetória de três anos de Ensino Superior e, sobretudo, a Deus, “Porque dele, e por ele e para ele são todas as coisas” (Romanos 11:36).

Agradeço, primeiramente, a minha família, pois sem o apoio deles jamais teria chegado onde estou, e, é claro, agradeço a minha orientadora Pofa. Dra. Beatriz Teixeira Fiquer pelo bom humor e paciência com seus orientandos e porque sem sua orientação, não seria capaz de concluir este trabalho.

RESUMO

Esta monografia tem por objetivo fazer uma análise das características do período literário compreendido por Realismo presentes no primeiro romance do escritor britânico Arthur Conan Doyle, Um estudo em vermelho , mostrando que os traços realistas presentes na obra são primordiais na composição da narrativa e para compreensão desta. Para tanto, tomou-se por base, primeiramente, o que é o Realismo – como surgiu e suas características – e o contexto em que se desenvolveram as produções sherlockianas. Outrossim, objetiva-se mostrar que, ao Doyle confeccionar a personagem Sherlock Holmes, ele teve êxito ao criar um ser movido pela lógica e pela razão, capaz de um raciocínio dedutivo calcado em métodos científicos. Assim, este trabalho partirá da fundamentação teórica sobre o Realismo e suas características - utilizando as ideias de Massaud Moisés (2001) e de Antônio Cândido e José Castelo (2001) - , do momento em que viveu Conan Doyle e de como foi a trajetória de vida do autor, para mostrar que ele bebe da fonte do Realismo para criar as histórias do detetive da Rua Baker, tomando por objeto de estudo o romance que apresentou a personagem Sherlock Holmes e o médico John H. Watson ao público. Palavras-chave: Arthur Conan Doyle. Realismo. Sherlock Holmes. Um estudo em vermelho.

SUMÁRIO

  • INTRODUÇÃO.............................................................................................................
  • CAPÍTULO 1: O Realismo............................................................................................
  • CAPÍTULO 2: O contexto histórico das publicações sherlockianas...........................
    • 2.1 Conan Doyle ...............................................................................................
    • 2.2 As obras sherlockianas de Conan Doyle.....................................................
    • 2.3 Sobre a obra Um estudo em vermelho........................................................
      • 2.3.1 Resumo da obra...................................................................................
  • CAPÍTULO 3: O Realismo em Um estudo em vermelho............................................
  • CONCLUSÃO.............................................................................................................
  • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................
  • WEBGRAFIA..............................................................................................................

CAPÍTULO 1: O Realismo

De acordo com Moisés (2001), o Realismo tem seu marco oficial no ano de 1857, na França, com Madame Bovary de Gustave Flaubert, todavia Gustave Coubert, pintor que chocou o mudo com suas pinturas, por serem consideradas muito realistas, já havia anunciado o fim do Romantismo com a exposição de suas obras, sobretudo com Enterro em Ornans em que ele proferiu: “o núcleo do Realismo é a negação do ideal. O Enterro em Ornans foi o enterro do Romantismo” (COUBERT apud MOISÉS, 2001, p. 12). Isso posto, ainda segundo Moisés (2001), em meados do século XIX concomitantemente com a Segunda Revolução Industrial, o Realismo surge em um período de grande efervescência cultural, como contraponto ao período literário anterior, o Romantismo. Assim sendo, em um clima com muitas produções românticas, surgem aqueles que se opõem ao que está em voga na época e buscam denunciar a realidade, abandonando o princípio de arte sem compromisso e sem crítica social dos românticos, a arte pela arte. Mediante Coubert, os realistas buscam: “traduzir os costumes, as ideias, o aspecto de [sua] época [sua] apreciação, em suma fazer arte viva” (COUBERT apud MOISÉS, 2001, p. 12). Dessa forma, os realistas, impulsionados pelos avanços científicos e filosóficos que eclodiram nesse século, buscavam retratar a realidade como ela é. Para tanto, se apoiaram nas ideias de Kal Marx em O Manifesto Comunista (1848) , que é uma detalhada análise da burguesia e do capitalismo; Ernest Renan, que enfatiza o valor da ciência em O Futuro da Ciência (1890) e nas ideias do pai da sociologia, Augusto Comte, com o positivismo. Assim, buscava-se a objetividade Interessavam-lhes os fatos concretos “positivos”, suscetíveis de análise e experimentação, de forma que, com base no bom senso, se procurasse saber, não o “porquê”, ou o “quê”, ou “para que”, mas o “como” dos fenômenos reais. (MOISÉS, 2001, p. 14) Logo, consoante Moisés (2001), um excessivo valor à Ciência é a primeira coisa que se pode perceber no quadro cultural em que se desenrola o surgimento do Realismo. Os realistas voltavam-se paras as questões sociais, valorizam a razão, o objetivo; aquilo que é contemporâneo, atual; a impessoalidade, retratar como é, sem o filtro do subjetivo; buscam a clareza, o concreto, o que pode ser comprovado.

