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Esta pesquisa buscou compreender como a escolha de uma técnica construtiva pode contribuir para a prática da arquitetura sustentável.
Tipologia: Teses (TCC)
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Trabalho de Conclusão de Curso como exigência parcial para graduação no Curso de Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Prof. Ricardo Javier Bonilla.
Trabalho de conclusão de curso como exigência parcial para graduação no curso de Arquitetura e Urbanismo, sob orientação do Prof. M.Sc. Ricardo Javier Bonilla
Aprovada em 13 de junho de 2017
Prof. Ricardo Javier Bonilla Orientador / Faculdade Damas (FADIC)
Profa. Ana Karina Borges de Alencar Examinadora externa/NUGEPP/MDU/UFPE
Profa. Maria Luiza de Lavor Examinadora interna/ Faculdade Damas (FADIC)
Aos meus familiares, em especial a minha mãe Lucimar e meu esposo Edemir, sem eles minha jornada seria mais difícil, e a todos meus colegas de turma.
"...devemos agir em busca de um futuro sustentável, mas se falarmos apenas desse tempo futuro, distante, parece também que as soluções se encontram lá, distanciadas do nosso cotidiano, do nosso tempo, como se com o passar dos anos, a solução dos nossos problemas finalmente chegasse. Ao invés de deixarmos nas mãos do tempo, é preciso refletir sobre o que podemos fazer agora, sobre o papel dos projetos de arquitetura enquanto indutores de um processo de transformação social e ambiental em busca da presente melhoria da qualidade de vida nas cidades." Graziella Demantova.
Esta pesquisa buscou compreender como a escolha de uma técnica construtiva pode contribuir para a prática da arquitetura sustentável. Para tanto foi necessário entender o contexto histórico da consciência ambiental da sociedade, e conceituar o que é arquitetura sustentável e arquitetura vernacular. Parte-se da hipótese que as construções vernaculares são um meio de se conseguir uma diminuição do impacto das construções ao meio ambiente, não negligenciando, porém, uma possível adaptação dessas técnicas construtivas devido ao avanço tecnológico. Por meio de entrevistas vimos como alguns profissionais tem encarado esse assunto, e qual a postura adotada pelo setor da construção civil. Com base em dois estudos de casos, um de uma empresa privada e outra de um instituto de pesquisa, pode-se entender formas praticas de adaptação das antigas técnicas construtivas do Adobe e da Taipa de Pilão em construções contemporâneas, e observar os seus resultados positivos obtidos. Ao analisar todos os dados foi possível responder as perguntas norteadoras, contribuindo para uma discussão oportuna sobre arquitetura e sua função ambiental.
PALAVRAS-CHAVES: Arquitetura sustentável; Arquitetura vernacular; Técnicas construtivas; Taipa de pilão.
AsBEA: Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura;
ONU: Organização das Nações Unidas;
IDHEA: Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica;
ITEP: Instituto Tecnológico de Pernambuco;
LTH: Laboratório de Tecnologia da Habitação;
UPCH: Unidades de produção de Componentes para Habitação;
ONG: Organização não Governamental;
WWF: World Wildlife Fund;
ACV: Análise do Ciclo de Vida;
COP21: 21ª Conferência das Partes;
CO2: Gás Carbono;
UFPE: Universidade Federal de Pernambuco;
HIS: Habitação de Interesse Social;
UFMS: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul;
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Nas últimas décadas, temos visto com frequência notícias sobre catástrofes inesperadas, desastres naturais, aumento da temperatura na terra, possível escassez de matérias primas e vários outros problemas relacionados diretamente com a vida humana em nosso planeta.
Como afirma a pesquisadora Demantova (2012), Arquiteta, Urbanista e Doutora em Engenharia Civil, essa preocupação com os riscos da degradação do meio ambiente e os impactos das atividades humanas sobre a qualidade de vida, tiveram início na década de 50, século XX, após um desastre ambiental ocorrido em Minamata, cidade localizada no Japão, onde uma descarga de água contaminada com mercúrio por uma fábrica causou várias mortes, assim como defeitos congênitos em pessoas e animais.
Até hoje acidentes ambientais de igual ou maior proporção continuam a ocorrer. No Brasil um desastre ocorreu no fim do ano de 2015, com o lançamento de 34 milhões de m³ de lama após o rompimento da barragem do Fundão, localizada em Mariana no estado de Minas Gerais, no qual foram despejados rejeitos resultantes da produção de minério de ferro pela mineradora Samarco, trazendo consequências inicialmente incalculáveis ao meio ambiente. Segundo o Portal do Brasil (2015):
Seiscentos e sessenta e três quilômetros de rios e córregos foram atingidos; 1.469 hectares de vegetação, comprometidos; 207 de 251 edificações acabaram soterradas apenas no distrito de Bento Rodrigues. Esses são apenas alguns números do impacto, ainda por ser calculado, do desastre, já considerado a maior catástrofe ambiental da história do país. A enxurrada de rejeitos rapidamente se espalhou pela região, deixou mais de 600 famílias desabrigadas e chegou até os córregos próximos. (Portal do Brasil, 2015, s. p.)
