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Apostila Recreação 1º sem. 2014.pdf, Notas de aula de Música

pioneira desse tipo de projeto, realizou atividades recreativas e físicas promovendo o aproveitamento sadio das horas de lazer e a integração do homem com ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Osvaldo_86 🇧🇷

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RECREAÇÃO
COORDENADOR PEDAGÓGICO DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS
THEODORICO MELO DOS SANTOS
COORDENADORA DA ÁREA DE RECREAÇÃO
ROSANE APª BECHER ALVES
FOZ DO IGUAÇU
1º SEMESTRE / 2014
Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu
ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE ENSINO FUNDAMENTAL
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RECREAÇÃO

COORDENADOR PEDAGÓGICO DO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS THEODORICO MELO DOS SANTOS

COORDENADORA DA ÁREA DE RECREAÇÃO ROSANE APª BECHER ALVES

FOZ DO IGUAÇU 1º SEMESTRE / 2014

Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu

ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE ENSINO FUNDAMENTAL

APRESENTAÇÃO

Os estudos e pesquisas realizadas para a organização desta apostila como material didático para auxiliar professores que estarão trabalhando com a área de recreação, fazem parte de alguns referenciais, autores que discutem este tema e que expressam a importância dos jogos e brincadeiras e também de experiências de alguns professores que colocam a disposição na internet seus projetos, artigos e uma série de sugestões de atividades que colaboram para o desenvolvimento da prática educativa. Há de se ressaltar a importância dos conteúdos teóricos que destacam as características e necessidades das diversas faixas etárias que estarão sendo atendidas nos espaços escolares, a fim de embasar de forma didática as pessoas envolvidas no planejamento, elaboração, organização e execução das ações referentes à prática de atividades recreativas nos diversos contextos em que estarão inseridos. É oportuno lembrar e analisar os conceitos e discussões sobre a brincadeira, a qual deve ser levada muita a sério no desenvolvimento das crianças, adolescentes e adultos, pois o ato de brincar vai oportunizar as pessoas uma vivência pura e simples da sua essência lúdica, possibilitando um aumento da auto estima, um auto conhecimento de suas responsabilidades e valores, uma troca de informações e experiências corporais e culturais, através das atividades de socialização, e ainda do enriquecimento de suas próprias capacidades, através do estímulo à iniciativa, da melhoria nos processos de comunicação e principalmente da opção por ações que estimulem a criatividade, que é certamente uma característica e um objetivo fundamental da recreação, seja através do uso de uma brincadeira ou de um jogo, dentre as suas diversas formas de realização.

“É no brincar, e somente no brincar que o indivíduo, criança ou o adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu”. (Winnicott, 1975 p.12)

INTRODUÇÃO

Há muito tempo discute-se a questão dos jogos e brincadeiras e sua importância no desenvolvimento da criança. Atualmente, vários pesquisadores mostram preocupação em compreender este fenômeno buscando, principalmente, responder questões como: a função que estas atividades exercem sobre o desenvolvimento infantil; motivos pelos quais a criança deve brincar; o que a brincadeira proporciona à criança no que diz respeito à aprendizagem. Este material terá como principais objetivos apresentar uma definição de recreação, relatar um breve histórico da recreação e a relevância que tem na educação, analisar as possíveis contribuições que a brincadeira proporciona ao desenvolvimento infantil devendo ser valorizada no contexto educacional, perfil do profissional que trabalha com recreação, desenvolvimento da criança quanto as atividades recreativas e, por fim, destacar sugestões de atividades que irão contribuir para práticas educacionais. Vários autores têm caracterizado a brincadeira como a atividade ou ação própria da criança, voluntária, espontânea, delimitada no tempo e no espaço, prazerosa, constituída por reforçadores positivos intrínsecos, com um fim em si mesmo e tendo uma relação íntima com a criança (Bomtempo, 1987; Brougère, 1997; De Rose e Gil, 1998; Kishimoto, 1997; Piaget, 1978; Santos, 1998; Wajskop, 1995). A partir destas informações, é importante ressaltar que o brincar faz parte da infância, porém, em várias ocasiões, os adultos (pais ou professores) propõem determinadas atividades para as crianças que parecem não cumprir os critérios acima discutidos, mas que são chamadas de “brincadeiras” pelos próprios adultos. Se a atividade é imposta ou se parece desagradável para a criança, tudo indica que não se trata de uma brincadeira, mas de qualquer outra atividade, uma mesma atividade pode ser considerada uma brincadeira para uma criança mas não para outra, o que torna o trabalho do educador ainda mais complexo. São várias as dificuldades que existem com relação à definição e caracterização da brincadeira, entretanto, é certo que a brincadeira assume um papel fundamental na infância; numa concepção sociocultural, a brincadeira mostra como a criança interpreta e assimila o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos das pessoas, sendo um espaço característico da infância (Wajskop, 1995).

