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Arquitetura para idosos, Teses (TCC) de Arquitetura

Neste documento é relatado a importância do estudo para a arquitetura desenvolvida para a população idosa

Tipologia: Teses (TCC)

2020

Compartilhado em 09/09/2021

gessica-garcia
gessica-garcia 🇧🇷

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ARQUITETURA E URBANISMO
GÉSSICA GARCIA DO NASCIMENTO
PROPOSTA ARQUITETÔNICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA
PERMANÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICIPIO DE DOUTOR CAMARGO-PR
MARINGÁ
2020
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ARQUITETURA E URBANISMO

GÉSSICA GARCIA DO NASCIMENTO

PROPOSTA ARQUITETÔNICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA

PERMANÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICIPIO DE DOUTOR CAMARGO-PR

MARINGÁ

GÉSSICA GARCIA DO NASCIMENTO

PROPOSTA ARQUITETÔNICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA

PERMANÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICIPIO DE DOUTOR CAMARGO-PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Unifamma – União de Faculdades Metropolitanas de Maringá como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador(a): Prof. Thais Kawamoto Amarães MARINGÁ 2020

RESUMO

Em um contexto de crescimento da população idosa no Brasil e no mundo, se faz necessário o desenvolvimento de espaços que atendam esse público em sua diversidade. Este trabalho aborda a importância da humanização de casas de apoio para idosos, tendo em vista os benefícios causados ao paciente e seu objetivo principal é o desenvolvimento de uma instituição de longa permanência para idosos que proporcione melhores condições de vida nos anos da velhice, com o intuito de criar um local que mantenha o idoso em atividade, desfrutando de cuidados e conforto. Para tanto, além de revisão bibliográfica e pesquisa de campo, foram utilizados também, como recursos metodológicos, levantamento de elementos referenciais, como projetos análogos, dados da legislação e levantamento da área escolhida para o projeto. Palavras-chave: Humanização. Idoso. Casa de Apoio para Idosos.

ABSTRACT

In a context of growth of the elderly population in Brazil and in the world, it is necessary to develop spaces that serve this audience in its diversity. This work addresses the importance of humanizing support homes for the elderly, in view of the benefits caused to the patient and its main objective is the development of a support house for the elderly that provides better living conditions in the years of old age, in order to to create a place that keeps the elderly active, enjoying care and comfort. For this purpose, in addition to bibliographic review and field research, surveys of reference elements, such as analogous projects, legislation data and survey of the area chosen for the project, were also used as methodological resources. Keywords: Humanization, Olderly, Support Home for the Elderly

  • 1 INTRODUÇÃO
  • PARA O IDOSO 2 A TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS ARQUITETÔNICOS CONCEBIDOS
  • 2.1 AS PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES
  • 2.2 O SURGIMENTO DE ESPAÇOS ESPECIFICOS PARA O IDOSO
  • 2.3 OS PRIMEIROS ESPAÇOS PARA IDOSOS NO BRASIL
  • 3 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (ILPI)
  • 3.1 CARACTERISTICAS DO PÚBLICO ALVO
  • 4 HUMANIZAÇÃO ARQUITETÔNICA PARA IDOSOS.............................................
  • 4 1 O CONCEITO DA HUMANIZAÇÃO DA ARQUITETURA ASILAR
    1. 1 .1 Luz
    1. 1 2 Cor
    1. 1 3 Som..................................................................................................................
    1. 1 4 Aroma
    1. 1 5 Forma
    1. 1 5 Textura
  • 5 REFERENCIAIS PROJETUAIS
  • 5.1 CASA DE REPOUSO PROVENCE
  • 5.2 RESIDENCIAL PARA IDOSOS VOVÔ E CIA
  • 6 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO TERRENO
  • 6.1 REGIME URBANISTICO
  • 6.2 FLUXO VIÁRIO
  • 6.3 VENTOS PREDOMINANTES, ORIENTAÇÃO SOLAR E CLIMA
  • 7 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA
  • 7.1 PROGRAMA DE NECESSIDADE
  • 7 1 .1 Ambientes destinados à saúde
  • 7 1 .2 Ambientes destinados à área social
  • 71 .3 Ambientes destinados à administração
  • 7 1 .4 Ambientes destinados à área privativa
  • 7 1 5 Ambientes destinados aos serviços.............................................................
  • 8 PARTIDO ARQUITETÔNICO
  • 8.1 O ESTILO PROVENÇAL
  • 8.2 O SISTEMA CONSTRUTIVO
  • 8.3 ESPECIFICAÇÕES
  • 9 CONCLUSÃO
  • REFERENCIAIS