Demantova (2012) chega a afirmar que devido às velozes transformações que o mundo vem passando, tanto do meio natural como de ambientes construídos, encontraremos mais dificuldades para reverter os problemas ambientais, sendo em alguns casos até irreversíveis. A autora cita um problema mundial, conhecido por refugiados do meio ambiente, termo utilizado por ela para descrever o problema de pessoas que perdem suas moradias, parcial ou total, por causa de catástrofes ambientais. Segundo a mesma, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha
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Reconhecendo o desafio que a construção civil enfrenta na questão da sustentabilidade Mendonça (2011) aponta algumas situações existentes. O setor “é o maior consumidor individual de recursos naturais e gera, aproximadamente 60% de todo o lixo urbano da sociedade, que, ao ser manipulado de forma incorreta emite uma serie de gases poluentes.” (MENDONÇA, 2011, s. p.) Ele afirma uma curiosidade sobre o cimento que nos faz ver a grandiosidade do problema
A variedade Portland é o material de maior consumo pelo homem (maior em quilos por habitantes do que alimentos) e isso não impacta o ambienta apenas em relação a seu lugar de destino – seu processo de fabricação gasta muita energia e água. (MENDONÇA, 2011, s. p.)
Barbosa (2010) também fala das consequências ambientais do cimento ao dizer que a fabricação de cimento portland é um dos maiores emissores de CO2 na atmosfera. Esta emissão é implícita ao seu processo de fabricação. Considerando a imensa produção de cimento portland no mundo, onde só no Brasil em 2001 foram consumidas 40 milhões de toneladas, vê-se a enorme quantidade de gás carbônico que é lançada na atmosfera por um único produto industrial que visa à construção civil.
O setor da construção civil e das obras públicas ultimamente vem concentrando grandes esforços para economizar no gasto de energia e de matérias primas, por tratar-se de um grande gerador de resíduos e poluentes de gases do efeito estufa. Segundo a comissão Internacional sobre o Efeito Estufa, na França, a construção participa relativamente de 26,5% na emissão desses gases. (GAUZIN-MÜLLER,
Nossa vida mudou de escala com a globalização dos intercâmbios e da comunicação, e com a tomada de consciência dos riscos ecológicos que ameaçam o planeta e seus habitantes. Além de novas estratégias energéticas e da introdução de uma abordagem ambiental no planejamento e no projeto das construções, nesse inicio do século XXI nos vemos diante de uma verdadeira escolha sobe o tipo de sociedade que queremos. (GAUZIN- MÜLLER, 2010, p.48)
Em um artigo elaborado pelo Colégio de Arquitetos (CDA) aqui do Brasil, vemos informações sobre a agressão causada pela construção civil. Um relatório elaborado no ano de 2002 pela empresa World Wildlife Fund (WWF), uma rede internacional e comprometida com a conservação da natureza, o consumo de recursos naturais já supera em 20% por ano a capacidade do planeta de regenerá-los. Isso mostra a
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necessidade de mudanças na construção civil, visto que no mundo toda ela é responsável pelo consumo de 15% a 50% dos recursos naturais. Há um uso de matéria prima sem a devida reposição no meio. Podemos citar também o exemplo do cobre e zinco, que se encontra com suas reservas escassas. Outro fator é a produção de materiais de construção, que são potenciais geradores de poluição atmosférica. (CDA, 2014)
Certamente a construção civil é o maior gerador de resíduos de toda a sociedade. Só em São Paulo, o volume de entulho gerado é de 2500 caminhões por dia (o dobro do lixo sólido urbano), sendo que a maioria destes resíduos é depositada em aterros clandestinos que acabam por obstruir córregos e drenagens, colaborando em enchentes, favorecendo a proliferação de mosquitos e outros vetores, a degradação das edificações e estruturas urbanas etc, levando boa parte das prefeituras a gastarem grande quantidade de recursos públicos na sua retirada e em atuações emergenciais nas enchentes. (CDA, 2014, s. p.)