ASPECTOS HISTÓRICOS DA RECREAÇÃO

Segundo o autor Canto (2004) e PCN’s (1997). A recreação teve sua origem na pré-história, quando o homem primitivo se divertia festejando o início da temporada de caça, ou a habitação de uma nova caverna, já que as atividades se caracterizavam por festas de adoração, celebrações fúnebres, invocação de deuses, o vencimento de um obstáculo, com alegria, caracterizando assim um dos principais intuitos da recreação moderna. As atividades, jogos coletivos dos adultos em caráter religioso foram passadas de geração em geração às crianças em forma de brincadeiras, quer dizer já era uma constante na vida do homem, sendo que era manifestada através das danças primitivas de adoração, rituais fúnebres e invocação de deuses, destacando-se seu aspecto recreativo de alegria e vencimento de obstáculos. A criança ao nascer, após todo o impacto sofrido pela diferença de ambiente, adaptando-se a medida que o sistema nervoso se desenvolve, tornando-a capaz de movimentar-se, começa então a recrear-se, mexendo as mãos, pegando os pés, entre outros movimentos, isto vem afirmar que a recreação é algo instintivo do ser humano. Começando com a criança em forma de brincadeiras, a recreação chega até o adulto como fator social, que surgiu nos fins do século passado. O movimento da recreação sistematizada iniciou-se na Alemanha em 1774 com a criação do Philantropinum (Instituição mais importante do educacional direção de filantropia) por Johann Bernhard Basedow, professor das escolas nobres da Dinamarca. Lá as atividades intelectuais ficavam lado a lado às atividades físicas, como equitação, lutas, corridas e esgrima. Na Fundação Philantropinum havia cinco horas de matérias teóricas, duas horas de trabalhos manuais, e três de recreação, incluindo a esgrima, equitação, lutas, caça, pesca, excursões e danças. A concepção Basedowiana contribuía para a execução de atividades a fim de preparação física e mental para as classes escolares maiores. Froebel contribuiu criando os Jardins de Infância onde as crianças brincavam na terra. Nos EUA (Estados Unidos da América) o movimento iniciou- se em Boston, em 1885 com a criação de jardins de areia para as crianças se recrearem. Com o tempo, o espaço tornou-se pequeno visto que os irmãos mais velhos vinham também se recrearem nos jardins, Criavam-se então os playgrounds em prédios escolares, chamados também de pátios de recreio.

DEFINIÇÃO DE RECREAÇÃO

A palavra recreação provém do verbo latino “recreare”, que significa recrear, reproduzir ou renovar. A recreação pode, desta forma, compreender as atividades espontâneas, prazerosas e criadoras, que o indivíduo busca para melhor ocupar o seu tempo livre. A recreação tem como objetivo principal criar as condições necessárias para o desenvolvimento integral das pessoas, além de promover a participação de forma coletiva e individual em ações que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas; possui ainda o caráter educacional, auxiliando na preservação da natureza e na afirmação dos valores imprescindíveis à convivência social e profissional. Independente do conceito que se use, a recreação está vinculada ao ato de realizar, por vontade própria, situações relacionadas aos jogos, brinquedos e brincadeiras, no momento em que se sente a necessidade disso. Dessa maneira, está atrelada ao fato da busca espontânea por atividades recreativas. Estas sempre ocorrerão em forma de um jogo ou de uma brincadeira, sendo a principal forma de diferenciação existente entre estes que o jogo necessita de regras , enquanto a brincadeira não necessariamente as terá. Qualquer brinquedo, brincadeira ou jogo pode ser considerado recreativo, a partir do momento que o indivíduo participe espontaneamente, com o fim único de obter prazer na própria execução. Principais características das atividades recreativas (CAVALLARI, Vinícius Ricardo e ZACHARIAS, Vani):