1 INTRODUÇÃO

Assim como outros países, o Brasil tem vivenciado nas últimas décadas uma dinâmica demográfica em que se combina o aumento da expectativa de vida com uma redução da taxa de natalidade. Segundo dados do IBGE (2008), em 2007 os idosos no Brasil somavam 19 milhões e em 2020 serão 31,8 milhões e a expectativa é que até o ano de 2055, o número de pessoas com mais de 60 anos supere o de brasileiros com até 29 anos. A expectativa de vida do brasileiro nascido no ano de 2010 alcançou 73,5 anos de vida e segundo a projeção da ONU, a esperança de vida ao nascer no Brasil subirá para 81,2 anos até 2050, tornando a procura de centros ou abrigos para idosos cada vez mais intensos, minimizando o isolamento das pessoas mais velhas que continuam tendo necessidade de participar do convívio social. É de fundamental importância a produção de uma arquitetura capaz de proporcionar as condições físicas e mentais necessárias para os usuários, funcionários e acompanhantes das instituições de cuidado ao idoso, resultando em espaços acolhedores, humanizados e eficientes. Assim, tendo em vista a carência e necessidade de ambientes adequados, este estudo vem identificar soluções arquitetônicas que influencie na humanização dos ambientes destinados aos idosos, tratando o espaço físico como espaço social, profissional e de relações interpessoais, considerando componentes que altere e qualifique o espaço como a luz, o som, a cor, o cheiro, a natureza, a privacidade entre outros elementos da arquitetura. Pretende-se assim criar um espaço onde se priorize a qualidade de vida do idoso a fim de prolongar, com qualidade, ao máximo a vida dessa população, propondo espaços para moradia, atendimento médico, lazer e estudo para os idosos, quebrando preconceitos gerados, que mostram que o idoso não tem mais valor e não são uteis à sociedade. Este espaço será projetado para o município de Doutor Camargo, estado do Paraná, com iniciativa particular e finalidade lucrativa. A Prefeitura Municipal de Doutor Camargo desenvolve, através das Secretarias de Saúde e da Família e Assistência Social, o programa da Terceira Idade, que além de oferecer atendimento médico em clínica geral e diversas especialidades, como ginecologia, cardiologia, gastroenterologia, fisioterapia e odontologia, trabalha

2 A TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS ARQUITETÔNICOS CONCEBIDOS PARA

O IDOSO

As referências de arquitetura projetada para acolher os idosos até o século XX são escassas. Embora existissem espaços que pudessem abrigar e atender a terceira idade (hospitais, enfermarias, as próprias casas), eram raros aqueles projetados especificamente para eles. Pode-se dizer que a preocupação com a criação de espaços exclusivos e adequados para os idosos veio com o conhecimento sobre a terceira idade e suas necessidades, impulsionada pela criação e desenvolvimento da geriatria e da gerontologia e da acessibilidade. Até então, a arquitetura não era projetada considerando as necessidades dos idosos, assim, agia como agente limitador do idoso, aumentando seu grau de dependência. A seguir serão apresentadas as principais mudanças nos espaços concebidos para atender o idoso, seja para a moradia ou para outros fins (como a recuperação da saúde, o lazer e a socialização). 2 .1 AS PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES A história dos asilos se assemelha com a história dos primeiros hospitais, já que eram espaços destinados a cuidar de todos os tipos de necessitados e estavam ligados à religião. Viajantes, pobres, doentes, idosos, órfãos, mulheres gravidas, aleijados e quaisquer outras pessoas que precisassem de cuidados iam para o mesmo lugar: as antigas enfermarias. (BRASIL, 1965) O cristianismo foi pioneiro no amparo às pessoas de mais idade: "Há registro de que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa em um hospital para velhos" (ALCÂNTARA, 2004). Com o cristianismo, a assistência social e as instituições de cuidado à saúde se desenvolveram de forma mais rápida e consistente do que nos períodos anteriores. Abaixo, seguem uma descrição do interior desses espaços, junto a um croqui baseado nela: Os espaços onde os idosos eram alojados, ou seja, as enfermarias dos hospitais eram em geral, grandes salas, altos recintos retangulares. Eles atingiam, usualmente, as proporções das igrejas, com uma nave coberta por uma abóboda de madeira, tramada e sem forro ou duas naves cobertas por um teto de vigas apoiadas em

