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Um estudo sobre a ocorrência e aquisição de ditongos decrescentes no português, divididos em grupos fonológicos e fonéticos. Os autores registraram 1175 registros de ditongos, com 75% constituído pelo ditongo [aw], e analisaram a altura da vogal base e a realização de ditongos em diferentes faixas etárias. Além disso, foram considerados os ditongos originados da semivocalização de /l/ e a relação entre a vogal base e o glide.
Tipologia: Notas de estudo
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Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Letras Área de Concentração: Lingüística Aplicada Orientadora: Profa. Dra. Carmen Lúcia Matzenauer Hernandorena Universidade Católica de Pelotas
Pelotas
Programa de Pós-Graduação em Letras da UCPel
2000
B715a Bonilha, Giovana Ferreira Gonçalves
Aquisição dos ditongos orais decrescentes: uma análise à luz da teoria da otimidade / Giovana Ferreira Gonçalves Bonilha; orientadora Carmen Lúcia Matzenauer Herandorena. - Pelotas, 2000. 232 f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Letras. Universidade Católoca de Pelotas. Pelotas, 2000.
CDD 418
Ficha de catalogação na fonte: Bibliotecária Clarice Pilownic (^) – CRB (^) – 10/
À minha orientadora, Profa. Dra. Carmen Lúcia Matzenauer Hernandorena,
pela forma segura, lúcida e crítica com que conduziu os meus estudos, pelo apoio
incansável, por todo o conhecimento partilhado e pelo incentivo constante;
à coordenação e aos professores do Curso de Mestrado em Letras, em
especial...
à Profa. Dra. Aracy Ernst Pereira, pela visão diferenciada do discurso, pela
“consciência” das múltiplas vozes que nos habitam, pelo carinho e amizade;
ao Prof. Dr. Vilson José Leffa, pelo incentivo, pelas oportunidades e por ter
me ensinado que acima da perfeição está “o fazer”;
às colegas da turma V, por tudo o que aprendemos juntas;
à Fátima, Lea e Mirtha..., cujo carinho e apoio foram fundamentais nesta
trajetória... e que não só me ouviram falar sobre Teoria da Otimidade, mas me fizeram
acreditar que tinham entendido e apreciado;
à Gilsenira Rangel, por todo o material fornecido, ainda na época da ela-
boração do projeto de dissertação, pela disponibilidade e carinho com que sempre me
recebeu;
a Joseph Paul Stemberger, Clara Levelt, Maria João Freitas, Thaïs Cristófaro
Silva, Dirk den Ouden, René Kager, David Stampe, Roy Major, Charles Reiss, Donca
Steriade, Leo Wetzels, Douglas Pulleyblank, Maria Francisca Ribeiro de Araújo, Seung-
Hwa Lee, Samuel Rosenthall e Rod Casali, pelo envio de trabalhos e sugestões.
Agradecimentos especiais...
ao José Luiz, pela compreensão e pelo carinho;
à Raquel, pelo apoio e cumplicidade; ao meu pai ( in memoriam ) e à minha mãe, pela formação, pelos exemplos e
por estarem sempre tão próximos...
Vivemos da razão...,
sobrevivemos dos sonhos...
FIGURA 1 – Representação da estrutura arbórea segundo Clements e Hume (1995, p.249)....................................................................................................... FIGURA 2 – Representação das vogais segundo Clements & Hume (1995, p.292)............. FIGURA 3 – Formação do glide que constitui os ditongos fonéticos [aj] e [ej], conforme Bisol, (1994, p.130)................................................................................. FIGURA 4 – Representação da estrutura silábica do PB, conforme Lee (1999, p.04)........ 161
O objetivo desta pesquisa é investigar a aquisição dos ditongos orais
decrescentes do Português Brasileiro (PB), com base na Teoria da Otimidade,
proposta por Prince & Smolensky (1993) e McCarthy & Prince (1993), e no
algoritmo de aprendizagem proposto por Tesar & Smolensky (1996), visando a
contribuições de estudos para a aquisição da linguagem, descrição da língua e
verificação de princípios básicos da teoria. O corpus é constituído pelos dados de 86
crianças monolíngües, com idade entre 1:0 e 2:05:29 (anos – meses – dias), que
integram os bancos de dados AQUIFONO e INIFONO. Aplicando a Teoria da
Otimidade, a pesquisa demonstra que a aquisição dos ditongos orais decrescentes
está vinculada à interação de restrições de fidelidade, restrições silábicas e restrições
de seqüências segmentais. O ordenamento na aquisição desses ditongos está
vinculado às diferentes seqüências de segmentos que os constituem, uma vez que os
ditongos constituídos por vogais baixa e médias-baixas, como vogal base,
estabilizam em etapa precedente à aquisição de outros ditongos da língua.