o Deve ser desenvolvida de forma espontânea, sem esperar resultados ou benefícios específicos. Para tanto a opção por sua prática deve ser livre, atendendo os interesses de cada indivíduo; o A prática das atividades recreativas leva as pessoas a “estados psicológicos positivos” se realizadas em um clima e com uma atitude predominantemente alegre e entusiasta; o Deve ser um estímulo para a criatividade, um benefício para a formação pessoal e para as relações sociais, dando lugar à liberação de tensões da vida cotidiana, resgatando os valores essenciais para uma autorrealização.

A atividade recreativa tem sua essência na organização própria dos jogos e brincadeiras, segundo KISHIMOTO, Tizuko Morchida o jogo, aqui entendido em seu

sentido amplo, ou seja, também denominado como brincadeira, tem por excelência duas funções: Função lúdica : propicia diversão, prazer e até o desprazer, quando escolhido voluntariamente; Função educativa: ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.

JOGOS E BRINCADEIRAS

Brincar é uma invenção humana "um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente". (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Os jogos e as brincadeiras são ações culturais cuja intencionalidade e curiosidades resultam em um processo lúdico, autônomo, criativo, possibilitando a (re) construção de regras, diferentes modos de lidar com o tempo, lugar, materiais e experiências culturais, isto é, o imaginário. A natureza dos jogos e das brincadeiras não é discriminatória, pois implica o reconhecimento de si e do outro, traz possibilidades de lidar com os limites como desafios, e não como barreiras. Além disso, os jogos e as brincadeiras possibilitam o uso de diferentes linguagens verbais e não verbais, o uso do corpo de formas diferentes e conscientes; a organização, ação e avaliação coletivas. Alguns autores consideram os termos "jogo", "brinquedo" e "brincadeira" como sinônimos, pois todos eles sintetizam a vivência do lúdico. Huizinga, autor clássico na teoria do jogo, afirma ser esse um fenômeno anterior à cultura. O jogo cumpre funções sociais. É sério, mas não é sisudo. É uma ação voluntária, desinteressada, é liberdade. Provoca a evasão da vida real para uma esfera temporária de atividade com orientação e espaços próprios. Todo jogo tem regras, pois ele cria ordem e é ordem. Absorve inteiramente o jogador que, ativamente, participa criando e recriando regras. Aquele que desrespeita as regras é considerado um "desmancha-prazeres" (HUIZINGA, 1980). Recuperar, relembrar, reconstruir, vivenciar o brincar, o jogar nas aulas de recreação e jogos possibilitam a vivência do caráter lúdico que acompanha tais práticas corporais. O jogo e a brincadeira, para além do prazer, da satisfação, são entendidos como instantes de reconhecimento do homem como produtor de história e de cultura, por isso merecem ser problematizados.

do ensino de expressão dinâmica vai despertando uma renovada atenção em direção ao aspecto lúdico, a psicomotricidade e suas grandes possibilidades (SILVA, 1999). Cavallari e Zacharias 2005 dizem que todo jogo apresenta uma evolução regular, ele tem começo meio e fim. Consequentemente existem maneiras formais de se proceder. A maneira como se joga pode tornar o jogo mais importante o que imaginamos, pois significa nada menos que a maneira como, estamos no mundo. Os jogos de que as crianças participam tornam-se seus jogos de vida. Participando destes jogos tocamos uns aos outros pelo coração. Desfazemos a ilusão de sermos separados e isolados. E percebemos o quanto é bom e importante será gente mesmo e respeitar a singularidade do outro (BROTO, 2003). O professor tem seu papel nos jogos, ele representa e projeta a maneira de jogar, ele é quem comunicar-se através de voz audível e gestos harmoniosos, a fim de promover uma atmosfera agradável sua experiência é fundamental, pois através de seus exemplos conquista a confiança e cria uma relação de atividade criativa e amigável (SILVA, 1959).