suportes centrais. As camas eram dispostas junto a parede longitudinal em compartimentos semelhantes a alcovas e, às vezes, sob uma galeria circundante. Ao fundo da sala situava-se o altar ou uma capela como pórtico aberto no eixo longitudinal, de tal forma que era visível desde a sala de enfermaria, onde os hóspedes eram alojados. Essa era uma forma de fazê-los participar dos serviços religiosos (QUEVEDO, 2002, p. 28). Figura 01 : interior de enfermaria medieval Fonte: HALLACK, 2017 No século XVII, a influência da medicina oriental sobre a medicina ocidental e os desenvolvimentos científicos ocorridos na transição da Idade Média para a Idade Moderna, contribuíram para que os hospitais passassem a ser responsabilidade dos governos, e não mais de instituições religiosas. (BRASIL, 1965). Durante este período, o hospital, sendo uma instituição do estado, era construído com grandeza de proporções para representá-lo. Modelos de organização espacial exemplar na época eram o cruciforme, quadrangular e em forma de U, com a existência de um pátio central (uma herança dos tempos medievais). Um exemplo é o Hospital Saint Louis, em Paris, cujo projeto data de 1607. Nesse período, começaram a aparecer maiores preocupações com questões higiênicas, como a ventilação dos ambientes. (HALLACK, 2017)

abrigava centenas de pacientes de diversos tipos, dessa forma, era urgente sua reposição. (SILVA, 2001) Os debates sobre os projetos de sua reconstrução duraram anos, e permitiram que novos olhares sobre o ambiente hospitalar surgissem, com novas propostas e soluções para estes ambientes. Entre os conceitos arquitetônicos surgidos para esse tipo de projeto, destaca- se a organização dos serviços e ambientes a partir de eixos de circulação. A forma adotada era a pavilhonar horizontal, com o gabarito ideal de três pavimentos, contribuindo para a salubridade dos espaços internos, até então um desafio para os ambientes de saúde. (SILVA, 2001) Figura 04: Fachada do Hospital Lariboisière Fonte: site Wikimedia Commons, 2019.^2 Essas mudanças ocorridas no olhar sobre os hospitais ao longo do século XVIII juntamente com os novos critérios de higiene, os avanços científicos e tecnológicos e as transformações no estudo e na prática da medicina permitiram que os hospitais passassem a ser inteiramente regidos pela medicina e por seus médicos, principalmente a partir do século XIX. Surgia assim o hospital como conhecemos hoje: não mais lugar dos pobres e desamparados, mas sim o local especializado para o tratamento e a cura de enfermidades, de permanência temporária. O ideal para a arquitetura desses locais, naquele momento, passaria a ser a priorização da funcionalidade e das necessidades técnicas envolvidas. (SILVA, 2001) (^2) Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:P1320785_Paris_X_hopital_Lariboisiere_rwk.jpg. Acesso em: 20 mai. 201 9.