Considerando a aplicação do algoritmo de aprendizagem, que explicitará os
caminhos seguidos pelo aprendiz na construção da hierarquia alvo, sugere-se um
ordenamento na aquisição das estruturas silábicas CV, V, (C)VV, (C)VC e (C)VVC
no PB em que uma estrutura (C)VV é adquirida antes de uma estrutura (C)VC.
Outros aspectos também são contemplados na investigação aqui proposta, como o
posicionamento do glide na estrutura silábica do PB e a forma subjacente que
constitui os ditongos fonéticos [aj], [ej] e [ow].
Poucos são os estudos realizados na língua portuguesa à luz da Teoria da
Otimidade, dentre eles os trabalhos de Battisti (1997, 1999), Lee (1999) e
Collischonn (2000) bem como os referentes à aquisição da linguagem, Hernandorena
(1999), Hernandorena & Lamprecht (1999), Lamprecht (1999), fazendo-se necessá-
rio um desenvolvimento destes estudos por acreditar-se que a Teoria da Otimidade,
por ser uma teoria versátil, pois articula áreas como Fonologia, Fonética, Sintaxe,
Morfologia, Semântica, Psicolingüística e Inteligência Artificial, em muito
contribuirá para a análise do funcionamento das línguas. Bernhardt & Stemberger
(1998) acreditam que a OT dará conta de todos os dados fonológicos, enquanto dia-
cronia ou sincronia, de adultos ou crianças, de aquisição da primeira ou segunda
língua.
Importante referir que a OT tem trazido contribuições às análises lin-
güísticas de forma diferenciada, isto é, determinados processos, que não podiam ser
satisfatoriamente explanados por teorias fonológicas anteriores, começam a ser elu-
cidados pela OT.
Costa & Freitas (1998), ao abordarem a aquisição diferenciada das es-
truturas V e CV no Português Europeu (PE) e no Holandês, afirmam que a Teoria de
Princípios e Parâmetros não explica as diferenças existentes na aquisição da estrutura
V nas duas línguas. Os autores, então, optam por uma análise via OT.
Colina (1995, p. 113) destaca que a OT se constitui numa teoria ideal
para a análise dos ditongos, uma vez que, não havendo regras, não há a necessidade
de ordenar a aplicação do acento com respeito à ditongação; na verdade, acentua-
ção e silabificação ocorrem em paralelo. Ponto de vista semelhante é compartilhado
por Collischonn (2000, p. 298): O que nos leva a buscar a TO é o fato de que, em
abordagens derivacionais, existe uma seqüência necessária entre silabação (...) e
acento., no entanto, conforme a autora, freqüentemente há a impressão de que acento
e silabação ocorrem juntos, são cúmplices na construção da melhor seqüência.
É com base nessa teoria que se objetiva, no presente trabalho, investigar
a aquisição dos ditongos orais decrescentes do PB em crianças com faixa etária de 1
ano a dois anos e seis meses.
A análise de dados de aquisição da linguagem se faz pertinente com base
na OT por entender-se que através dos dados da criança a teoria tem encontrado, de
forma significativa, um campo fértil para se desenvolver e enriquecer os estudos re-
ferentes à Gramática Universal, Conexionismo e Inteligência Artificial. Além disso,
os dados da aquisição são frutíferos para análises lingüísticas.
De acordo com Bernhardt & Stemberger (1998), a fonologia do adulto é
o produto concluído de um processo de aprendizagem, refletindo limites do que pode
ser aprendido; a fonologia da criança é capaz de refletir o que pode ser inerente ao
sistema fonológico, uma vez que sua fonologia é limitada pelos limites do que é pos-
sível no próprio sistema, não pelos limites do que pode ser aprendido.