BRINCADEIRAS

Desde a civilização o brincar é uma atividade das crianças naquela época a brincadeira não era considerado um elemento cultural, do riso, do folclore e do carnaval (VELASCO, 1996). Cavallari e Zacharias definem como a principal diferença entre jogo e brincadeira é o vencedor, na brincadeira não há como ter um vencedor. Ela simplesmente acontece e segue-se se desenvolvendo enquanto houver motivação e interesse por ela. Para a criança brincar é a coisa mais séria do mundo, é tão necessária ao seu desenvolvimento quanto o alimento e o descanso. É o meio que a criança tem de travar conhecimento com o mundo e adaptar-se ao que rodeia (FRITZEN, 1995). É por meio de brincar que a criança torna-se intermediária entre a realidade interna e externa, participando, entendendo e percebendo-se como membro integrante do seu meio social. É brincando também, que a criança deixa de ser passiva para tornar-se responsável pela a ação realizada, decidindo os rumos das situações socioculturais por ela criadas e vivenciando sentimentos diversos, que contribui para a formação da sua personalidade (MIAN, 2002). MARCELLINO (1990) informa que através do prazer, o brincar possibilita à criança a vivência de sua faixa etária e ainda contribui de modo significativo para sua formação

como ser humano, participando da cultura da sociedade que vive, e não apenas como mero indivíduo requerido pelos padrões de produtividade social. Sendo assim a vivência do lúdico é imprescindível em termos de participação cultural e crítica e, principalmente criativa. Marcellino descreve também o quanto é fundamental assegurar a criança o tempo e o espaço para que o lúdico seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida da criatividade e da participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver. São os conteúdos e a forma (produtos e processo) da cultura da criança, que representam o antídoto a aceitação do "jogo" pré-estabelecido, da sociedade e mesmo a camuflagem das colocações individuais, justificando sua impotência frente a estrutura do mundo que receberam e são obrigadas a produzir. A criança que brinca vive a sua infância torna se um adulto muito mais equilibrado, físico e emocionalmente suportará muito melhor as pressões das responsabilidades adultas e terá maior criatividade para solucionar os problemas que lhe surgem, sendo assim, a brincadeira é uma atividade não apenas natural, mas, sobretudo sociocultural já que muitas crianças a cada dia têm menos tempo para brincar, pois os pais se matriculam no maior número possível de atividades e como consequência elas são vítimas de estresse bem mais cedo. O brinquedo por sua vez tem seu papel importante nas brincadeiras sendo para criança um passaporte para o reino mágico de brincadeira (KISHIMOTO, 1997). Infelizmente, nossas crianças na maioria das escolas recebem regras prontas, não significações. Elas devem aceitá-las para poder transformar num bom adulto. E o mesmo acontece com os professores (MIAN, 2003). Observa-se cada vez mais que o contato das crianças com jogos brinquedos e brincadeiras tradicionais vem perdendo espaço, possivelmente como consequência dos processos de urbanização e de produção consumo de equipamentos de alta tecnologia (videogames, computadores, televisores e brinquedos de controle remoto). (Schwartz, 1958). Segundo NETO apud VELASCO é um fato inquestionável que as oportunidades de jogo e atividade física tem vindo a degradar- se de forma considerável nas ultimas décadas aumentando substancialmente o sedentarismo na infância. A infância é uma época importante para a prática de várias atividades físicas e o desenvolvimento de habilidades motoras diversas a fim de promover atitudes saudáveis, melhorias na proficiência motora, maiores possibilidades de aderência a um estilo de vida ativo e melhor autoestima e confiança.