Nessa nova corrente, não há lugar para a imaginação, não há espaço para o “eu”. Moisés (2001) afirma que o realista abandona as concepções teológicas e metafísicas, a realidade é concreta, ele vê o mundo sobre o prisma da ciência, os fatos são observáveis, documentáveis, analisáveis e experimentáveis, ele não vive em um mundo ilusório, como os românticos. Por mais que haja sentimentos, não há o sentimentalismo. Os realistas repudiavam a monarquia, o clero e a burguesia, eles ansiavam pela mudança na sociedade, defendiam ideias republicanas e em muitas ocasiões as socialistas. Eles se apoiavam e defendiam a ideia do Determinismo de Hippolyte Taine: o homem é determinado pela herança, ambiente e momento, o homem é determinado pelo meio em que vive, o homem age da forma que está determinado a agir. Assim sendo, a obra realista surge com intuito de denunciar a realidade e difundir esses ideais cientificistas é "arma de combate, voltada para a transformação do corpo social, tendo em vista um limite de perfeição calcado nas conquistas da ciência” (MOISÉS, 2001, p. 16) Os poetas tinham o intuito de produzir uma poesia revolucionária polêmica que denunciasse os males da sociedade. O romancista, consoante Moisés (2001, p. 16): se valeria da narrativa para demonstrar que a situação dramática, protagonizada por figurantes submissos aos fatores hereditários, ambientais e de momento, fatalmente deveria resolver-se de acordo com as forças em presença. O romance deixava de ser fabulação de ordem sentimental para ser experimental. Portanto, o realista observa e acusa a realidade. Ao apontar os problemas da sociedade, ele revela o mal que espera ser curado. Para tanto, toma-se por base o método científico e experimental para ser o mais preciso possível, consequentemente, as produções realistas são objetivas e descritivas. Outrossim, Moisés (2001) afirma ainda que o Realismo é, antes de tudo, uma oposição ao Romantismo, logo, com o surgimento dessa nova corrente, o Romantismo perde força e vai dando espaço àquele que surge para criticá-lo. Não obstante, não é por que o Realismo ganha posição que o Romantismo morre, ainda há produções românticas. Essas produções continuam, todavia, com o tempo perdem credibilidade ante a face dos realistas que objetivam desmascarar uma sociedade hipócrita. Ainda assim, muitos dos realistas possuem características dos romancistas

do Realismo o darwinismo. Não obstante, o romance realista britânico vai mostrar a face por trás da Pax Britannica^1. Portanto, o período entre 1875 e 1922 (anos em que se desenrola o Realismo) foi muito rico e diversificado, mostrando uma sociedade em constante processo de desenvolvimento. Conforme Candido e Castello (2001, p. 281), essa época “apresenta um panorama completo da vida literária, com todos os gêneros literários florescendo, com as instituições culturais se multiplicando, com periódicos numerosos e relativamente lidos”. No desenrolar desses anos, nota-se vantagens e desvantagens: por um lado a cultura estava expandindo exponencialmente, havia grande efervescência cultural e intelectual, e a literatura estava se tornando respeitável mundialmente. Por outro, o rumo oficial iminente e eminente, que as coisas estavam tomando, gerava um academicismo exagerado, assim, aos realistas criticarem os ideais da classe dominante, conseguiram fazer apenas com que essa classe ajustasse seus ideais e fortalecesse a posição de uma nova classe dominante que estava se formando, a classe dos intelectuais. Os realistas se esforçavam ao máximo para desmascarar a realidade, e esses esforços eram muito influenciados pela divulgação cientifica e pelas filosofias de cunho materialista, e o Realismo ao extremo foi o embrião do Naturalismo. Dessa forma, o Naturalismo, que é fruto do movimento realista, significou uma busca ainda mais profunda por respostas objetivas e imparciais. Os prosadores desse período literário e os partidários dos novos ideais vigentes foram levados a investigar os caracteres originais da nossa sociedade, à luz do determinismo da raça e do ambiente, ao mesmo tempo que divulgavam e aplicavam à política, ao direito, à literatura, os princípios das novas filosofias europeias, como o positivismo e o evolucionismo, principais encarnações do materialismo de origem científica (CANDIDO; CATELLO, 2001, p. 283) Num período tão tumultuado, a literatura teve grande importância, possuindo o caráter de crítica social, de análise realista e de interpretar a conduta dos cidadãos da sociedade da época. Importantes veículos de circulação das críticas sociais e da literatura do momento foram os jornais e revistas, que deram origem aos folhetins. Nos folhetins, publicaram-se importantíssimas obras, como muitos romances de vários escritores brasileiros. Também em folhetim foi publicado Um estudo em (^1) Mediante Corrêa (2014), entende-se por Pax Britannica o reinado da Rainha Vitória que durou desde 1837 a 1901. Esse período foi um momento de paz na Grã-Bretanha.

