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Este documento analisa o uso de drogas no filme 'réquiem para um sonho', abordando as variáveis que podem potencializar o uso e a dependência de drogas psicoativas, a representação das drogas no cinema e os reflexos do uso abusivo de substâncias nas relações culturais, familiares e sociais. Além disso, são explorados aspectos das drogas mais utilizadas no filme, como anfetamina e heroína.
Tipologia: Slides
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Uma análise do filme “Réquiem para um sonho”
ANA DÓRIS DA SILVA CAMILA DE OLIVEIRA URBEN GERALDO ANTÔNIO BALBUENA DE ARAUJO MARLÚCIA FIDELIS PIERI
Uma análise do filme “Réquiem para um sonho”
Monografia apresentada ao Programa de pós-graduação da Faculdade de Ciências da Saúde - FACIS, por intermédio do Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa - IJEP como requisito para obtenção do título de especialista em Dependências, Abusos e Compulsões.
Orientador: Professor Dr. Waldemar Magaldi.
Considerando esta monografia como resultado de uma caminhada que não começou na sala de aula do Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa - IJEP, agradecer pode não ser tarefa fácil, nem justa. Para não correr o risco da injustiça, agradecemos de antemão a todos que de alguma forma passaram pelas nossas vidas e contribuíram para a construção de quem somos hoje, assim como agradecemos especialmente a todos – familiares, amigos, professores, pacientes/clientes, que contribuíram, direta e/ou indiretamente, na construção deste trabalho.
A abordagem cinematográfica das dependências – Uma análise do filme “Réquiem para um Sonho” propõe questionar e trazer algumas respostas de como se estabelece o processo de adição, elegendo algumas visões que possam contribuir, ampliar e tornar o debate sobre o assunto mais instigador. Após um breve relato sobre o filme em si – sem qualquer apanhado técnico ou teórico – traz-se para discussão algumas variáveis que podem potencializar o uso e a dependência de drogas psicoativas. As próprias drogas como objetos de desejo e sua ação sedutora sobre o corpo e a psique do indivíduo – considerado também as sequelas que podem provocar. Saliente-se que procuramos nos deter mais especificamente na heroína e na anfetamina, drogas mais usadas no filme. Além das substâncias em si, procura-se evidenciar alguns aspectos da vida moderna que podem concorrer para o aumento do consumo e dependência de substâncias psicoativas. Nesse ponto, as pesquisas sobre os trabalhos de Kalina e Kovadloff foram essenciais. As possibilidades cada vez menores das pessoas se realizarem na sociedade ocidental, em consequência, principalmente, da coisificação, do progresso e sucesso como valores sublimes não deixam espaço para todos. A busca da droga pode ser uma consequência disso para aqueles que não se enxergam no pódium imaginário de suas vidas. É levantada também a tendência autodestrutiva do homem moderno (existência tóxica) como fator a ser considerado nesta potencialização da adição. O mito também é trazido como um véu que pode encobrir a dança dos arquétipos na dependência química. Por fim, é abordada a contribuição da psicologia analítica – embasada na teoria de Carl Gustav Jung – na leitura da adição, considerando os aspectos sombrios da psique, as relações primárias (ou falta de), as fraturas psíquicas que se escondem por trás do comportamento compulsivo da dependência química.
PALAVRAS-CHAVE: Psicologia Junguiana. Dependência química. Relações familiares.
Figura Página
Figura 01 - Anfetamina .......................................................................................... 20
Figura 01 - Heroina ................................................................................................ 22
Figura 03 – O Castigo de Sísifo .............................................................................. 28
Há mais de um século que o cinema é uma das artes que exerce forte influência no comportamento e na cultura da sociedade mundial. Encantados com os personagens e com a trama que os envolve, os indivíduos procuram repetir não apenas os comportamentos, mas também as roupas, os acessórios, as falas – em especial os jargões.