especialmente é a fase decisiva para aptidão esportiva. É importante permitir à criança vivência de movimentos diversificados já que a faixa etária em estudo apresenta grande interesse e necessidade de movimentação. A infância é, por excelência, a idade do jogo. A criança nele coloca seu próprio nível de competência na vida, querendo ser bem sucedida em sua execução. É um período crítico em que ela começa a tomar consciência de suas limitações e de suas capacidades pessoais. CDOF (2207). Segundo o RCN / Ed. Infantil (Brasil, 1998: p. 21): As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são mais próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem as relações contraditórias que presenciam e, por meio de brincadeiras, explicam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos. Quando se assiste crianças brincando, o que mais sobressai é o prazer que elas experimentam ao participarem das atividades. Sinais de alegria, risos e certa excitação, são componentes desse prazer, embora a contribuição do brincar vá bem mais além do que propiciar a descarga das tensões internas ou à satisfação de impulsos parciais. Em verdade, brincar obedece a um princípio de prazer e a um princípio de realidade, na medida em que constitui um modo de satisfação elaborado e diferente no qual a criança age física e mentalmente. A atividade lúdica é um poderoso instrumento para o equilíbrio psicológico, pois, procurando lutar contra a angústia, o ego explora cada um dos mecanismos ligados à realização dos desejos. E graças a um processo complicado e que mobiliza todas as energias do ego, os brinquedos das crianças transformam a angústia em prazer. A vivência concreta de situações transferidas da vida real para o plano lúdico pela criança, embora de modo elementar, representa um conjunto de aquisições de grande utilidade para o futuro adulto. Além disso, as diversas transições do processo evolutivo do indivíduo encontram na atividade lúdica um elemento suavizador dos problemas que surgem.

DIFERENÇAS ENTRE JOGOS E BRINCADEIRAS

“Se queres conhecer uma criança, estuda seus brinquedos; Se queres influir no que ela será, dirige seus jogos”. (GULLICK in CAPON, 1989, p.3).

Na parte que falamos da recreação, comentamos que toda atividade recreativa, independentemente de seu formato, sempre será uma brincadeira ou um jogo. O professor que irá trabalhar com a área de recreação deve conhecer as diversas formas como um jogo ou uma brincadeira ocorrem, e suas modalidades, para poder ajudar na elaboração de situações que atendam objetivos específicos a cada público, tipo de atividade realizada e características do local onde trabalha. Apesar de existirem diversos diferenciais, basicamente o que separa uma situação da outra é o fato de que o jogo solicita regras mais elaboradas, que o levem a um resultado de vencedor ou perdedor, enquanto a brincadeira não necessariamente possui tais fatores, o que as torna muitas vezes mais interessantes por evitar a frustração da derrota, possuindo um caráter de maior ludicidade, e permitindo exercitar a criatividade na forma de execução, o que o jogo impede pelo fato de terem de ser seguidas as suas normas preestabelecidas (regras). Para tanto, o quadro abaixo é um demonstrativo das principais diferenças existentes entre os dois formatos possíveis de efetuar atividades recreativas. BRINCADEIRA JOGO Vencedor É a principal e fundamental diferença. Não há como se vencer uma brincadeira. Ela simplesmente acontece e segue se desenvolvendo enquanto houver motivação e interesse por ela.

Vencedor Permite alcançar vitórias, ou seja pode haver um vencedor. O jogo busca um vencedor, podendo, no entanto, em alguns casos, apresentar empate no resultado. Regras As brincadeiras são mais livres, podem ter regras, mas podem também não ter. As brincadeiras sem regras são individuais. O grupo só por existir, já sugere regras.

Regras O jogo sempre terá regras. Não existe jogo sem pelo menos uma regra que seja.