vermelho , o primeiro romance que tem como protagonista o icônico detetive Sherlock Homes. Enfim, o Romantismo foi negado na prosa com o Realismo e o Naturalismo e, na poesia, principalmente com o Parnasianismo devido a vários fatores polêmicos, de âmbito internacional e social. Para fazer isso com maestria os escritores prezavam por “maior realidade na descrição dos costumes em geral, na das relações entre os sexos em particular, bem como um senso menos convencional no estilo e na análise dos caracteres” (CANDIDO; CASTELLO, 2001, p. 285). Candido e Castello (2001) afirmam que a literatura, no final do século XIX e começo do XX, ganhou legitimidade sob influência das ciências, pois procurou explicar cientificamente a conduta e modo de ser dos personagens por meio de fatores externos já determinados, de natureza biológica e sociológica que condicionam a vida humana, calcando-se, principalmente, na teoria determinista. Dessa forma, sob a interpretação de Candido e Castello (2001), a realidade é produto, consequência, de fatores preexistentes. Consequentemente, ao retratar a realidade de forma objeta, os realistas se afastavam cada vez mais do sentimentalismo e egocentrismo do Romantismo, pois registravam a realidade sem tomar partido, como convém a um pesquisador da verdade. Nesse novo período literário, a linguagem de ficção mudou muito, deixou de ser tão trivial, para dar lugar a uma literatura engajada capaz de reproduzir a importância das coisas e destacar com maior firmeza a ação dos homens. Segundo Candido e Castello (2001, p. 288) De modo geral, o estilo dos realistas e naturalistas quando simples, parece mais natural; quando complicado, parece mais artístico que o dos Românticos. Mas em ambos os casos parece mais adequado à nossa sensibilidade moderna. Para isso contribuiu um inegável enriquecimento expressivo, de que se pode citar, como exemplo, a generalização e o apuro no uso do estilo indireto livre, que permite lançar uma ponte entre o estilo direto, que encarna a personagem, e o estilo indireto, que representa a voz do narrador na narrativa tradicional. Graças a ele, o dialogo pôde vincular-se mais organicamente à ação e à análise, em vez de parecer, como é frequente nos românticos, uma ilustração ou uma intercalação forçada no curso do relato [...] Mas a principal conquista expressiva talvez tenha sido a diminuição do tom declamatório e dos torneios alambicados, que desmancham o efeito de boas páginas românticas Por conseguinte, pode-se listar como características do Realismo:  Anseio por verossimilhança;  Negação do fantástico e do não plausível;