Durante o século XIX e início do século XX, período entre a definição dos hospitais como exclusivos para os enfermos e o surgimento de espaços específicos para seu atendimento, os idosos eram recebidos por instituições voltadas aos pobres de maneira geral. Vale ressaltar que tais instituições recebiam apenas idosos doentes e desamparados. Dessa forma, outros perfis de idosos (com família, sem doenças) ainda não possuíam espaços criados para atendê-los, seja com a finalidade de moradia ou qualquer outra. (SILVA, 2001)

  1. 2 O SURGIMENTO DE ESPAÇOS ESPECIFICOS PARA O IDOSO Em 1909 foi criada a geriatria, especialidade da medicina voltada para a saúde do idoso, denominada pelo médico vienense Ignatz L. Nascher. O termo foi criado como proposta de uma nova área de estudo: a velhice, o envelhecimento e o idoso. (NETTO, 2006). Como consequência desse estudo sobre o envelhecimento, a partir da década de 1950, surgiu a preocupação pela criação de ambientes apropriados para os idosos. Assim, foram criados os primeiros lares de idosos como conhecemos hoje, com um programa que integrava os cuidados médicos a atividades recreativas e ocupacionais. A partir de então, o aspecto institucional, inexpressivo e indiferente a seus usuários, passou a dar lugar à reprodução da ambiência de lar nos projetos arquitetônicos. Assim, as áreas de socialização e a visão exterior ganharam importância e a implantação das edificações passou a ser pensada para se inserir no contexto urbano, de maneira a facilitar seu acesso pelas famílias e manter os internos ligados à comunidade. (NETTO, 2006). O aprofundamento dos estudos sobre o envelhecimento permitiu o entendimento da necessidade e dos níveis de dependência entre os indivíduos da terceira idade. Assim, novas tipologias arquitetônicas correspondentes a cada perfil passaram a ser geradas: as casas e apartamentos individuais, as vilas planejadas, as casas com áreas comuns compartilhadas, as repúblicas e assim por diante. E da mesma maneira que novas tipologias residenciais surgiram, também foram criadas formas alternativas de serviço de atendimento ao idoso, além das Instituições de Longa Permanência (ILPI’s): os centros-dia, os centros de convivência, os hospitais- dia geriátricos, os grupos de terceira idade, o atendimento domiciliar, entre outros. Esses serviços trouxeram consigo novos tipos de espaços. Embora os programas

Mais tarde, em 1868, foi inaugurado o Asilo dos Inválidos da Pátria, na Ilha de Bom Jesus no Rio de Janeiro, também para militares inválidos. Como salienta Santos (2007, p.12), nesse momento a invalidez, em especial para o trabalho, era frequentemente associada à velhice: até a metade do século XIX os idosos desamparados entravam na categoria dos indigentes, junto com os demais indivíduos considerados incapacitados para o trabalho (menores órfãos, doentes, deficientes físicos e viúvas). Em uma sociedade orientada pelos valores cristãos, esse grupo era objeto de piedade e tolerância da sociedade, atendidos por instituições de caridade como a Santa Casa de Misericórdia. Em 1890 o Visconde Luiz Augusto Ferreira D`Almeida fundou o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, o primeiro voltado para a velhice, no Rio de Janeiro. O objetivo era acolher alguns dos funcionários idosos de sua fábrica, mas com o tempo foi ganhando apoio de empresários e das irmãs religiosas do Sagrado Coração de Jesus, passando a receber idosos de toda a sociedade. (ALCÂNTARA, 2004) Em 1909, foi criado um pavilhão para idosos que quisessem viver lá mediante pagamento de uma mensalidade. O asilo existe até hoje. Localiza-se em uma chácara e o modelo arquitetônico adotado é o pavilhonar, com ênfase a espaços livres e verdes entre as edificações. O projeto demonstra um ideal de lugar para a terceira idade para o descanso e a contemplação. (ALCÂNTARA, 2004) Figura 06: Asilo São Luiz, Rio de Janeiro Fonte: retirada do site da Casa São Luiz 4 (^4) Disponível em: http://www.casasluiz.com.br/csl/index.php/5074-2/, acesso em 23/05/