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS

Para entender os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, primeiramente temos de entender como cada um se realiza. Jogo : É uma atividade embasada em regras próprias, que devem ser seguidas para sua realização, visando sempre um vencedor. Jogar sempre fez parte da essência humana, e para a criança é uma das formas de conhecimento do mundo e exploração dos seus potenciais. Brinquedo : É o objeto com o qual se brinca ou se joga. É o suporte da brincadeira. Pode ser feito de material específico como também de materiais recicláveis. Por exemplo, uma bola de futebol oficial deve ser feita de couro, enquanto que uma de material reciclável pode ser de meia, de papel, de sacolas plásticas, enfim, com o material que estiver disponível e puder ser usado com segurança. Brincadeira : É a forma como uma criança estrutura a execução de uma atividade relacionada a um brinquedo. Um mesmo brinquedo pode trazer diversos tipos de brincadeira. Uma bola, por exemplo, pode ser usada de diversas maneiras, assim como uma boneca. A brincadeira é a execução da imaginação, do lúdico.

Existem diversas formas de classificar um jogo:

Quanto à dificuldade de execução: o Pequenos jogos: a duração da sessão é pequena, as regras são fáceis e flexíveis, combinadas na hora, não exigem preparação técnica e o número de participantes é variável. o Grandes jogos: a duração da sessão é de 10 a 20 minutos, exigem mais tempo de preparação. Aqui entram as primeiras regras de jogo, conhecidas por falta, penalidade e marcação de campo. São jogos que preparam para os desportos, destina-se aos alunos do 4º ano em diante.

Quanto à intensidade: o Ativos: a atividade é intensa e, todos participam ao mesmo tempo. o Moderados: atividade mais ou menos intensa, sendo que cada aluno participa de uma vez, enquanto os outros aguardam a sua vez. o Calmos: são jogos realizados (quase sempre) na posição sentada, podendo ser acompanhados por canto (atividades rítmicas calmas).

Quanto às funções: o Jogos sensoriais: atuam sobre os sentidos, proporcionando sensações agradáveis. o Jogos motores: desenvolve força, coordenação, velocidade. Desempenham um papel preponderante no desenvolvimento da criança. o Jogos psíquicos: subdivididos em intelectuais e afetivos.  Intelectuais: atuam sobre as capacidades intelectuais (p. ex.: xadrez, quebra- cabeça, charadas, damas, etc.).  Afetivos: proporcionam prazer através de emoções (p. ex.: quem fica mais tempo embaixo da água, etc.).

Quanto a funções especiais: o Jogos de competição: caracterizados pela disputa, e podem ser individuais ou em equipe. o Jogos de caça: são os jogos de perseguição em que se procura esconder ou não ser descoberto, ou ainda jogos de pegar. o Jogos sociais: seu objetivo é a socialização. o Jogos familiares: são originados no ambiente doméstico (casinha, carrinho, etc.). o Jogos de imitação: a imitação pode ser o objetivo do jogo (espelho). Ou o jogo onde se imita pelo exclusivo prazer de imitar. o Jogos populares: tem caráter tradicional, não são regulamentados e o espaço de jogo depende da disponibilidade (p. ex.: bocha, peteca, queimada, etc.). o Jogos cooperativos: o objetivo é jogar com o outro E a cooperação é a principal meta na busca de um objetivo. o Jogo simbólico: é o faz de conta e implica a representação de um objeto ausente (inicia a partir dos 2 anos).

Quanto à formação: Círculo, coluna, fileira e livre (sem formação específica, à vontade).

Exemplificação : Vejamos agora alguns jogos para serem realizados com as mais diversas faixas etárias com as classificações correspondentes. É importante que saibam que um jogo pode ter mais de uma classificação, por exemplo, pode ser intelectual, ativo e de caça, como é o caso do “Par ou Impar”, uma das sugestões de jogos abaixo:

la para o companheiro que estiver ao seu lado e assumir seu lugar, e assim sucessivamente. Vence a equipe que conseguir completar todo o percurso primeiro. Classificação : fileira; moderado; competição; motor.