Trabalhar com dados da fonologia da criança, sob a perspectiva da OT,
exige um enfoque especial sobre o processo de construção da hierarquia de restrições
alvo a ser atingida; esse processo é visto através da aplicação de um algoritmo de
aprendizagem. No presente trabalho, optou-se por adotar o algoritmo proposto por
Tesar & Smolensky (1996), entendendo-se poder esse explicitar os caminhos segui-
dos pelo aprendiz na tarefa de deduzir a hierarquia de restrições que possibilitará a
realização da estrutura de superfície [VG], vogal + glide, que constitui os ditongos
decrescentes.
(iv) Verificar o comportamento, no processo de aquisição da fonologia,
dos ditongos [aj], [ej], [ow], nos contextos em que apresentam va-
riação no Português.
(v) Demonstrar a aplicabilidade do algoritmo de aprendizagem pro-
posto por Tesar & Smolensky (1996) nos dados de aquisição do
(vi) Constatar a pertinência do modelo da Teoria da Otimidade para a
descrição de dados na aquisição da fonologia.
(vii) Analisar, com base no processo de aquisição da língua, a estrutura
da sílaba com ditongo decrescente.
(viii) Contribuir para o estudo dos ditongos na língua portuguesa via
Teoria da Otimidade.
Tendo por base os objetivos já referidos, as principais hipóteses que nor-
teiam essa pesquisa são:
(i) Há um ordenamento na aquisição dos ditongos orais decrescentes.
(ii) Esse ordenamento é condicionado por fatores como: altura e ponto
das vogais, ponto de articulação dos glides e tonicidade da sílaba
que constitui o ditongo.
(iii) O ordenamento na aquisição dos ditongos orais decrescentes pode
ser explicitado via Teoria da Otimidade através do ranqueamento
de restrições.
(iv) Os dados da aquisição da fonologia evidenciarão que a criança não
possui na forma subjacente os ditongos [aj], [ej] e [ow] em con-
textos em que estes sofrem variação.
(v) O contexto fonológico seguinte é um fator relevante para a análise
da forma subjacente dos ditongos decrescentes que sofrem
variação.
(vi) O algoritmo de aprendizagem proposto por Tesar & Smolensky
(1996) é capaz de explicitar os estágios de aquisição da sílaba no
(vii) A aquisição da fonologia é capaz de dar subsídios para uma descri-
ção mais adequada da estrutura silábica do Português.
(viii) A análise da aquisição dos ditongos formados pela semivocalização
de líquidas trará subsídios para o posicionamento do glide na es-
trutura silábica do PB.
(ix) A interação de determinadas restrições que compõem a GU contri-
buirá para uma análise quanto ao posicionamento do glide na es-
trutura silábica.
Este trabalho está dividido em 6 capítulos, sendo o primeiro destinado à
parte introdutória do trabalho, com a exposição do tema, justificativa, objetivos e
hipóteses, além de uma breve explanação sobre a organização de cada capítulo.
O segundo refere-se à revisão bibliográfica, estando subdividido em se-
ções: a primeira destina-se a uma explanação da Teoria da Otimidade, seus aspectos
gerais, seu funcionamento e aplicabilidade; a segunda traz um sucinto comentário
sobre questões pertinentes à aquisição da fonologia - considerando diferentes mode-
los teóricos e a Teoria da Otimidade – e centraliza-se em explicitar o funcionamento
do algoritmo de aprendizagem proposto por Tesar & Smolensky (1996); a terceira
retoma algumas considerações básicas a respeito de como o sistema vocálico do PB é
como é explicitado o ordenamento na aquisição dos ditongos orais decrescentes do
No sexto Capítulo, são tecidas as considerações finais a respeito do tra-
balho realizado.
Este capítulo procura traçar algumas considerações a respeito da Teoria
da Otimidade, da aquisição da fonologia, sob o ponto de vista de diferentes modelos
teóricos, e do algoritmo de aprendizagem proposto por Tesar & Smolensky (1996).
Também procura retomar algumas questões referentes ao sistema vocálico e aos
ditongos decrescentes do PB.
2.1.1 Aspectos gerais
Proposta por Prince & Smolensky em 1993, através da obra Optimality
Theory: Constraint Interaction in Generative Grammar e por McCarthy & Prince
(1993) com Prosodic Morphology I: Constraint Interaction and Satisfaction , a
Teoria da Otimidade (Optimality Theory), OT, se constitui em uma teoria de análise
lingüística que articula a Fonologia, Fonética, Morfologia, Sintaxe e a Semântica,
bem como a Psicolingüística e a Inteligência Artificial.