CAPÍTULO 2: O contexto histórico das publicações sherlockianas

O Realismo desenrola-se na Inglaterra, durante o reinado da rainha Vitória ( a 1901). O período dessa monarca no trono correspondia a “Um mundo moderno e repleto de novas concepções” (CORRÊA, 2014, p. 561), afinal a “terra onde o sol nunca se põe” – como ficou conhecida a Inglaterra na época das colonizações por ter terras em todos os continentes – foi o berço da Primeira Revolução Industrial e cenário presente na segunda. Mediante Garcia (2014), durante o reinado de Vitória, a população de Londres passou de 1,87 milhões para 4,23 milhões. Corrêa (2014) afirma que a Inglaterra se encontrava fortalecida durante a Pax Britannica , e que os cidadãos eram preocupados com a saúde, mas que essa preocupação era fruto da convivência que tinham com um deplorável sistema sanitário, não obstante a burguesia e a classe mais elevada mantinham-se a salvo dos problemas destinados ao proletário. Corrêa (2014) prossegue dizendo que, além da preocupação com a saúde, há o interesse pelas ciências e que muito progresso se fez nos transportes e ao buscar um conceito mais completo do ser humano, olhando para sua fisiologia (sistema digestivo, respiratório e neural). Além de tentar compreender os aspectos físicos da humanidade, buscava-se também o entendimento da psique humana. Todavia, os problemas existentes eram bem acentuados, pois havia um excesso de moralismo e uma rigorosa disciplina que ocasionava em fortes preconceitos e proibições, porque a moral e os bons costumes estavam acima de qualquer outra coisa. A divisão entre os gêneros também era bem acentuada: aos homens um pouco mais de liberdade com o trabalho externo e, às mulheres, o lar e maternidade, seja como esposa e mãe de família, ou como governanta (ou ainda como empregada) em outro lar, ou seja, uma subordinada. Sendo assim, aqueles que não se encaixavam ao padrão moral da Era Vitoriana eram julgados como invirtuosos e sem caráter e, dependendo do “crime”, recebiam punições mais severas. Porém, toda essa rigidez na moral britânica servia como fachada para esconder a realidade vivenciada por todos os ingleses, pois Fora desse mundo “perfeito” das classes alta e média restavam o sofrimento e a penúria à classe mais baixa e, no que diz respeito ao submundo, existentes em todas as sociedades, tudo era permitido: a prostituição adulta e infantil, crimes, o acesso a drogas e a possibilidade de levar uma vida dupla.

Durante o dia, homens respeitáveis e, à noite, estranhos misteriosos em busca de prazer. (CORRÊA, 2014, p. 563) Consoante Garcia (2014), o crime proliferava na Europa no século XIX, e a criminalidade representava o lado sombrio de uma sociedade que buscava manter as aparências, pois evidenciava a dualidade presente: de um lado os abastados e, do outro, a pobreza. Mostrando, assim, que a Londres vitoriana se tornou a capital do Império, mas que não tem como esconder suas imundas e sórdidas vielas. Garcia (2014) disserta que a condição do proletário nas fábricas era deplorável, e os que constituíam os membros dos marginais eram os bêbados, os desordeiros, as prostitutas e os pedintes, associados a selvagens incivilizados da África Negra ou da Polinésia. Portanto, os londrinos buscavam mostrar que tinham uma vida recatada aos olhos da sociedade e faziam questão de acentuar as diferenças que separavam as classes sociais porque: “A separação entre a esfera pública e a privada era um valor caro aos vitorianos” (GARCIA, 2014, p. 572), e as hierarquias estabelecidas eram o sustentáculo da vida social do Império Britânico. 2.1 Conan Doyle Mediante Frazão^2 , Arthur Ignatius Conan Doyle nasceu em 22 de maio de 1859, na cidade de Edimburgo, Escócia, e formou-se no colegial em 1875, no Colégio Stonyhurst e, um ano depois, ingressou na faculdade de medicina. Segundo Martins (2014), é filho de Charles Doyle e Mary Doyle, formou-se em medicina na Universidade de Edimburgo, onde foi influenciado por um de seus professores que, posteriormente, viria a se tornar uma das inspirações da criação do personagem Sherlock Holmes. O motivo de esse professor em particular ter grande influência na confecção do protagonista das narrativas sherlockianas é que ele, como o ilustre detive, apresentava um excelente uso da lógica e um raciocínio rápido. Em seu terceiro ano de graduação, Doyle assumiu um cargo de cirurgião em um barco baleeiro. Após concluída essa experiência, ele formou-se e assumiu, definitivamente, o cargo de médico em outro navio que viajava pela África. Durante seus anos de graduação e o período em que esteve no barco baleeiro, Doyle já havia (^2) FRAZÃO, Dilva. Biografia de Arthur Conan Doyle. Disponível em: https://www.ebiografia.com/arthur_conan_doyle/. Acessado em 10/09/