Jogo coluna frente coluna com números (variação de tocar na parte do corpo) - Estarão duas colunas uma de frente para a outra, o instrutor dará números para cada um dos alunos das colunas, sendo que sempre haverá um aluno de cada coluna com o número igual. Quando ele falar um determinado número o aluno de cada coluna que corresponda ao número, deverá correr por entre a coluna adversária em zigue-zague e voltar ao seu lugar, e o que chegar primeiro marca ponto para sua equipe. Vence a equipe que marcar mais pontos. Pode-se fazer a variação fazendo com que os alunos toquem em partes do corpo dos colegas enquanto correm pela coluna adversária, como ombro, testa ou nariz. Classificação: coluna; moderado; intelectual; competição.

Batatinha frita 1, 2… 3 - Os alunos estarão andando livremente pelo ambiente enquanto o professor diz batatinha frita 1, 2… e o próximo número os alunos deverão se agrupar de acordo com este número. Por exemplo, batatinha frita 1, 2,… 5 os grupos deverão conter 5 alunos, se faltar alunos pode-se pedir que paguem uma prenda. Pode-se usar placas com números para que os alunos prestem mais atenção. Classificação: livre; ativo; intelectual.

Correndo livre – 1 (pula), 2 (senta / levanta) e 3 (anda de costas) - Os alunos deverão estar correndo pelo ambiente quando o professor falar um determinado número, por exemplo 1, os alunos deverão pular, 2 os alunos deverão sentar e levantar-se e 3 deverão andar de costas. Classificação: livre; ativo; intelectual.

Troca de identidade - Os alunos deverão estar postados em duas fileiras uma de frente para a outra com número igual de alunos. Um aluno estará de par um com o outro e irão caminhando para frente com o objetivo de encontrar-se. Enquanto vão caminhando vão fazendo gestos de alguma coisa, como uma borboleta, e o outro um sapo, ou seja, o que tiverem em mente. Quando chegarem na metade do caminho deverão trocar de identidade, o que estava imitando uma borboleta imitará o sapo e vice-versa.

Classificação: fileira; ativo; imitação; simbólico.

Espiral humano - Todos os alunos formam uma grande fileira de mãos dadas. Um dos alunos que estiver na ponta começará a girar, com o objetivo de enrolar todos em volta dele formando um grande espiral (mas sem soltar as mãos). Depois deverão voltar para a posição inicial. Classificação: círculo; calmo; cooperativo; social.

Cruz (4 colunas) - Ficam quatro colunas uma de frente para a outra. Um aluno deverá estar correndo por trás delas. Quando ele tocar no último dos colegas de uma determinada coluna, ele grita "vai", e os alunos desta coluna deverão correr no sentido contrário ao dele. Se ele gritar "vem" deverão todos correr atrás deste colega, e o último que chegar inicia novamente a brincadeira. Classificação: coluna; moderado; motor.

Ovo podre em duplas - Formam-se dois círculos, um dentro do outro. Um aluno deverá ficar de fora andando em volta dos círculos com uma bolinha de meia e falando: "ovo podre, tá fedendo" e em determinado momento ele coloca a bola atrás de uma dupla e sai correndo, e deverá ser acompanhado pelos colegas. O último que chegar ao lugar é que fica com o "ovo podre". Classificação: círculo; moderado; motor.

Jogo da velha com arcos - os alunos deverão ser separados em colunas de cinco alunos. Sempre uma coluna contra a outra. Eles não podem conversar entre si e nem demorar muito para se posicionar no jogo da velha. Iniciado o jogo, os participantes deverão um de cada vez, posicionar-se dentro de um arco (os arcos estarão posicionados no chão formando um jogo da velha) e ganha a equipe que conseguir “fechar” o jogo da velha. Classificação : calmo; coluna; intelectual; competição. Bola Imaginária - Os alunos deverão ficar em círculo. A brincadeira começa com um aluno imaginando uma bola (por exemplo, de basquete) e a toca para outro colega. Este por sua vez imaginará outra bola (por exemplo, de tênis) que deverá tocar para outro colega. Assim se sucede até que todos os alunos tenham brincado. Classificação: círculo; calmo; social; imitação; simbólico.