Segundo Maria Carolina Pedalino Pinheiro (2000), no livro – Marcas de um Anjo:
entre os quadros psiquiátricos demonstrados pelo cinema, a exposição o uso de drogas tem recebido grande destaque, com diferentes abordagens, tais como a dependência, as internações, tanto em hospitais psiquiátricos quanto em clínicas, a desintoxicação, as questões relacionadas ao narcotráfico, a violência, os conflitos e as tensões familiares.(sic) Observa-se que por meio do cinema a sociedade pode perceber os malefícios da droga – em especial a heroína. Não obstante, quando se trata de drogas lícitas e até mesmo da maconha, as imagens remetem a situações prazerosas, gerando uma imagem positiva dessas drogas.
Em geral, os filmes que apresentam o uso de substâncias psicoativas como tema central, trazem esse conteúdo de maneira mais real, apresentando também suas conseqüências e prejuízos.
O filme “Réquiem para um sonho” é um valioso instrumento para profissionais que desejam atuar na área de tratamento da dependência química, uma vez que mostra a realidade cruel sobre a adicção e a “transmutação” do personagem que está sob o efeito das drogas, traduzindo assim, fenômenos complexos para uma linguagem acessível e ilustrativa.
Conforme apresentado inicialmente, os usuários de substancias psicoativas, a cada ano, ganham novos números, ocasionando aumento gradativo nas estatísticas acerca da adicção, o que indica a necessidade de mais atenção para essa parcela de indivíduos.
A dependência química, usualmente é abordada como uma transgressão moral e como uma doença existente a partir de si mesma, decorrente de tal transgressão. Diante
dessa constatação, faz-se necessário questionar esse axioma, considerando alguns outros aspectos que poderiam potencializar a drogadicção.
Assim, buscaremos acrescentar novos saberes na área da psicologia analítica, com novos questionamentos acerca dos aspectos sombrios e suas manifestações, em especial no que se refere ao uso abusivo de substâncias psicoativas e seu impacto nas relações culturais, familiares e sociais.
Desta forma, nosso objetivo principal é analisar, à luz da teoria junguiana e de outros pesquisadores, os reflexos do uso abusivo de substâncias psicoativas nas relações culturais, familiares e sociais, levando em conta a abordagem cinematográfica do tema, baseados nos comportamentos dos personagens e seu contexto, além de contribuir com a ciência da psicologia analítica, gerando novos saberes acerca dos aspectos sombrios dos personagens e suas manifestações no que se refere ao uso abusivo de substâncias psicoativas.
Em razão disso, levantamos o questionamento acerca da possibilidade de os aspectos sombrios existentes na base da personalidade de um indivíduo contribuírem para levá-lo ao uso de substâncias psicoativas.
Nossa hipótese é que o uso de substâncias psicoativas passa a representar um “sentido de vida” para o indivíduo, uma vez que este se utiliza das drogas para buscar a felicidade e esquecer as dificuldades nas relações familiares, culturais e sociais.
O presente projeto adotou a metodologia de pesquisa teórica a fim de buscar entender as informações referentes ao tema em profundidade, por meio de suas descrições, comparações e interpretações. A partir da revisão bibliográfica será possível a coleta de dados acerca dos fenômenos analisados. Para tanto, serão realizadas pesquisas em literatura específica, assim como outros autores com base na teoria Junguiana, em artigos acadêmicos científicos e revistas científicas.
Dessa forma este trabalho está estruturado em 03 (três) capítulos os quais serão elaborados com base nas referências obtidas desde o título do mesmo, conforme segue:
Capítulo 01 – O filme
O Filme Réquiem para um Sonho é um retrato fiel da realidade do mundo das drogas, uma vez que aborda de forma envolvente e realista a situação a que pode chegar um indivíduo que passa a depender de substâncias entorpecentes.
Considerado uma obra prima por retratar o mundo das drogas e mostrar os efeitos nefastos e devastadores delas, conta a história de quatro pessoas que se envolvem com drogas, devido a situações as mais adversas possíveis, levando, passo a passo, seus protagonistas do sonho inicial ao pesadelo final, que é a fissura do vício de drogas ilegais e o uso de drogas legais que, no início, usadas para aliviar tensões acabam por levar ao precipício aqueles que delas se utilizam, transformando o espaço no qual viviam, em um ambiente amargo de pesadelos, tristezas e falta de perspectivas, até a ruína final que se materializa pela internação forçada, a prostituição, o mundo do crime.