São cada vez mais frequentes as discussões sobre a necessidade urgente de mudança nas atitudes do homem em cuidar da natureza, mas o que tem sido feito para reverter esse quadro negativo? Há uma grande necessidade de entender e agir rumo à mudança. O que dizer do setor da construção civil, e sua contribuição nesse sentido? Projetos construtivos devem ter por objetivo causar o menor impacto ao meio ambiente, e sua vida útil deve prever o bem estar de seus usuários como em seu entorno. As ações tomadas com uma consciência sustentável, em cada setor da sociedade, resultaram em benefícios para todo o planeta.
Reconhecemos que o profissional de arquitetura participa diretamente no processo decisório que envolve o uso de materiais e sistemas construtivos, e quando essa escolha é fundamentada em informações claras e completas, o resultado será a melhora no desempenho e a redução nos impactos socioambientais. Daí a importância de discussões sobre tecnologias construtivas, desempenho de materiais, experienciais sustentáveis, técnicas não convencionais, e outros assuntos que contribuem para a mudança nas atitudes individuais dos projetistas.
O que dizer do que é usualmente utilizado pelo mercado de construção? Esse trabalho buscou entender algumas propostas arquitetônicas sustentáveis que se destacam pelos seus bons resultados, e que fazem uso de técnicas não convencionais. Percebe-se que a maioria das construções executadas seguem modelos de uso ilimitado dos recursos naturais, e há quem tente mudar, mas isso
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arquitetura sustentável está preocupada com todas as etapas, que são elas: localização, projeto, construção, operação, manutenção e remoção. E com respeito à etapa de construção, a escolha por matérias renováveis visam garantir um desenvolvimento sustentável.
Foi realizada uma pesquisa exploratória, uma vez que busca informações sobre um determinado problema. São apresentadas a seguir as principais etapas de trabalho planejadas para a execução e escrita da pesquisa. Ressalta-se que a ordem de apresentação destas etapas não corresponde à ordem em que elas foram realizadas.
Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizadas fontes de informações secundárias como, por exemplo, livros, artigos, conteúdos da internet, entrevistas e questionários. Os resultados foram tratados através de uma abordagem qualitativa, por meio de uma análise dialética entre os conceitos de arquitetura sustentável com as técnicas atuais da arquitetura vernacular.
Uma das bases dessa pesquisa enfocou uma investigação e interpretação dos conceitos que norteiam a visão teórica sobre o tema. Para isso foi realizada uma revisão literária que incluem autores como: Armando de Holanda, Johen Van Lengen, Brian Edwards, Graziela Demantova, Cecília Pronpt, Dominique Gauzin-Muller e outros.
Para auxiliar na elaboração de propostas foram feitos estudos de caso com empresas atuantes no mercado da construção civil no Brasil e que tratam da técnica vernacular em suas atividades. Foram duas as técnicas analizadas, uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP) de produção de tijolos em solo-cimento, e as construções de paredes em taipa de pilão mecanizada da empresa Taipal construções em terra (sediada em São Paulo). Foi analisado qual o publico alvo dessas empresas, como se deu o processo de aperfeiçoamento ou adaptação da técnica e os resultados positivos e negativos que vem apresentando.
Assim, reuniu-se um grande número de informações detalhadas com a finalidade de trazer maior conhecimento sobre o assunto, e poder avaliar estas técnicas vernaculares enquanto a sua sustentabilidade.
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Esse trabalho está estruturado em quatro capítulos onde os três primeiros fornecerão a base teórica para a pesquisa, apresentando contexto histórico, definições e alguns dados relevantes sobre o tema em questão.
O capítulo 1 mostra como a consciência sustentável começou a ocupar as discussões mundiais e como através dos anos a sociedade de modo geral foi sendo incentivada a considerá-la como essencial para dar garantia de sobrevivência às gerações futuras.
No capítulo 2 estão as definições para a chamada Arquitetura Sustentável, com a apresentação de opiniões de autores nacionais e internacionais. É possível também encontrar uma reflexão sobre o importante papel da arquitetura na disseminação de práticas e escolhas sustentáveis em busca de melhoras significativas.
O terceiro capítulo discute a definição de Arquitetura Vernacular, e mostra características de duas técnicas construtivas vernaculares, o Adobe e a Taipa de Pilão.
No quarto e último capítulo, são analisados os dados coletados nos estudos de caso, sendo composto de um breve histórico, descrição dos serviços prestados e resultados obtidos por duas empresas brasileiras, trazendo respostas às perguntas formuladas inicialmente.
Antes mesmo de entender o que é Arquitetura Sustentável vejamos como surge esse pensamento, e quais os fatores influenciadores que motivaram a busca pela prática sustentável. Dede a década de 70 do século XX a humanidade vem tomando