O autor não tinha ideia de que milhares de leitores suplicariam pela volta do famoso detetive e que os fãs deixariam de assinar a revista em que as histórias de Holmes eram publicadas. Segundo Paglione (2014), a reação negativa dos fãs foi tão forte que, além das inúmeras cartas pedindo o retorno do amado Sherlock, muitas das correspondências continham serias ameaças. Então Doyle vê-se obrigado a reviver a personagem e assim o faz, trazendo-o de volta à vida no conto “A casa vazia”, posteriormente reunido no livro A volta de Sherlock Holmes (1905), dando uma explicação para sua suposta morte. Martins (2014) relata que, em 1893, Conan Doyle recebe a notícia de que sua esposa foi diagnosticada com tuberculose e, tanto ela quanto seu cônjuge, vinculam- se ao Espiritismo, crença pela qual o autor já possuía certa fascinação. Abalado devido à doença de sua mulher, o autor mergulha no trabalho e aceita convites para palestrar nos Estados Unidos. Quando voltou à Inglaterra – agora bem-sucedido – publica, em 1894, Brigardier Gerard que foi um sucesso; dois anos depois viaja ao Egito com Louisa e lá escreve The Tragedy of Korosko que foi publicada em 1898. Martins (2014) afirma ainda que ele foi voluntário na Guerra dos Bôeres (1899- 1902), não obstante, por estar acima do peso, foi desqualificado para ser soldado, então prestou serviços médicos na África em 1900 e lá viu muitos morrerem de febre tifoide. Essa experiência proporcionou para Doyle a inspiração para escrever The Great Boer War (1900), obra que é um relato com comentários das falhas do exército britânico. Não ficando muito tempo envolvido na guerra, o autor volta à Escócia e, buscando um novo rumo em sua vida, tenta envolver-se com política, mas não é bem- sucedido. Após essa falha tentativa, regressa à Inglaterra e retoma a confecção das narrativas sherlockianas, publicando em 1901 o romance O cão dos Baskerviille , que foi um sucesso estrondoso. Analogamente, em 1903, começam a ser publicados, na revista The Strand, os contos que mais tarde se uniriam na coletânea intitulada: A volta de Sherlock Holmes (1905). Segundo Frazão, no ano de 1902, o rei Eduardo VII concede a Arthur Conan Doyle o título de Sir devido aos significativos e relevantes artigos publicados por Doyle referentes à guerra que ele vivenciou na África. Outrossim, mediante Martins (2014), Doyle perde sua esposa Louisa, em 1906, e entra em depressão, “embora já mantivesse um relacionamento extraconjugal, havia

nove anos, com Jean Leckie” (MARTINS, 2014, p. 585). Na tentativa de esquecer a morte da esposa, Doyle mostra a influência de suas obras sherlockianas sobre si mesmo e, como distração, entra em contato com a Scotland Yard para esclarecer um erro no julgamento de um condenado (anos mais tarde o autor escocês viria a narrar essa experiência na obra publicada em 1912, The Case of Oscar Slatr ). Arthur Conan Doyle oficializa sua relação com Jean Leckie casando-se com ela em 1907. Depois disso, ele passa um bom tempo escrevendo pouco, todavia, para se reerguer financeiramente, publica em 1914 o último romance que conta com Sherlock Holmes como protagonista, O vale do terror. Nesse mesmo ano “estoura” a Primeira Guerra Mundial, e Doyle tenta alistar-se, mas tem seu pedido negado. No ano de 1918, abalado pela morte de seu filho mais velho, Doyle abandona suas produções ficcionais e volta a escrever sobre o Espiritismo, porém, novamente precisando de dinheiro, retoma à produção dos contos do icônico detetive e, em 1928, publica Os arquivos de Sherlock Holmes , obra que é composta por doze histórias do, conforme dito por Martins (2014), um dos maiores detetives da literatura. Ela afirma ainda que: Arthur Conan Doyle criou o detetive que se tornou um dos mais famosos investigadores da ficção de todos os tempos. O feito foi grande ao ponto de ser lido até hoje, e com entusiasmo, pela atual geração de adolescentes que diz não gostar de ler obras do passado. Esse é um dos fatos que justificam as numerosas traduções, adaptações e edições de sua obra. (MARTINS, 2014, p. 586) Doyle foi encontrado morto em seu apartamento em 1930, meses após ser diagnosticado com angina de peito. 2.2 As obras sherlockianas de Conan Doyle Durante seus anos de produção sherlockiana, Doyle mostrou que o pai da ficção policial moderna, Edgar Allan Poe, teve grande influência sobre ele (PEREIRA, 2014A). Doyle criou o detetive que tem um método dedutivo que envolve: a observação, a criação de uma hipótese e a aplicação dessa hipótese. Segundo Góes ( apud Pereira, 2014A) o escritor escocês criou o primeiro detetive científico da história. E, conforme afirma Pereira (2014A), essa personagem tornar-se-ia um ícone da cultura inglesa, resultando em mais de 300 adaptações ao redor do mundo das