O filme mostra a trajetória de quatro personagens interligados entre si por laços familiares, amorosos e de amizade desvendando, numa visão radical, o resultado do vício e do consumo de drogas que vão desde maconha, anfetamina (droga lícita) às drogas mais pesadas.
Harry (ou Harold), filho de Sara, namorava Marion e era amigo de Tyrone e tinham em comum a solidão que só se amenizava no consumo de drogas (heroína). Cabe salientar a cena inicial do filme, onde Harry aparece “roubando” – pela enésima vez – a TV da mãe para vendê-la comprar heroína e a culpando por ter deixado a televisão presa a uma corrente que estava amarrada no aquecedor. Harold manipulou a mãe em uma abordagem
de total inversão de perspectiva, afirmando que ela não poderia fazer isso com ele, seu filho, sangue do seu sangue. Pergunta a mãe qual a sua intenção: seria deixá-lo culpado ou que ele colocasse fogo no apartamento em função do aparelho estar preso no aquecedor? Sara, mais uma vez, cede e lhe entrega a chave por baixo da porta (ela estava escondida em um dos cômodos do apartamento para não ser persuadida fisicamente). Na cena seguinte, Sara vai recomparar sua TV no mesmo lugar das tantas vezes passadas – como lhe salienta o próprio receptor.
No meio desse enredo, Sara – uma senhora madura, solitária, que sofre pela ausência do marido e do filho que acabara de sair de casa, passa seus dias a frente da mesma TV – que seu filho, vez ou outra, “trampa” (vende para fazer dinheiro para a droga)
Harry, dependente químico, empenhava objetos da casa de sua mãe para obter drogas até que consegue, em parceria com seu amigo Tyrone, uma forma de ganhar dinheiro adulterando drogas puras e revendendo-as. Em certos momentos, Harry e seus cúmplices chegaram a vivenciar seus momentos de sucesso e afagaram com proximidade, cada qual, seus sonhos. Harry, até comprou uma televisão nova para sua mãe – num movimento de amor e culpa. Adaptou sua “função social” ao se apresentar a sua mãe como um empresário, ou melhor, um distribuidor, representante de uma empresa internacional. Deixando mais alegre os dias vazios da sua mãe sonhadora.
Sua namorada, Marion, com sérios problemas de relacionamento familiar, abdica de seus sonhos e de uma vida confortável, que poderia ser proporcionada por seus pais, para se envolver, ao lado do namorado, nas mais tristes situações pela busca e uso da droga, que passa a ser o cardápio principal de suas jornadas de vida. Marion também tinha um sonho – ser estilista ou designer de moda. Mas a busca frenética pela droga, faz com que Marion também passe a vender seu corpo para se esconder em momentos efêmeros de prazer que a heroína lhe proporcionava.
visão do filme sob análise.
Dependendo do referencial teórico, dentre outras variáveis, pode-se abordar as questões que levam ao uso de substâncias psicoativas ou a dependência química de formas totalmente diferentes – complementar ou divergente; profunda ou superficial; com certeza absoluta ou gerantando questionamentos. O embasamento teórico funciona como uma lente pela qual o objeto, o assunto é enxergado, analisado, em suma, “lido” e avaliado.
A partir desse intróito, permitimo-nos dividir ou “ler” a questão em quatro facetas – sem a pretensão de que sejam as únicas: a droga e suas características, detidamente nas duas mais usadas no filme – anfetamina e heroína; aspectos externos ao sujeito; o mito, como uma forma de leitura da dependência; e, por fim, aspectos internos que pulsam no indivíduo.
3.1 - A Droga – O Objeto do Prazer e da Dor
Olievenstein (1988, p. 8) ao referir-se aos toxicômanos afirma que “[...] a experiência direta e imediata com essa forma nova do Divino dentro deles mesmos (e que não encontram no mundo exterior) justifica todos os riscos que, neste caso, eles aceitam.” Lendo-se essa assertiva nota-se que existe algo de numinoso no consumo das substâncias psicoativas, que proporcionam sensações sobre-humanas e inebriantes (literalmente) como o canto da sereia.