Até a criação de mais asilos dessa natureza no país, os idosos desamparados continuavam sendo atendidos por instituições para indigentes. Foi com o aumento da expectativa de vida e o aumento demográfico da velhice que sua inclusão social e a proteção de seus direitos começaram a ganhar mais destaque. A partir da década de 1970 , o assunto sobre os idosos começou a ser mais abordado e colocado em evidência na sociedade como um todo através de seminários e eventos, de campanhas educacionais, de projetos de integração social do governo, de programas de preparação para a aposentadoria e da criação de conselhos estaduais do idoso. Como consequência, outras modalidades de apoio ao idoso, com seus respectivos espaços foram surgindo: grupos e centros de convivência, universidades de ensino para idosos, clubes, centros-dia etc. (ALCÂNTARA, 2004) Em 2011, foi realizado o estudo “Condições de funcionamento e infraestrutura das instituições de longa permanência para idosos no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que verificou que no Brasil existem 3.548 asilos (públicos e privados). A maioria das instituições brasileiras é filantrópica (65,2%). Os particulares correspondem a 28,2% e as públicas, a apenas 6,6%. Com a pesquisa, também foi descoberto que apenas 0,5% da população idosa faz uso dos asilos e mais de dois terços dos municípios do Brasil não tem abrigo para idosos. Ainda é comum a percepção de que a residência em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) significa ruptura de laços com familiares e amigos. Em geral, acaba-se atribuindo à instituição a responsabilidade por situações de abandono que, de fato, já prevaleciam antes de o idoso chegar a ela. Na sociedade brasileira, os asilos são associados a pobreza, negligência e abandono do idoso pelas famílias. Sentimentos recorrentes de culpa e fracasso são enfrentados por parentes que levam seus idosos para residir neste tipo de instituição. Como consequência, as famílias somente buscam uma instituição para seus familiares quando esgotam a sua possibilidade de cuidar. Por outro lado, a demanda por essa modalidade de cuidados tende a crescer devido ao aumento da população idosa. Além disso, a oferta de cuidadores familiares já apresenta evidências de redução, dadas as mudanças na família, a redução do seu tamanho e a participação maior das mulheres no mercado de trabalho. No próximo capítulo, será abordada a definição de uma instituição de longa permanência, suas características e importância na vida das pessoas.

um grande impacto na qualidade de vida). Ela começa por volta dos 60 anos e tende a se acentuar a partir dos 70. Outra consequência importante do envelhecimento é a redução da capacidade motora, que implica em dificuldades de locomoção: sem a mesma mobilidade de antes, o idoso fica mais propenso a quedas, por exemplo. Além disso, há também o surgimento de algumas doenças, como hipertensão, ossos mais frágeis, problemas cardiovasculares, diabetes, catarata, Alzheimer etc. Todos esses fatores afetam muito o psicológico do idoso, que muitas vezes passa a se isolar, limitando seu convívio social, e a depender cada vez mais do amparo de familiares ou da internação em instituições que ofereçam amparo para as suas dificuldades. Os idosos necessitam de um espaço que lhes ofereça conforto, segurança, possibilidade de convívio social, interação com a natureza, aula de artesanato, jogos e brincadeiras e várias outras opções de entretenimento que os façam ter felicidade. No próximo capítulo, será abordado como o ambiente arquitetônico influencia no humor das pessoas.

4 HUMANIZAÇÃO ARQUITETÔNICA PARA IDOSOS

A humanização arquitetônica é a palavra chave para se projetar um edifício do futuro, sendo necessário conhecer as características da população que irá utilizar o espaço e as atividades predominantes que essa população irá desenvolver para projetar um ambiente adequado. Mas não estamos falando apenas da arquitetura na humanização, mas sim da arquitetura na humanização de instituições de longa permanência para idosos, que requer uma maior preocupação com a acessibilidade, controle de temperatura, controle da iluminação e integração com áreas externas. 4.1 O CONCEITO DA HUMANIZAÇÃO DA ARQUITETURA ASILAR Humanizar, verbo relativo ao homem, significa dar condições humanas a qualquer coisa ou lugar. A humanização é entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano, segundo as palavras de Mezomo (2002, p. 14-15): Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. Humanizar refere-se, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento e de reconhecimento dos limites. Humanizar é fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico-científico, com o inconsolável, o diferente e singular. Humanizar é repensar as práticas das instituições de saúde, buscando opções de diferentes formas de atendimento e de trabalho, que preservem este posicionamento ético no contato pessoal. Para humanizar é preciso entender o conceito de ser humano. É preciso ter consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é a peça fundamental na definição de como deve ser o ambiente. É só conhecendo as necessidades e expectativas do