Essa parte do trabalho dedica-se a explorar aspectos das drogas mais utilizadas no filme “Réquiem para um Sonho”: anfetamina e heroína.
Essa substância interfere nos terminais nervosos periféricos, com mais evidência sobre os nervos que controlam o diâmetro das pupilas, que ficam dilatadas (midríase) e parecem aumentar o tamanho dos olhos. Sobre o sistema nervoso autônomo, os efeitos são a aceleração dos batimentos cardíacos e aumento da pressão sanguínea.
Os efeitos são sentidos aproximadamente após trinta minutos à ingestão oral. A secura na boca e a dilatação da pupila, como exposto acima, são sinais de que a droga já está atuando. Provoca também um estado de excitação física e psíquica, na qual se distinguem:
a) expressão verbal acelerada; b) instabilidade psicomotora; c) ranger dos dentes; d) alergia pela água; e) sudorese, irritações cutâneas; f) às vezes vertigens e dores de cabeça, tiques e contrações musculares; g) mucosas ressecadas As anfetaminas, como cápsulas, podem ser ingeridas e, se desfeitas ou diluídas em água, podem ser aspiradas ou injetadas. Após o consumo, seja por qualquer das vias utilizadas, a substância entra na corrente sanguínea, que a leva até o cérebro.
No caso de injeção, o efeito é imediato e descrito como “orgasmo pelo corpo todo” ao mesmo tempo em que surge um véu colorido diante dos olhos (OLIEVENSTEIN, 1988, p.53). A via endovenosa potencializa o poder de atração da anfetamina e acelera as conseqüências que serão descritas nos próximos parágrafos.
Com ênfase, a tolerância se desenvolve rapidamente e para continuar ativa por mais tempo, o aumento das doses aproxima-se muito depressa do limite fatal. Quando aumenta a experiência com a anfetamina, o dependente toma de três a 12 picadas por dia.
Em doses mínimas ou moderadas, produz sensação de alerta, melhora do humor, discreta euforia, diminuição do cansaço e aumento da capacidade de concentração. Na fase inicial do uso da anfetamina, pode provocar insônia e ansiedade, como também irritabilidade e agressividade. Essas sensações, muitas vezes, são combatidas com o uso do álcool ou tranquilizantes – em misturas que podem colocar em risco a vida do usuário.
Em dosagens abusivas, a droga deixa o comportamento confuso, desorganizado e provoca sensações de medo e desconfiança, alucinações e delírios, numa situação que chega a confundir-se com a esquizofrenia paranóide. Após o efeito e o uso freqüente da droga, em alguns casos, o indivíduo pode cair em sono profundo, que pode durar 24 ou 48 horas e, ao acordar, comer vorazmente.
Segundo Aratangy (2010), a dependência em anfetamina, em longo prazo, leva à fraqueza, desnutrição, agressividade, decorrentes da falta de alimentação e sono, além dos distúrbios psíquicos relacionados no parágrafo anterior. Na interrupção abrupta existe a possibilidade de aparecer a depressão e a fadiga, que podem se transformar em melancolia e durar meses, porém não acontece propriamente uma síndrome de abstinência.
Como veremos a seguir, os opiáceos (heroína) tem características totalmente distintas da anfetamina e provocam reações diferentes no usuário.
Figura 1 - Anfetamina Heroína , da família das drogas tidas como Depressores (ARATANGY, 2010, p. 48), os opiáceos (ou narcóticos) são produtos derivados do ópio e são muito eficazes no uso medicinal de combate a dor (i.e.: morfina).
Pesquisas de historiadores demonstram que Hipócrates, na Grécia, receitava ópio para indisposições físicas.
Os opiáceos imitam, nas sinapses, a ação de algumas substâncias produzidas pelo próprio corpo para moderação das emoções e controle da dor. O poder dos narcóticos